segunda-feira, 12 de outubro de 2009

COMENTÁRIOS

COMENTÁRIOS AO TEXTO DE PABLO GENTILI[1]

É importante notar que o autor compreende o neoliberalismo como uma construção hegemônica e articulada de realizar reformas. Esta compreensão decorre do fato que os neoliberais dogmatizam uma sociedade sem a intervenção “perniciosa” do estado.
No que se refere ao campo da educação o autor faz compreender que a perspectiva neoliberal para os sistemas educacionais rapidamente se mostrou acrisolada no sentido negativo do termo. Embora não seja explícito, a evidência desta crise se mostra nos exames avaliativos nos quais as instituições privadas majoritariamente tem notas infeirores às públicas. É óbvio que o neoliberalismo tem dificuldade de articular esta compreensão e acaba atribuindo sempre ao estado e a sua incapacidade de gerenciamento das políticas educacionais o evidente fracasso da inoeprência dos sistemas mercadológicos educacionais sustentados pelo sistema do livre mercado.
No texto em questão as três teses do autor estão calcadas na compreensão que o neoliberalismo tem da educação como uma fatia de mercado e que portanto sua existência gira em torno das necessidades do mercado.
Segundo o autor o neoliberalismo compreende a educação como condição para o proprietário entrar no mercado de consumo e quanto mais capaz for o indivíduo de administrar os conteúdos recebidos maior será o sucesso mercadológico.
Sob esta ótica o emprego e a educação deixam de ser um direito para ser uma conquista dos mais capazes.
Naturalmente, no caso brasileiro, e poque não de toda a América Latina, que ostenta o maior índice de desiguldade social, a educação ganha também contornos segregacionistas.
É observação nossa a constatação que as políticas de cotas do atual governo é uma forma sutil de equacionar as diferenças educacionais e a política exclusionista estabelecida pelo neoliberalismo articulado na gestão do governo FHC. No que pese os ajustes necessários para o atual sistema de ingresso nas universidades eles são uma forma de diminuição da segregação neoliberal estabelecida pelo mercado escolar brasileiro que reduz o indivíduo a proprietário de um bem que lhe seria antes um direito. Sob a ótica neoliberal a educação deve apenas oferecer ferramentaria necessária para competir no mercado. O restante depende das pessoas.
Certamente a política de inclusão adotada, pelo atual governo, irá aos poucos, superar a idéia de educação como empreendimento e do educando como consumidor, destituindo a face privacionista que sob esta ótica trata também o êxito e o fracasso social.

[1] Possui graduação em Ciências da Educação - Universidade de Buenos Aires (UBA), mestrado em Ciências Sociais com menção em Educação - Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO) e doutorado em Ciencias da Educação - Universidad de Buenos Aires (UBA). Atualmente é professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Coordenador Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH/UERJ) e Secretário Executivo Adjunto do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, reformas educacionais, América Latina e neoliberalismo e educação.

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