quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EDUCAÇÃO E EXCLUSÃO

A EXCLUSÃO E A ESCOLA

Comentários ao texto de Pablo Gentili -
Capítulo I do livro Educar na Esperança em tempos de desencanto,
Editora Vozes, 2003. Texto produzido com a orientação da
Professora Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR.

A fábula do “sapato”, não poderia ser mais adequada para o tema em questão. O autor foi muito feliz tratando da exclusão social que está estabelecida e que não chegamos a ver se não com o olhar crítico da indignação. Parece que é oportuno fazer referência às questões de exclusão mediante os fatos do cotidiano que entre nós saltaram aos olhos neste dias, a saber: “Professor se recusa a dar aulas para deficiente auditivo” – não será este episódio outro “Mateo” que causou perplexidade posto que perdeu “um sapato”? E o que dizer do grupo de adeptos do neonazismo que reunido para uma festa culminou no assassinato do casal de namorados curitibanos?

A afirmação do autor sobre a conformação do excluído com a sua condição parece ser aquela denunciada em abundância pelos meios de comunicação social: “O Brasil é o mais rico entre os países com maior número de pessoas miseráveis. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas mostra que o problema pode ser atacado com sucesso ”. Ou ainda a que agora quer ser auferida pela ONU, em pesquisa que está sendo respondida pelo governo brasileiro em relação aos programas sociais da atualidade. Segundo a ONG, Projeto de monitoramento dos direitos humanos no Brasil, com sede em Brasília, o país continua sendo um dos líderes na questão da desigualdade social . Já a CNBB, na análise de conjuntura da 47ª. Assembléia geral conclui que “Diante de ameaças de guerras, de violência e de destruição de muitas formas de vida, nos vemos desafiados a participar da construção de um novo paradigma para a economia, as relações sociais, a política, a cultura, as relações internacionais e o equilíbrio ecológico. Não cabe mais prender-se ao que esteve em vigor até o final do século 20: o século 21 terá que ser muito mais criativo do que foi o século passado”.

É ainda contundente a posição do Episcopado Latino Americano expressa nas conclusões da conferência de Aparecida, em cujo documento faz menção às palavras do papa, que vê a globalização como um fenômeno de relações de nível planetário, com suas inúmeras vantagens, mas que comporta o risco de converter o lucro em valor supremo. O episcopado enumera uma série de rostos que sofrem incluindo neles “Jovens que recebem uma educação de baixa qualidade e não tem oportunidades de progredir em seus estudos nem de entrar no mercado de trabalho para se desenvolver e constituir uma família”. A conclusão do parágrafo vem com um convite para a globalização da solidariedade expressa com a seguinte sentença: “ Um globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: a exclusão social. Com ela a pertença à sociedade na qual se vive fica afetada na raiz, pois já não está abaixo, na periferia ou sem poder, mas está fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” .

Ainda de acordo com o episcopado é o fenômeno da exclusão responsável por manter trabalhadores em condições análogas às de escravo e facilitar o tráfico de seres humanos incluindo aí a prostituição infantil.

Parece ser nesta ótica que o autor constata que em boa parte do mundo soma dos excluídos é maior do que os incluídos. Entre os nominados por Gentili encontram-se os presidiários cujos ambientes são um tipo de dispositivo de exclusão. Nesta direção também aparece a posição da CNBB, expressa no texto da Campanha da Fraternidade de 2009: “O sistema penal brasileiro, incluída a legislação, é marcadamente elitista,...Assim como se atribui pouco valor à pessoa humana, principalmente se for pobre, ela é também desvalorizada perante a lei e o sistema.” Vai também nesta direção a declaração da 47ª. Assembléia do episcopado brasileiro que trata da redução da maioridade penal:

“A redução da maioridade penal violenta e penaliza ainda mais adolescentes, sobretudo os mais pobres, negros, moradores de periferias”. A afirmação está na declaração aprovada pela Assembleia da CNBB na tarde desta sexta-feira, 24, em Indaiatuba (SP). “Persistir nesse caminho seria ignorar o contexto da cláusula pétrea constitucional - Constituição Federal, art. 228¬ - além de confrontar a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, as regras Mínimas de Beijing, as Diretrizes para Prevenção da Delinquência Juvenil, as Regras Mínimas para Proteção dos Menores Privados de Liberdade (Regras de Riad), o Pacto de San José da Costa Rica e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instrumentos que demandam proteção especial para menores de 18 anos”, continua a declaração.
Segundo os bispos, crianças, adolescentes e jovens são vítimas da violência e que “proposta de redução da maioridade penal não soluciona o problema”.

Parece-me claro que a posição do autor esbarra no nosso sistema de cotas, quando ele faz a afirmação que é possível estabelecer um sistema de segregação mesmo praticando formas de inclusão.

Enfocando problema da exclusão na escola o autor valoriza o aumento da taxa de escolarização, o aumento dos anos de obrigatoriedade escolar, a diminuição do índice de analfabetismo...todavia isto não é sinônimo que se tenha atacado os grande problemas sociais. Visão que também é compartilhada pelo CELAM : “ Depois de um época de enfraquecimento dos Estados... vê –se com bons olhos um esforço em definir políticas públicas nos campos da saúde, educação, seguridade alimentar, ... Tudo isso mostra que não pode existir democracia verdadeira e estável sem justiça social,...”

Entre os limites apontados pelo autor nota-se as diferentes escolas para os distintos públicos sempre evidenciado com notada clareza. Por exemplo no início do atual período letivo a demora com que a Secretaria da Educação conseguiu preencher as vagas de professores para algumas escolas da periferia de Curitiba. Isto denota que o acesso à escola nem sempre significa o mesmo tipo de escolarização.

À guisa de conclusão o autor faz compreender que os programas de atendimento aos pobres não são sinônimos de programas de inclusão mas muitas vezes de perpetuação do apartheid social. É preciso atacar o problema pela raiz mais do que apresentar medidas paliativas. Vale a lembrar a indignação do Deputado Ulisses Guimarães: “Mais miserável do que a miserabilidade é a sociedade que não consegue acabar com ela”.

A prática de uma autêntica democracia, subentendida na citação de Aparecida número 76, parece ser o caminho pedagógico para superar o censo de preocupação com um dos pés descalços.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Homilia para o dia 03 de janeiro 2010

DOMINGO DA EPIFANIA


Leituras: Isaias 60, 1-6; Salmo 71(72), Efésios 3, 2-3ª.5-6; Mateus 2, 1-12



Dentre os sentimentos humanos e que impulsionam a tomar atitudes muitas vezes superando as próprias forças, um deles é o desejo de conhecer, a curiosidade para saber mais e desvendar mistérios. Parece ser isto o que motivou os Magos do Oriente a se deslocarem para ver Jesus. Movidos pela mesma curiosidade também nós queremos ver Jesus. E para realizar este desejo somos capazes de muito esforço e muita coragem.

A festa dos Reis Magos como é conhecida, e que na Liturgia recebe o nome de Epifania significa dizer que reconhecemos a Luz do Senhor. Com todos aqueles que melhor querem compreender quem é Jesus e qual a sua missão, aqui estamos celebrando o mistério da sua manifestação ao mundo.

O Evangelho narra o encontro de três personalidades, que melhor do que reis poderiam ser chamados de Sábios. Estes se apresentam diante do ciumento Herodes, o qual de modo algum era capaz de admitir qualquer ameaça à sua forma tirana de administrar e fazer uso da autoridade que, antes de tudo, era ilegítima. Ele havia recebido por força da sua relação com os signatários romanos que exerciam sobre a região uma poder que em nada tinha a ver com os anseios da comunidade de Jerusalém.

Os sábios e curiosos vindos do oriente representam uma ameaça, não por si mesmos, mas por aquele que estão à procura. E mais evidente ainda quando a busca recai sobre a pequenina aldeia de Belém. A alegria dos magos, por um momento, é ofuscada pela intolerância do rei que pede o seu retorno por Jerusalém. Mais uma vez Deus age e mostra aos magos outro caminho que não o retorno ao palácio.

O encontro dos Reis com o menino Jesus, a oferta dos presentes e a reverência que lhe fazem completa a alegria do profeta narrada na primeira leitura: Caravanas de todos os lados se dirigem a Jerusalém, ela será iluminada de maneira definitiva e até os que estavam longe dela se reaproximarão. A alegria prevista é radiante e culmina na louvação ao Senhor.

Aos Efésios Paula afirma: Deus se revelou por seu Espírito. Tudo o que outrora estava oculto agora foi revelado. Mais uma vez fica claro que a confiança em Deus não é um assunto para ser vivida na individualidade a razão última se encontra na experiência comunitária.

Como os Magos de Belém somos chamados a reconhecer Jesus, aceitar sua luz e retornar para o nosso dia a dia por outro caminho e com outro conceito. Viver a Epifania significa permitir que a luz de Deus iluminasse nossas vidas e modifique nosso modo de fazer as coisas e de ver o mundo.
Com os magos, apresentemos mais do que ofertas, entreguemos nossa vida e nossa disposição para a missão e para o discipulado. Que o Senhor Jesus nos acompanhe com sua luz e sua graça.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2010

SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS


Leituras: Números 6, 22 -27; Salmo 66 (67); Gálatas, 4, 4-7; Lucas 2, 16-21.



Em dezembro o mundo voltou os olhares e preocupações para a cidade de Copenhague, na Dinamarca, onde ser realizou a 15ª. Conferência das nações Unidas sobre mudanças climáticas. O resultado de todos os debates ficou muito aquém das expectativas que foram levantadas. Mas de uma coisa todos temos certeza: A paz no mundo e a sobrevivência dos povos dependem do modo como nos relacionarmos com a natureza criada por Deus. Esta constatação já havia sido indicada pelo Papa Bento XVI na sua mensagem para este primeiro de janeiro, nela o Santo Padre lembra: “Se quiser cultivar a paz preserve a Criação”.

Aqui reunidos, oito dias depois do natal, viemos fazer memória de tudo o que nos ensina o Senhor Jesus. Seu jeito de ver e falar sobre o mundo continua convidando a todos para a comunhão a unidade e a paz.

Iniciamos um novo ano e nossa primeira recordação é a pessoa de Maria, por cujo Sim, nos veio o príncipe da paz. Com ela somos chamados a aceitar e caminhar com Jesus ele é a plenitude de todas as bênçãos e nele temos a segurança que vai muito além das certezas deste mundo.

O evangelho narrando o encontro do menino, pelos pastores, em Belém e como ficaram maravilhados com tudo o que viram e ouviram sobre o recém nascido os faz reconhecer e indicar também para nós: Em Jesus Deus nos salva!

A narrativa das bênçãos que ouvimos na primeira leitura quer garantir a eficácia da ação de Deus em favor do seu povo. A benção para o israelita significava a presença da própria pessoa na sua luta diária.

E São Paulo, na carta aos Gálatas, reafirma a condição humana de Jesus, nascido num tempo, nascido de uma mulher e com uma missão muito específica: Resgatar todos os que nasceram e vivem nesta mesma condição. Nesta tarefa Maria ganha um papel especial por derivação dele nós a chamamos de Nossa Senhora e Mãe de Deus.

A figura de Maria, a primeira a vivenciar a plenitude do mistério pascal, irá neste novo ano nos ensinar a caminhar guiados pela luz do Senhor e a guardar todas as coisas segundo a vontade de Deus.

Busquemos também nós a bênção e a presença daquele que caminha conosco e cujo exemplo temos em Maria Senhora nossa. Deste modo sim poderemos dizer a todos: Feliz Ano Novo!

HOMILIA PARA O DIA 27 DE DEZEMBRO DE 2009

DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA


Leituras: Eclesiástico 3, 3 -7. 14- 17ª; Salmo 127(128); Colossenses 3, 12-21; Lucas 2, 41-52.

Durante o mês dezembro, mais do que em outros tempos, o sentido de família, de encontro e convivência tomou conta das preocupações em cada casa. A partilha e a solidariedade fraterna afloraram para todos. O natal se mostra ocasião propicia para repensar as relações familiares.
É neste contexto que a liturgia da Igreja nos propõe a Festa da Sagrada Família, no domingo imediatamente seguinte ao natal. Por esta celebração fazemos memória do Senhor que participa das preocupações e alegrias das nossas famílias.

O Evangelho que narra a participação de José e Maria com o menino, no cumprimento do preceito pascal de Jerusalém, aponta para uma situação particularmente difícil no relacionamento dos três. Situação não bem compreendida por eles mesmos e pela sociedade de outrora. Jesus, pela primeira vez, se apresenta e age fora dos laços estreitos da família de sangue e no diálogo com sua mãe indica por que veio e qual sua missão: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Mesmo ciente da sua missão e responsabilidade não renega a obediência e volta com os pais para Nazaré. Enquanto Ele cresce, em todos os sentidos, diante de Deus, uma vez mais, sua mãe guarda todas essas coisas no seu coração.

Já no texto do Eclesiástico temos a recuperação do mandamento dado no êxodo: “ Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida longa sobre a terra.” O autor do livro vai muito mais além do que o simples mandamento mostra como essa relação de respeito indica também a compreensão que se tem do respeito para com a vida que nos foi transmitida por eles e que é antes de tudo um Dom de Deus o qual é o primeira a ser respeitado e aceito.

Na carta aos Colossenses São Paulo recomenda viver de acordo com o Evangelho e afirma que este modo de viver é condição para uma vida longa. Entre as atitudes sugeridas por Paulo consta a humildade, compaixão, bondade, o amor e o perdão.

Certamente entre as lições que podemos colher da liturgia da Palavra de hoje uma delas é o comportamento do silêncio. O gesto de Maria pode iluminar nossas relações familiares, em geral, barulhentas e muitas vezes marcadas pela falta de momentos de silêncio e aceitação das diferenças.

Compreender e viver as relações familiares no perdão e na mansidão exige de todos a repetir a atitude de Maria. Somos convidados a entrar nesse processo da maturidade da fé. Nossa experiência de família está profundamente inserida em todos os problemas deste modo, do mesmo modo como viveu a família de Nazaré, a compreensão desta situação é condição sem a qual nossas famílias não poderão experimentar a Graça de Deus que age no meio das dificuldades do cotidiano.

Aqui reunidos, celebramos como membros de um único corpo, constituímos uma mesma família e nos alimentamos do mesmo pão. Peçamos ao Pai que nos conceda a graça da verdadeira paz e da concórdia em nossos lares.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL

Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.

No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”

Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.

Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.

O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.

Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL


Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.


No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”


Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.


Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.


O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.


Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA DO DIA 24 DE DEZEMBRO 2009

MISSA DA NOITE DO NATAL

Leituras: Isaias 9, 1 -6; Salmo 95(96) Tito, 2, 11-14; Lucas 2, 1 -14.

Não tenham medo!
A expressão usada pelo anjo anunciando aos pastores o nascimento de Jesus, não é uma novidade na linguagem bíblica. Ao longo de todo o Antigo Testamento ela aparece outras vezes indicando que Deus está muito próximo do seu povo e que dele não se esquece.

Na noite de natal a frase vem acrescida das palavras que depois se tornaram o eixo de toda a missão de Jesus. Ou seja, a boa noticia é extensiva para todo o povo. O reino que Jesus veio inaugurar se estenderá para todo o mundo.

Aqui estamos nós celebrando este feito maravilhoso que Deus realizou por nós: Um Filho nos foi dado, Conselheiro admirável príncipe de paz.

A detalhada narrativa sobre o modo como se dá o nascimento de Jesus, tem a intenção de situar o lugar e o tempo no qual Deus se faz humano. No meio da estrutura de pecado, dominação e morte que o Império Romano exercia sobre a palestina Jesus é mostrado como o continuador de um outro modo de governar e manifestar sua autoridade e poder. O messias se apresenta ao mundo seguindo os caminhos não convencionais trilhados pelos poderosos do seu tempo. Em lugar da autoridade e da grandiosidade dos seus palácios ele nasce no meio dos trabalhadores e a estes é anunciado primeiro: Alegria para todo o povo!

Em Belém acontece o que Isaias havia predito e que ouvimos na primeira leitura: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, o jugo que oprimia foi destruído, grande será o seu reino e seu nome é príncipe da paz, conselheiro admirável, Deus forte.

São Paulo na carta a Tito confirma que tudo o que experimentamos é resultado da misericórdia de Deus. Por isso mesmo também nós cantamos no salmo: O senhor merece um canto novo pois ele se mostrou libertador e rei universal.

Deus entra em nossa história e nos pede uma única coisa: que nossa vida e atuação expresse um compromisso de transformação de tudo aquilo que está de acordo com a criação sonhada por Deus.

Em resumo a Liturgia da Palavra e a Eucaristia nos apontam para uma estreita relação entre a fé que celebramos a e fé que somos chamados a viver. Certamente a melhor lição do natal é colocar a nossa vida em perfeita sintonia com o evangelho e este como direção para o nosso dia.

E que todos os natais sejam muito mais felizes. Amém!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 20 DE DEZEMBRO 2009

4° DOMINGO DO ADVENTO

Leituras: Miquéias 5, 1-4; Salmo 79, 2ª.c.3b.15-16.18-19;
Hebreus 10, 5-10; Lucas 1, 39-45
.

Quase tudo à frente dos nossos olhos indica que o natal está chegando. As luzes, os cantos e encantos. As palavras e as relações entre pessoas. Aqui, local que nos reunimos para fazer memória do mistério salvador realizado pela pessoa de Jesus Cristo, as orações, os cantos, os gestos, as 4 velas acesas na coroa do advento, tudo confirma a plenitude da luz do Senhor que está para se realizar. A salvação que nos veio pelo ventre de Maria, nos leva a repetir com Isabel: Bendita és tu e bendito é o fruto do teu ventre Jesus.

O encontro narrado pelo evangelho, no qual Isabel e Maria aproximam a promessa e a realização de tudo o que Deus sempre quis, ajuda-nos a reconhecer também o jeito de ser de Deus: Ele se lembra das suas promessas e dos seus escolhidos. Na pessoa de Isabel, idosa e estéril, Deus realiza a maravilha da vida. Da fragilidade de Maria Deus se serve para mostrar a beleza do seu projeto. Em resumo, onde há impossibilidade humana aí está Deus com sua mão misericordiosa.
A Primeira leitura narra o lugar geográfico de onde virá o prometido, não parece ser uma referência precisa à pequenez da cidade, o que conta é a fecundidade e abertura para o Reino. O Senhor virá de um lugar onde o pão é partilhado. O texto parece lembrar as antigas festas de colheita celebradas ao longo da primeira aliança. Uma vez mais, neste texto, podemos compreender que Deus não renega sua palavra mesmo quando os seus escolhidos não lhe tenham dado a resposta coerente.

Já na carta aos Hebreus temos confirmado o lugar de Jesus no mundo. Ele é o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua vida é o verdadeiro sacrifício no qual Deus se compraz e por meio dele visita suas criaturas.

Com o povo de Israel, nós também rezamos no salmo: “Iluminai a vossa face e convertei-nos para que sejamos salvos”. Ontem como hoje as nossas cidades estão repletas de sinais que Deus não se esqueceu de nós. Há uma expressão de um sábio antigo que diz mais ou menos assim: “Cada criança que nasce é um sinal que Deus não se esqueceu da humanidade”. Esta frase manifesta de modo significativo como é possível reconhecer a ação de Deus em nosso dia a dia.

Celebrando a Eucaristia, em comunhão com os irmãos e irmãs, possamos sair fortalecidos para dizer e fazer: “Estamos aqui Senhor para fazer a vossa vontade”. E proclamar como Isabel: “Como posso merecer que o meu Senhor nos venha visitar”.

Que o natal seja para todos preparação de um tempo novo e de caminhos novos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 13 DEDEZEMBRO 2009


TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

LEITURAS: Sofonias 3, 14-18a; Isaias 12, 2- 3, 4bcd. 5 -6;

Filipenses 4, 4 -47; Lucas 3, 10 -18


Alegrem-se no Senhor!

De algum modo todos já vivemos a experiência de nos preparar para uma festa, para um evento de relativa importância para a nossa vida ou para os familiares e assim por diante. Este período de preparação nos preenche de alegria e expectativas em relação àquilo que se espera acontecer. E isto é sempre muito bom. Diz-se até que “o melhor da festa é esperar por ela”.
Pois é isto que estamos fazendo neste período da Igreja que chamamos, tempo do advento. Conforme nos aproximamos da natal, redobramos a esperança e caminhamos alegres para o que chamamos encontro com o Senhor. Este encontro se dá também pelas festividades e os laços de amizade que refazemos com as pessoas em todos os sentidos.

As comemorações natalinas são a expressão daquilo que será o encontro com o Senhor Jesus. Celebrando a cada domingo, acendemos as velas do advento, a luz do Senhor vai iluminando as trevas do cotidiano e anunciamos a realização do Reino que há de vir.

As leituras bíblicas deste tempo são uma perfeita sintonia no sentido de nos fazer enxergar a preparação e a mudança à qual somos chamados por conta desta proximidade do natal. No evangelho de hoje Lucas anuncia quem será o messias e suas qualidades: ele batizará com o Espírito Santo, Ele tem autoridade, Ele é messias, sua presença não se reduz ao tempo atual, mas tem conotação para o futuro.

O que é realização na pessoa de Jesus o Profeta Sofonias havia anunciado e ouvimos na primeira leitura: Gritos de alegria, o Senhor cancelou o que era mal e tristeza, nada há que temer, ele é vencedor e está no meio de nós.

No salmo nós rezamos confiantes e repetimos com firmeza: Deus é a nossa salvação, e por isso mesmo São Paulo não teme afirmar para a comunidade de Filipos: Alegrem-se sempre no Senhor! Ele está no meio de nós.

O que as leituras querem nos dizer e pedem como atitude consiste exatamente em viver a alegria do Natal, mesmo em meio a alguns dissabores e amarguras. O tempo é de não abaixar a cabeça e não se deixar abater pelo desânimo. Se Deus é por nós quem será contra nós!

Façamos a experiência e nos deixemos guiar pela Palavra e pela Eucaristia. Renovemos nosso batismo e participemos da misericórdia de Deus. Eis que vem o nosso Deus, ele vem para nos salvar!

sábado, 28 de novembro de 2009

HOMILIA DO DIA 29 DE NOVEMBRO 2009

1° DOMINGO DO ADVENTO


Leituras: Jeremias, 33, 14-16; Salmo 24(25) 4-5.8-10.14;
1Tessalonicenses 3,12-4,2; Lucas 21,25-28.34-36


Uma das virtudes que cultivamos é a Esperança. Dizemos até que a Esperança é última que morre e ainda que podem nos roubar tudo menos a esperança. Por conta desta situação, mesmo diante das maiores dificuldades sempre temos coragem para recomeçar.

É com este espírito que a liturgia da Igreja nos coloca neste domingo o reinicio do ano litúrgico. Na expectativa da vinda do messias iniciamos o tempo do advento na perspectiva da conversão e na vigilância. Um dos gestos que indicam nossa preparação e cofiança está manifestado no acendimento da primeira vela na coroa do advento. As cores litúrgicas, as orações, os cantos, a Palavra que ouvimos tudo aponta para o crescimento espiritual de quem aguarda dias melhores.
Assim a forma apoteótica como Lucas descreve no evangelho a chegada definitiva do Filho do homem indica que Deus não se deixará vencer pelas fragilidades dos nossos tempos, pelo contrário o Reino será instalado e de modo definitivo. Quanto a nós o evangelho pede uma atitude: “Não ter medo, erguer a cabeça”, afinal nossa luz é Jesus.

A palavra do profeta na primeira leitura renovou a esperança da comunidade de outrora e reacende também para nós a perspectiva de novos tempos. Deus é fiel e o que ele prometeu será cumprido, o filho que enviará restabelecerá o direito e a justiça, um novo céu e uma nova terra irão acontecer.

Já a palavra de São Paulo para a Igreja de Tessalônica recomenda uma atitude que se encaixa perfeitamente para nossas comunidades: Crescer no amor, na santidade e na justiça. Ser agradável e progredir no ensinamento. Não ficar devendo nada a ninguém a não ser o amor mútuo. Em resumo o projeto de Deus é uma construção com a qual somos convidados a colaborar no dia a dia.

Neste tempo do advento, é bom que nos perguntemos: Nossa vida tem sido um empenho por dias melhores para todos e em todos os lugares?

Peçamos, pois que este tempo fortaleça a nossa fragilidade e nos faça proclamar nossa fé com o testemunho da vida.

sábado, 21 de novembro de 2009

PESQUISA EM EDUCAÇÃO

FÉ CRISTÃ, CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO:
PAIDÉIA AO ALCANCE DE TODOS




Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente


O autor trata da incorporação do vocábulo grego na prática cristã educadora. A questão da educação e da civilização (Paidéia) grega, segundo o autor foi assumido pelo cristianismo e à expressão original se acrescentou o termo “cristão”. Esta inocente junção de palavras é muito mais complexa do uma espécie de adjetivo ao costume grego.
Os educadores cristãos partem do princípio que o primeiro e principal pedagogo é Deus, cuja ação teve inicio na obra da criação e na educação do seu povo. No Antigo Testamento Deus Pai e no Novo Testamento Deus Filho, assumem a tarefa de formadores do ser humano. Este último recebeu o título de Rabi, o que mais tarde foi sinonimado pela palavra pedagogo. A partir da sua própria palavra: Se eu o Mestre e Senhor fiz... Façam também vocês.
Citando Jaeger, o autor tem convicção do título que foi atribuído a Deus: Pedagogo da Humanidade. Por sua vez aos homens do mundo não resta alternativa: ser discípulos da celeste pedagogia. E somente trilhando este caminho o ser humano está se aproximando do verdadeiro conhecimento, isto é, compartilhando da autêntica sabedoria à qual se encontra somente em Deus.
Por conta disto os formadores deste mundo assumem a função de pedagogos na medida em que se habilitam a conduzir os demais para o encontro com Cristo. A verdadeira e única Paidéia é a imitação de Cristo, em quem se consuma toda educação.
Longe de Deus toda sabedoria humana é loucura, pois só nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. Naturalmente que este é um processo lento, o qual se vai aprendendo ao longo de toda a vida.

REFERÊNCIA
Renato Gross, Diálogo Educacional, Curitiba, V. 6, n.19, p.141-156. Set./dez. 2006

POR UMA PEDAGOGIA LIBERTADORA

COMENTÁRIOS À OBRA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO


Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente


No Prefácio do livro o professor Ernani Maria Fiori, escreve assim:
“Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se. Por isso a pedagogia de Paulo Freire, sendo método de alfabetização, tem como ideia animadora toda a amplitude humana da “educação como prática da liberdade”, o que, em regime de dominação, só pode produzir e desenvolver na dinâmica de uma pedagogia do oprimido”.
E continua seu raciocínio afirmando que nenhuma teoria, nem mesmo a de Paulo Freire, são valiosas sozinhas, diz isso para concluir o prefácio com a afirmação: “os homens humanizam-se trabalhando juntos para fazer do mundo, sempre mais, a mediação de consciências que se coexistenciam em liberdade”.
Por sua vez o autor nos quatro capítulos que compõe a obra pode ser interpretado com a seguinte linha de pensamento e linguagem.
A arte de educar consiste em preparar para a liberdade. Este conceito não é de todo uma novidade. Nesta direção pode ser lido o mito da caverna criado por Platão. Quanto mais livre for o ser humano maior será sua possibilidade de conhecer e maior será o seu senso de humanidade.
A ideia mestra que percorre toda a obra é o conceito de humanização, com a afirmação que esta situação o ser humano não adquire por meio de coisas, se não mediante a consciência de quem ele é. O autor remete a reflexão às palavras do teólogo e filósofo cristão da Ásia Menor no século IV – Gregório de Nissa – nas palavras deste temos a máxima: “de nada adiante dar a alguns o que se tira de outros”. Esta reflexão é profundamente bíblica e se pode ler no livro de Eclesiástico capítulo 34. “Como aquele que mata o filho na presença do Pai é comparado quem oferece um sacrifício feito com bens roubado dos pobres”.
Neste sentido a pedagogia do oprimido consiste acima de tudo em lutar pela restauração da humanidade e pela generosidade. Uma verdadeira mística impedirá que o discente de hoje seja opressor de amanha. Na condição de quem trabalha pela humanização o educador é para o do educando um testemunho de generosidade e de liberdade. Neste sentido espiritualidade implica afirmar a liberdade como um valor e empenhar-se para que esta se realize.
A impossibilidade para fazer acontecer a liberdade consiste em perceber que entre opressores e oprimidos há um diálogo de surdos que se torna abissal, no sentido que os primeiros não são capazes de pensar a partir do Ser, mas do Ter. Neste conceito quando os últimos passam a ter simplesmente se inverte a pirâmide. Por isso a primeira condição para uma nova pedagogia será convencer os oprimidos a sentirem-se sujeitos da própria libertação, este consiste um desafio a ser perseguido.
Superar a visão da educação como algo que se dá (ou se vende), para uma educação que se faz, exige quebrar paradigmas e porque não quebrar imagens. A primeira imagem, ou o primeiro paradigma a ser quebrado é o do professor como aquele que tem a posse do saber. O educador há de ser visto muito além do que aquele que tem a posse do conhecimento e que o deposita nos seus discentes, tal como lhe foi transferido outrora e não adquirido. Esta concepção consiste em criar uma nova mística.
A educação como pratica da liberdade exige a construção de uma nova imagem de ser humano, ou melhor, da compreensão da verdadeira imagem deste como um indivíduo absurdamente diferente dos outros animais, no sentido que somente este cria e recria. Esta nova compreensão dará ao professor/educador uma mística de valorização da docência e do docente.
O processo de construção da liberdade caminha na linha da investigação, atitude que implica o despertar de consciência em vista de projetos de vida. Se persistir a prática de uma educação que não promove a libertação certamente se deve à falta de projetos, realidade que instrumentaliza todos os envolvidos e acaba por frear o processo investigativo. A isto nós denominamos falta de espiritualidade.
De acordo com a concepção que o autor vai desenvolvendo ao longo de todo o processo na qual os indivíduos são envolvidos na construção de um modo de fazer educação que consiste e conceber o processo codificação/descodificação. A mudança de foco no complexo mundo da educação faz compreender o indivíduo não mais como depositário, mas como sujeito/produtor de um saber totalmente novo. Sob a mística da participação a educação deixará de ser compreendida como um presente, ou um produto, que alguns têm direito a receber, mas como elaboração de um conhecimento no qual todos os participantes se sentem produtores.
No nosso projeto de pesquisa, propomos o modelo pedagógico de Jesus de Nazaré, estamos imaginando a liderança revolucionária que não se instala no educando ocupando o lugar até agora ocupado pelo opressor. Pelo contrário, convive com o oprimido no sentido de “despejar” o inquilino que está dentro dele. A grande crítica que Jesus fez à sociedade do seu tempo consiste em não ser sujeito da sua libertação, mas em viver dominada pelo pensar manipulador de alguns poucos líderes da época.
A libertação, segundo Paulo Freire, não é um processo de uns para os outros, mas de uns com os outros, e a isto nós chamamos de mística de comunhão e o documento de aparecida chama de globalização da solidariedade. A globalização de que se fala no documento citado é o caminho para a unificação e a organização tão temida no contexto da opressão. Somente o cultivo de uma mística de valorização do outro fará com que o educador não se comporte como invasor das culturas e do ser do educando.
A renúncia a toda forma de manipulação é antes de tudo adesão a outro modo de tratar dos oprimidos – em lugar de estar neles, ser um com eles. Entre as figuras cuja prática merece ser lembrada é Camilo Torres, cujo empenho revolucionário o levou a jogar-se por inteiro como cristão e como guerrilheiro. É a comunhão que gera a verdadeira colaboração e isto conduz para a globalização da solidariedade a qual implica na unidade dos diferentes grupos.
O autor conclui o seu sonho de construção de um nova pedagogia com uma frase que citamos na íntegra e com a qual nosso projeto se afina em gênero número e grau: “Que permaneça firme nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil de amar”.

REFERÊNCIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de janeiro, paz e terra, 2005.

IMAGENS QUEBRADAS - MIGUEL ARROYO

COMENTÁRIOS AO LIVRO IMAGENS QUEBRADAS


Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente



A obra parte do princípio que os tempos mudaram e consequentemente as pessoas se transformaram, os conceitos são outros, as verdades não são as mesmas, daí que a educação e os educadores precisam ser vistos com outros olhares e sobre outros ângulos.
O primeiro elemento tratado no livro consiste em perceber que educar significa tornar o ser humano mais humano. Alias esta expressão parece ter ficado clara nas palavras do Irmão Clemente Ivo Juliato na sessão de abertura do IX EDUCERE, na ocasião ele proferiu a seguinte sentença: “A educação não pode resolver todos os problemas, mas faz parte da solução de todos. Os problemas dependem da transformação da pessoa e este é o campo da educação". Isto parece ser a tônica de outros educadores. Entre eles recordamos Platão e Santo Tomás de Aquino para quem a função da educação é realizar o que o homem deve ser. E Rosseau que dizia: das mãos do professor sai, antes de tudo o ser humano.
Entretanto, o autor da obra em referência parte do princípio que esta tarefa vem tornando-se cada dia mais exigente na medida em que as imagens foram e estão sendo quebradas. Neste novo cenário da educação o convívio com os educandos, cujas imagens se quebraram, pode levar o educador a diminuir sua função de auscultador dos mistérios da vida para se tornar um juiz dos seus atos. Neste sentido a primeira exigência que precisa permanecer é a de que o educando precisa ser visto como ser humano que é inserido num convívio de humanos.
De nossa parte dizemos que aí se encontra a mística do educador, ou seja, ir muito além da sua função de estar a serviço da educação e SER um serviço em vista da formação integral do ser humano indo além e quebrando os paradigmas que envolvem o seu mundo.
No contexto da educação transformada em quase mercadoria os paradoxos que a circundam transformam o educador em mercador de um produto que é ao mesmo tempo um direito dos consumidores em potencial. Ultrapassar esta barreira e trabalhar a cada dia para realizar o sonho da noite de formatura, que não se realizará em um dia nem tão pouco num momento mágico. A mística do educador consiste em ir preparando sujeitos que serão muito mais do que “caixas de ferramentas” plenamente cheias e prontas para o uso num determinado momento de sua existência, mas que vão se construindo cotidianamente.
Tendo presente esta concepção não basta ser esperto na sua área de conhecimento é preciso não ser ignorante no que se refere ao sentido da vida, isto implica aprimorar o conhecimento específico e o conhecimento do drama humano. É impossível separar a educação das expectativas e da orientação de vida. Dito isto é mais fácil compreender quando o autor fala em conhecer as trajetórias e os tempos dos educandos como uma condição para reconstruir as trajetórias profissionais dos mestres.
No processo de educação e no cotidiano das relações sociais nos deparamos com as imagens quebradas que tínhamos da infância. Esta etapa da vida que foi construída como símbolo de bondade quase angelical foi sendo substituída por imagens de decadência moral e neste universo o que se pode esperar como resposta dos seus mestres. Estamos experimentando tempos confusos para os mestres e para toda a tarefa da docência: quanto mais o educador conhecer o aluno mais se dará conta que está distante dele, posto que o último seja sempre uma caixinha de surpresas.
Uma das situações mais dúbias pelas quais passa o mundo da educação é o conceito de violência e o fenômeno que a ela dá origem. Para trabalhar esta realidade é preciso compreender antes as condições inumas em que vivem nossos educandos, sejam eles provenientes de qualquer uma das classes sociais. Certamente aquela condição é mais violenta que a própria violência por eles praticada. O educador é chamado a se defrontar com a trajetória dos educandos e por meio deste confronto descobrir sua imagem humana de educador.
As tensões provocadas nos diversos níveis de relacionamento exigem trazer para o centro das discussões os tempos humanos de educados e educadores. Em outras palavras trazer o SER de cada uma das partes envolvidas no processo. Como compreender a educação e a escola como um direito se os que dela se acercam não realizam com alegria. Aquilo que é um direito não pode ser transformado num criador de monstrinhos. As tensões merecem ser encaradas e resolvidas na medida em que a comunidade escolar passar a levar para a escola a sua fome de saber associada à fome de sentido para a vida.
O imaginário dos educandos precisa encontrar na escola uma resposta para suas mais profundas inquietações. A evasão, a desatenção, a não aprendizagem e até a violência podem ser sintomas que a educação não está alcançando o objetivo de ser o imaginário construído. Parece que aquilo que se ensina não é referência para a vida. A especificidade de ensinar consiste em facilitar que o outro aprenda e isto obviamente não se dá enquanto o educador for visto e tratado como aquele que sabe a serviço daquele que não sabe.
Um dos desafios para recuperar o sentido alegre do direito à educação será completar nas bases curriculares questões que ajudem a responder o sentido da vida. Um dos lugares, se é que se pode chamar assim, para se aprender é a vivência dos direitos e deveres. Na medida em que o educador tem claro sua função de formar pessoas mais facilmente ele se dará conta que seus discípulos são sujeitos que pensam, aprendem, fazem, concordam, discordam, etc. Sob esta ótica é pertinente ao educador desenvolver habilidades para escutar, ver, experimentar, criar sensibilidade para com toda a realidade dos destinatários da sua missão.
Não se pode prescindir da tarefa do educador que ele está a serviço do ser humano na sua totalidade e não apenas de uma das partes seja ela, corpo, mente ou espírito. Parece muito mais fácil ser professor especialista em conhecimento do que ser educador na totalidade da existência dos seus discípulos. Ler a tarefa do educador com outros olhares implica trazer para os currículos os grandes questionamentos humanos, os quais muitas vezes estão olvidados.
As imagens quebradas das crianças angelicais precisam ser lidas à luz da espiritualidade, isto é da mística que constrói o ser por inteiro. Muitas vezes o educador tem dificuldades para imaginar questões relevantes do existir humano uma vez que foi formado para ser docente de conteúdos sendo insensível às grandes interrogações que lhes são apresentadas por seus alunos. Facilmente o educador é levado a concluir que aquilo que não se enquadra no currículo não é conhecimento. Esta concepção urge ser quebrada para recuperar a visão da figura humana na sua inteireza.
Mais do que em outros tempos a sociedade manifesta uma aguçada preocupação com conduta e neste sentido facilitar a realização de um comportamento adequado é tarefa que exige empenho público, pessoal e particular. A superação da mentalidade fragmentada do ser humano é um imperativo para recuperar o terreno perdido com a crescente quebra de imagens. Naturalmente, alguém precisa ser responsabilizado por esta parte da educação sob pena de ser uma tarefa de todos e não ser atribuição de ninguém.
O universo das imagens quebradas apresenta uma vulnerabilidade na arte de aprender e ensinar e esta realidade exige um melhor acompanhamento nos percursos de sua formação. A formação humana e integral costuma ser menos familiar do que os conhecimentos e, por isso mesmo, acaba sendo tratada com pouco ou nenhum profissionalismo. Na arte de educar se faz necessário compreender que muitos dos destinatários da educação tem um única escolha: Ficar vivos! Daí que aproximar-se dos educandos diante das suas escolhas exige da docência novas crenças, novos saberes, novas capacidades profissionais. Exige mística. Ele precisa ser um mistagogo do saber.
As escolhas a que nossas crianças e adolescentes são forçados a fazer condicionará o papel dos educadores nos seus tortuosos processo de formação e no exercício da sua liberdade. O mundo da pós modernidade que quebrou as imagens, antes angelicais, das nossas crianças faz também que elas sejam forçadas a fazer escolhas antes reservadas à sociedade adulta e aí se encontra o desafio para o educador reaprender o seu ofício ou diria a arte de educar à qual exige uma paciente espera.
Não tem mais lugar no campo da educação e de toda a realidade humana a ideia da predestinação divina, o desafio consiste em dar novas respostas para novas imagens, ou seja, ser educadores novos diante de novos alunos. Para dar conta das novas situações de trabalho os docentes são chamados a elaborar novas estratégias de estudo e de planejamento, estratégias coletivas de reorganização curricular. O principal produto da inovação escolar serão as mudanças que se fizer acontecer nos próprios docentes. Prática e teoria docente estão cada vez mais interligadas, isto significa dizer mistagogia.
Uma das coisas que exige ser respondida é a questão do tempo, este separa o profissional docente do educador. A resistência em questionar a ordem temporal do processo educativo (idade cronológica, idade escolar, relação idade série – idade ciclo, etc.) implica em reinventar outra ordem e isto exige uma nova mística para o tempo e para a educação como um todo. Do modo como estão pensados os espaços e os tempos a escola ainda mira a formação de profissionais, conteudistas, e faz perecer o tempo para o ser humano. Será imprescindível readequar as trajetórias temporais e as trajetórias humanas.
Há que superar a visão dualista do processo educacional uma vez que os tempos e lugares aos quais convencionamos como restritos para a educação se encontram distintos e com diferentes missões. Neste modelo a escola ensina enquanto cabe às famílias, à sociedade, às igrejas educar. Essa dicotomia há que ser superada é necessário recuperar a formação do ser humano na sua total complexidade. Daí que a visão do educador precisa ir muito além do frágil conceito de docência neutra, sua imagem não pode ser separada da sua imagem de docente humano. Docência e formação são duas faces da mesma moeda.
O Ser humano vive no tempo, mas não em função do tempo. Com este conceito fica mais fácil compreender que é preciso pensar antes nos tempos humanos do que nos tempos para os humanos. Mais do que vivenciar as estruturas e sistemas é necessário ter em mente os sujeitos. Esta afirmação está implícita nas palavras do autor quando escreve: “Por vezes, nossos alunos, passam anos assistindo aulas onde se explica tudo, menos suas vidas. Porque a escola e seus professores que sabem tanto sobre tantas matérias pouco sabem e explicam sobre a infância, a adolescência, a juventude, suas trajetórias, impasses, medos, questionamentos, culturas, valores?" (Arroyo, 2009, p.305).
Nossa sociedade ocidental é cristã, não será, pois interessante que nossos educadores sejam vistos como espelho também sob o ponto de vista da mística de Jesus de Nazaré? Diante dos contrastantes dados em relação aos tempos e idades das crianças, cada vez mais se pede uma mística do educador para trabalhar com a dignidade e garanti-la aos educandos. Parece se constituir um dever saber mais sobre eles num envolvimento com a vida toda e com toda a sua existência. Educadores, mais do que todos, precisam ter a noção do ser humano inteiro em todos os seus tempos. A incapacidade para perceber isso se torna um bloqueio para o saber e aí se realiza a especificidade da arte de ensinar a qual consiste em facilitar para que o outro aprenda, se o destinatário não aprendeu, naturalmente não houve ensino.
Desenvolver uma mística do educador significa reinventar convívios mais humanos e menos solitários. Implica planejar com profissionalismo práticas estratégias que deem conta desta diversidade de contextos de aprendizagem, de socialização e de trajetórias humanas. Tratar de questões ligadas a retenção/reprovação é antes uma questão de dignidades que o educador precisa trabalhar em si mesmo e no sistema. Aprovar ou reprovar é um tumor escondido por décadas no sistema educacional esta situação merece ser tratada como uma questão ética, humana e social.
Facilitar o aprendizado da criança de acordo com o seu tempo é uma tarefa do educador. Todavia quando o destinatário não aprende é tarefa deste último compreendê-lo na totalidade da sua existência humana. Esta atitude exige do educador mais do que conhecimento e competência técnica, exige espiritualidade. Nos últimos 20 anos a sociedade brasileira cresceu muito nos conceitos de participação e democracia também na comunidade escolar. É urgente evoluir para uma nova compreensão do ser humano nesta estrutura. Esta evolução exige uma resposta mística. Avançamos politicamente, mas estamos presos à lógica humana conservadora.
Dentre os desafios da educação, um deles é tratar do tempo do educador na totalidade do seu ser. O tempo é muito mais do que condições favoráveis para exercer seu ofício ou condições técnicas e pedagógicas. Nas disputas por direitos e deveres os profissionais da educação são tratados como sujeitos cindidos. Será impossível olhar para as trajetórias e tempos dos educados sem olhar para as histórias e tempos de seus mestres.
As imagens quebradas das nossas crianças em nada se diferenciam das imagens quebradas dos seus educadores ambas precisam ser revistas sob a ótica da espiritualidade e da mistagogia na formação do docente.

REFERÊNCIA

ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas, trajetórias e tempos de alunos e mestres, Petrópolis, Vozes, 5ª. Edição, 2009.

COMENTÁRIOS À OBRA: CAMINHOS INVESTIGATIVOS II

CAMINHOS INVESTIGATIVOS II

Marisa Vorraber Costa (organziadora)

Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente

A organizadora deste volume reuniu sete artigos de autores distintos e que tratam do mesmo tema: a questão da investigação científica como uma construção de caminhos no meio dos descaminhos. Basicamente todos os autores fazem referência ao modo de pensar do filósofo Michel Foucault cuja frase aparece citada na introdução do artigo intitulado “Descaminhos”.
“De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece?”(Foucault, 1998, p13).
Os sete artigos a que estamos nos referindo seguem uma mesma linha de pensamento que começa pelo título do primeiro capítulo: “Descaminhos”. Neste texto a autora se serve de uma expressão que, embora não sendo genuína manifesta o conceito de pesquisa que ela quer evidenciar. Citando outra pesquisadora diz:
A pesquisa nasce sempre com uma preocupação: uma inquietação; insatisfação com respostas que já temos; com desconfortos. É preciso por os conceitos a funcionar, estabelecendo ligações possíveis entre eles, encaixando aqueles que têm serventia para o problema e nos desfazendo daqueles que são inúteis (Corazza 2002).
Por sua vez o autor do segundo capítulo trata dos paradigmas e aponta que em pesquisa é preciso primeiro supera-los no sentido que estes são sempre hegemônicos. Segundo este autor assumir um paradigma como verdadeiro significa tolher toda forma de descrever e explicar, mas simplesmente aceitá-lo como verdade.
Rosa Maria Bueno Fischer trata da verdade em suspenso e reafirma o que já é aceito desde os filósofos gregos: não existe verdade absoluta, mas elas se tornam de acordo com o contexto em que estão inseridas. Neste sentido é necessário compreender a própria educação como um caminho para a verdade e que ela própria tem muitos caminhos. O desafio é deixar para traz as verdades já aprendidas e se lançar na busca de novos caminhos investigativos, formulando novos problemas, ousando pensar de outra forma, estabelecer relações entre o que já se sabe e o que ainda precisa ser compreendido.
Segundo esta autora, teses e dissertações ganham em densidade na medida em que o pesquisador for capaz de incursionar, de alguma forma, pelos labirintos de sua própria experiência pessoal e profissional com a temática em foco trazer a vida que pulsa nas práticas. A preocupação será não tomar os objetos em si, como se tivessem voos próprios. Esta é também a crítica de Paulo Freire ao que ele chama de educação bancária.
Nos artigos Análises culturais e Pesquisa – ação e política cultural as autoras afirmam que na pesquisa é importante contar as histórias a partir do lugar em que se encontra o pesquisador, caso contrário outros farão e o estudioso se tornará refém de saberes em relação aos quais não participou da construção.
Com outras palavras ela Expressa o pensamento freiriano quando afirma em relação à dialogicidade na construção dos saberes. Muitas vezes o oprimido até abre diálogo para construir saberes, mas isso não é necessariamente relação de igualdade. A participação é sempre desejável e isto é sinônimo de coletividade, mas não de democracia.
A conscientização não é sinônima de emancipação. Muitas palavras ditas pelos oprimidos não são produzidas por eles, mas resultado das palavras do opressor que se instalou nele. Na arte de pesquisar é importante ter presente que se vive em constante recomposição e reinvenção de identidades. E este é o caminho que pretende seguir a pesquisa “Policidadania: formação mistagógica do docente”.

REFERÊNCIA

COSTA, Marisa Vorraber. Caminhos investigativos II, Rio de Janeiro, Lamparina, 2007.

COMENTÁRIOS AO TEXTO DE DEMERVAL SAVIANI

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ASPECTOS HISTÓRICOS

E TEÓRICOS DO PROBLEMA NO CONTEXTO BRASILEIRO


Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente


Tratando da formação de professores o autor faz uma breve incursão pela história, recuperando a formação de docentes nos diversos períodos da história política do País. O autor contextualiza a formação dentro da realidade social e econômica em que se encerra o processo formativo.
Como nota conclusiva de toda a recuperação histórica o autor indica o que é uma verdade inegável: a formação de docentes no Brasil é descontínua, não é extensiva nem em quantidade nem em conteúdo. O alcance do processo formativo fica longe da grande maioria dos docentes a prática pedagógica normalmente não tem correspondido à expectativa dos formandos. Os conteúdos formativos também não atingiram os objetivos a que se propunham.
O autor sugere eleger a educação como máxima do desenvolvimento. O que implica num processo que abrace todas as dimensões da sociedade (economia, política, humanidades). Somente esta realidade irá trazer outras consequências para o processo formativo bem como para os educadores e dará nova configuração à formação de docentes.
Ao afirmar que é necessário transformar a docência numa profissão atraente, nós entendemos que a este processo se chama criar mística para o processo formativo.

REFERÊNCIA
Demerval Saviani, Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, V.14, n49, jan./abr.2009.

HOMILIA DA SOLENIDADE DE CRISTO REI - 2009

HOMILIA PARA O DOMINGO 22 DE NOVEMBRO 2009 –
SOLENIDADE DE CRISTO REI

Leituras: Daniel 7,13-14;
Salmo 92(93) 1ab.1c-2.5(R/1ª)
Apocalipse 1,5 -8
João 18, 33b-37


Há um pensamento que diz assim: “A verdade dói, mas liberta”. E outro ainda que diz assim: “A verdade se impõe pela sua própria força”. E muitos de nós já experimentamos e provamos que eles são verdadeiros. Bastante vezes a verdade parece dura demais, entretanto o tempo e as condições se encarregam de mostrar que dificuldades iniciais para aceitá-la são superadas pela força dela mesma.

Pois é este o pensamento que aparece na liturgia deste domingo que a Igreja chama de último do tempo comum e convida a celebrar a solenidade de Cristo Rei.

O texto do evangelho que é tirado da paixão do Senhor é o diálogo de Jesus com Pilatos. O governador, encarregado de fazer cumprir as leis, queria ter certeza sobre quem era a pessoa que havia sido colocada sob as suas ordens. Faz as perguntas próprias para a ocasião e recebe de Jesus respostas, diante das quais ele não tem como contestar. “Tu és rei?” E a resposta: “Para isso nasci e para isso vim ao mundo” e continua “mas o meu reino não é deste mundo, o meu Reino é o da Verdade”. E esta consiste em dar testemunho e revelar quem é Deus.

Na primeira leitura o profeta narra uma espécie de batalha entre as forças do mal e Deus que age na história, enquanto o mal vem do mar, o bem vem do céu. E, naturalmente, este último vencerá!

A mesma situação é narrada pela segunda leitura do livro do Apocalipse, o autor reanima a comunidade mostrando que em Cristo as forças que provocam a morte não terão força maior e que Deus se encarregará de dar salvação aos que nele confiam.

Por isso mesmo nós rezamos no Salmo: Deus é Rei e se vestiu de majestade e verdadeiros são os vossos testemunhos.

A lição que a Palavra quer nos dar é simples e objetiva: Somos convidados a aceitar a verdade de modo integral, a ouvir a voz de Cristo e dar testemunho daquilo que acreditamos. Esta realidade não se acontece por um ato mágico, começa com a graça do Batismo e se estende por toda a vida, a cada dia somos desafiados a discernir os sinais dos tempos.

Como cristãos leigos na Igreja e nas comunidades viemos aqui celebrar a memória de Cristo Rei da verdade e da vida, recebemos sua graça, nos alimentamos da sua palavra e da Eucaristia e nos fortalecemos para a missão.

domingo, 15 de novembro de 2009

ECLESIOLOGIA

No documento Lumen Gentium a Igreja é descrita como sinal de Jesus Cristo

1. Cristo é a luz dos povos. Por isso, este sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os homens, anunciando o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15). E, porque a Igreja é em Cristo como que sacramento isto é, sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano, retomando o ensino dos concílios anteriores, propõe-se explicar com maior clareza aos fiéis e ao mundo inteiro, a sua natureza e a missão universal. As presentes condições do mundo tornam ainda mais urgente este dever da Igreja, a fim de que todos os homens, hoje mais intimamente ligados por vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também unidade total em Cristo.

"AGORA É TEMPO DE SER IGREJA
CAMINHAR JUNTOS PARTICIPAR"
Mais acesse o link e baixe no formato PDF:

Eclesiologia

ECLESIOLOGIA -

AGORA É TEMPO DE SER

IGREJA, CAMINHAR JUNTOS

PARTICIPAR”

Igreja, sacramento no Cristo

1. Cristo é a luz dos povos. Por isso, este sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os homens, anunciando o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15). E, porque a Igreja é em Cristo como que sacramento isto é, sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano, retomando o ensino dos concílios anteriores, propõe-se explicar com maior clareza aos fiéis e ao mundo inteiro, a sua natureza e a missão universal. As presentes condições do mundo tornam ainda mais urgente este dever da Igreja, a fim de que todos os homens, hoje mais intimamente ligados por vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também unidade total em Cristo.

Mais acesse o link e baixe no formato PDF:

sábado, 14 de novembro de 2009

33° DOMINGO DO TEMPO COMUM

15 DE NOVEMBRO 2009
Leituras: Daniel, 12, 1 -3
Salmo 15(16) 5.8.9-10.11 (R/1a)
Hebreus 10, 11-14.18
Marcos 13, 24-32

Quero entoar um canto novo
De alegria ao raiar daquele dia
De chegada em nosso chão.

Fazer referência ao fim do mundo é um tema que sempre causa interesse e curiosidade. Assim, numa roda de amigos, este é um assunto sobre o qual todos tem uma opinião pra dar. Uma música ou filme que trate deste tema tem sucesso garantido. Mas para os cristãos qual é mesmo a preocupação e qual tipo de preocupação o evangelho nos propõe?

O evangelho de narra a vinda de Jesus com grande poder e glória, tudo acontecerá de modo extraordinário e vai alcançar todas as pessoas e todas as situações humanas. O texto é uma proposta de atitude para a comunidade do tempo de Marcos. Desafia no sentido de não permitir a acomodação e ficar esperando que as coisas aconteçam. O Evangelho sugere que aqueles que acreditam são chamados à fidelidade, à coragem e a vigilância.

A vitória de Jesus será de algum modo, a vitória de todos. Ele está na sequência dos evangelhos dos últimos domingos: A comunidade dos seguidores de Jesus vive a tensão entre aquilo que são e aquilo que poderão ser.

A mesma linguagem figurativa é usada pela primeira e a segunda leitura nos dois casos fica muito clara a intenção de Deus: retribuir segundo as obras de cada um. Quanto aos que esperam por este dia, não cabe ficar parado. A primeira leitura termina com a promessa: “Os que ensinam os outros um dia, como estrelas no céu brilharão. Esta glória o Senhor prometia e promete a quem guia o irmão”.

Estamos todos bem convencidos de uma verdade: não temos aqui na terra morada permanente. Portanto, para quem deseja uma morada melhor é preciso ir construindo aqui.

Com os pés no chão e os olhos no horizonte, o Reino de Deus está entre nós, mas a plenitude dele somente se realizará na vida futura.

Deus é nossa única segurança conforme cantamos no salmo: Guardai-me ó Deus, pois em vós me refugio.

Nossa melhor atitude é agradecer àquele que não nos abandona pedir que ele venha e nos encontre vigilantes e fiéis.

sábado, 7 de novembro de 2009

HOMILIA PARA O DOMINGO 08 DE NOVEMBRO 2009

32° DO TEMPO COMUM


Convenhamos que a convivência humana, muitas vezes, pode ser chamada de sociedade das aparências. Então se cultua o bonito, aquilo que ostenta beleza e grandiosidade. E nesta concepção é muito fácil também instrumentalizar as pessoas e valorizar por que andam bem vestidas, tem roupas brilhantes, andam com carrão último modelo, ocupam um cargo importante, rezam muito, estão sempre na igreja, ajudam em todos os serviços da comunidade, e assim por diante.

Por incrível que pareça, as leituras deste domingo apresentam como modelo pessoas totalmente diferentes. Duas viúvas. Uma categoria totalmente sem credibilidade e amparo na sociedade daquela época. Uma delas, da qual fala a primeira leitura era pagã, seguia e acredita no deus de Baal.

O Evangelho conta o episódio conhecido como oferta da viúva pobre. O que fica muito claro nas palavras de Jesus é a repreensão que ele faz ao comportamento dos doutores da lei e outros entendidos do ser tempo que se mostravam perfeitos, corretos, justos, bons e todos os outros adjetivos que os colocava em situação de superioridade em relação aos demais. Enquanto valoriza a singeleza do gesto da pobre mulher. Jesus deixa claro que é importante discernir não segundo as aparências.

Na primeira leitura, o diálogo estabelecido entre a viúva e o profeta mostra quem é Deus e o que ele faz por aqueles que nele confiam. A pobre mulher reparte sua única segurança (uma medida de farinha e o resto do óleo na vasilha) seu gesto não fica sem resposta: Não faltou comida até que veio a chuva e se restabeleceu a normalidade da região.

O salmo nos chama a confiar no Senhor que age sempre em favor daqueles que não dispõem ou por sua simplicidade não tem necessidade de mostrar suas belezas, seu poder, sua sabedoria, suas roupas vistosas.

Ser discípulo de Jesus hoje significa praticar gestos e ter atitudes que sejam coerentes com os ensinamentos que deu outrora. Jesus não está de acordo com a pobreza, a miserabilidade, a falta de dignidade, nem tampouco abençoa e aceita que alguns se coloquem em atitude de superioridade em relação aos demais.

Vale para nós a recomendação de São Tiago: “Religião pura aos olhos de Deus implica cuidar dos órfãos e das viúvas em suas necessidades e não se deixar contaminar pelo mundo”(1,27).

Que, por esta eucaristia, o Senhor nos faça membros do seu corpo e autênticos apóstolos de uma sociedade e de uma Igreja muito melhor, mais coerente que precisa e pode ser transformada indo muito além das aparências.

sábado, 31 de outubro de 2009

IX CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO

Olá, acesse o link abaixo e tenha acesso ao trabalho que apresentei na PUCPR durante o IX Congresso Brasileiro de Educação.
Faça seus comentários.
Abraço
Padre Elcio

http://www.4shared.com/file/145203736/8d907b98/Texto_para_a_revista_roteiro1.html

HOMILIA PARA O DIA DE FINADOS 2009


02 de novembro


Dentre as coisas bonitas típicas da criatura humana, uma delas é a lembrança das pessoas com quem convivemos. O nosso idioma reserva uma palavra que poucas línguas conseguem expressar com a mesma força. Entre nós usamos o vocábulo SAUDADE! Esta expressão parece se adequar à celebração do dia de Finados. Nossa Igreja reserva, no seu ritual, um dia para cultivar a saudade dos nossos entes queridos. É a recordação de todos os fiéis defuntos – popularmente chamado como dia de Finados.


A palavra de Deus que ouvimos aponta para a uma direção muito mais ampla do que a pura manifestação de apreço por quem morreu e de saudade daquilo que se realizou. As leituras apontam para uma dimensão da saudade em relação ao futuro. Isto quer dizer, Nos, cristãos, vemos com saudade o dia feliz da vinda gloriosa. Em outras palavras alimentamos uma certeza, que pode ser identificada com saudade dos tempos futuros.


Na primeira leitura de hoje ouvimos: Os que confiam no Senhor compreenderão a verdade, e os que perseveram no amor ficarão junto dele. No salmo rezamos: Ele me guia no caminho mais seguro, mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, o Senhor está comigo.
E São Paulo fala aos Romanos: A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações, por meio de Cristo recebemos a glorificação e o perdão dos pecados.


E no evangelho as Palavras de Jesus são confortadoras: Venham ao meu encontro todos os que estão cansados e fatigados sob o peso dos seus fardos eu lhes darei descanso, aprendam que eu sou manso e humilde de coração.


Demos graças ao Pai, nossa fé em Cristo nos faz antecipar a glória futura, isto é alimentar a saudade dos tempos que haverão de vir. Pra nós e pra todos os que já partiram.


Roguemos por nossos falecidos a fim de que também eles gozem da imortalidade e da alegria prometida.

HOMILIA DA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS



Faz parte do nosso modo de expressar admiração por alguma pessoa ou atitude, qualificá-la de Santo(a). Assim nós dizemos: fulano de tal é um santo! Beltrano é uma santidade em pessoa! Esta ou aquela prática é coisa dos santos! Ou ainda, quando queremos afirmar que nossa atitude deixa a desejar, então dizemos: Eu não sou nenhum santo!. E assim por diante.

Viemos hoje aqui celebrar a memória da Páscoa de Jesus. O Filho Santo de Deus, que por nós se entregou, derramou o seu sangue em vista da nossa santidade. No Jeito de viver de Jesus, muitos homens e mulheres se espelharam ao longo dos anos e a estes nós denominamos SANTOS!

Neste domingo a liturgia da Igreja nos ajuda a fazer memória desta multidão que recebem da Igreja o reconhecimento por suas obras e são colocados como modelo de vida para ser imitado.

As leituras previstas para este domingo indicam atitudes de quem chega ou quer chegar à santidade. Na primeira, do livro do Apocalipse o autor sugere que a virtude da santidade implica em permanecer de pé, isto é vigilantes, diante das dificuldades do mundo, e nesta condição a multidão poderá lavar suas roupas, ou seja suas vidas, no sangue do cordeiro.

A segunda leitura sugere pautar a vida no amor de Deus Pai, um amor sem limites e sem distinção. Uma das atitudes para esta condição é a prática da justiça.

No Evangelho Jesus aponta para a superação de si mesmo, As bem aventuranças apresentam os dois pólos a que estamos sujeitos: O ser como somos, e continuar assim, com nossos limites e dificuldades e a constante busca para que sejamos melhores. É uma luta entre o presente de imperfeições e o futuro com vida nova.

O modo mais fácil para fazer acontecer as bem-aventuranças em nós e no mundo nós rezamos no salmo 23: “quem subirá ao monte santo do Senhor, quem ficará em sua santa habitação? Quem tem mãos puras e coração inocente. Quem não dirige sua mente para o crime.

Que os santos e santas de Deus nos ajudem nesta missão!

sábado, 24 de outubro de 2009

Texto para o econtro de preparação para o sacramento do matrimônio







                Este texto foi elaborado para o encontro de preparação para o casamento na Paróquia São Lucas - Arquidiocese de Curitiba. O evento que aconteceu nos dias 24 e 25 de outubro de 2009.O que é sacramento?
Porque casar na Igreja?
Qual a diferença entre casar na Igreja, no civil ou juntar os trapos?


I - O MATRIMÔNIO É UM SACRAMENTO...

O matrimônio não foi inventado pelos cristãos, a realidade do matrimônio tem manifestações diferentes em todas as culturas, mas estes o vivem de forma diferente, isto é, vivem a partir da fé. Isto sugere algumas perguntas:


a) Precisa ser sacramento para ter sentido?
b) O que o sacramento acrescenta ao matrimônio que este já não o tenha por si?
c) Onde está o caráter específico do matrimônio como sacramento?
d) Que condições se requerem nas pessoas para que possa se dizer que celebram o sacramento do matrimônio?


Ele é sacramento no sentido que atualiza, realiza o mistério pascal de Jesus Cristo. Sua vida, paixão, morte e ressurreição é o centro da celebração cristã do matrimônio entendido como sacramento pela igreja. Em outras palavras: sinal da presença real de Cristo na vida das pessoas.
O Sacramento comunica a comunhão de Deus de amor, é uma opção de fé.


Na Bíblia o ser humano é descrito como imagem e semelhança de Deus, isto é, uma criatura quase perfeita como o próprio criador. Nascemos de Deus e somos como Ele: AMOR.


Reconhecer que o sacramento do matrimônio atualiza o mistério pascal significa dizer que a presença de Cristo dá um sabor de eternidade.


Certamente não existe nenhum setor da vida humana de que a maioria dos homens de nosso tempo dependa tanto, em relação à sua felicidade pessoal e à realização de sua existência, como o amor entre o homem e a mulher que assume sua forma duradoura no matrimônio e na família. É uma questão de ser feliz ou de não ser. Do mesmo modo, também não existe outro setor em que a fé e a vida estejam em contato tão imediato como no matrimônio. Pois o matrimônio pertence tanto à ordem da criação, como à ordem da salvação. Em outras palavras o matrimônio tem sua origem em Deus que criou o ser humano homem e mulher, e a Bíblia acrescenta que isto é bom, (cf. Gn 1, 27.31). Esta aliança desejada por Deus entre o homem e a mulher é ao mesmo tempo imagem e, sobretudo, atualização da aliança definitiva que Deus concretizou com o ser humano, em Jesus Cristo, uma semelhança do amor e da fidelidade de Deus para com o homem (cf. Ef 5,21-33). Assim, a realidade criatural do matrimônio entre cristãos constitui também uma realidade salvífica. É sacramental na medida em que é sinal de Jesus Cristo. Repetindo é importante dizer que a fé é uma qualificação necessária.


1.0 - A DIGNIDADE SACRAMENTAL DO MATRIMÔNIO


A relação homem-mulher é tão fundamental para a Bíblia que é introduzida na determinação teológica da natureza do ser humano e até mesmo no enunciado de seu ser à imagem de Deus: "Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele o criou" (Gn 1,27).


2.0 - INSTITUÍDO POR JESUS CRISTO?


O sacramento do matrimônio não pode ser demonstrado dizendo as palavras da instituição. O importante é a constatação de que o matrimônio está inserido de modo fundamental na obra salvífica de Jesus Cristo.


A posição de Jesus a respeito do matrimônio está configurada de modo mais claro em Mc 10,2-9, em que durante uma discussão Jesus vê confrontado com a questão: é lícito a um homem repudiar sua mulher? A polêmica gira em torno da interpretação de Dt24, 1, tão debatida entre os judeus. Jesus não entra na discussão casuística; transporta a questão para outro plano, referindo-se à ordem criacional das origens e conclui: "portanto, o que Deus uniu o homem não separa". Partindo-se de uma visão superficial, daria a impressão de que está reforçando a lei. No entanto, se entendermos essa afirmação dentro do contexto global da pregação de Jesus, perceberemos que o plano da lei foi superado com vantagens. Da mesma forma que os profetas, Jesus está muito consciente da "dureza de coração" do ser humano. Somente se Deus conceder um "coração novo" (Jr 31, 33). Portanto, não se pode confundir a frase de Jesus a respeito do matrimônio com um preceito legal. Trata-se de uma palavra messiânico-profética, de uma promessa de salvação e de graça. Desse modo, o matrimônio, dentro da mensagem de Jesus, faz parte tanto na ordem criacional das origens, como da ordem salvífica fundamentada no predomínio do amor e da fidelidade de Deus.


O amor e a fidelidade de Deus se tornam presentes na história graças ao amor e à fidelidade existentes entre os cristãos. A Igreja é o sacramento global de Cristo, como Cristo é o sacramento de Deus.


O Vaticano II fala do matrimônio e da família como "Igreja Doméstica". Neste contexto, o casamento e a família não representam apenas uma configuração do ser da Igreja, mas, de modo muito ativo, colaboram também para edificação da Igreja. Os esposos possuem dentro da Igreja um carisma que lhes é próprio, uma vocação e a graça peculiar e um serviço singular (cf. 1Cor 7,7). Devem santificar-se mutuamente (cf. 1Cor 7,14). De modo especial pela aceitação e educação dos filhos contribuem para o crescimento interno e externo da Igreja. Com o exemplo de sua vida cristã comunitária, com sua hospitalidade e abertura de sua "casa", podem constituir células vivas dentro da Igreja.


3.0 - UNIDADE E INDISSOLUBILIDADE DO MATRIMÔNIO


A unidade e a indissolubilidade do matrimônio não encontram sua razão de ser unicamente devido à sacramentalidade, mas são inerentes à natureza antropológica do matrimônio. Esta definição parte de um princípio de filosofia: “aquilo que é não pode não ser”. Se é amor não pode não ser. Assim é o amor de Cristo e da Igreja. É um sonho de Deus – sacramento – sinal daquilo que Deus é – Generosidade – entrega – serviço. Pelo batismo entramos uma vez por todas no mistério de Cristo e da Igreja, pelo matrimônio os noivos exprimem o mistério da unidade do amor de Cristo com a própria Igreja. O ato através do qual os esposos se entregam e se aceitam mutuamente possui em si mesmo uma tendência interna para o definitivo e para a exclusividade. Quem se entrega a si mesmo nas mãos de outra pessoa já não se pertence a si, mas ao outro. O vínculo da fidelidade matrimonial está, portanto, orientado em virtude de sua própria natureza interna, para a exclusividade e para o definitivo. O amor conjugal é o jeito de Deus comunicar seu amor ao mundo, sinal eficaz da graça de Deus que distribui dons abundantes de um amor que liberta, de paternidade, de filiação e de formação de um lar cristão. Se chama de sacramento da união estável. Para que o sacramento seja considerado válido é necessário que os nubentes estejam agindo em total liberdade, sem impedimentos de ordem legal, exige amor e aceitação da fidelidade. Os noivos são os ministros do sacramento e o padre representa a Igreja.
4. O MATRIMÔNIO CRISTÃO NA SOCIEDADE MODERNA


Uma relação que se faz hoje é a necessidade do casamento religioso e do casamento civil, um não pode contrapor o outro. O Direito Canônico vigente reconhece como competência do Estado a jurisprudência das conseqüências civis do matrimônio (direitos relativos ao nome, aos bens, à herança, etc.). Não pode ser do interesse da Igreja sobrecarregar-se, nem mesmo indiretamente, com base num casamento civil facultativo. De maneira semelhante, também o Estado moderno, neutro em sua cosmovisão (por mais que reconheça determinados valores fundamentais cristãos), pode atribuir um conteúdo material suficiente para o matrimonio; tudo o que pode fazer é salvaguardá-lo e fixar as formalidades jurídicas necessárias para a sua validade civil. É aqui que a diaconia social da Igreja pode intervir. Entendido dessa maneira, o serviço da Igreja não se reduz a um "serviço" adicional, mas contribui para destacar uma dimensão essencial do casamento, de acordo com a concepção cristã; uma dimensão tão transcendental que sem ela não seria totalmente válido o matrimônio entre cristãos. Os casamentos civil e eclesiástico constituem, a partir desse ponto de vista, um todo contínuo que para o cristão atinge sua realização interna unicamente através da forma eclesial prescrita e, por isso, só então pode ser reconhecido como canonicamente válido e como sacramento.


5.0 – A liturgia do Sacramento tem alguns elementos indispensáveis:


1) Palavra e a Eucaristia
2) Aceitação
3) Juramento de amor
4) Benção das Alianças
5) Beijo nupcial
6) Bênção nupcial
7) Assinatura

HOMILIA DO DIA 25 DE OUTUBRO 2009

HOMILIA DO DIA 25 DE OUTUBRO 2009 -
30° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Hoje a Igreja no Brasil, celebra o dia nacional da juventude. Lembrando nossos jovens, somos chamados a rezar por eles, com suas dúvidas, alegrias, desafios e inseguranças. Um grande jornal da capital trouxe como matéria de capa a reflexão sobre os jovens e anunciava: “Um jovem entre 12 e 18 anos é assassinado a cada dois dias na grande Curitiba”. Esta dura realidade aponta para uma situação que todos sabem, mas que pouco ou nada se faz para evitar. Isto significa dizer: tem teoria mas não tem prática!
É exatamente o que aconteceu com os seguidores de Jesus no Evangelho de hoje. Andavam com ele, ouviam suas orientações, conheciam as escrituras, tinha ouvido Jesus dizer que é preciso se colocar a serviço e assim por diante.
Na hora em que ouvem o cego gritar, preferem que ele se cale. O grito daquele que precisa de ajuda lhes incomoda. Acontece neste caso a mesma situação do dia em que as crianças se aproximaram de Jesus e os discípulos queriam afastá-las. Agora é um cego que está na mira de ser calado. Jesus ouve e rompe os costumes dizendo: “chamem o cego”, este se aproxima e recebe a sentença: “vai sua fé salvou você”.

Esta atitude de Jesus confirma a esperança anunciada pelo profeta Jeremias: ele extravasa sua alegria confirmando a ação de Deus em favor do seu povo. Na leitura ouvimos: Exultai de alegria, eu reunirei o meu povo, entre eles há cegos, aleijados, mulheres grávidas, parturientes, são uma grande multidão os que retornam. Como o povo de outrora, nós também proclamamos e rezamos com o salmista:

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria.
Ontem como hoje, o Senhor faz por nós maravilhas. De nossa parte a Eucaristia que viemos celebrar nos coloca no caminho da doação e da disponibilidade para seguir Jesus, colaborando com ele na transformação da sociedade. É preciso levantar a cabeça, o Senhor nos ama e nos mostra o caminho reto. Renovemos nossa fé no Senhor que nos devolve a vida, conforme já pedimos na oração: "Deus eterno e todo poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e dai-nos amar o que ordenais e alcançar o que prometeis".

“O Senhor fez por nós maravilhas;
Santo, santo, santo é seu nome!”

sábado, 17 de outubro de 2009

ETICA E MORAL VIII

VII - ÉTICA PESSOAL


Já foi dito anteriormente que a consequência de um comportamento ético na vida pessoal será pré-requisito para a vida pública e profissional. Neste ponto parece importante destacar alguns aspectos da ética pessoal.

Um primeiro dado se refere à sexualidade que é uma das primeiras descobertas que o ser humano faz de si mesmo. Isto é, ele se descobre um ser sexuado portador de uma energia que aponta para a comunicação com o outro. Daí que a sexualidade humana se revela, em primeiro lugar, como um símbolo que torna possível o encontro entre seres conscientes e livres e, assim, é o espaço para a conquista da personalização e da integração entre as pessoas, quer em nível afetivo, quer em nível social. Nesta perspectiva, a sexualidade se apresenta como caminho privilegiado para a relação com Deus, uma vez que seu sentido mais profundo é o amor. Quando o egoísmo comanda a sexualidade, ela nega sua orientação mais profunda e leva a pessoa a se fechar aos outros e a Deus.

A sexualidade humana é uma realidade muito rica, dotada de muitas dimensões: genética, hormonal, biológica, afetiva, social, cultural, política, religiosa... Por ser tão fundamental na vida humana, é trágico quando ela é instrumentalizada na direção da alienação. A absolutização de uma de suas dimensões, como por exemplo, a do prazer, pode ser mecanismo que fere a dignidade da pessoa afastando-a de um engajamento na solução das grandes questões que marcam a vida social. Campanhas abortivas e antinatalistas provém, às vezes, de uma concepção ideológica que reduz a problemática social à questão da fertilidade das famílias pobres.

Neste caso, a sexualidade como fato humano não pode ser reduzida à genitalidade nem desligada quer do prazer de viver quer da sociedade. Ela diz respeito à globalidade da vida pessoal e social. Somos individual e socialmente sexuados (Cf. Doc. da CNBB – Ética Pessoa e sociedade – 161 – 168).

Os bispos, em Aparecida reafirmaram a preocupação da Igreja com a mudança de época e a dissolução da concepção integral do ser humano e sua relação com Deus. A afirmação é categórica: “Quem exclui Deus de ser horizonte, falsifica o conceito de realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa não são reconhecidas. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e muitas vezes arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte”.

Pedem igualmente, nossos pastores que a educação católica contemple as novas formas educacionais do nosso continente, que aparecem centradas prioritariamente na aquisição de conhecimentos e habilidades denotam um reducionismo antropológico, visto que propiciam a inclusão de fatores contrários à vida, à família e a uma sadia sexualidade. Dessa forma, não manifestam os melhores valores dos jovens nem seu espírito religioso; menos ainda lhes ensinam os caminhos para superar a violência e se aproximar da felicidade, nem os ajudam a levar uma vida sóbria e adquirir atitudes, virtudes e costumes que tornariam estável o lar que venham a estabelecer, e que os converteriam em construtores solidários da paz e do futuro da sociedade (Cf. Ap 44 328).

(Outros temas de ética poderiam ser incluídos na reflexão como a questão das células tronco; dos fetos com má formação cefálica; o uso da internet; a preservação do meio ambiente, as questões de saúde pública...)

Concluímos sugerindo a leitura do número 65 do documento de Aparecida que apresenta como uma indignação ética, a realidade latino americana na qual os excluídos não são somente explorados, mas supérfluos e descartáveis.