segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MISSÃO: ACOLHIDA E TAREFA

DISCÍPULOS E MISSIONÁRIOS DE JESUS CRISTO


OBJETIVO: Motivar e impulsionar agentes de pastoral e ministros para a missão e evangelização a fim de promover o discipulado na espiritualidade de acolhida, testemunho e compromisso com o Reino de Deus.

O texto de João 1, 35ss, é altamente sugestivo para nos ajudar a refletir sobre o objetivo deste artigo. É certo que estamos preocupados com a qualidade do nosso serviço enquanto Igreja, e na condição de ministros dos diversos serviços.
A palavra serviço é bem compreendida por todos, isto é, bem sabemos o que significa executar um serviço, fazer um trabalho etc... Mas como podemos medir a qualidade do nosso trabalho. Há um provérbio popular muito antigo que nos vem do mundo do comércio e se expressa mais ou menos assim: “Se foi bem atendido diga aos outros, se for mal atendido diga a nós”.
Hoje mais do que em outros tempos as pessoas buscam qualidade de serviços, os direitos dos consumidores são divulgados por todos os meios de comunicação, o governo cria instituições e agências reguladoras com o objetivo de garantir a qualidade do atendimento.
Mas como medir a qualidade do atendimento dos serviços que prestamos na Igreja na condição de ministros e agentes de pastoral. Parece curioso isso mas vejamos o texto de João:
(Ler João, 1, 35ss...)
Neste caso quem foi colocado à prova e qual foi o resultado?
O povo de Israel e entre eles os discípulos de João viviam tempo de dureza e aguardavam uma nova ordem social. A vinda do Messias era facilmente entendida e esperada como um “salvador terreno”, isto é alguém que instaurasse uma nova forma de governar devolvendo ao povo sua soberania.
De repente João apresenta Jesus e dois dos seus discípulos se aproximam, inicialmente com medo e preocupação. Mas a intenção está muito clara, querem conhecer quem é Ele e quais são suas propostas.
O contato com Jesus é determinante. Eles voltam entusiasmados e começam a contar aos demais, apresentam a experiência que realizaram e convidam outros a seguir.
Ontem como hoje o desejo de conhecer Jesus e seu projeto continua sendo um desejo de multidões. Os meios de comunicação social identificam o nosso tempo como “Uma revanche de Deus”. Em outras palavras querem dizer Deus está recuperando o terreno perdido. De algum modo esta expressão pode ser considerada verdadeira. Nossas Igrejas estão cheias, o número de batizados vem aumentando, precisamos construir mais salas de catequese, mais Igrejas, as vocações estão aumentando.
Mas é também verdade que muitos vem e voltam, não perseveram. Nossos bispos na última assembléia geral em abril deste ano se expressaram dizendo: “Ficamos espantados quando ouvimos alguém que passou anos na Igreja de repente dizer, geralmente a partir da participação em algum movimento (mas às vezes até mudando de Igreja): “Encontrei Jesus!” E nos perguntamos: “Como pode ser isso? Jesus estava aqui o tempo todo, na Palavra, na Eucaristia, na Missão...”. Mas fica meio evidente que, mesmo que não tenha faltado a presença de Jesus, algo importante ficou ausente. Quem não encontrou Jesus de fato não foi iniciado na fé, mesmo que tenha estado junto de nós por muitos anos.
O que aconteceu que não houve o encontro com Jesus. No documento de Aparecida se lê uma citação do Papa Bento XVI “..não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva.” (DAp 12).
Esta expressão do Papa não é uma afirmação nova. Já Santo Agostinho disse isto com outras palavras: “Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim (...) Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira. Exalaste o teu Espírito e aspirei o teu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz”. (Santo Agostinho, Confissões X, 27,38).

Vejamos um comparativo entre o texto de João que tomamos por base e a realidade das nossas comunidades: (SACRAMENTOS E EVANGELIZAÇÃO)
JOÃO 1, 35ss
IGREJA HOJE
ž A comunidade de João vivia tempos de expectativa. E João estava ali com seus discípulos. Quando viu Jesus Passar

ž O mundo moderno vive em meio a crises e esperanças. Caminha em vista de tempos melhores. A Igreja está no mundo.

ž E João apontou pra Jesus dizendo: Eis o cordeiro de Deus aquele que tira o pecado do mundo. Ouvindo isso os discípulos de João aproximaram-se de Jesus

ž A Igreja é apresentada como esposa do cordeiro, sem mancha, resplandecente de beleza. Sinal e instrumento de Jesus Cristo em vista do Reinado de Deus. Muitos ouvindo isso dela se aproximam a fim de melhor conhecê-la.

ž E Jesus lhes perguntou: o que vocês estão procurando?

ž A igreja estabelece um diálogo e ambiente acolhedor a fim de que o momento se torne envolvente. Propõe uma conversa espontânea sobre as razões pelas quais estão se aproximando da Igreja.

ž Eles disseram: Mestre onde moras?
ž Os fiéis respondem: queremos o dom da fé, da coerência, da alegria, o senso de justiça o conhecimento do reinado, etc.

ž E Jesus respondeu: Venham e vejam!
ž A igreja os acolhe abrindo as portas e lhes mostrando tudo o que tem de extraordinário para lhes oferecer apontando o caminho do Reinado.
ž Eles foram, viram onde Jesus estava morando e ficaram com ele o resto daquele dia. Isso aconteceu mais ou menos as quatro horas da tarde
ž Os que vem para a comunidade permanecem durante algum tempo no convívio dos irmãos.

ž André, irmão de Simão Pedro, era dos dois que tinham ouvido falar a respeito de Jesus e o havia seguido. A primeira coisa que fez foi procurar seu irmão e dizer: ACHAMOS O MESSIAS!

ž Aqueles que ouvem falar da Igreja e vem para a comunidade voltam entusiasmados, anunciam a boa noticia e continuam convidando outros a conhecerem. ENCONTRAMOS JESUS! (Deveriam voltar entusiasmados).

ž André levou o seu irmão a Jesus!

ž Os que foram acolhidos trazem outros e muitos outros para a Igreja e os Sacramentos.

ž Jesus olhou para Simão e disse: Você será chamado “Cefas” que quer dizer Pedra!

ž A igreja acolhe cada um pelo nome e os introduz no mistério da família de Deus denominando-os CRISTÃOS!


Mas qando esta realidade não acontece. Não será o momento de rever a qualidade do nosso testemunho. A alegria do nosso serviço. O testemunho de vida. Como diz a Carta de Pedro: É preciso dar razão da nossa esperança!
E o Papa Paulo VI dizia: “O mundo moderno ouve com melhor boa vontade os testemunhas do que os mestres e se ouve os mestres é porque eles também são testemunhas”.
No evangelho de Mateus, capítulo 28, 16 lemos o envio dos discípulos: “Vão e anunciem a boa noticia do Reino batizando-os em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que eu lhes anunciei”.
É claro cada um de nós tem qualidades diferentes, dons particulares e eles estão descritos na carta aos Coríntios que serve de motivação para o encontro de hoje:
(1Cor 12, 4-11)
Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito a ; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer.”
No dia do nosso batismo fomos ungidos com oleo perfumado e aquele que nos batizou disse: “Você foi consagrado para ser no mundo sinal de Jesus Cristo, Sacerdote, Profeta e Pastor”. Hoje somos ministros servidores antes de tudo de Jesus Cristo e naturalmente da sua Igreja. Como Jesus somos colocados à prova todos os dias. As pessoas nos procuram com a finalidade de encontrar Jesus. Nossa missão está detalhada no documento de Aparecida:
“Os fiéis leigos são ‘os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Eles realizam segundo sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo’. São ‘homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja’.
Sua missão própria e específica se realiza no mundo, de tal modo que, com seu testemunho e sua atividade, eles contribuam para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo os critérios do Evangelho.
Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de sua vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado segundo as necessidades locais sob a orientação de seus pastores.
Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de uma sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e um adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural”.
O texto sobre Missão Continental chega a dizer: “Nesta vivência, a renovação da conversão pastoral dos pastores e de todos os consagrados é elemento indispensável para que o testemunho coerente de vida se torne cimento pedagógico” [1].








[1] Celam. A Missão Continental para uma Igreja Missionária. Brasília: Edições CNBB, 2008, p.22.

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