quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EDUCAÇÃO E EXCLUSÃO

A EXCLUSÃO E A ESCOLA

Comentários ao texto de Pablo Gentili -
Capítulo I do livro Educar na Esperança em tempos de desencanto,
Editora Vozes, 2003. Texto produzido com a orientação da
Professora Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR.

A fábula do “sapato”, não poderia ser mais adequada para o tema em questão. O autor foi muito feliz tratando da exclusão social que está estabelecida e que não chegamos a ver se não com o olhar crítico da indignação. Parece que é oportuno fazer referência às questões de exclusão mediante os fatos do cotidiano que entre nós saltaram aos olhos neste dias, a saber: “Professor se recusa a dar aulas para deficiente auditivo” – não será este episódio outro “Mateo” que causou perplexidade posto que perdeu “um sapato”? E o que dizer do grupo de adeptos do neonazismo que reunido para uma festa culminou no assassinato do casal de namorados curitibanos?

A afirmação do autor sobre a conformação do excluído com a sua condição parece ser aquela denunciada em abundância pelos meios de comunicação social: “O Brasil é o mais rico entre os países com maior número de pessoas miseráveis. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas mostra que o problema pode ser atacado com sucesso ”. Ou ainda a que agora quer ser auferida pela ONU, em pesquisa que está sendo respondida pelo governo brasileiro em relação aos programas sociais da atualidade. Segundo a ONG, Projeto de monitoramento dos direitos humanos no Brasil, com sede em Brasília, o país continua sendo um dos líderes na questão da desigualdade social . Já a CNBB, na análise de conjuntura da 47ª. Assembléia geral conclui que “Diante de ameaças de guerras, de violência e de destruição de muitas formas de vida, nos vemos desafiados a participar da construção de um novo paradigma para a economia, as relações sociais, a política, a cultura, as relações internacionais e o equilíbrio ecológico. Não cabe mais prender-se ao que esteve em vigor até o final do século 20: o século 21 terá que ser muito mais criativo do que foi o século passado”.

É ainda contundente a posição do Episcopado Latino Americano expressa nas conclusões da conferência de Aparecida, em cujo documento faz menção às palavras do papa, que vê a globalização como um fenômeno de relações de nível planetário, com suas inúmeras vantagens, mas que comporta o risco de converter o lucro em valor supremo. O episcopado enumera uma série de rostos que sofrem incluindo neles “Jovens que recebem uma educação de baixa qualidade e não tem oportunidades de progredir em seus estudos nem de entrar no mercado de trabalho para se desenvolver e constituir uma família”. A conclusão do parágrafo vem com um convite para a globalização da solidariedade expressa com a seguinte sentença: “ Um globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: a exclusão social. Com ela a pertença à sociedade na qual se vive fica afetada na raiz, pois já não está abaixo, na periferia ou sem poder, mas está fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” .

Ainda de acordo com o episcopado é o fenômeno da exclusão responsável por manter trabalhadores em condições análogas às de escravo e facilitar o tráfico de seres humanos incluindo aí a prostituição infantil.

Parece ser nesta ótica que o autor constata que em boa parte do mundo soma dos excluídos é maior do que os incluídos. Entre os nominados por Gentili encontram-se os presidiários cujos ambientes são um tipo de dispositivo de exclusão. Nesta direção também aparece a posição da CNBB, expressa no texto da Campanha da Fraternidade de 2009: “O sistema penal brasileiro, incluída a legislação, é marcadamente elitista,...Assim como se atribui pouco valor à pessoa humana, principalmente se for pobre, ela é também desvalorizada perante a lei e o sistema.” Vai também nesta direção a declaração da 47ª. Assembléia do episcopado brasileiro que trata da redução da maioridade penal:

“A redução da maioridade penal violenta e penaliza ainda mais adolescentes, sobretudo os mais pobres, negros, moradores de periferias”. A afirmação está na declaração aprovada pela Assembleia da CNBB na tarde desta sexta-feira, 24, em Indaiatuba (SP). “Persistir nesse caminho seria ignorar o contexto da cláusula pétrea constitucional - Constituição Federal, art. 228¬ - além de confrontar a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, as regras Mínimas de Beijing, as Diretrizes para Prevenção da Delinquência Juvenil, as Regras Mínimas para Proteção dos Menores Privados de Liberdade (Regras de Riad), o Pacto de San José da Costa Rica e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instrumentos que demandam proteção especial para menores de 18 anos”, continua a declaração.
Segundo os bispos, crianças, adolescentes e jovens são vítimas da violência e que “proposta de redução da maioridade penal não soluciona o problema”.

Parece-me claro que a posição do autor esbarra no nosso sistema de cotas, quando ele faz a afirmação que é possível estabelecer um sistema de segregação mesmo praticando formas de inclusão.

Enfocando problema da exclusão na escola o autor valoriza o aumento da taxa de escolarização, o aumento dos anos de obrigatoriedade escolar, a diminuição do índice de analfabetismo...todavia isto não é sinônimo que se tenha atacado os grande problemas sociais. Visão que também é compartilhada pelo CELAM : “ Depois de um época de enfraquecimento dos Estados... vê –se com bons olhos um esforço em definir políticas públicas nos campos da saúde, educação, seguridade alimentar, ... Tudo isso mostra que não pode existir democracia verdadeira e estável sem justiça social,...”

Entre os limites apontados pelo autor nota-se as diferentes escolas para os distintos públicos sempre evidenciado com notada clareza. Por exemplo no início do atual período letivo a demora com que a Secretaria da Educação conseguiu preencher as vagas de professores para algumas escolas da periferia de Curitiba. Isto denota que o acesso à escola nem sempre significa o mesmo tipo de escolarização.

À guisa de conclusão o autor faz compreender que os programas de atendimento aos pobres não são sinônimos de programas de inclusão mas muitas vezes de perpetuação do apartheid social. É preciso atacar o problema pela raiz mais do que apresentar medidas paliativas. Vale a lembrar a indignação do Deputado Ulisses Guimarães: “Mais miserável do que a miserabilidade é a sociedade que não consegue acabar com ela”.

A prática de uma autêntica democracia, subentendida na citação de Aparecida número 76, parece ser o caminho pedagógico para superar o censo de preocupação com um dos pés descalços.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Homilia para o dia 03 de janeiro 2010

DOMINGO DA EPIFANIA


Leituras: Isaias 60, 1-6; Salmo 71(72), Efésios 3, 2-3ª.5-6; Mateus 2, 1-12



Dentre os sentimentos humanos e que impulsionam a tomar atitudes muitas vezes superando as próprias forças, um deles é o desejo de conhecer, a curiosidade para saber mais e desvendar mistérios. Parece ser isto o que motivou os Magos do Oriente a se deslocarem para ver Jesus. Movidos pela mesma curiosidade também nós queremos ver Jesus. E para realizar este desejo somos capazes de muito esforço e muita coragem.

A festa dos Reis Magos como é conhecida, e que na Liturgia recebe o nome de Epifania significa dizer que reconhecemos a Luz do Senhor. Com todos aqueles que melhor querem compreender quem é Jesus e qual a sua missão, aqui estamos celebrando o mistério da sua manifestação ao mundo.

O Evangelho narra o encontro de três personalidades, que melhor do que reis poderiam ser chamados de Sábios. Estes se apresentam diante do ciumento Herodes, o qual de modo algum era capaz de admitir qualquer ameaça à sua forma tirana de administrar e fazer uso da autoridade que, antes de tudo, era ilegítima. Ele havia recebido por força da sua relação com os signatários romanos que exerciam sobre a região uma poder que em nada tinha a ver com os anseios da comunidade de Jerusalém.

Os sábios e curiosos vindos do oriente representam uma ameaça, não por si mesmos, mas por aquele que estão à procura. E mais evidente ainda quando a busca recai sobre a pequenina aldeia de Belém. A alegria dos magos, por um momento, é ofuscada pela intolerância do rei que pede o seu retorno por Jerusalém. Mais uma vez Deus age e mostra aos magos outro caminho que não o retorno ao palácio.

O encontro dos Reis com o menino Jesus, a oferta dos presentes e a reverência que lhe fazem completa a alegria do profeta narrada na primeira leitura: Caravanas de todos os lados se dirigem a Jerusalém, ela será iluminada de maneira definitiva e até os que estavam longe dela se reaproximarão. A alegria prevista é radiante e culmina na louvação ao Senhor.

Aos Efésios Paula afirma: Deus se revelou por seu Espírito. Tudo o que outrora estava oculto agora foi revelado. Mais uma vez fica claro que a confiança em Deus não é um assunto para ser vivida na individualidade a razão última se encontra na experiência comunitária.

Como os Magos de Belém somos chamados a reconhecer Jesus, aceitar sua luz e retornar para o nosso dia a dia por outro caminho e com outro conceito. Viver a Epifania significa permitir que a luz de Deus iluminasse nossas vidas e modifique nosso modo de fazer as coisas e de ver o mundo.
Com os magos, apresentemos mais do que ofertas, entreguemos nossa vida e nossa disposição para a missão e para o discipulado. Que o Senhor Jesus nos acompanhe com sua luz e sua graça.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2010

SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS


Leituras: Números 6, 22 -27; Salmo 66 (67); Gálatas, 4, 4-7; Lucas 2, 16-21.



Em dezembro o mundo voltou os olhares e preocupações para a cidade de Copenhague, na Dinamarca, onde ser realizou a 15ª. Conferência das nações Unidas sobre mudanças climáticas. O resultado de todos os debates ficou muito aquém das expectativas que foram levantadas. Mas de uma coisa todos temos certeza: A paz no mundo e a sobrevivência dos povos dependem do modo como nos relacionarmos com a natureza criada por Deus. Esta constatação já havia sido indicada pelo Papa Bento XVI na sua mensagem para este primeiro de janeiro, nela o Santo Padre lembra: “Se quiser cultivar a paz preserve a Criação”.

Aqui reunidos, oito dias depois do natal, viemos fazer memória de tudo o que nos ensina o Senhor Jesus. Seu jeito de ver e falar sobre o mundo continua convidando a todos para a comunhão a unidade e a paz.

Iniciamos um novo ano e nossa primeira recordação é a pessoa de Maria, por cujo Sim, nos veio o príncipe da paz. Com ela somos chamados a aceitar e caminhar com Jesus ele é a plenitude de todas as bênçãos e nele temos a segurança que vai muito além das certezas deste mundo.

O evangelho narrando o encontro do menino, pelos pastores, em Belém e como ficaram maravilhados com tudo o que viram e ouviram sobre o recém nascido os faz reconhecer e indicar também para nós: Em Jesus Deus nos salva!

A narrativa das bênçãos que ouvimos na primeira leitura quer garantir a eficácia da ação de Deus em favor do seu povo. A benção para o israelita significava a presença da própria pessoa na sua luta diária.

E São Paulo, na carta aos Gálatas, reafirma a condição humana de Jesus, nascido num tempo, nascido de uma mulher e com uma missão muito específica: Resgatar todos os que nasceram e vivem nesta mesma condição. Nesta tarefa Maria ganha um papel especial por derivação dele nós a chamamos de Nossa Senhora e Mãe de Deus.

A figura de Maria, a primeira a vivenciar a plenitude do mistério pascal, irá neste novo ano nos ensinar a caminhar guiados pela luz do Senhor e a guardar todas as coisas segundo a vontade de Deus.

Busquemos também nós a bênção e a presença daquele que caminha conosco e cujo exemplo temos em Maria Senhora nossa. Deste modo sim poderemos dizer a todos: Feliz Ano Novo!

HOMILIA PARA O DIA 27 DE DEZEMBRO DE 2009

DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA


Leituras: Eclesiástico 3, 3 -7. 14- 17ª; Salmo 127(128); Colossenses 3, 12-21; Lucas 2, 41-52.

Durante o mês dezembro, mais do que em outros tempos, o sentido de família, de encontro e convivência tomou conta das preocupações em cada casa. A partilha e a solidariedade fraterna afloraram para todos. O natal se mostra ocasião propicia para repensar as relações familiares.
É neste contexto que a liturgia da Igreja nos propõe a Festa da Sagrada Família, no domingo imediatamente seguinte ao natal. Por esta celebração fazemos memória do Senhor que participa das preocupações e alegrias das nossas famílias.

O Evangelho que narra a participação de José e Maria com o menino, no cumprimento do preceito pascal de Jerusalém, aponta para uma situação particularmente difícil no relacionamento dos três. Situação não bem compreendida por eles mesmos e pela sociedade de outrora. Jesus, pela primeira vez, se apresenta e age fora dos laços estreitos da família de sangue e no diálogo com sua mãe indica por que veio e qual sua missão: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Mesmo ciente da sua missão e responsabilidade não renega a obediência e volta com os pais para Nazaré. Enquanto Ele cresce, em todos os sentidos, diante de Deus, uma vez mais, sua mãe guarda todas essas coisas no seu coração.

Já no texto do Eclesiástico temos a recuperação do mandamento dado no êxodo: “ Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida longa sobre a terra.” O autor do livro vai muito mais além do que o simples mandamento mostra como essa relação de respeito indica também a compreensão que se tem do respeito para com a vida que nos foi transmitida por eles e que é antes de tudo um Dom de Deus o qual é o primeira a ser respeitado e aceito.

Na carta aos Colossenses São Paulo recomenda viver de acordo com o Evangelho e afirma que este modo de viver é condição para uma vida longa. Entre as atitudes sugeridas por Paulo consta a humildade, compaixão, bondade, o amor e o perdão.

Certamente entre as lições que podemos colher da liturgia da Palavra de hoje uma delas é o comportamento do silêncio. O gesto de Maria pode iluminar nossas relações familiares, em geral, barulhentas e muitas vezes marcadas pela falta de momentos de silêncio e aceitação das diferenças.

Compreender e viver as relações familiares no perdão e na mansidão exige de todos a repetir a atitude de Maria. Somos convidados a entrar nesse processo da maturidade da fé. Nossa experiência de família está profundamente inserida em todos os problemas deste modo, do mesmo modo como viveu a família de Nazaré, a compreensão desta situação é condição sem a qual nossas famílias não poderão experimentar a Graça de Deus que age no meio das dificuldades do cotidiano.

Aqui reunidos, celebramos como membros de um único corpo, constituímos uma mesma família e nos alimentamos do mesmo pão. Peçamos ao Pai que nos conceda a graça da verdadeira paz e da concórdia em nossos lares.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL

Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.

No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”

Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.

Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.

O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.

Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL


Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.


No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”


Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.


Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.


O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.


Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA DO DIA 24 DE DEZEMBRO 2009

MISSA DA NOITE DO NATAL

Leituras: Isaias 9, 1 -6; Salmo 95(96) Tito, 2, 11-14; Lucas 2, 1 -14.

Não tenham medo!
A expressão usada pelo anjo anunciando aos pastores o nascimento de Jesus, não é uma novidade na linguagem bíblica. Ao longo de todo o Antigo Testamento ela aparece outras vezes indicando que Deus está muito próximo do seu povo e que dele não se esquece.

Na noite de natal a frase vem acrescida das palavras que depois se tornaram o eixo de toda a missão de Jesus. Ou seja, a boa noticia é extensiva para todo o povo. O reino que Jesus veio inaugurar se estenderá para todo o mundo.

Aqui estamos nós celebrando este feito maravilhoso que Deus realizou por nós: Um Filho nos foi dado, Conselheiro admirável príncipe de paz.

A detalhada narrativa sobre o modo como se dá o nascimento de Jesus, tem a intenção de situar o lugar e o tempo no qual Deus se faz humano. No meio da estrutura de pecado, dominação e morte que o Império Romano exercia sobre a palestina Jesus é mostrado como o continuador de um outro modo de governar e manifestar sua autoridade e poder. O messias se apresenta ao mundo seguindo os caminhos não convencionais trilhados pelos poderosos do seu tempo. Em lugar da autoridade e da grandiosidade dos seus palácios ele nasce no meio dos trabalhadores e a estes é anunciado primeiro: Alegria para todo o povo!

Em Belém acontece o que Isaias havia predito e que ouvimos na primeira leitura: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, o jugo que oprimia foi destruído, grande será o seu reino e seu nome é príncipe da paz, conselheiro admirável, Deus forte.

São Paulo na carta a Tito confirma que tudo o que experimentamos é resultado da misericórdia de Deus. Por isso mesmo também nós cantamos no salmo: O senhor merece um canto novo pois ele se mostrou libertador e rei universal.

Deus entra em nossa história e nos pede uma única coisa: que nossa vida e atuação expresse um compromisso de transformação de tudo aquilo que está de acordo com a criação sonhada por Deus.

Em resumo a Liturgia da Palavra e a Eucaristia nos apontam para uma estreita relação entre a fé que celebramos a e fé que somos chamados a viver. Certamente a melhor lição do natal é colocar a nossa vida em perfeita sintonia com o evangelho e este como direção para o nosso dia.

E que todos os natais sejam muito mais felizes. Amém!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 20 DE DEZEMBRO 2009

4° DOMINGO DO ADVENTO

Leituras: Miquéias 5, 1-4; Salmo 79, 2ª.c.3b.15-16.18-19;
Hebreus 10, 5-10; Lucas 1, 39-45
.

Quase tudo à frente dos nossos olhos indica que o natal está chegando. As luzes, os cantos e encantos. As palavras e as relações entre pessoas. Aqui, local que nos reunimos para fazer memória do mistério salvador realizado pela pessoa de Jesus Cristo, as orações, os cantos, os gestos, as 4 velas acesas na coroa do advento, tudo confirma a plenitude da luz do Senhor que está para se realizar. A salvação que nos veio pelo ventre de Maria, nos leva a repetir com Isabel: Bendita és tu e bendito é o fruto do teu ventre Jesus.

O encontro narrado pelo evangelho, no qual Isabel e Maria aproximam a promessa e a realização de tudo o que Deus sempre quis, ajuda-nos a reconhecer também o jeito de ser de Deus: Ele se lembra das suas promessas e dos seus escolhidos. Na pessoa de Isabel, idosa e estéril, Deus realiza a maravilha da vida. Da fragilidade de Maria Deus se serve para mostrar a beleza do seu projeto. Em resumo, onde há impossibilidade humana aí está Deus com sua mão misericordiosa.
A Primeira leitura narra o lugar geográfico de onde virá o prometido, não parece ser uma referência precisa à pequenez da cidade, o que conta é a fecundidade e abertura para o Reino. O Senhor virá de um lugar onde o pão é partilhado. O texto parece lembrar as antigas festas de colheita celebradas ao longo da primeira aliança. Uma vez mais, neste texto, podemos compreender que Deus não renega sua palavra mesmo quando os seus escolhidos não lhe tenham dado a resposta coerente.

Já na carta aos Hebreus temos confirmado o lugar de Jesus no mundo. Ele é o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua vida é o verdadeiro sacrifício no qual Deus se compraz e por meio dele visita suas criaturas.

Com o povo de Israel, nós também rezamos no salmo: “Iluminai a vossa face e convertei-nos para que sejamos salvos”. Ontem como hoje as nossas cidades estão repletas de sinais que Deus não se esqueceu de nós. Há uma expressão de um sábio antigo que diz mais ou menos assim: “Cada criança que nasce é um sinal que Deus não se esqueceu da humanidade”. Esta frase manifesta de modo significativo como é possível reconhecer a ação de Deus em nosso dia a dia.

Celebrando a Eucaristia, em comunhão com os irmãos e irmãs, possamos sair fortalecidos para dizer e fazer: “Estamos aqui Senhor para fazer a vossa vontade”. E proclamar como Isabel: “Como posso merecer que o meu Senhor nos venha visitar”.

Que o natal seja para todos preparação de um tempo novo e de caminhos novos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 13 DEDEZEMBRO 2009


TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

LEITURAS: Sofonias 3, 14-18a; Isaias 12, 2- 3, 4bcd. 5 -6;

Filipenses 4, 4 -47; Lucas 3, 10 -18


Alegrem-se no Senhor!

De algum modo todos já vivemos a experiência de nos preparar para uma festa, para um evento de relativa importância para a nossa vida ou para os familiares e assim por diante. Este período de preparação nos preenche de alegria e expectativas em relação àquilo que se espera acontecer. E isto é sempre muito bom. Diz-se até que “o melhor da festa é esperar por ela”.
Pois é isto que estamos fazendo neste período da Igreja que chamamos, tempo do advento. Conforme nos aproximamos da natal, redobramos a esperança e caminhamos alegres para o que chamamos encontro com o Senhor. Este encontro se dá também pelas festividades e os laços de amizade que refazemos com as pessoas em todos os sentidos.

As comemorações natalinas são a expressão daquilo que será o encontro com o Senhor Jesus. Celebrando a cada domingo, acendemos as velas do advento, a luz do Senhor vai iluminando as trevas do cotidiano e anunciamos a realização do Reino que há de vir.

As leituras bíblicas deste tempo são uma perfeita sintonia no sentido de nos fazer enxergar a preparação e a mudança à qual somos chamados por conta desta proximidade do natal. No evangelho de hoje Lucas anuncia quem será o messias e suas qualidades: ele batizará com o Espírito Santo, Ele tem autoridade, Ele é messias, sua presença não se reduz ao tempo atual, mas tem conotação para o futuro.

O que é realização na pessoa de Jesus o Profeta Sofonias havia anunciado e ouvimos na primeira leitura: Gritos de alegria, o Senhor cancelou o que era mal e tristeza, nada há que temer, ele é vencedor e está no meio de nós.

No salmo nós rezamos confiantes e repetimos com firmeza: Deus é a nossa salvação, e por isso mesmo São Paulo não teme afirmar para a comunidade de Filipos: Alegrem-se sempre no Senhor! Ele está no meio de nós.

O que as leituras querem nos dizer e pedem como atitude consiste exatamente em viver a alegria do Natal, mesmo em meio a alguns dissabores e amarguras. O tempo é de não abaixar a cabeça e não se deixar abater pelo desânimo. Se Deus é por nós quem será contra nós!

Façamos a experiência e nos deixemos guiar pela Palavra e pela Eucaristia. Renovemos nosso batismo e participemos da misericórdia de Deus. Eis que vem o nosso Deus, ele vem para nos salvar!