sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

EDUCAÇÃO BÁSICA E POLÍTICAS ECONÔMICAS

Melhorar a qualidade da Educação Básica

Comentários ao texto de Rosa Maria Torres,
sob a orientação da professora
Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR

É natural que, na condição de ativista social da esquerda latino americana, a autora tenha posições notadamente críticas em relação a participação do banco mundial em terras terceiro mundistas. No texto não aparece a citação, mas cabe para a ocasião o conceito de Antônio Gramsci, segundo o qual estas instituições não passam de cumprir o papel de “intelectuais orgânicos”, os quais geralmente não são habilitados para apresentar alternativas aos problemas concretos posto que vêem o mundo a partir de seus gabinetes.

A crítica da autora parte do princípio da inconsequencia, do ponto de vista educacional, que um organismo financeiro seja quem apresente um pacote de medidas para a educação no terceiro mundo.

O texto faz uma análise histórica do papel do BM no campo da educação desde os anos 1960 até 1990. Fazendo observar como neste período o enfoque do banco mudou em relação às diferentes exigências da educação.

O pacote do BM traz questionamentos sobre o papel dos governos e o modo como são aplicados os recursos no setor. Faz uma opção clara pela educação básica e justifica esta sua posição a partir de dados relativos à evasão escolar nos primeiros anos de alfabetização, dados que são alarmantes na AL, posto que são superiores aos da África e Ásia.

Segundo o pacote do BM a educação deve ser medida pela qualidade do aprendizado, o que segundo eles se mede pelo número de crianças que completem o ciclo básico e dominem os conteúdos previstos para o período. Dentre os canais que o BM sugere incrementar os investimentos estão o tempo de instrução, o acesso ao livro didático e a capacitação de professores incluindo a modalidade a distância. O questionamento da autora analisa diversos pontos, todavia o que está realmente pesando é o fato de ser um organismo econômico a dar normas para as questões pedagógicas.

Segundo o conceito da autora o pacote parece privilegiar a grade curricular, entendo este como o elenco de matérias e conteúdos que naturalmente é uma visão estreita de educação. Outro questionamento da autora é o fato de se tratar de um pacote para um contexto sociológico em desenvolvimento totalmente elaborado, e sem a participação dos interessados, por autores do mundo desenvolvido. No conceito do BM a escola tem a menor parcela na contribuição do rendimento escolar sendo que a parcela superior se deve a família e ao contexto social e sito também é questionado pela autora.

Tem se a impressão, diz a autora que o BM coloca para ser cumprido um manual completo do tipo receituário sobre o que os países em desenvolvimento devem fazer se quiserem obter financiamentos e como que apresentando como única alternativa para melhorar a qualidade da educação.

Para o BM estão muito associados aprendizado dos alunos versus capacitação continuada dos professores, mais até do que todos os demais itens que envolvem a vida dos docentes; tais como salário, carga horária, número de alunos por sala. O pacote também tem em alta consideração o fato de haver entre o magistério uma alta taxa de abstenção nas salas de aula além de muitos professores naquilo que se chama desvio de função.

A posição do BM é clara no que se refere ao tempo que o educando permanece na escola diariamente bem como a duração do curso básico, também este aspecto é colocado em dúvida pela autora que não julga como mais importante esta preocupação.

Para os técnicos do BM algumas situações são decisivas no processo de aprendizagem , a saber: a) motivação; b) conteúdo; c) professor; d) tempo de aprendizagem; e) ferramentas necessárias para o aprendizado.

Fazendo suas as palavras de uma educadora argentina, transcrita na nota 66, a autora conclui sua crítica ao papel do BM que confirma a expressão usada no inicio deste comentário: Os técnicos do BM não passam de intelectuais Orgânicos.

Em nossa opinião o fato da autora ser militante da esquerda latino americana tem peso demasiado em todas as suas posições. A nosso modo de ver não me parece de todo uma intromissão do órgão na educação mas um conjunto de condições que este exige para financiar os projetos a quem interessar possa.

Seguramente me parece que o órgão não abriu espaço para que os sujeitos da educação nos países interessados dessem sua contribuição na elaboração destes critérios o que considero um limite, por outro lado há de se convir que muitas vezes quem vê de fora enxerga melhor certos ângulos que não são observados por quem está imerso no processo.

Convenhamos que boa parte deste pacote vem sendo aplicado no Brasil com pequenas adaptações, agora sem financiamento do BM e com muito bom resultado. A recente cartada do Ministério da Educação sobre o Enen parece mostrar a maturidade do órgão e a compreensão que tem da responsabilidade das instituições neste processo.

Desde que o Brasil vem adotando a prática da Educação a distância tem se registrado muitos ganhos na formação continuada do quadro do magistério e o processo avaliativo das instituições e dos alunos tem feito crescer o nível de educação do brasileiro.

Uma análise dos avanços dos últimos anos mostra como crescemos um exemplo disso é o PDE.

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