quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TEXTOS PARA A ESCOLA DIACONAL IV

RITO E RITUALIDADE


Frei José Ariovaldo da Silva

‘Tudo mudou. Tudo está mudando. E muita gente, no meio do impacto de mudanças muito rápidas, hoje se questiona sobre as nossas celebrações litúrgicas. Há inquietações no ar. Parece que está faltando alguma coisa. Tem algum vazio em nossas celebrações não dizem nada. São muito frias. Numa palavra não tocam. Nossas liturgias tem muita falação e muito pouco de celebração. Muitas palavras que enchem os ouvidos e a cabeça e pouca ação que toque o coração. E quando tem ação é mal feita, artificial, ou realizada com desleixo. Sem contar com objetos litúrgicos mal usados, posturas desajeitadas e até inconvenientes. Em muitas comunidades ainda usam folhetos para proclamar a Palavra de Deus. Em minhas andanças por esse Brasil afora, já vi ministros, também ordenados, levarem a âmbula com o Santíssimo de qualquer jeito durante a celebração, como se estivessem carregando qualquer coisa. E também de qualquer jeito dão a comunhão. Já vi padre rezando as orações como uma máquina de debulhar milho, e rezando mais para o missal do que para Deus. Já vi padre, todo paramentado, sentado de pernas cruzadas durante a celebração. Já vi o altar entulhado de flores como se fosse um balcão... Já vi músicos tocando e cantando como se fosse um show...Na verdade não tomamos consciência que a liturgia tem uma linguagem simbólica. Tudo deve expressar a presença deDeus’

TEXTOS PARA A ESCOLA DIACONAL III

OLHA O MICROFONE AÍ, GENTE!

Pe. Carlos Gustavo Haas


Fizeram-me a pergunta: “para entoar e sustentar os cantos na liturgia, os cantores devem usar microfone?” A resposta parecia óbvia, mas comecei a observar as equipes de músicos e cantores que animam nossas celebrações, para responder melhor.
Não quero generalizar, mas, em muitos lugares, se está confundindo grupo de animação do canto litúrgico com banda para animação de shows. Sem se dar conta, o grupo adota uma prática que se afasta da verdadeira função do canto litúrgico e prejudica a participação da assembléia.
Trata-se do costume de cada cantor ter um microfone (já vi igrejas com 10 microfones para o grupo de cantos – e não era uma igreja grande, não!). O problema não está no número de microfones, mas no fato de as pessoas permanecerem usando os microfones, enquanto a assembléia também canta. Assim o canto do povo de Deus é completamente abafado.
Este é o verdadeiro problema. Um instrumento técnico, o microfone, deve servir para animar a assembléia e não para abafar, esconder, suprimir as vozes do povo santo que se reúne para cantar as maravilhas do Senhor.
Então não devemos mais usar o microfone? – alguém pergunta. É óbvio que, na maioria de nossas igrejas, precisamos de microfones. Mas o grupo de cantores deve usar este instrumento APENAS para iniciar o canto. Para tanto, não bastaria 1 ou 2 microfones?
Se o grupo dispõe de cantores bem preparados, pode fazer um ou outro canto “a vozes”, precisando então de algum microfone a mais. Isto, porém, não abafaria o canto da assembléia. Depois que o povo começa a cantar, o cantor se afasta do microfone, deixando que apareça claramente a voz da assembléia. O que deve ser ouvido é o canto da assembléia litúrgica, povo sacerdotal, família de Deus, Corpo de Cristo, e não a voz de 1, 2 ou 5 pessoas apenas.
O mesmo vale para os instrumentos musicais, alguns com imensas e potentes caixas de som. Para quê? Se for para animar uma missa ao ar livre, num estádio, tudo bem. Mas JAMAIS numa capela pequena ou média, que não necessita de muita ampliação de som.
Infelizmente, o que muitas vezes se constata é um barulho (ruído) excessivo que perturba e tira a calma e a serenidade indispensáveis para que a assembléia possa ouvir a própria voz e tenha momentos de silêncio que favoreçam a escuta da Palavra e o louvor que brota de nosso coração agradecido. Depois, façam a experiência: como é bonito o som de um violão sem amplificação! O ideal seria mais violões e menos amplificadores.
Nossa reflexão não quer, de forma alguma, desconsiderar a boa vontade, o empenho e a solicitude de tantos e tantos animadores de cantos, músicos e instrumentistas de nossas comunidades. Eles são uma bênção para as nossas comunidades. O que queremos é alertar para certos exageros e apontar para a função específica deste ministério: “garantir a devida execução das partes que lhe são próprias, conforme os vários gêneros de canto, e auxiliar a ativa participação dos fiéis no canto” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 103).
Como subsídio de formação, vejam o DVD produzido por Verbo Filmes, Paulus e Rede Celebra, com o apoio da CNBB, intitulado: CANTO E MÚSICA NA LITURGIA.

Perguntas para os grupos:
1. Como avaliamos a presença e a atuação dos animadores de cantos, músicos e instrumentistas de nossa comunidade?
2. A sua atuação ajuda a comunidade a celebrar bem o mistério pascal?
3. Quais as dificuldades que encontramos?
4. Como podemos ajudá-los a bem exercer seu ministério?
5. Por que os cantores e instrumentistas não devem abafar a voz da assembléia?

TEXTOS PARA A ESCOLA DIACONAL 2010 II

CELEBRAR É UMA ARTE...


A dignidade da celebração transparece também na forma como se realiza a presidência, por isso, com gestos e palavras a equipe que preside deve deixar transparecer a presença do ressuscitado.
O presidente deve estar atento de não se fazer o centro da celebração, desviando a atenção daquele que verdadeiramente é o celebrado. Em outras palavras, na presidência não há lugar para vedetismo. Uma celebração que, ao contrário de levar os fiéis ao encontro com o Senhor, atrai a atenção dos fiéis sobre aquele que preside ou outra pessoa da equipe, é uma celebração jogada fora, e deixam de ser sinal do Cristo ressuscitado.

Como cabeça, a equipe não está acima da Assembléia, mas é guia e estímulo da comunidade orante, e sinal de Cristo cabeça da Igreja. A celebração litúrgica é graça e arte: graça porque é o espírito do ressuscitado que reúne os filhos dispersos para formar uma comunidade celebrante; arte porque a celebração é uma ação ritual e simbólica; que para ser eficaz deve respeitar as regras da comunicação.

A equipe de presidência deve agir com graça e arte. A instrução geral do Missal Romano, no número 60, pede “ dignidade no presidir”.Tal exigência se pode traduzir como: decoro das pessoas e do comportamento, gestos apropriados, flexibilidade da voz, olhar expressivo, capacidade de atacamento, senso de ritmo, gosto do belo. Em uma palavra: as melhores qualidades naturais de uma pessoa devem ser colocadas a serviço da graça.

1. Quando presidir?
A presidência se exercita já antes do início de uma celebração, uma vez que ela não é improvisada, mas preparada em todos os seus particulares, de forma que tudo aconteça de maneira ordenada, respeitando o ritmo celebrativo.

Romano Guardini escreve: “O verdadeiro estilo celebrativo, também nas suas formas mais exatas, conserva a força sugestiva de uma expressão madura. O mero celebralismo, o ‘nu’ esquema não possui afeto. Estilo, portanto, é discurso claro, movimento comedido, disposição adequada do espaço, dos objetos, das cores e do som”.

Se o presidente ou algum outro membro se deixar levar pela mania da pressa ou da paciência, reduz a celebração a um puro ritualismo e formalismo. Santo Afonso, chamava a pressa de “praga mortal da oração”.
Uma verdadeira presidência deve ter:
- senso vivo de fé;
- disponibilidade e atenção que faz perceber o diálogo entre o céu e a terra;
- interventos discretos e oportunos capazes de sustentar o ritmo celebrativo.

Mesmo depois da celebração se exercita a presidência, com a realização de uma avaliação humilde. É preciso deixar claro que a principal finalidade do ministério da presidência não é o epicentrismo, mas a glória de Deus e santificação do povo.

A equipe é um instrumento do Espírito Santo, por isso mesmo, tem o dever de tornar vivo o texto das orações presidenciais, para tanto deve fazer também uma preparação próxima da celebração. A presidência deve ser exercida de corpo e alma, carregando os gestos e palavras de interioridade.

Quem preside exerce um ministério dinâmico e deve ter presente que a Igreja não é um museu, mas uma comunidade viva, esposa e corpo de Cristo. Por isso, especialmente no momento da celebração, não pode limitar-se a fazer gestos, repetir fórmulas e palavras distraidamente e aprendidas de qualquer jeito.

É necessário dar unidade e harmonia a toda a celebração, sem cair no explicacionismo, por isso é importante pôr-se na escuta da palavra de Deus. Uma das mais belas partes da celebração é a homilia, esta revela a personalidade, a fé, a carga humana, a preparação cultural, teológica e espiritual, a sensibilidade e a capacidade comunicativa. Daí é importante falar na primeira pessoa, isto é sinal de humildade e participação no grupo dos exortados; falar como ministro e não como professor. O Verbalismo é sufocante e provoca reação contrária a que se deseja.

A IGMR, no número 39 recomenda: “É necessário que aquele que preside conheça com perfeição a estrutura do ritual, para estar em condições de suscitar frutos no coração dos fiéis”. E Santo Agostinho dizia: “falemos não como professores, mas como ministros. De fato um só é nosso mestre; sua escola é na terra e sua cadeira é no céu”.

Certamente, por ser a homilia uma das mais belas partes da celebração, deve se falar menos ali e mais com os outros elementos da celebração: silêncio apropriado, gestos calmos, recitação substanciosa dos textos, espírito orante.

Em síntese: Cada sinal celebrativo deve conduzir para além do rito e introduzir no mistério e assim sendo quem preside deve dar vida a celebração do contrário a liturgia será como “pólvora molhada”. (Cf. L’Arte de Presidere – Antônio Sorrentino – San Paolo, Milano, 1997).

Textos para a Escola Diaconal 2010

1 – ASSEMBLEIA CELEBRANTE


18 Por esse motivo, no próprio dia de Pentecostes, no qual a Igreja se manifestou ao mundo, “os que receberam a palavra” de Pedro “foram batizados”. E “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comum fração do pão e na oração… louvando a Deus e sendo bem vistos por todo o povo” (At 2,41-47). Desde então, a Igreja jamais deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal: lendo “tudo quanto nas Escrituras a ele se referia” (Lc 24,27), celebrando a eucaristia na qual “se representa a vitória e o triunfo de sua morte”19 e, ao mesmo tempo, dando graças “a Deus pelo seu dom inefável” (2Cor 9,15) em Cristo Jesus, “para louvor de sua glória” (Ef 1,12) por virtude do Espírito Santo.


1.1 Reunião do povo de Deus

A assembleia litúrgica é um grupo humano que se reúne em vista de uma atividade religiosa. Por isso mesmo é importante que seus membros sintam-se reconhecidos e aceitos como membros da comunidade.

Reunir-se em assembleia não é um privilégio dos cristãos. No Antigo Testamento podemos encontrar diversas situações nas quais os líderes do povo organizaram distintas assembleias com finalidade litúrgica. Citamos apenas um dos diversos textos: “Reúna esse povo na minha presença para que escutem o que vou dizer, a fim de que aprendam a temer-me a vida inteira e ensinem os seus filhos”(Dt. 4,10). Mas podemos fazer outras referências Josué 24 – Assembleia de Siquem; Jeremias 31,33; Oséias 2, 25; Ezequiel 34,11; Exôdo 19,24; Neemias 8,9.

No Novo Testamento a Imagem da assembleia coincide com a reunião dos irmãos vindos das diversas partes, da sua dispersão missionária, da sua presença no meio do mundo. Algumas citações estão em João 7,35; 11,52; (motivo da morte de Jesus). Tiago 1,1 (saudação ao povo espalhado). 1Pedro 1,1 (saudação aos dispersos). Logo no inicio da Igreja encontramos o texto de São Justino: "Nós depois de ter batizado aquele que tem fé e se incorporou a nós, o levamos aos chamados irmãos onde estão reunidos. Fazemos orações comuns por nós mesmos, pelo que foi iluminado e por todos os outros que há por toda a parte, para que sejamos dignos de ser chamados perfeitos conhecedores da verdade pelas boas obras, cidadãos e cumpridores dos mandamentos, de sorte que consigamos a salvação eterna. Acabadas as preces, saudamo-nos com o ósculo. Em seguida se apresenta ao que preside sobre os irmãos pão e um cálice de água e vinho misturados. Ao receber estes dons, eleva ao Pai de todas as coisas louvor e glória pelo nome do Filho e do Espírito Santo e faz uma grande ação de graças, porque por ele fomos feitos dignos destas coisas. Tendo ele terminado as orações e a ação de graças, todo o povo presente aclama dizendo: amém. Amém significa, em hebraico, assim seja. Quando o presidente deu graças e todo o povo aclamou, os que entre nós se chamam diáconos dão aça um dos presentes participar do pão e do vinho e da água eucaristizados, que também levam aos ausentes. Os ricos que querem, cada um segundo a sua vontade , dão o que lhes parece, e o que se arrecada é colocado a disposição do que preside e ele socorre os órfãos e as viúvas e os que por enfermidade ou qualquer outra causa se encontram abandonados, e os encarcerados e os peregrinos: numa palavra, ele cuida dos que padecem necessidades. E celebramos esta reunião no dia chamado do sol, por ser o primeiro dia, em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador ressuscitou dentre os mortos" (Cf. cap. 65 e 67).

Desde muito cedo a reunião dos irmãos recebeu o nome de ekklesía, conforme lemos em Lumen gentium 26: “O bispo, revestido da plenitude do sacramento da ordem, é o administrador da graça do sumo sacerdócio,48 especialmente na eucaristia que ele mesmo oferece ou manda oferecer,49 e pela qual a Igreja vive e cresce continuamente. Esta Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas assembléias locais de fiéis, que, unidas aos seus pastores, recebem, elas também, no Novo Testamento, o nome de igrejas”.

Essa convocação tem, como outrora, sua origem em Deus, ele quem tomou a iniciativa de escolher um povo para fazê-lo sua propriedade e neste povo reunir todos os povos da terra, fato que veio se concretizar na pessoa do Filho.

A primeira verdade a ser admitida por nossas assembleias consiste em compreender que sua concretização se dá na pregação do Evangelho. A Igreja se solidifica e se torna santa na proclamaçaõ da Palavra, conforme lemos na Introdução ao lecionário: “A igreja cresce e se constroi ao escutar a Palavra de Deus...Deus, por sua vez, vale-se da comunidade dos fiéis que celebra a liturgia, para que sua palavra se propague e seja conehcida, e seu nome seha louvado por todas as nações”(OLM 7).

De São João Crisóstomo temos a seguinte visão da assembleia: “Embora a cinquentena tenha terminado, a festa não terminou. Toda assembleia é uma festa. Provam-na as palavras de Cristo que dizem: onde dois ou tres estiverem reunidos eu estou alí no meio deles. Temos a maior prova de que se trata de uma festa nessa presença de Cristo em meio a seus fiéis reunidos.”(Sermón quinto sobre Ana I).

A Sacrossanto Concilio número 7 define a reunião dos irmãos como sinal da Igreja, e o faz com as seguintes palavras: “Realmente, nesta grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua amadíssima esposa, que invoca seu Senhor, e por ele presta culto ao eterno Pai.”

Deste modo também se compreende a assembleia reunida para a liturgia das horas: “84. O ofício divino, segundo a antiga tradição cristã, destina-se a consagrar, pelo louvor a Deus, o curso diurno e noturno do tempo. E quando são os sacerdotes que cantam esse admirável cântico de louvor, ou outros para tal deputados pela Igreja, ou os fiéis quando rezam juntamente com o sacerdote segundo as formas aprovadas, então é verdadeiramente a voz da esposa que fala com o esposo ou, melhor, é a oração que Cristo unido ao seu corpo eleva ao Pai.”

Deste modo mais facilmente podemos compreender a celebração litúrgica como obra de Cristo total de cuja assembleia Ele é a cabeça. Assim nos texto patrísticos não faltam admoestações que visam garantir a realização das reuniões: “Quando ensinares, exortarás o povo a ser fiel à assembleia da Igreja. Que não falte, mas, muito pelo contrário, que seja fiel a reunir-se em assembleia. Que ninguem diominua a Igreja por não assistir a ela e que, assim, não diminua e um membro o Corpo de Cristo” (Didascália 13).
Mais uma vez fica claro que a assembleia liturgia se realiza na condição de comunidade com caráter sacerdotal por conta da sua condição de esposa do cordeiro, sua visibilização e realização se dá na comunidade dos batizados. Conforme lemos em Lumen Gentium 10 “Cristo Senhor, Pontífice tomado de entre os homens (cf. Hb 5,1-5), fez do novo povo “um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai” (cf. Ap 1,6; cf. 5,9-10). Com efeito, pela regeneração e unção do Espírito Santo, os batizados são consagrados para serem edifício espiritual e sacerdócio santo, a fim de, por todas as obras do cristão, oferecerem sacrifícios espirituais e proclamarem as grandezas daquele que das trevas os chamou para a sua luz maravilhosa (cf. 1Pd 2,4-10). Assim, todos os discípulos de Cristo, perseverando juntos na oração e no louvor de Deus (cf. At 2,42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstia viva, santa, agradável a Deus (cf. Rm 12,1); dêem testemunho de Cristo em toda a parte; e, àqueles que por isso se interessarem, falem da esperança, que está neles, da vida eterna (cf. 1Pd 3,15).”

Estas assembleias são dirigidas por aqueles, por meio de quem Cristo desejou ser representado como cabeça e santificador: “O mesmo Senhor, porém, para que os fiéis formassem um só corpo, no qual “nem todos os membros têm a mesma função” (Rm 12,4), constituiu, entre eles, alguns ministros que, na sociedade dos fiéis, possuíssem o sagrado poder de Ordem para oferecer o sacrifício e perdoar os pecados,6 e desempenhassem publicamente o ofício sacerdotal em nome de Cristo a favor dos homens. E assim, enviando os apóstolos, assim como ele tinha sido enviado pelo Pai,7 Cristo, mediante os mesmos apóstolos, tornou participantes da sua consagração e missão os sucessores deles, os bispos8 cujo múnus de ministério, em grau subordinado, foi confiado aos sacerdotes,9 para que, constituídos na Ordem do presbiterato, fossem cooperadores da Ordem do Episcopado10 para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo”(Presbyterorum Ordinis 2).

O fato de ser representado pelos ministros ordenados em nada diminui sua presença ou valor da assembleia cujo sacerdócio comum se faz necessário para realizar o culto verdadeiro como vemos na Presbyterorum Ordinis 5: “Nela, os pastores e os fiéis são convidados a corresponderem generosamente ao dom daquele que pela sua humanidade continuamente infunde a vida divina nos membros do seu corpo.19 Procurem os presbíteros cultivar retamente a ciência e a arte litúrgica, para que, no seu ministério litúrgico, Deus, Pai e Filho e o Espírito Santo, seja louvado cada vez mais perfeitamente pelas comunidades a eles confiadas.”

A Igreja é um mistério de graça cuja realidade aparece nas reuniões locais como diz a Sacrossanto Concilio 41: “Por isso, todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em torno do bispo, sobretudo na igreja catedral: convencidos de que a principal manifestação da Igreja se faz numa participação perfeita e ativa de todo o povo santo de Deus na mesma celebração litúrgica, especialmente na mesma eucaristia, numa única oração, num só altar a que preside o bispo rodeado pelo seu presbitério e pelos seus ministros.”

A reunião dos fiéis em nome do Senhor, num determinado lugar é um fato público que realiza a Igreja na história. É um sinal sagrado, uma manifestação da sacramentalidade da Igreja. As assembleias cristãs, desde o seu início desempenham um papel decisivo na experiência pascal que se concretiza no reconhecimento do Cristo ressuscitado. (Cf. Lucas 24 e João 20). Progressivamente estas reuniões foram ganhando o rosto de cada lugar. Assim vemos os capítulos 1 a 6 dos Atos dos apóstoloas a configuração da assembleia de Jerusalém. Ainda podemos ver as reuniões de Antioquia, Trôade e Corinto. (Cf. Atos 13, 1 -3; 20, 7 -11; 1Conríntios 11,14). É verdade também que a comunidade cristã é muito mais ampla do que a assembleia litrugica e isto se percebe nas distintas formas de reunião em uma mesma região.

1.2 Características das assembleias

Por sua vez as assembléias litúrgicas são presença do Senhor Ressuscitado como lemos em Mateus 18, 20 cuja virtude se pode ver na condição de santa, católica e apostólica conforme descreve a Lumen Gentium 26. Como resposta a essa presença a comunidade professa a sua fé cujo resultado também faz crescer a fé. Ela é reconhecida como católica por sua virtude de abertura as demais comunidades e nunca é uma reinvenção, ou algo que começa do zero. Nossas assembleias tem um passado e estão abertas ao futuro.

Outra característica é o seu caráter festivo coforme lemos em Atos 2,46. E que São João Crisóstomo expressa com as seguintes palavras: “Toda assembleia é uma festa. Qual a prova? As próprias palavras de Jesus Cristo: onde dois ou tres estiverem reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles. Que maior prova quereis vos para acreditar que a assembleia é uma festa?”(Homilia sobre pentecostes).

Nem por isso ela esta imune às preocupações e tensões próprias do seu caráter específico mas é uma comunidade que supera tensões entre indivíduos e grupos, entre subjetivo e objetivo, entre particular e o que é patrimônio comum, entre o que é local e o que é universal. Ela é um centro de polarização de meios de comunicação e de sentimentos por mais contrastantes que possa parecer.

Reunida num determinado lugar e tempo é composta por um número de pessoas é também santa e pecadora razão porque nunca é dispensável uma atitude penitêncial. Faz a experiência da unidade na pluralidade conforme se lê em Galátas 3,28 não há distinção e menos ainda pode haver preferência conforme recomenda Tiago 2, 1-4. Isto não significa que pessoa não seja diferente e viva suas particularidades.

Nossas assembleias são carismáticas e hierárquicas esta última condição como serviço de caridade. (Cf. 1Coríntios 12, 4 -11; Efésios 4, 11-16). Isto significa dizer que a assembleia é conjugação de distintos ministérios e serviços cuja finalidade é o seu fortalecimento e animação os quais não são privilégios, dignidades, mas compromisso.

Por fim são assembleias missionárias: “É da própria liturgia que surge a missão. Convergem para a assembléia todos os que ouviram o chamado de Cristo. Da assembléia partem todos os que nela receberam a missão de anunciar as maravilhas de Deus. A ação missionária que não se integra à Igreja é estéril, e a assembleia que não se abre ao envio missionário é moribunda e carente de autenticidae”


1.3 – A participação litúrgica

A assembleia é o sujeito e com Cristo seu ato principal celebra ao Pai pelo Filho no Espírito Santo. Este conceito deixa mais do que claro o que o Concílio quis ao qualificar a ação litúrgica como consciente, ativa e frutuosa.

Por participação liturgia a Sacrossanto Concilio entende como a reta disposição que sintoniza corpo e alma, isto é, o indivíduo na sua totalidade, para não receber em vão a graça divina que a liturgia oferece.

Precisa ficar claro que participação ativa não consiste em todos fazer tudo. O número 28 da SC é muito expressivo neste sentido: “28. Nas celebrações litúrgicas, seja quem for, ministro ou fiel, exercendo o seu ofício, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete.”

Todas as funções e responsabilidades exigem sincera piedade e ordem adequada, uma exigência que mais do que legal é necessidade do próprio povo de Deus reunido em nome do Senhor. Que a celebração envolve o ser todo e todo o ser a SC 11 também deixa muuito claro: “11. Para chegar a essa eficácia plena, é necessário que os fiéis se acerquem da sagrada liturgia com disposições de reta intenção, adaptem a mente às palavras, e cooperem com a graça divina para não recebê-la em vão.28 Por isso, é dever dos sagrados pastores vigiar para que, na ação litúrgica, não só se observem as leis para a válida e lícita celebração, mas que os fiéis participem dela conscientemente, ativa e frutuosamente.”

De algum modo se pode dizer que toda a assembleia e celebrante e ministerial na medida em que cada um atua de acordo com a sua função sempre na unidade do Espírito Santo. Obviamente que para isto acontecer será imprescindível uma boa formação litúrgica.

A participação não é um acessório que pode ser dispensado ou modificado ao gosto de cada assembleia, mas são intervenções do povo de Deus, de acordo com a sua condição que faz fa liturgia fonte e ápice de toda a vida da Igreja.(Cf. SC 10).

Os distintos ministérios ou serviços na assembleia precisam se compreender como estando a serviço uns dos outros, eles são um sinal da ação do Senhor que deles se serve para santificar a todos. Organizar equipes e distribuir srviços não é uma simples estratégia para funcionar bem, mas um fator essencial de comunhão e sinal de eclesialidade.





















terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

NOVAS TECNOLOGIAS...

O QUE GANHA A EDUCAÇÃO COM O USO DE TECNOLOGIAS?



O professor Pierre Levy, na obra Ciber-cultura, do ano de 1999, faz uma afirmação muito sugestiva para o tema, quando diz que a educação a distância “é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. Esta frase pode ser traduzida na compreensão do educador a distância como um animador da inteligência coletiva.
O professor Fernando José de Almeida, na entrevista sugerida para esta unidade afirma que a Educação, em qualquer modalidade, exige diálogo, é muito enfático ao dizer que é um engano pensar a educação a distância como se ela fosse uma forma de diminuir o trabalho do educador. Usando a expressão “Mega-universidade” ele praticamente afirma o que o autor que citei acima compreende: Animação da inteligência coletiva.
No caso da educação a distância cada vez fica mais patente que o educador não será mesmo um transmissor de conteúdos, mas sua competência consiste em incentivar o aprendizado e o pensamento. O uso de tecnologias na EAD proporciona ao aluno o desenvolvimento da autonomia crítica frente a situações concretas.
Sem sombra de dúvida, como já afirmamos na unidade I, não será o simples fato da distância que fará da EAD uma novidade no sentido da abrangência, mas de um eficaz monitoramento e avaliação.
A sociedade atual experimenta uma explosão de novas tecnologias, nem todas ainda suficientemente exploradas. O sucesso de um curso depende do tipo de mídia e tecnologias utilizadas. Não é objetivo deste fórum elencar ou descrever as mídias disponíveis. Todavia, apesar das limitações, são muito maiores os fatores positivos que negativos em relação ao uso das tecnologias a serviço da educação. As tecnologias romperam para sempre o conceito de espaço físico e de tempo.
Rosália Duarte, na obra Aprendizagem e interatividade em ambientes digitais afirma que: “Nosso desafio é descobrir como usar tecnologias móveis para fazer com que o estudo seja tão parte do dia a dia que sequer seja percebido como estudo”.
Esta mais do que claro as tecnologias oferecem muitas facilidades e modificam a interação entre os ambientes de aprendizados. Somos forçados a concordar com o prof. Fernando quando afirma que a tecnologia é ambígua e que será a vigilância quem vai garantir a qualidade.
Concluo minha participação com a expressão de Paulo Freire no texto que estamos discutindo: “O mundo mudou. O conceito de alfabetização mudou. A leitura deste mundo não pode ser feita com os mesmos instrumentos e códigos com que se faziam as leituras dos mundos passados”.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO

ARQUIDIOCESE DE CURITIBA - ESCOLA DIACONAL SÃO FILIPE


DISCIPLINA: LITURGIA II – PROFESSOR PE. ELCIO ALBERTON


PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARA O SEMESTRE
1) Leitura e recensão de uma obra sobre o tema. Pode ser uma das indicadas na bibliografia complementar ou outra obra. De qualquer modo o aluno deve apresentar a obra ao professor antes de iniciar a leitura.

2) A turma organizada em sete grupos, no inicio de cada aula um grupo faz uma síntese de, no máximo, 15 minutos da aula anterior. Serão avaliados os aspectos didáticos, metodológicos e o conteúdo.

3) Nos últimos 15 minutos um grupo apresentará as perspectivas do encontro seguinte. (Nos dois casos os grupos serão organizados e os temas confiados já na primeira aula).

4) Cada grupo acessando a matéria disponibilizada pelo professor no Blog www.padreelcio.blogspot.com fará pelo menos um comentário sobre a matéria de cada aula.

5) Prova final objetiva e com consulta.

Breves indicações de como fazer uma recensão

1) Uma recensão é um trabalho de apresentação de uma obra, concentrando-se no seu conteúdo e no contexto em que a obra surge a público. Uma recensão crítica de um texto não pode perder de vista a origem do ato crítico (no sentido de destacar o que particular), não é igualmente uma manifestação totalmente subjetiva.

2) O texto de recensão obedece a algumas regras:
2.1- Não deve exceder uma página;
2.2 - Não pode conter notas de pé de página;
2.3 – Precisa constar:
2.3.1- O título do livro;
2.3.2 - O autor;
2.3.3- A editora
2.3.4 - A cidade de edição;
2.3.5- O ano de edição.

3) Do ponto de vista da descrição do conteúdo da obra recenseada, inclui-se:
3.1 - Uma explicitação objetiva do assunto.
3.2 - A posição crítica do autor.
3.3 - A contribuição da obra para a disciplina ou para o ministério do diaconato.

4) De preferência, deve a recensão incluir o ponto de vista do recenseador- leitor da obra, apresentando sucintamente os pontos de discórdia ou concórdia em relação às teses defendidas pelo autor da obra.

CONTRATO DIDÁTICO - PRIMEIRO SEMESTRE 2010

DISCIPLINA: LITURGIA II 2010/1


PROFESSOR: Pe. Elcio Alberton

Ementa: Caracterizar assembleia celebrante; Estabelecer relação entre palavra de Deus na celebração e celebração da Palavra de Deus na comunidade; fundamentação da oração litúrgica como fonte de espiritualidade; detalhamento da liturgia no ano litúrgico; compreender e celebrar a liturgia das horas; questões sobre a Virgem Maria, os santos e a piedade popular; aprofundar a oração, a teologia e a prática sacramental; explicitação da liturgia das exéquias; teologia e prática de comunicação e homilia; o canto e a música na celebração.

CONTRATO DIDÁTICO - 1° SEMESTRE 2010

UNIDADE I
1. A ASSEMBLÉIA CELEBRANTE

1.1 – A reunião do povo de Deus;
1.2 – Assembleia Cristã sinal da Igreja;
1.3 – Características da assembleia litúrgica;
1.4 – A participação litúrgica;
1.5 - Ministérios e participação litúrgica;
1.5.1 – Ministérios, ofícios e serviços;
1.5.2 As funções na celebração.

2. A PALAVRA DE DEUS NA CELEBRAÇÃO
2.1 – A Sagrada escritura referência das comunidades;
2.2 – A redescoberta da Palavra de Deus;
2.3 – A Palavra de Deus na história da Salvação;
2.4 – A Palavra de Deus na liturgia;
2.5 – Estrutura da liturgia da Palavra;
2.6 – Importância da Palavra de Deus;
2.7 – Homilia: atualização da Palavra de Deus;
2.8 – A celebração da Palavra de Deus
2.9 – Pensamento da Igreja a cerca das celebrações da Palavra de Deus;
2.10 – A celebração da Eucaristia e a celebração da Palavra;

UNIDADE II
1 A LITURGIA COMO FONTE DE ESPIRITUALIDADE
1.1– História da Espiritualidade litúrgica;
1.2– A liturgia, espiritualidade da Igreja;
1.3– Características da Espiritualidade litúrgica;

2 A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO NO ANO LITÚRGICO
1.2– O Ano Litúrgico
1.2.1– Natureza e nomes do ano litúrgico
1.2.2– Sentido teológico do ano litúrgico
1.2.3– Síntese histórica da formação do ano litúrgico;
1.2.4– A estrutura atual do ano litúrgico.

3 A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO NAS HORAS DO DIA
A LITURGIA DAS HORAS

3.1– A natureza da liturgia das horas;
3.2- Vivência pascal no ritmo da liturgia das horas;
3.3- O Sentido cristão dos salmos;
3.4– Quem é chamado a celebrar a liturgia das horas;
3.5– Modo de celebrar a liturgia das horas;

UNIDADE III
1. A VIRGEM MARIA NO ANO LITÚRGICO
1.1 – História da presença mariana na liturgia;
1.2 – Fundamentos teológicos do culto litúrgico a Maria;
1.3 – Maria no ano litúrgico;
1.4 - As celebrações marianas no calendário litúrgico;
1.5 – A piedade popular mariana.

1.6 OS SANTOS E A PIEDADE POPULAR
1.7 – História do culto aos santos;
1.8 – O Vaticano II e o culto aos santos;
1.9 – Fundamentos teológicos do culto aos santos;
1.10 – Os santos na América Latina e no Brasil.

2. OS SACRAMENTAIS
2.1 – Sentido teológico;
2.2 – Elementos doutrinais;
2.3 - Divisão dos sacramentais;
2.4 – As bênçãos;
2.5 – As fontes da bênção;
2.6 – A bênção na liturgia;
2.7 – O ritual de bênçãos;
2.8 – Pastoral da bênção.
3.9 – A celebração da morte do cristão.

UNIDADE IV
1.1 COMUNICAÇÃO E LITURGIA
1.2 – A liturgia e o meio de comunicação;
1.2.1 – Noções preliminares;
1.2.2 – Os elementos do processo de comunicação;
1.2.3 – Princípios teológicos, históricos e sócio-pastorais;
1.2.4 – Os meios de comunicação e a liturgia;
1.3 – A comunicação nas celebrações litúrgicas;
1.3.1 – Comunicação de Deus ao homem;
1.3.2 – A comunicação entre os homens;
1.3.3 – A linguagem litúrgica;
1.3.4 – Os sinais e os símbolos na liturgia;
1.3.5 O rito, o gesto e a expressão corporal.
1.4 – O Canto e a música na liturgia;
1.4.1 – Lugar privilegiado do canto e da música na liturgia;
1.4.2 – Relação entre música e palavra;
1.4.3 – Relação entre música e rito;
1.4.4 – Os cantos a missa;
1.4.5 – O canto na liturgia das horas;
1.4.6 – O ministério da música e do canto;
1.4.7 – O repertório;
1.4.8 – Instrumentos.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. CELAM – MANUAL DE LITURGIA II, São Paulo, Paulus, 2005.
2. ____ - Manual de Liturgia IV, São Paulo, Paulus, 2007.
3. COMPÊNDIO DO CONCÍIO VATICANO II, Petrópolis, Vozes, 1968.


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. ARGÁRATE, Pablo. A Igreja Celebra Jesus Cristo. São Paulo, Paulinas, 1997.
2. AUGÉ, Matias. Liturgia. São Paulo, Ave Maria, 2ª. Edição, 1998.
3. BORÓBIO, Dionisio. A celebração na Igreja Vol. I. São Paulo, Loyola, 1990.
4. ____. A celebração na Igreja Vol. III. São Paulo, Loyola, 2000.
5. CANTALAMESSA, Raniero. Páscoa. São Paulo, Paulinas, 2005.
6. CNBB. Guia Litúrgico Pastoral. Brasília, Edições CNBB, 2ª. Edição.
7. CASTELLLANO, Jesús. Liturgia e Vida Espiritual. São Paulo, Paulinas, 2008.
8. COSTA, Valeriano Santos. Liturgia das Horas. São Paulo, Paulinas, 2005.
9. FLORES, Juan Javier. Introdução à Teologia Litúrgica. São Paulo, Paulinas, 2006.
10. GUTIERREZ, Gustavo. Compartilhar a Palavra. São Paulo, Paulinas, 1996.
11. LUTZ, Gregório. Liturgia ontem e hoje. São Paulo, Paulus, 1995.
12. ____. Páscoa Ontem e hoje. São Paulo, Paulus, 1995.
13. MALDONADO, Luis. A Homilia. São Paulo, Paulus,1997.
14. MARTIN, Julian Lopez. A Liturgia da Igreja. São Paulo, Paulinas ,2006.
15. RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da Liturgia. São Paulo, Paulinas, 2ª. Edição 2006.
16. SORRENTINO, Antônio. L´Arte di Presiedire. Milano, Edizioni San Paolo, 1997.
17. VANNUCCHI, Aldo. Liturgia e Libertação. São Paulo, Loyola, 1982.
18. VVAA. Os sacramentais e as bênçãos. São Paulo, Paulinas, 1993.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 21 DE FEVEREIRO

1° DOMINGO DA QUARESMA



Leituras: Deuteronômio 26, 4-10; Salmo 90 (91); 1-2. 10-11. 12-13. 14-15;
Romanos 10, 8-13; Lucas 4, 1-13.


Caracterizar o tempo, marcar as nossas ações e responsabilidades de acordo com um determinado número de dias ou horas é um modo de estabelecer metas e compromissos. Assim por exemplo, o professor tem uma hora aula para expor um determinado conteúdo; o médico um tempo para a consulta; o advogado um período para ouvir seu cliente; o gerente de loja um tempo X para alcançar uma meta e assim por diante.

Na liturgia da Igreja temos o que chamamos de tempo litúrgico. E hoje estamos no primeiro domingo da quaresma. Serão quarenta dias cujo tempo será dedicado para uma reflexão mais aprofundada sobre determinados valores e atitudes que precisamos tomar. O número 40 na bíblia tem um simbolismo muito significativo, no sentido que expressa uma oportunidade para tomar outra direção. Com base nisso o tempo da quaresma, proposto pela Igreja, nos convida também a estabelecer metas e propósitos de mudança de vida. De fato, disse Jesus, não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

O texto do Evangelho de hoje é bastante conhecido: as tentações de Jesus. É significativo como o Espírito que animou Jesus também lhe deu forças para superar a todas. As narrativas que ouvimos são apenas algumas pelas quais passou Jesus em toda a sua vida. A resistência que ele demonstra neste Evangelho permanece presente por toda a vida até que na véspera da paixão Ele Proclama: Pai não se faça a minha, mas a tua vontade.

Manter-se conectado com o Pai e com seus desígnios era uma instrução que já recebia o povo no Antigo Testamento a quem também era pedido que reconhecesse a ação de Deus por meio da devolução do seu dízimo, isto é, dos primeiros frutos da terra.

O jeito de ser povo que pertence ao seu Senhor encontra uma resposta na pessoa de Jesus sobre quem São Paulo fala na segunda leitura: Ele é generoso para com todos é Senhor de todos e não faz distinção de pessoas.

As tentações que aconteceram com Jesus, de algum modo, acontecem quase que diariamente com cada um de nós. Na medida em que nos deixamos afastar do Espírito de Deus facilmente podemos nos deixar levar pelas tentações. A coragem e a determinação de Jesus devem ser para cada um de nós um estímulo para não nos deixar sucumbir diante das fragilidades e facilidades que o mundo pode nos oferecer.

Pela penitência desta quaresma busquemos nos fortalecer no combate contra o espírito do mal e fortalecidos pela Eucaristia e pela Palavra viver de modo a servir somente a Deus acima de todos os poderes deste mundo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

VAMOS JUNTOS CONSTRUIR...

MINISTÉRIOS E SERVIÇOS – UMA IGREJA EM AÇÃO


Constituição Dogmática Lumen Gentium - Natureza e missão dos leigos

31. Por leigos entende-se aqui o conjunto dos fiéis, com exceção daqueles que receberam uma ordem sacra ou abraçaram o estado religioso aprovado pela Igreja, isto é, os fiéis que, por haverem sido incorporados em Cristo pelo batismo e constituídos em povo de Deus, e por participarem a seu modo do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, realizam na Igreja e no mundo, na parte que lhes compete, a missão de todo o povo cristão.
A índole secular é própria e peculiar dos leigos. Na verdade, os que receberam ordens sacras, embora possam algumas vezes ocupar-se das coisas seculares, exercendo até uma profissão secular, em virtude da sua vocação são destinados principal e explicitamente ao sagrado ministério, ao passo que os religiosos, pelo seu estado, testemunham, de modo luminoso e exímio, que o mundo não pode transfigurar-se e oferecer-se a Deus sem o espírito das bem-aventuranças. Aos leigos compete, por vocação própria, buscar o reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões, e nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através de sua própria função; e, guiados pelo espírito evangélico e desta forma, a manifestarem Cristo aos outros, principalmente com o testemunho da vida e o fulgor da sua fé, esperança e caridade. A eles, portanto, compete muito especialmente esclarecer e ordenar todas as coisas temporais, com as quais estão intimamente comprometidos, de tal maneira que sempre se realizem segundo o espírito de Cristo, se desenvolvam e louvem o Criador e o Redentor.

Feita esta primeira consideração que, não é nova e nem nosssa, é palavra da Igreja que vive, celebra e serve ao mistério da salvação. Compreendemos todos e cada pessoa em particular a serviço do Reino de Deus, cujo sinal é a Igreja. A palavra chave nisso tudo é SERVIÇO. E não serviço ao padre, como uma espécie de favor ou de licença que o padre nos dá. Serviço a Deus e a seu projeto.

È Preciso deixar muito claro que a missão exige uma inteira participação na vida da Igreja e na vida do mundo. Para estar na Igreja não é necessário sair do mundo, para ir ao mundo nem menos é necessário sair da Igreja. Existem dons, ministérios e distintas tarefas, cada uma com sua particularidade e característica mas todas em perfeita sintonia.

Um lugar para expressar nosso modo de ser sinal do Reino é a participação consciente, ativa e frutuosa na liturgia. Isto é saber o que se está celebrando, pariticpar com todo o empenho e sair para o mundo com o objetivo de ser fermento. Enquanto na liturgia se canta as maravilhas de Deus no serviço ao mundo elas são realizadas. E cada cristão é enviado como sinal de Jesus Cristo – Sacerdote, profeta e pastor.

São pequenos sinais que mostram a clareza da missão e a compreensão do sentido de ser Cristão. Parece importante recordar a frase de Santo Agostinho: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou bispo, convosco sou cristão. Aquilo é um dever, isto uma graça. O primeiro é um perigo o segundo salvação”. (Citado no Doc. 62 nota 185)

O fato de assumir este ou aquele serviço na Igreja não deveria levar o cristão a ocupar uma posição de superioridade em relação aos demais. É preocupante quando determinados ministérios por força de um sinal ministerial que nada mais é do que um sinal externo, parecem ocupar um lugar privilegiado nas comunidades.

Ministérios e serviços não deveriam se limitar a serviços internos na Igreja e muito menos se considerar mais importantes uns dos outros. O Documento 62 da CNBB diz assim: “Os ministros da sagrada comunhão, por exemplo, não são mais ministros que os catequistas ou que os agentes da pastoral da criança ou de outra pastoral”. (DOC. 62 número 91)

Todo ministério, qualquer que seja a função ou serviço que desempenha é uma ação eclesial. O mesmo documento 62 da CNBB reafirma que independente de qualquer autorização, o primeiro e irrenunciável mandato está no batismo: “Não se necessita designação ou reconhecimento algum para testemunhar a fé no mundo, para estar a serviço uns dos outros na Igreja, ou para um grande número de tarefas que contribuem para o anúncio do Evangelho e para a cosntrução do Corpo de Cristo”(DOC. 62 número 91).

Mesmo recebendo um envio, um mandato, uma carteirinha, qualquer que seja o sinal externo o que conta é o Batismo, como sinal eficaz da missão. Graça santificante, que faz a pessoa participante da herança do Filho. Depois vieram os outros sacramentos e os mandatos e os convites etc..., mas o fundamento está lá: no batismo.

A denominação “leigo” não parece ser a mais feliz, muitas vezes ela ganha uma conotação pejorativa no sentido de alguém que desconhece um determinado assunto ou nada tem a ver com uma situação em particular. Parece que a denominação mais prudente seria “cristão” que por força desta condição exerce alguma tarefa na instituição Igreja.

O Concílio Vaticano II, descreveu com muita propriedade a condição de todos dentro da Igreja e colocou no nível da adoção todos os batizados e que cada um desempenhe com competência aquilo que lhe diz respeito. Tendo presente que são todas tarefas e não dignidades.

É vivendo sua vida segundo Deus que o cristão procura o Reino, infelizmente vivemos num tempo em que o divórcio entre a vida e a fé professada toma proporções assustadoras. Isso vale para os membros da clero, como para os demais cristãos. Entre os exemplos que tomaram a mídia nacional está o caso recente dos políticos de Brasília.

Descuidar-se dos deveres temporais é o mesmo que descuidar-se do próprio Deus e consequentemente colocar em perigo a própria salvação. Um autentico ministro de qualquer serviço não pode furtar-se do empenho solidário para que todos vivam com dignidade e que os bens comuns sejam garantidos. Aqui entra toda a preocupação com a ética do bem comum, preocupação da Campanha da Fraternidade de 2010.

O texto base da CF deste ano cita uma frase de PIO XII “Bem comum é o conjunto de confições sociais que permitem e favorecem às pessoas o desenvlvimento integral da personalidade. A riqueza de uma nação não se mede por critérios quantitativos, mas pelo bem estar de um povo”. (Texto Base Cf 2010 número 4) O empenho para que esta situação aconteça encontra sustentação na fé que professamos.

E poderíamos elencar um sem número de responsabilidades que decorrem desta condição de ser cristãos, tais como o respeito pelos bens da natureza; o zelo pelo bem público; a ética nos negócios; o comportamento pessoal; a promoção da pessoa a valorização do sujeito independente da sua condição social; o acesso a educação e aos bens necessários para a vida. Etc...

A palavra economia, que tem sua origem num termo grego, significa cuidado com a casa e pede uma Igreja coerente com ministérios e serviços que se fundamentam no evangelho antes de se preocupar com os sinais de autoridade e poder haverá de buscar o exemplo nos discípulos de Jesus. A convivência fraterna e solidária das primeiras comunidades fazia o diferencial no império romano fundamentado na política fiscal. Nos atos dos apóstolos lemos: “A multidão daqueles que tinham abraçado a fé era um só coração e uma só alma e ninguém considerava como propriedade sua algum bem seu; pelo contrário punham tudo em comum”(At. 4,32)

Muitas vezes a Igreja dos nossos sonhos privatiza até o mandato que recebemos para o bem de todos. Rezamos o Pai nosso e participamos da reunião dos irmãos com ar de superioridade e soberba por conta de um distintivo ministerial. A igreja dos nossos sonhos foi descrita por diversos homens e mulheres em todas as épocas. A CF deste ano, que é também ecumênica, nos dá a seguinte lição:

“As pessoas de fé oram a Deus e voltam seu pensamento e sua ação para as condições dos pobres e desprotegidos, daqueles que são negligenciados ou maltratados pelos poderes dominantes na sociedade. Ambrósio, bispo de Milão, revoltado pela crescente concentração de terras, pregava que a terra pertence a todos e não apenas aos ricos. Basílio bispo de Cesareia , exortando a não acumular bens supérfluos, concluía; „quem acumula mais do que o necessário pratica o crime” (Basílio, séc. IV, comentário a Mateus 25, 31-46) (Citado no texto base da CF 2010 número 95).

Como compreender isso se até nos serviços da Igreja nós praticamos a exclusão e acumulação de responsabilidades e serviços sobrepondo-se aos demais. O documento de Aparecida apresenta esta preocupação na Igreja com a expressão:

“Lamentamos, seja algumas tentativas de voltar a um certo tipo de eclesiologia e espiritualidade contrárias à renovação do Concílio Vaticano II, seja algumas leituras a aplicações reducionistas da renovação conciliar; lamentamos a ausência de uma autêntica obediência e do exercício evangélico da autoridade, das infidelidades á doutrina, á moral e à comunhão, nossas débeis vivências da opção preferencial pelos pobres, não poucas recaídas secularizantes na vida consagrada influenciada por uma antropologia meramente sociológica e não evangélica. Tal como se manifestou o Santo Padre no discurso inaugural de nossa conferência: percebe-se um certo enfraquecimento da vida cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença á Igreja Católica”(Doc. Ap 100b).

A título de conclusão citamos a parábola que nos traz o texto base da CF 2010:
“Um príncipe foi salvo da morte por dois camponeses de aldeias próximas. Agradecido, deu a cada camponês um saco de sementes especiais, quase mágicas, que garantiriam grande produção. Muitos anos depois, já coroado rei, voltou às aldeias para ver o resultado de sua oferta. O primeiro camponês era agora rico, dono de uma grande fazenda, mas viva assustado, cercado de arame farpado e guardas, numa aldeia sem recursos, no meio da miséria dos vizinhos. A segunda aldeia ele quase não reconheceu. Era agora uma comunidade maravilhosa com boas escolas, estradas para escoar a produção, hospital, saneamento... uma beleza! É que o segundo camponês optou por partilhar com os vizinhos as magníficas sementes que recebera”(Texto Base CF 2010 126).

Estas duas aldeias muitas vezes são nossas Igrejas com seus serviços e ministérios!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

EDUCAR OU ENSINAR


Tanto o texto “Tendências pedagógicas” como a entrevista ambos do professor Eduardo Chaves apontam para uma diferenciação que não é nova na arte de aprender.

O conceito Ensinar, e no caso a distância, se aproxima muito do que Paulo Freire chama de “depositar no aprendente”, quase como uma espécie de transmitir saberes. A diferença neste caso é que ensinar a distância se torna ainda mais complicado do que ensinar presencial.

No primeiro caso a transmissão se dá como mera informação que o outro acaba assimilando sem nenhuma forma de interatividade situação que torna o aprendizado ainda mais complicado. Ao conceituar o que ele chama de megatendências na educação é possível aplicar “Ns” reflexões sobre esta situação que está há longa distância do processo de educar.

O filme “Escritores da liberdade” mostra com bastante clareza como também na educação presencial é possível educar, indo muito além do que ensinar. Neste caso o primeiro processo supõe interatividade e conhecimento da realidade sociológica do educando. Entretanto, quando o processo de ensino é a distância fica muito mais difícil a interação, uma vez que o “ensinante” não conhece e nem tem como conhecer a situação concreta do “aprendente”.

Diria então que na educação presencial ainda é possível ensinar e isto poderá produzir também educação, embora, num ritmo muito mais lento e trabalhoso. Ao passo que a distância só existe a possibilidade de educar o que naturalmente também ensina. É isso que o professor Eduardo Chaves parece querer dizer quando fala que não basta disponibilizar textos na internet ou perguntas para serem respondidas.

Do educador a distância se exige, ou pelo menos, se espera que se torne um animador da inteligência coletiva. Sua atividade será o acompanhamento da gestão da aprendizagem, o incitamento à troca de saberes.

A educação a distancia consiste numa mediação facilitadora, articuladora, instigadora do processo reflexivo e crítico. Isso será muito mais do que transmissão de saberes, por mais que se faça uso das tecnologias da informação. É isso que Eduardo Chaves chama de “Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais”.

Reinterpretar Paulo Freire e outros educadores que seguem sua linha de pensamento (no tempo da internet) exige compreender que o espaço físico não é o elemento decisivo de um modelo pedagógico de aprendizagem. Mas o que transforma o ensino em educação é a interatividade entre os diversos envolvidos no processo.

Achei muito feliz a comparação que o professor em questão fez do método socrático de aprender e da relação que ele faz com o advento da internet e o surgimento da escrita. Sem sombra de dúvida a preocupação de Sócrates, que mesmo tendo clareza do papel do educador na condição de “parteira” do conhecimento. Ele tinha dificuldades de aceitar a escrita no processo pedagógico hoje muitos bons educadores encontram dificuldade de ver o advento da interatividade por meio da mídia eletrônica.

No filme “Escritores da liberdade” a recém-formada professora de gramática e literatura está convencida que basta “fazer a sua parte”. Aos poucos percebe que esta atitude é muito mais ampla do que fazer conhecer regras e normas e começa a se desafiar a “fazer bem a sua parte”.

Em se tratando de educação a distância o professor somente fará BEM sua parte na medida em que os educandos foram motivados a interagir no processo. Aproveitar as distintas capacidades das pessoas é um desafio para toda a educação e muito mais necessária para Educação a distância.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 14 DE FEVEREIRO 2010

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Jeremias 17,5-8; Sl 1;
1Coríntios 15,12.16-20; Lucas 6, 17.20-26.


Uma das coisas bonitas e necessárias para o ser humano é a liberdade. Fazemos todos os esforços para que o exercício deste valor não seja, por nada, desperdiçado. Por outro lado também temos medo da liberdade, muitas vezes ela se apresenta como um risco que precisamos correr exatamente porque ela nos dá opções de escolha. E naturalmente quando fazemos escolhas temos o dever de arcar com as consequências das escolhas que fazemos.

É sobre esta situação que a liturgia deste domingo nos convida a refletir e fazendo uso da liberdade fazer nossas opções. Assim Lucas apresenta a narrativa das bem aventuranças. Jesus conclama seus seguidores e a multidão de amigos a tomar atitudes e estas podem levar à felicidade ou a infelicidade. Ele fala para uma legião de pessoas livres e responsáveis por isso mesmo em condições de produzir frutos de acordo com a decisão que cada um irá tomar.

Já na primeira leitura o Profeta Jeremias parece apontar que as escolhas merecerão prêmio ou castigo e que estes serão dado por Deus. Em todo o caso de uma coisa parece que o profeta está convencido e convida a agir: Não ter medo de confiar no Senhor e não ter medo de produzir frutos. O resultado dessa exortação aparece na oração do salmo que também rezamos: Felicidade e desgraça é resultado das decisões que tomamos.

E São Paulo aponta para a única e verdadeira escolha da qual não podemos prescindir: Acreditar na ressurreição de Cristo. Somente esta verdade propiciará felicidade do contrário a carta de Paulo afirma: Somos os mais infelizes de todos os homens.

Para aplicar a mensagem das três leituras no nosso dia a dia, lembro-me de uma canção do padre Zezinho cuja letra é mais ou menos assim: “Num mundo de mil verdades e milhões de mentirinhas também quero ter a minha que nasceu da minha fé. A Humanidade caminha para Belém e Nazaré”.

Neste domingo que antecede o carnaval, peçamos a graça de fazer bom uso da liberdade também em relação aos festejos carnavalescos a fim de alcançar o resultado que esperamos. Vale aprender a recomendação de São Paulo: “Tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. Que saibamos, pois escolher a Cristo e a sua verdade para que sejamos felizes de verdade.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

JOGAR E PENSAR: ARTE DE FILOSOFAR

JOGO DO TANGRAM – Exercício de pensar!


Atividade realizada na semana
de 08 a 13 de fevereiro 2010



O jogo em forma de quebra cabeça cuja combinação permite a formação de um sem número de figuras e imagens exige exercício de Raciocinio. Na situação em questão, o jogo foi usado pelo professor de Filosofia da Escola Paulo Leminski, para os alunos dos 2° anos A,B,e C; 3° anos A,B,e C do ensino médio em blocos.

A motivação para o jogo exigia que os alunos organizados em grupos pudessem fazer a distinção entre trabalho em equipe, Euquipe e grupo*. Organizados em cinco grupos, quatro deles receberam uma combinação do jogo e um grupo fez a tarefa de observação participante.

Ao final da experiência todos os grupos apresentaram relatos da atividade a partir da frase motivadora: “Filosofia - arte de pensar colocando ordem na desordem”. O resultado do trabalho aparece a seguir nos comentários realizados pelos próprios educandos.

*Equipe – grupo organizado que executa uma tarefa de modo corresponsável, em geral dirigida por um cordenador e que visa o bom êxito da tarefa como resultado coletivo (Ex. Seleção Brasileira de Futebol dirigida pelo técnico com o seu respectivo corpo administrativo e capitão do time).

*Grupo – distintas pessoas que trabalham juntas, mas sem organização nem cordenação. O grupo não, necessariamente visa o bem coletivo. Alias, muitas vezes num grupo os diversos participantes lutam entre si. (Ex. BBB 10).

*EUquipe – grupo de pessoas que embora reunidas uma única pessoa, as pessoas agem individualmente cada uma mostrando as suas próprias habilidades em detrimento das demais. Este modo de trabalhar é bastante próximo do que chamamos de grupo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FILOSOFANDO...II

O MITO DA CAVERNA


Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.


Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.

Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.

Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que sai da caverna? O filosofo. O que é a luz do sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.

Imaginem agora humanos que passaram anos e anos a viver vidas banais e esforçadas e que a dada altura são internados em cavernas completamente cheias de outros que como eles chegaram aos dias do fim das suas forças. Fragilizados, velhos e abandonados é-lhes dada todos os dias daí em diante a vida que os gestores das cavernas quiserem. Por razões que apenas os gestores conhecem. Em pouco tempo, certamente, os humanos internados nas cavernas, regridem até à impotência total, ao total abandono, ao desespero, e, certamente, tenderão a acreditar que aquela existência é que é a vida.


Platão referia-se aos seus contemporâneos, com suas crenças e superstições. O filósofo era qual um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não seria compreendido e seria como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptíveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.
A alegoria da Caverna é seguramente o texto mais conhecido de Platão e um dos mais comentados em toda a história da Filosofia, o que releva a enorme riqueza das questões que coloca. Este fato ensina-nos uma outra coisa muito importante: quando as questões filosóficas são relevantes, nunca estão encerradas. Há sempre novas perspectivas para analisar.

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O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense?). Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.

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"A caverna corresponde ao mundo do visível e o Sol é o fogo cuja luz se projeta dentro dela. A ascensão para o alto e a contemplação do mundo superior é o símbolo do caminho da alma em direção ao mundo inteligível. É com a sua "esperança" pessoal que Sócrates (...) apresenta isto. (...). O conceito de esperança é aqui empregado com especial referência à expectativa que o iniciado nos mistérios experimenta em relação ao além. A ideia da passagem do terrestre à outra vida é aqui transladada à passagem da alma do reino visível ao reino invisível. O conhecimento do verdadeiro Ser representa ainda a passagem do temporal ao eterno. A última coisa que na região do conhecimento puro a alma aprende a ver, "com esforço", é a ideia do Bem. Mas, uma vez que aprende a vê-la, necessariamente tem de chegar à conclusão de que esta ideia é a causa de tudo quanto no mundo existe de belo e de justo, e de que forçosamente a deve ter contemplado quem quiser agir racionalmente tanto na vida privada como na pública." (...)
A alegoria da caverna é "uma alegoria da paideia (cultura). (...) Uma alegoria da natureza humana e da sua atitude perante a cultura e a incultura".

Com esta história Platão quer mostrar para todos nós que devemos aprender a raciocinar por nós mesmos, e não pensar apenas sobre o que querem que pensemos, e que é preciso aprender a ver não só o que as pessoas que tem o poder nos mostram, mas ver além das coisas concretas. Os homens que não queriam sair da caverna somos nós que não estamos dispostos a pensar, porque já estamos acomodados a esta vida medíocre que levamos, acostumados a ver somente o que os donos do poder nos mostram e acreditando que somente aquilo é verdadeiro que somente eles estão certos, e que nós não precisamos pensar porque já tem quem o faça por nós. Então somos convidados a sair da caverna para ver a realidade e deixarmos de ser submissos a estes tais donos do poder. Agora só depende de cada um para acordar para esta realidade e aprendermos a pensar, não sobre o que querem que pensemos e sim que descubramos o verdadeiro mundo que existe e nós não conhecemos.


Sendo um dos mitos mais conhecidos, pode, ainda hoje, se perceber que é uma ação atual a que aconteceu lá. O homem que saiu da caverna, não tinha que ser propriamente um filósofo, poderia ser também uma pessoa mais esclarecida. Qualquer pessoa poderia sair da caverna, mas para que mudar sua rotina? É muito mais fácil continuar na ignorância do que ter mais trabalho para fazer uma mudança radical.

Como exemplo, temos uma coisa bem atual: As eleições, na verdade, a política em si. É bem mais fácil você pensar que tudo o que lhe é passado pela TV é verdade, do que pesquisar e procurar saber o que realmente foi feito, se é boa aquela mudança para o governo ou para a sociedade, se os impostos que você paga estão sendo usados em boas coisas etc. Isso quer dizer que você não saiu da caverna, que prefere ser ignorante nesse assunto.

Não se pode culpar quem não quer mudar, é muito mais cômodo e te causa bem menos preocupações. Como quando se é criança, você não se preocupa com nada. É só crescer mais um pouco e já começam os vários problemas. Amor, família, amigos, estudo, responsabilidades mil... Como todos acham que já é difícil a vida só com isso, imagine então a vida fora da caverna, onde você não pode mais ficar se enganando...


A Alegoria da Caverna se refere a vida, pois se pensarmos bem veremos que a caverna nada mais é do que o mundo em que nós, seres humanos, vivemos, as sombras são as idéias impostas como únicas,o prisioneiro que se liberta é o filósofo, que se ofusca com a luz do sol que representa a realidade. Todos esses elementos estão presentes na vida, pois tudo é imposto e influenciado de uma maneira ou de outra. Por já convivermos com isso muito tempo é quase impossível se conhecer a realidade, ter idéias próprias. Infelizmente, a maioria da sociedade é influenciada em seus hábitos, gostos, atos e em tantos outros setores. Isso causa total falta de personalidade e ignorância, pois a verdade nos é roubada por pessoas egoístas que só vêem o seu próprio bem. Um exemplo disso é a televisão, que é um meio de comunicação bastante popular que mesmo sem perceber nos influencia a seguir a tendências que são interessantes e rendam lucros para ela. O primeiro passo para nos tornarmos o prisioneiro que se liberta da caverna é termos consciência de que várias idéias nos são impostas incansavelmente todos os dias, tentar saber o que realmente queremos, somos, gostamos.Talvez a grande dificuldade seja ter consciência desta imposição, mas após termos é necessário vencer o desafio de descobrir a verdadeira realidade pois só assim a felicidade será alcançada.


O mito da caverna, nos faz refletir sobre a vida, Platão queria nos consciencializar de que não devemos dar valor apenas as coisas terrenas (coisas materiais), e sim que procurássemos nos libertar do que nos foi imposto, como por exemplo: a televisão que é um dos fatores mais intensos de “cavernismo” que consiste em um fato que é apresentado na TV, e após algumas visões já passa a ser imitado no dia a dia, a moda também é um produto muito divulgado pela televisão, nos tornando escravos do que a mídia quer que utilizemos.

Outro exemplo disso, é o que os governantes nos fazem; não dando estudo para seus futuros eleitores que acabarão desempregados ou com empregos de pouca renda, sendo completamente dependentes de promessas políticas que no final acabam não sendo cumpridas, como os de casa própria, saneamento básico, água encanada, direitos de todo cidadão, exemplo maior disso se encontra no nordeste onde estudiosos já concluíram que existem muitos lençóis freáticos , mais para eles não é conveniente que os canalizem pois assim estarão perdendo os eleitores, porque os eleitores estarão satisfeitos , com isso não poderão ser subornados, já tendo o que mais querem que é a água. Os políticos estão assim até os dias atuais nos tratando como marionetes, nos deixando cada vez mais aprisionados no fundo de uma caverna.

Para nos livrarmos disso o primeiro passo é nos consciencializarmos que isso tudo está acontecendo. Isto já acontece com algumas pessoas. Porém, não sabem como colocar em prática, mas só os verdadeiros filósofos conseguem pensar e agir de maneira correta. Para nós é um grande desafio nos libertarmos da barreira que é sairmos da caverna em que vivemos.


FILOSOFANDO...

QUEM É O SER HUMANO?


  1. Um individuo em busca de si mesmo. Com perguntas do tipo: de onde vim, para onde vou, qual a razão da minha existência. Etc... Em resumo o ser humano é um Ser em busca de si mesmo. Quer sempre saber mais sobre si mesmo. Esta realidade o diferencia dos outros animais. O ser humano possuiu uma inteligência abstrata, isto é, capaz de compreender as coisas imaginando o que seja a verdade, criando e recriando novas explicações.

  2. Esta realidade sempre fez parte da existência. Entre os sábios da Grécia Antiga, cerca de 600 anos antes de Cristo, os estudiosos queriam encontrar uma razão para a existência e para o conhecimento. Alias, está é uma resposta, que talvez nunca tenhamos em plenitude.

  3. Lá, distanciando-nos mais ou menos 2.600 anos da nossa era, um indivíduo de nome Platão procurar explicar a questão do conhecimento com um mito, uma espécie de metáfora do conhecer. Este filósofo explicou a sede de conhecer com uma comparação conhecida como o Mito da Caverna.

  4. O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

  5. Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptíveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.
    A alegoria da Caverna é seguramente o texto mais conhecido de Platão e um dos mais comentados em toda a história da Filosofia, o que releva a enorme riqueza das questões que coloca. Este fato ensina-nos uma outra coisa muito importante: quando as questões filosóficas são relevantes, nunca estão encerradas. Há sempre novas perspectivas para analisar.

  6. Para compreender o mito da caverna, é preciso antes e acima de tudo estar convencido que a verdade plena continua sendo inacessível. Em outras palavras o ser humano estará sempre em busca do conhecimento e quanto mais ele procura mais se dará conta que ainda tem muito que saber. Basicamente, esta realidade já tinha sido definida por Sócrates com a célebre expressão: “Só sei que nada sei”. E ainda do mesmo Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

  7. O mito pode ser contado mais ou menos assim: Imaginemos uma caverna na qual uma pequena multidão de pessoas está acorrentada ao fundo não tendo condições de olhar para fora e nem tão pouco de mover-se em direção à entrada da caverna. Por uma réstia de luz que luz que alcança o fundo da caverna os acorrentados conseguem ver sombras do que acontece lá fora. Isto que eles vêem não é a verdade, como dissemos é apenas uma sombra, ou uma pequena imagem do que será a verdade. Em resumo o conhecimento é apenas alcançado pela idéia que dele temos, nunca teremos a posse do conhecimento pleno.

  8. Poderá acontecer que alguém dos presidiários consiga se desvencilhar das correntes e possa sair em direção à entrada da caverna este será ridicularizado pelos colegas, os quais imaginarão que se trata de um delírio e até de uma ameaça à sua realidade. Tanto quanto possível ele poderá até ser morto ou simplesmente ignorado pelos seus companheiros de outrora.

  9. Este individuo é o que chamamos de Filósofo. É este quem não se conforma com o saber que já adquiriu ele quer sempre conhecer mais. Se quisermos transportar o mito da caverna para os nossos dias diríamos que são os conhecimentos que já temos e com o quais nos contentamos ou deixamos de nos conformar.

  10. Às vezes nos limitamos ao saber e às informações que recebemos da Televisão, dos políticos, da própria escola, da sociedade com a qual convivemos e assim por diante. E muitas vezes quando pensamos em sair ou questionar estas realidades acabamos sendo ridicularizados e até perseguidos por quem, de algum modo, detém o saber e as informações.

  11. Em resumo podemos responder ao mito com as seguintes perguntas:
    O que é a caverna? O mundo em que vivemos.
    Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.
    Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo.
    O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.
    O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade.
    Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética,
    O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia.

  12. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense?). Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro. O que é a Caverna? Uma alegoria da natureza humana e da sua atitude perante a cultura e a incultura.

  13. Para nós é um grande desafio nos libertarmos da barreira que é sairmos da caverna em que vivemos. O mito da caverna nos faz refletir sobre a vida, Platão queria nos consciencializar de que não devemos dar valor apenas as coisas terrenas (coisas materiais), e sim que procurássemos nos libertar do que nos foi imposto, como por exemplo: a televisão que é um dos fatores mais intensos de “cavernismo” que consiste em um fato que é apresentado na TV, e após algumas visões já passa a ser imitado no dia a dia, a moda também é um produto muito divulgado pela televisão, nos tornando escravos do que a mídia quer que utilizemos.

  14. É isto que chamamos de policidadania aproximando a arte de aprender da compreensão platônica: “propiciar a saída da obscuridade para romper a luz, romper cadeias da ignorância e das paixões que escravizam e impedem de viver a vida com lucidez e liberdade.”

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LONGE DOS OLHOS, PERTO DO CORAÇÃO...

O axioma, de domínio popular, me parece ser aplicável para tratar da Educação e da Educação a Distância. No texto que faz parte da bibliografia para o curso de tutoria online do SENACPR, proposto pelas Educadoras Laura Coutinho e Heloísa Padilha, são apresentados fundamentos para o tema a partir de distintas ciências.

Permito-me afirmar que sob todos os pontos de vista a Educação tem sempre como sujeito o destinatário, o educando, esteja este onde estiver. É daí que podemos afirmar que quando o outro não aprende não se pode dizer que houve educação. Esta verdade já fazia parte do conceito de educação na antiguidade. Em Platão e Santo Tomás de Aquino já temos a compreensão da educação como a condição para que o ser humano se realize na sua plenitude, isto é, das mãos do educador sai o ser humano na sua inteireza.

Com base nisto quero reafirmar a ideia implícita no axioma de abertura desta reflexão: Ou o sujeito da educação, da aprendizagem, interage com o educador ou não participa do processo e consequentemente não aprende.

A Filosofia, e as outras ciências que servem de fundamento para o texto em questão tratam sempre do educando a partir desta ótica. Alias não poderia ser diferente, sob o ponto de vista da filosofia é imprescindível pensar educação sem perguntar os porquês e, sobretudo porque ou o que leva o educando a aprender ou deixar de aprender. Esta realidade implica em interatividade, proximidade que não será necessariamente física.

Já a psicologia se debruça sobre o indivíduo a partir dos processos particulares e até internos de cada educando. Há de se convir que não exista educação para o sujeito isolado, posto que nenhum homem seja uma ilha, nem tampouco vive alheio a situação concreta do mundo que o cerca. A psicologia trata do educando como um indivíduo que integra e que se integra no conjunto da coletividade. E a isto se pode afirmar como sendo parte do campo próprio da sociologia na sua relação com a psicologia e a filosofia.

No complexo mundo da interatividade e da conectividade de cada individuo com os outros da sua espécie desponta a antropologia. O ser humano aprende e ensina no respeito às diversidades e particularidades de cada um dos que com ele convivem com ampla liberdade e necessidade de complementaridade.

Todo esse processo se realiza na história. Posto que tanto a educação, quanto a sociedade e o ser humano inserido nelas vivem num tempo na mesma proporção que constroem o tempo, fazem história e a pontuam com suas realizações.

Dito isto, mais um vez, é necessário afirmar que a interatividade é uma condição “sine qua”, para que educação aconteça. Interatividade não significa outra coisa se não proximidade que não necessariamente será restrita a proximidade física. A isto chamo de “perto do coração”.

É precisamente no “perto do coração” que se situa educação a distância. As duas autoras, na entrevista sugerida para a reflexão, tratam do elemento a distância muito mais do que sob o ponto de vista da conectividade com o virtual. Fazendo um passeio pela memória trazem à tona a questão das “tarefas de casa”. Atividade bastante comum na educação tradicional até os dias de hoje. A novidade da educação a distância é que estas atividades já não serão realizadas “longe” do professor, mas em estreita relação com ele mediante as tecnologias de informação e comunicação.

Este modo de fazer educação é muito mais interativo do que muitas vezes a presença física do educando enquanto sua mente viaja para universos imaginários desligando-se do processo de realimentação que a condição exige.

A realidade de desconectividade, muitas vezes presente na educação presencial, tem muito menor chance de se dar na educação a distância, considerando que nesta última o educando necessita de um esforço pessoal para não perder o "fio condutor" das apresentações e reflexões.
O texto e as entrevistas enfocam a mesma realidade: Educação a distância é o que se pode chamar “perto do coração” e, portanto muito eficiente no que se refere processo de interatividade. Na educação não presencial ocorre, em igual ou maior densidade, o que se pode chamar de construção do consenso por meio das tecnologias e com a mediação do tutor que faz o papel de provocador, isto é daquele que estimula o diálogo sem o qual não pode existir educação.