segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FILOSOFANDO...

QUEM É O SER HUMANO?


  1. Um individuo em busca de si mesmo. Com perguntas do tipo: de onde vim, para onde vou, qual a razão da minha existência. Etc... Em resumo o ser humano é um Ser em busca de si mesmo. Quer sempre saber mais sobre si mesmo. Esta realidade o diferencia dos outros animais. O ser humano possuiu uma inteligência abstrata, isto é, capaz de compreender as coisas imaginando o que seja a verdade, criando e recriando novas explicações.

  2. Esta realidade sempre fez parte da existência. Entre os sábios da Grécia Antiga, cerca de 600 anos antes de Cristo, os estudiosos queriam encontrar uma razão para a existência e para o conhecimento. Alias, está é uma resposta, que talvez nunca tenhamos em plenitude.

  3. Lá, distanciando-nos mais ou menos 2.600 anos da nossa era, um indivíduo de nome Platão procurar explicar a questão do conhecimento com um mito, uma espécie de metáfora do conhecer. Este filósofo explicou a sede de conhecer com uma comparação conhecida como o Mito da Caverna.

  4. O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

  5. Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptíveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.
    A alegoria da Caverna é seguramente o texto mais conhecido de Platão e um dos mais comentados em toda a história da Filosofia, o que releva a enorme riqueza das questões que coloca. Este fato ensina-nos uma outra coisa muito importante: quando as questões filosóficas são relevantes, nunca estão encerradas. Há sempre novas perspectivas para analisar.

  6. Para compreender o mito da caverna, é preciso antes e acima de tudo estar convencido que a verdade plena continua sendo inacessível. Em outras palavras o ser humano estará sempre em busca do conhecimento e quanto mais ele procura mais se dará conta que ainda tem muito que saber. Basicamente, esta realidade já tinha sido definida por Sócrates com a célebre expressão: “Só sei que nada sei”. E ainda do mesmo Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

  7. O mito pode ser contado mais ou menos assim: Imaginemos uma caverna na qual uma pequena multidão de pessoas está acorrentada ao fundo não tendo condições de olhar para fora e nem tão pouco de mover-se em direção à entrada da caverna. Por uma réstia de luz que luz que alcança o fundo da caverna os acorrentados conseguem ver sombras do que acontece lá fora. Isto que eles vêem não é a verdade, como dissemos é apenas uma sombra, ou uma pequena imagem do que será a verdade. Em resumo o conhecimento é apenas alcançado pela idéia que dele temos, nunca teremos a posse do conhecimento pleno.

  8. Poderá acontecer que alguém dos presidiários consiga se desvencilhar das correntes e possa sair em direção à entrada da caverna este será ridicularizado pelos colegas, os quais imaginarão que se trata de um delírio e até de uma ameaça à sua realidade. Tanto quanto possível ele poderá até ser morto ou simplesmente ignorado pelos seus companheiros de outrora.

  9. Este individuo é o que chamamos de Filósofo. É este quem não se conforma com o saber que já adquiriu ele quer sempre conhecer mais. Se quisermos transportar o mito da caverna para os nossos dias diríamos que são os conhecimentos que já temos e com o quais nos contentamos ou deixamos de nos conformar.

  10. Às vezes nos limitamos ao saber e às informações que recebemos da Televisão, dos políticos, da própria escola, da sociedade com a qual convivemos e assim por diante. E muitas vezes quando pensamos em sair ou questionar estas realidades acabamos sendo ridicularizados e até perseguidos por quem, de algum modo, detém o saber e as informações.

  11. Em resumo podemos responder ao mito com as seguintes perguntas:
    O que é a caverna? O mundo em que vivemos.
    Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.
    Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo.
    O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.
    O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade.
    Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética,
    O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia.

  12. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense?). Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro. O que é a Caverna? Uma alegoria da natureza humana e da sua atitude perante a cultura e a incultura.

  13. Para nós é um grande desafio nos libertarmos da barreira que é sairmos da caverna em que vivemos. O mito da caverna nos faz refletir sobre a vida, Platão queria nos consciencializar de que não devemos dar valor apenas as coisas terrenas (coisas materiais), e sim que procurássemos nos libertar do que nos foi imposto, como por exemplo: a televisão que é um dos fatores mais intensos de “cavernismo” que consiste em um fato que é apresentado na TV, e após algumas visões já passa a ser imitado no dia a dia, a moda também é um produto muito divulgado pela televisão, nos tornando escravos do que a mídia quer que utilizemos.

  14. É isto que chamamos de policidadania aproximando a arte de aprender da compreensão platônica: “propiciar a saída da obscuridade para romper a luz, romper cadeias da ignorância e das paixões que escravizam e impedem de viver a vida com lucidez e liberdade.”

Um comentário:

  1. Disponho pouco tempo para leitura, e acho um pecado imperdoavel, mas quando leio alguma coisa procuro tirar bom proveito desta leitura mas,,, hoje fiquei maravilhado com esse texto. Parabens Pe Elcio. Luis Bastos

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