segunda-feira, 12 de outubro de 2009

LITURGIA E BÍBLIA

APROFUNDANDO UM POUCO MAIS A PALAVRA DE DEUS NA LITURGIA

Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, também enviou os apóstolos não só para serem transmissores dos ensinamentos de Jesus, mas também para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação por meio do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a liturgia. Proclamando a palavra de Cristo, que lhes havia enviado, celebrando a fração do pão em memória daquilo da obra que Jesus tinhas realizado os apóstolos transmitiram aos primeiros cristãos a sua convicção que Jesus tinha ressuscitado. Aos poucos as primeiras comunidades foram assimilando também o que os apóstolos realizavam e a palavra foi ganhando terreno. Assim nós lemos num texto de São Justino, escrito aproximadamente por volta do ano 150:

“No dia chamado do Sol, nós nos reunimos todos em um mesmo lugar vindo das cidades e dos campos. Lemos as memórias dos apóstolos e dos profetas, tanto quanto o tempo permite. Aquele que preside exorta à imitação destas coisas. Depois nos levantamos todos juntos e recitamos orações. Quando terminamos de orar , apresenta-se pão, vinho e água. Aquele que preside, segundo o poder que nele existe, eleva orações e ações de graças. O povo aclama dizendo AMÉM. E cada um recebe e é feito participante das coisas eucarístizadas e aos ausentes estas coisas são levadas pelos diáconos. Os que querem segundo a sua vontade, dão o que lhes parece e aquele que preside socorre os órfãos, as viúvas e os doentes. E celebramos esta reunião geral no dia do sol, por ser o primeiro dia em que Deus transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo Ressuscitou e venceu as trevas da morte."
Infelizmente esta importância dada à Palavra de Deus no início do cristianismo não teve longa duração e aos poucos foi perdendo seu espaço e importância dando lugar à prática de devoções e outra práticas piedade. A palavra foi substituída pela história da vida dos santos os quais deixaram de ser vistos como modelos a serem imitados para se tornarem uma espécie de “quebra galho” entre o mundo necessitado e “Deus distante e quase surdo” ou que pelo menos não tinha disposição para ouvir e atender a multidão de pedintes. Neste contexto os santos foram colocados como uma espécie próxima a quem cada um se dirige segundo a sua necessidade, o santo pede pra Deus. Deus dá ao Santo que alcança ao fiel devoto.

Só com a reforma litúrgica do Vaticano II a Palavra de Deus voltou a ocupar o lugar que lhe cabe nas nossas liturgias e lá os padres conciliares escreveram: “Para que apareça claramente que na liturgia as cerimônias e as palavras estão intimamente unidas:1) Nas celebrações litúrgicas seja mais abundante, variada e bem adaptada a leitura da Sagrada Escritura”(Sacrossanto Concílio 35, 1). Já dissemos que a Palvra havia perdido seu lugar na história da Igreja e sito sedeu por diversas razões, agora o concílio insiste na sua restauração e da as devidas explicações para esta soliçitação. “Portanto, como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também ele enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só porque, pregando o Evangelho a todos os homens anunciassem que o Filho de Deus com a sua morte e ressurreição nos livrou do poder de satanás e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas também para que levassem a efeito, por meio do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica, a obra de salvação que anunciavam. Assim pelo batismo os homens são inseridos no mistério pascal de Cristo: com ele mortos, sepultados, e ressuscitados; recebem o espírito de adoção de filhos, “no qual clamam: Abba, Pai ” (Rm 8,15), e se tornam assim verdadeiros adoradores que o Pai procura” ( Sacrossanto Concílio 6).

As declarações do concílio são bastante claras para fundamentar esta solicitação: “Indiquem as rubricas o momento mais apto para a pregação, que é parte da ação litúrgica, quando o rito a comporta. O ministério da palavra deve ser exercido com muita fidelidade e no modo devido. Deve a pregação, em primeiro lugar, haurir os seus temas da Sagrada Escritura e da liturgia, sendo como que o anúncio das maravilhas divinas na história da salvação, isto é, no mistério de Cristo, que está sempre presente em nós e opera, sobretudo nas celebrações litúrgicas” (Sacrossanto Concílio 35, 2).

Se a Palavra deve ocupar um lugar importante é natural que os padres concilaires também tivessem uma palavra sobre o tempo no qual se proclama a Palavra: “Para que a mesa da Palavra de Deus seja preparada, com a maior abundância, para os fiéis, abram-se largamente os tesouros da Bíblia, de modo que, dentro de certo número de anos, sejam lidas ao povo as partes mais importantes da Sagrada Escritura” (Sacrossanto Concílio 51)

Depois que os livrso litúrgicos foram revistos como pediu o Concílio n´so lemos na introdução do leiconário das missas: “A compreensão da salvação, que a palavra de Deus não cessa de recordar e prolongar, alcança seu mais pleno significado na ação litúrgica, de modo que a celebração litúrgica se converta numa contínua, plena e eficaz apresentação desta palavra de Deus. Assim, a palavra de Deus, proposta continuamente na liturgia, é sempre viva e eficaz pelo poder do Espírito Santo, e manifesta o amor ativo do Pai, que nunca deixa de ser eficaz entre as pessoas” (Introdução ao lecionário 4).

Além desta importância para a compreensão da revelação de Deus o catecismo da Igreja católica ensina que a presença real de Jesus está sim na Eucaristia e de um modo muito extraordinário, mas sua presença nã ose reduz ou se limita a isso. Diz o catecismo que Cristo está realmente presente na Palavra Proclamada, na Assembléia Reunida, na Pessoa daquele que preside e na Eucaristia. Na constituição Sacrossanto Concilio estas quatro formas estão mais claramente explicadas: “Ele está presente pela sua virtude nos sacramentos, de tal modo que, quando alguém batiza, é o próprio Cristo quem batiza. Está presente na sua palavra, pois é ele quem fala quando na Igreja se lêem as Sagradas Escrituras. Está presente, por fim, quando a Igreja ora e salmodia, ele que prometeu: “onde se acharem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20).Realmente, nesta grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua amadíssima esposa, que invoca seu Senhor, e por ele presta culto ao eterno Pai.

Com razão, portanto, a liturgia é considerada como exercício da função sacerdotal de Cristo. Ela simboliza através de sinais sensíveis e realiza em modo próprio a cada um a santificação dos homens; nela o corpo místico de Jesus Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público integral.

Por isso, toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e do seu corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau” (Sacrossanto Concilio 7). Estaverdade estabelece entre o mundo e Deus um diálogo de comunhão com o mesmo que fez aliança com nossos pais na fé.

A igreja insistiu em afirmar que o cuidado com a Palavra de Deus não éalgo secundário ou modismo dos nossos tempos e no documento sobre a Palavra no número 21 lemos: “A Igreja sempre venerou a Sagrada Escritura da mesma forma como sempre venerou o próprio Corpo do Senhor, porque, de fato, principalmente na sagrada liturgia, não cessa de tomar e entregar aos fiéis o pão da vida, da mesa da palavra de Deus como do corpo de Cristo” Uma vez mais vamos sendo conmvidados a compreender que temos duas formas de alimento e dois modos de fazer memória de Jesus: Palavra e Eucaristia. Estas afiramnçõs da Igreja não são, como dissemos, resultados de modismos, mas uma verdadeira vontade de voltar às fontes. São muitos os textos de autores cristãos que apresentam a importância da Palavra que agora estava perdida. Vejamos algumas citações importantes: “Quanto a mim, penso que o Evangelho é o corpo do Cristo e que a Sagrada Escritura é sua doutrina. Quando o Senhor fala em comer sua carne e beber seu sangue, é certo que fala do mistério (da Eucaristia). Entretanto, seu verdadeiro corpo e seu verdadeiro sangue são (também) a palavra da Escritura e sua doutrina”(Jerônimo +419/420).
E este outro “Eu lhes pergunto, irmãos e irmãs, digam o que, na opinião de vocês, tem mais valor: a palavra de Deus ou o Corpo de Cristo? Se quiserem dar a verdadeira resposta, certamente deverão dizer que a palavra de Deus não vale menos que o Corpo de Cristo. E por isso, todo o cuidado que tomamos quando nos é dado o Corpo de Cristo, para que nenhuma parte escape de nossas mãos e caia por terra, tomemos este mesmo cuidado, para que a palavra de Deus que nos é entregue, não morra em nosso coração enquanto ficamos pensando em outras coisas ou falando de outras coisas; pois aquela pessoa que escuta de maneira negligente a palavra de Deus, não será menos culpada do que aquela que, por negligência, permitir que caia por terra o Corpo de Cristo” (Cesário de Arles)

Claro também precisa ficar para todos que a compreensão da Palavra de Deus não é resultado da nossa própria inteligênica e sabedoria, membros de um único corpo e guiados pelo mesmo Espírito é necessário “Para que a palavra de Deus realmente produza nos corações aquilo que se escuta com os ouvidos, requer-se a ação do Espírito Santo, por cuja inspiração e ajuda a palavra de Deus se converte no fundamento da ação litúrgica e em norma e ajuda de toda a vida. Assim, a atuação do Espírito Santo não só precede, acompanha e segue toda a ação litúrgica, mas também sugere ao coração de cada um tudo aquilo que, na proclamação da palavra de Deus, foi dito para toda a comunidade dos fiéis; e, ao mesmo tempo que consolida a unidade de todos, fomenta também a diversidade de carismas e a multiplicidade de atuações” (Introdução do lecionário 9).

Feitas estas considerações podemos nos aprofundar melhor na proclamação da Palavra, isto nos exercícios de meditação e proclamação da Palavra.

6 comentários:

  1. Olá Pe. Elcio! Parabéns pelo seu blog. MUito legal evangelizar também pela internet. Eduardo (Blumenau - SC)

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  2. Parabéns pela bela iniciativa! O blog está maravilhoso. Muito Sucesso! Beijos.
    (Curitiba-PR)

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  3. Parabéns pelo seu blog que atende ao princípio bíblico da evngelização...Forte abraço primo.

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  4. Parabéns, P. Élcio pelo seu blog.evangelizarrr é muito bom é maravilhoso..um grande abraço!

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  5. Olá Pe Elcio.
    Parabéns pelo Blog.
    Sucesso pela evangelização.......

    rosangela(Infoblu Blumenau)

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  6. Olá Pe. Elcio.....
    Valeu........parabéns pelo seu Blog.

    Que Deus te abençoe
    PAZ E BEM

    Rosangela ( Infoblu Blumenau)

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