sábado, 17 de outubro de 2009

ETICA E MORAL VIII

VII - ÉTICA PESSOAL


Já foi dito anteriormente que a consequência de um comportamento ético na vida pessoal será pré-requisito para a vida pública e profissional. Neste ponto parece importante destacar alguns aspectos da ética pessoal.

Um primeiro dado se refere à sexualidade que é uma das primeiras descobertas que o ser humano faz de si mesmo. Isto é, ele se descobre um ser sexuado portador de uma energia que aponta para a comunicação com o outro. Daí que a sexualidade humana se revela, em primeiro lugar, como um símbolo que torna possível o encontro entre seres conscientes e livres e, assim, é o espaço para a conquista da personalização e da integração entre as pessoas, quer em nível afetivo, quer em nível social. Nesta perspectiva, a sexualidade se apresenta como caminho privilegiado para a relação com Deus, uma vez que seu sentido mais profundo é o amor. Quando o egoísmo comanda a sexualidade, ela nega sua orientação mais profunda e leva a pessoa a se fechar aos outros e a Deus.

A sexualidade humana é uma realidade muito rica, dotada de muitas dimensões: genética, hormonal, biológica, afetiva, social, cultural, política, religiosa... Por ser tão fundamental na vida humana, é trágico quando ela é instrumentalizada na direção da alienação. A absolutização de uma de suas dimensões, como por exemplo, a do prazer, pode ser mecanismo que fere a dignidade da pessoa afastando-a de um engajamento na solução das grandes questões que marcam a vida social. Campanhas abortivas e antinatalistas provém, às vezes, de uma concepção ideológica que reduz a problemática social à questão da fertilidade das famílias pobres.

Neste caso, a sexualidade como fato humano não pode ser reduzida à genitalidade nem desligada quer do prazer de viver quer da sociedade. Ela diz respeito à globalidade da vida pessoal e social. Somos individual e socialmente sexuados (Cf. Doc. da CNBB – Ética Pessoa e sociedade – 161 – 168).

Os bispos, em Aparecida reafirmaram a preocupação da Igreja com a mudança de época e a dissolução da concepção integral do ser humano e sua relação com Deus. A afirmação é categórica: “Quem exclui Deus de ser horizonte, falsifica o conceito de realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa não são reconhecidas. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e muitas vezes arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte”.

Pedem igualmente, nossos pastores que a educação católica contemple as novas formas educacionais do nosso continente, que aparecem centradas prioritariamente na aquisição de conhecimentos e habilidades denotam um reducionismo antropológico, visto que propiciam a inclusão de fatores contrários à vida, à família e a uma sadia sexualidade. Dessa forma, não manifestam os melhores valores dos jovens nem seu espírito religioso; menos ainda lhes ensinam os caminhos para superar a violência e se aproximar da felicidade, nem os ajudam a levar uma vida sóbria e adquirir atitudes, virtudes e costumes que tornariam estável o lar que venham a estabelecer, e que os converteriam em construtores solidários da paz e do futuro da sociedade (Cf. Ap 44 328).

(Outros temas de ética poderiam ser incluídos na reflexão como a questão das células tronco; dos fetos com má formação cefálica; o uso da internet; a preservação do meio ambiente, as questões de saúde pública...)

Concluímos sugerindo a leitura do número 65 do documento de Aparecida que apresenta como uma indignação ética, a realidade latino americana na qual os excluídos não são somente explorados, mas supérfluos e descartáveis.

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