segunda-feira, 12 de outubro de 2009

EUCARISTIA II

EUCARISTIA, MUDANÇA DE FOCO...

O modo como as primeiras comunidades cristãs celebravam a fração do pão e a compreensão que os padres da Igreja tiveram deste grande mistério perdeu sua clareza com o decorrer dos tempos. No final do primeiro milênio e por quase todo o segundo o “MISTÉRIO DA FÉ”, deixa de ser compreendido como participação na vida de Cristo para se tornar um ‘mistério para ser visto e adorado’. No final do primeiro milênio a Eucaristia já não era mais a celebração fraterna que recordava a ação de Jesus em favor de todos para ser um culto de adoração. É neste contexto que surgem uma série de relatos de milagres eucarísticos e se desenvolve a teologia da adoração à Eucaristia.

A festa do corpo de Cristo nasceu neste contexto e foi se expandindo, tornando-se obrigatória para toda a Igreja por volta do ano 1264, quando o Papa Urbano IV oficializou a solenidade para a toda a Igreja. A festa da Eucaristia se popularizou e ganhou maior solenidade com as controvérsias eucarísticas da reforma e da contra reforma. A piedade popular se encarregou de manifestar sua fé na presença real de Cristo nas espécies do pão e de vinho. Em decorrência do amor à Eucaristia e do conceito dado a Cristo como Rei surgem muitas novas formas de veneração e respeito ao Cristo Eucarístico. Pouco tempo de pois de se tornar uma festa popular surge o costume de enfeitar as ruas por onde o Santíssimo Sacramento deveria passar. Tal como aos reis terrenos, porém, com a tônica da fé os cristãos passaram a decorar as ruas com tapetes coloridos, artisticamente trabalhados indicando sua firme convicção de que por eles estaria passando o próprio Cristo Rei. Pode-se comparar a confecção dos tapetes na solenidade do Corpo de Cristo ao que fizeram os judeus quando receberam Jesus com ramos de oliveira e o proclamaram Bendito em nome do Senhor.

Rapidamente o costume dos tapetes se espalhou por todo o mundo. No Brasil o costume chegou com os portugueses e tem seu nicho nas cidades por eles fundadas ainda nos inicio dos anos 1700. Junto com os tapetes surge o vasto repertório de orações e cantos Eucarísticos que proclamam a firme convicção: Jesus está presente na hóstia consagrada. É deste tempo também o ‘OSTENSÓRIO” cuja palavra nada tem a ver com ‘HÓSTIA’ mas com o lugar onde ela é ‘OSTENTADA’, isto é, mostrada como se fosse num trono. Durante toda a idéia média e até o Concílio Vaticano II, a Eucaristia nem de longe foi compreendida como serviço, doação e compromisso. O que há de muito claro em todo este tempo é a dimensão de adoração e de ver a hóstia como algo extraordinário, fantástico e até amedrontador. De um tal modo a Eucaristia como celebração foi se distanciando das comunidades que a Igreja exigiu, por meio de um mandamento, a comunhão pelo menos uma vez cada ano.

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