domingo, 28 de março de 2010

HOMILIA PARA O DIA 28 DE MARÇO 2010


DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR




Leituras: Lucas 19,28-40 (Bênção dos Ramos); Isaias 50,4-7;
Salmo 21(22); Filipenses 2, 6-11; Lucas 23,1-49. (Versão breve)




Todos estamos convencidos que o tempo da quaresma ganha pleno sentido na medida em que é relacionado com a Páscoa e a transformação que esta solenidade faz acontecer.



De domingo a domingo fomos caminhando com Jesus e enfim chegamos com Ele em Jerusalém. Reunidos, celebramos a Páscoa de Jesus revivendo os momentos derradeiros de sua entrega ao Pai em vista da nossa salvação.



Com a celebração dos Ramos encerramos também a Campanha da Fraternidade, que neste ano, reuniu diversas Igrejas com a mesma motivação: cultivar o sentimento de solidariedade e corresponsabilidade para um mundo mais humano e menos desigual.


A longa liturgia da palavra na celebração de hoje começa narrando a entrada solene de Jesus em Jerusalém. Não obstante o aspecto festivo que os conterrâneos e amigos de Jesus se encarregam de fazer, Ele entra montado num jumentinho cumprindo assim o que o profeta anunciou na primeira leitura: “Rei messiânico, humilde e pacífico”. Sua atitude é típica daquele que veio para servir e não se servir do poder.


A entrada na cidade santa culmina todo o caminhar de Jesus e suas ações nos três anos que ensinou e se fez conhecer por toda a região. Suas palavras são confirmadas por seu jeito de ser: “sinal do Reino de Deus”. Isto é, Ele é um Rei diferente. A religião que ele pregou, longe de ritualismos vazios e leis inumeráveis, é fundada no espírito de na verdade.


Nos dias que se sucedem ao domingo festivo de Ramos Ele experimenta seus últimos momentos de tentação e de sujeição à fragilidade humana. Poderia ter desistido de tudo, servindo-se da popularidade provocar reação violenta. Entretanto confirma a razão da sua missão: “Pai não seja feita a minha, mas a sua vontade”.


Tal qual Jesus, na condição de cristãos, seguidores do seu projeto e do seu ensinamento somos desafiados a tomar a mesma atitude. A quaresma foi um tempo de preparação e a Páscoa, para onde caminhamos, é a confirmação da nossa aceitação. Também nós poderemos fazer como Jesus: “Pai, contudo, não seja feita a minha, mas a sua vontade”.


Nós começamos a quaresma e cantamos todos os domingos na abertura das nossas celebrações a expressão de Jesus: “Deixai-vos reconciliar com Deus”. Peçamos, hoje de novo, a graça de aceitar e experimentar esta força reconciliadora da Páscoa de Jesus que, conforme rezamos na missa de hoje diz: “Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

COMENTÁRIOS, APLICAÇÕES E CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTIGO AS PESQUISAS DENOMINADAS DO TIPO
“ESTADO DA ARTE” EM EDUCAÇÃO



Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n.19, p.37-50, set./dez. 2006.

Joana Paulin Romanowski; Romilda Teodora Ens



"Na área de formação de professores os estudos realizados apontam a ampliação na última década do interesse pelo tema." Esta afirmação das autoras encontra plena guarida no que se refere ao tema que escolhemos para nossa dissertação. Aliás a preocupação com a formação docente nas suas mais diversas vertentes parece que foi contemplada por Cristóvão Buarque, no lançamento do programa nacional de certificação de professores (2006). Na ocasião o então ministro da educação declarou que a "Formação de professores exige investimentos na cabeça, no coração e no bolso dos educadores".

Nosso trabalho se encaixa no grupo de pesquisa Paradigmas Educacionais e Formação de Professores enfocando a questão da Formação de Professores no Contexto da Metamorfose Civilizatória Contemporânea. Decidimos tratar da mística na formação docente. Com o título: Mistagogia na formação do docente, queremos ir na direção de provocar o interesse pelo que se denomina investimentos no coração.

"Parece que o interesse pelos temas educacionais não tem sido suficiente para que mudanças significativas
ocorram nos espaços de formação, sejam escolares ou não escolares." Esta afirmação bastante acentuada no texto que estamos comentando é mais uma razão que serve de sustentação para nossa investigação. Vamos insistir na questão que não se trata simplesmente de assimilar ou repassar conteúdos técnicos mas provocar mudanças significativas na questão da formação docente.

Considerando a dificuldade apresentada pelas autoras para produzir um "estado da arte" no que se refere ao tema em questão, levamos em consideração o que a expressão quer significar na origem do termo: "tem por objetivo realizar levantamentos do que se conhece sobre um determinado assunto a partir de pesquisas realizadas em uma determinada área."Embora tenhamos nos limitado a considerar pesquisas realizadas no limite da PUCPR, decidimos nos embrenhar nesta direção considerando que o tema, conforme delimitamos, não se encontra em nenhum trabalho desta instituição.

Nossa preocupação visa colaborar para que a questão da formação supere a dicotomia teoria X práxis. Conforme afirmam as autoras do texto: "Em um estado da arte está presente a possibilidade de contribuir com a teoria e prática” de uma área do conhecimento."

Tratar da mistagogia na formação do docente exige dar atenção para uma temática que está quase que totalmente silenciada e que no entanto é intrínseca ao cotidiano do educador, tanto mais nestes tempos em que as questões éticas e de valorização da vida sob a forma de sustentabilidade são cada vez mais consideradas como preocupações pertinentes.

A problemática se enquadra no eixo formação continuada para o qual o artigo constata que apenas 26% dos trabalhos parecem se direcionar. A definição da nossa linha de pesquisa não seguiu o rigor dos 8 procedimentos indicados por Romanowski, conforme citado no artigo, mas é resultado de uma pesquisa que leva em conta a necessidade de "investimentos no coração." Por essa afirmação queremos insistir que não se trata apenas de políticas educacionais ou de questões curriculares, mas que o tema da "Mística" precisa perpassar todas as inciativas de formação de docentes.

Parece-nos oportuno desejar que nossa preocupação venha, em algum tempo, fazer parte das pesquisas de "estado da arte" como eixo integrador entre teoria e prática ou se quiser qualificar de "cotidiano do educador".
COMENTÁRIOS, APLICAÇÕES E CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTIGO AS PESQUISAS DENOMINADAS DO TIPO
“ESTADO DA ARTE” EM EDUCAÇÃO



Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n.19, p.37-50, set./dez. 2006.

Joana Paulin Romanowski; Romilda Teodora Ens



"Na área de formação de professores os estudos realizados apontam a ampliação na última década do interesse pelo tema." Esta afirmação das autoras encontra plena guarida no que se refere ao tema que escolhemos para nossa dissertação. Aliás a preocupação com a formação docente nas suas mais diversas vertentes parece que foi contemplada por Cristóvão Buarque, no lançamento do programa nacional de certificação de professores (2006). Na ocasião o então ministro da educação declarou que a "Formação de professores exige investimentos na cabeça, no coração e no bolso dos educadores".

Nosso trabalho se encaixa no grupo de pesquisa Paradigmas Educacionais e Formação de Professores enfocando a questão da Formação de Professores no Contexto da Metamorfose Civilizatória Contemporânea. Decidimos tratar da mística na formação docente. Com o título: Mistagogia na formação do docente, queremos ir na direção de provocar o interesse pelo que se denomina investimentos no coração.

"Parece que o interesse pelos temas educacionais não tem sido suficiente para que mudanças significativas
ocorram nos espaços de formação, sejam escolares ou não escolares." Esta afirmação bastante acentuada no texto que estamos comentando é mais uma razão que serve de sustentação para nossa investigação. Vamos insistir na questão que não se trata simplesmente de assimilar ou repassar conteúdos técnicos mas provocar mudanças significativas na questão da formação docente.

Considerando a dificuldade apresentada pelas autoras para produzir um "estado da arte" no que se refere ao tema em questão, levamos em consideração o que a expressão quer significar na origem do termo: "tem por objetivo realizar levantamentos do que se conhece sobre um determinado assunto a partir de pesquisas realizadas em uma determinada área."Embora tenhamos nos limitado a considerar pesquisas realizadas no limite da PUCPR, decidimos nos embrenhar nesta direção considerando que o tema, conforme delimitamos, não se encontra em nenhum trabalho desta instituição.

Nossa preocupação visa colaborar para que a questão da formação supere a dicotomia teoria X práxis. Conforme afirmam as autoras do texto: "Em um estado da arte está presente a possibilidade de contribuir com a teoria e prática” de uma área do conhecimento."

Tratar da mistagogia na formação do docente exige dar atenção para uma temática que está quase que totalmente silenciada e que no entanto é intrínseca ao cotidiano do educador, tanto mais nestes tempos em que as questões éticas e de valorização da vida sob a forma de sustentabilidade são cada vez mais consideradas como preocupações pertinentes.

A problemática se enquadra no eixo formação continuada para o qual o artigo constata que apenas 26% dos trabalhos parecem se direcionar. A definição da nossa linha de pesquisa não seguiu o rigor dos 8 procedimentos indicados por Romanowski, conforme citado no artigo, mas é resultado de uma pesquisa que leva em conta a necessidade de "investimentos no coração." Por essa afirmação queremos insistir que não se trata apenas de políticas educacionais ou de questões curriculares, mas que o tema da "Mística" precisa perpassar todas as inciativas de formação de docentes.

Parece-nos oportuno desejar que nossa preocupação venha, em algum tempo, fazer parte das pesquisas de "estado da arte" como eixo integrador entre teoria e prática ou se quiser qualificar de "cotidiano do educador".

terça-feira, 16 de março de 2010

PROFESSOR UM TRABALHADOR...

COMENTÁRIOS E OBSERVAÇÕES AO TEXTO :
O PROFESSOR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA:
UM TRABALHADOR DA CONTRADIÇÃO




Bernard Charlot
Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade,
Salvador, v. 17, n. 30, p. 17-31, jul./dez. 2008 17


No texto em questão o autor argumenta sobre a necessidade de definir a missão do professor e da escola em meio às contradições. Para isso ele começa desmistificando o que chamamos de contradições da escola e da profissão e ajudando a perceber que estas são contradições da sociedade como um todo e que por consequencia a escola não estaria imune delas, posto que aí esteja inserida.

Fica bastante clara na posição do autor que os “problemas” na escola não podem ser tratados apenas sob o ponto de vista do pedagógico. Esta afirmação fazemos questão de transcrevê-la textualmente: “As contradições relativas à escola são contradições sociais a respeito da escola e não contradições dentro da escola”.

E a partir desta convicção ele faz uma longa fundamentação sobre o papel social da escola e vice versa e conclui dizendo que esta interação contraditória é responsável pela desestabilização da função do docente.

No contexto da globalização aparece também no âmbito escolar e em alta escala a questão da eficácia, do resultado e da autonomia. Esta última é bastante mais ampla do que em outras épocas, mas por outro lado trouxe consigo a responsabilidade pelo sucesso ou pelo fracasso.

O mundo globalizado “quebrou as imagens” e também a do professor que agora já não é mais uma referência para os alunos que muitas vezes nem o incluem entre as fontes para obter informações sobre o mundo.

A sociedade de contradições torna o professor um indivíduo também contraditório. Por mais que ele sonhe com uma nova forma de se relacionar com os educandos continua repetindo práticas e conceitos já desacreditados e altamente questionados. Entre os exemplos pode ser citada a prática de atribuir nota como critério último para o processo avaliativo.

É verdade também que a missão de educar tem uma projeção simbólica e é sobre esta imagem que são projetadas todas as contradições sociais na maioria das vezes como se fossem restritas ao mundo da escola e da educação.

Ao longo da história não faltam ficções e até algumas situações reais de escolas ideais. Há as que são narradas a partir da realidade e delas temos livros, filmes portfólios e assim por diante. Há as que são produzidas a partir da ficção de autores e que tomo a liberdade de mencionar como a que vimos no filme “Sociedade dos poetas mortos” da década de 1990; ou Escritores da liberdade de 2007. Nesta última professor e aluno são considerados impossíveis e estabelecem um processo de transformação que se dá por meio da busca de algo que modifique suas vidas. Comentanto este filme Hannah Arendt, “aponta duas causas que podem ter relação profunda com a crise da educação em nossa época: a incapacidade de a escola levar os alunos para pensar e a perda da autoridade dos pais e professores”.

A partir destas narrativas parece ser possível ir além do que aponta Charlot, isto é, o professor não pode ser colocado nem na posição de vítima muito menos de herói. Retomo para isso as palavras de Hannah Arendt : “Uma educação que não exercita o ato de pensar, com todos os seus riscos, além da própria ausência de pensamento, tem como efeito o não comprometimento, o não tomar decisões, ou não se responsabilizar por elas. “A tarefa fundamental do pensar é descongelar as definições que vão sendo produzidas, inclusive pelo conhecimento e pela compreensão e que vão sendo cristalizados na história". A tarefa do pensar é abrir o que os conceitos sintetizam, é permitir que aquilo que ficou preso nos limites da sua própria definição seja liberado. É livrar o sentido e o significado dos acontecimentos e das coisas da camisa-de-força dos conceitos” (CRITELLI, 2006, p. 80).

A nosso ver a afirmação de Hannah Arendt supera o que chamamos de “caça as bruxas” ou de quem é a culpa. Aberta esta consciência será possível compreender que o professor é aquele que aceita a dinâmica da sociedade e a incorpora no seu mundo. Neste contexto “negocia, gere a contradição, não desiste de ensinar e, apesar de tudo, mas nem sempre, consegue formar os seus alunos”.

Com certeza essa compreensão haverá de superar as dicotomias entre o que se costuma chamar de tradicional ou construtivista. Superada essa contradição ficará muito mais fácil fugir ao simplismo da busca de culpados ou da taxação de responsabilidades. Neste novo conceito professores e alunos, ora de mãos dadas ora por caminhos distintos compreenderão que “ensinar é ao mesmo tempo mobilizar a atividade dos alunos para que construam saberes” muitos deles apenas reescritos a partir do legado das gerações.

As contradições da sociedade na qual a escola está inserida parece ser bastante reproduzida no interior da escola na medida em que todos os envolvidos no processo “interiorizam a notação como função central do ensino”.

Sob esta ótica não se pode fugir da realidade das escolas cuja missão é universalista, mas que trabalha com indivíduos na sua particularidade. Isto significa dizer que a função universal da escola não é precisamente ensinar, mas facilitar que os alunos aprendam. Por conta da universalidade da escola não se pode imaginar que esta seja uma instituição sem regras ou normas, mas acima de tudo há que se compreendê-la como lugar no qual é facilitado ao ser humano tornar-se membro de uma sociedade e de uma cultura na condição de sujeito singular e insubstituível.

Com certeza sob esta ótica será possível fugir do que chamamos de dicotomia simplista, isso é, de quem é a culpa, ou qual a imagem do professor. Parece certo que se trata de um trabalhador da contradição. Ele vive entre a função de facilitar ao aprendente ir ao encontro da universalidade que permita compreender a vida e garantir a aprovação nas barreiras imediatas que a sociedade impõe como limites de crescimento.

Com toda a carga ideológica que a sentença pode ter, gosto muito do texto:

“Professor(a)!
Trago-te um recado de muitas pessoas.
Houve gente que praticou uma boa ação e manda-te dizer
que foi porque teu exemplo convenceu.
Houve alguém que venceu na vida e manda-te dizer
que foi porque tuas lições permaneceram.
E houve mais alguém que superou a dor e manda-te dizer
que foi a lembrança da tua coragem que o ajudou.
Por isso que és importante. O teu trabalho é o mais nobre.
De ti nasce a razão e progresso, a união e harmonia de um povo.
E agora... Sorri!!!
Esquece o cansaço e a preocupação porque há muita gente
pedindo a Deus para que sejas muito feliz.” (Autor desconhecido).

FORMAÇÃO DE PROFESSORES


COMENTÁRIOS AO TEXTO
ESTRUTURA CONCEPTUAL
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE CARLOS MARCELO GARCIA.



Elcio Alberton
Reflexões sobre o tema
Em vista da disciplina de
Ética e Filosofia da Ciência.
Programa de mestrado 2010 PUCPR
Sob a Orientação da Professora
Joana Paulin Romanowski


Nossa reflexão a partir da leitura do texto em questão nos leva a fazer alguns observações de caráter bastante pessoal. Concordamos de modo significativo com o conceito de formação adotado pelo autor e o identificamos com nossa proposta de dissertação que trata da Mistagogia na Formação do docente.
A questão da formação do docente é parte de um complexo conjunto de fenômenos formativos e a inda não suficientemente esclarecidos. Muito além de transmissão de conteúdos e técnicas o processo formativo exige envolvimento por inteiro do formando. Trata-se de uma dimensão pessoal que tem a ver com vontade humana e implica em mudança pessoal e comportamental.
Concordamos com o autor na afirmação que a perspectiva formativa é um dos pilares da renovação da educação e que, neste sentido, deve consistir numa matriz disciplinar. Parece oportuno entender a expressão matriz muito mais abrangente do que uma simples relação de conteúdos. Reproduzimos na íntegra o conceito apresentado pelo autor sobre a formação de professores:
“A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições. Este processo lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.”
Este conceito é a afirmação da primeira expressão do nosso trabalho ao dizer que o professor ensina muito pela sua experiência de vida, isto é, na condição de mistagogo. Nosso trabalho, como o texto em questão, contempla a formação como um enriquecimento de competências não exclusivamente acadêmicas. Em outras palavras a formação é um processo que necessariamente acaba nos alunos. (Se não houve aprendizagem não aconteceu o ensino).
O autor ajuda a entender a formação desde um ponto de vista personalista, no sentido de desenvolver estratégias e competências para um processo de mudança. E aí se delineia a imagem do professor que se aproxima do modelo eficaz sendo um ser humano com todas as vicissitudes próprias da sua condição, mas que se forma em vista do outro. Em outras palavras se poderia dizer que a formação de professores estabelece uma “pedagogia de resultado”.
Então está suficientemente claro que o desenvolvimento pessoal é o eixo da formação docente e um bom professor será aquele que caminha na direção de ser sempre mais um facilitador para criar condições de aprendizagem nos seus alunos a quem ele conhece na integridade. Esta figura não está longe do modelo de filósofo criado por Sócrates com a maiêutica e a ironia.
Neste sentido é mais fácil compreender o professor muito além de ser um técnico, mas construtor, como diria outro autor um “polidor de corações”, pois é das mãos do professor que nasce o ser humano, disse Rosseau. Então, para aquele que deseja ser bom professor pede-se pouco: “fazer o que fazem os bons mestres”, isto é, ser um mistagogo da educação.
A formação entendida como processo de mudança implica na aplicação das novas idéias que se configura num processo de desenvolvimento pessoal e profissional envolvente. Neste contexto toda o processo formativo passa pelo viés da colaboração e para isso o autor cria a expressão: “andragogia” – arte e ciência de ajudar adultos a aprender.
No mundo cristão católico adota-se a prática da lectio divina como uma forma de melhor viver o mistério da Palavra de Deus. Este método é basicamente o que o autor apresenta nas três últimas possibilidades que ele apresenta como as mais eficazes para compreender a formação.
Na Lectio Divina se usa as expressões: LECTIO (leitura), MEDITATIO (meditação), ORATIO (oração), CONTEMPLATIO (contemplação), COMMUNICATIO (comunicação). Aqui o autor apresenta sob os termos: contemplação, prática reflexiva, aprendizagem experimental.
Uma formação que não estabeleça um processo de transformação aborta o sonho dos educadores na maturidade e porque não dizer de outros profissionais. O que o autor chama de quarta etapa no exercício da missão de educar é denominado por um psicólogo da religião com o termo: Generatividade. Esta expressão quer indicar que a esta altura da missão o profissional precisa ver os “filhos dos seus filhos”, isto é o fruto do seu trabalho. Na falta deles, porque ele mesmo não produziu para em si reside a causa da frustração e do desencanto como conseqüência do desestímulo para os jovens o seguirem nesta missão.
Não será sem razão que nosso velhos cunharam a frase: "É preferível um triste santo a um santo triste”.
Evolução é a meta!

DISCORRENDO SOBRE ÉTICA

ÉTICA E MORAL


Elcio Alberton
Reflexões sobre o tema
Em vista da disciplina de
Ética e Filosofia da Ciência.
Programa de mestrado 2010 PUCPR
Sob a Orientação do Porfessor
Dr. Jorge Visenteiner



Para tratar deste tema a primeira posição a se de ter é atitude de Jesus. Não podemos reduzir as questões morais a casos isolados. É preciso que tomemos o tema na sua relação com a totalidade da existência do ser humano. E para isso partimos de algumas citações da Sagrada escritura:
- “Qual o homem que não ama a sua vida e não quer ser feliz todos os dias? (Sl 34,12);
- “E preciso obedecer antes a deus do que aos homens” (At 5, 29);
- “Não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” ( Rm 7 ,19);
“Tudo o que quereis que os outros os façam fazei-o também a eles”. (Mt 7, 12)
– “Foi para a liberdade que cristo nos libertou” (Gl 5,1);


E Santo Agostinho escreveu assim:
“Há dois modos de renunciar a liberdade: a submissão e alienação. Do ponto de vista ético, há frequentemente na modernidade um equívoco: o de pensar a liberdade como simples autonomia da pessoa, que não se sujeitaria a nada e a ninguém. Na realidade a pessoa humana se torna livre enquanto não está submetida a outro indivíduo humano, mas principalmente quando aceita a voz da consciência, o apelo a uma vida ética, em que são reconhecidos direitos e deveres de todos. Além disso, se é verdade que a liberdade humana é uma liberdade a ser realizada, que pode e deve crescer, ela exige o empenho permanente da libertação, a luta contra a alienação. Contra a situação de quem está impedido de realizar suas possibilidades. A liberdade se realiza plenamente no amor oblativo”.


Há uma lenda grega que fala de um anel misterioso capaz de tornar invisível aquele que virasse para dentro o engaste. Conta a lenda sobre certo pastor de nome Giges que estava a serviço do rei, depois de ter se salvado de um abalo sísmico, retirou de um cadáver o referido anel. Percebendo que podia ficar invisível quando quisesse, nesta condição entrou no castelo e seduziu a rainha tramando com ela a morte do rei e obteve o poder.
Essa lenda nos leva a pensar sobre os motivos que estimulam ou coíbem uma ação. Por exemplo, se alguém pudesse se tornar invisível e entrar numa loja e ali praticar pequenos ou grandes roubos, isso não seria problema já que o flagrante estaria descaracterizado.
De algum modo esta é uma prática na sociedade moderna na qual facilmente as pessoas se comportam BEM para serem recompensadas, ou para parecerem justas ao olhar dos outros. É bastante normal ouvirmos as mães aconselharem seus filhos a viver e se portar bem porque os “vizinhos podem ver”, o “padre ficará bravo”, a “polícia vai te pegar”.
Mais comum ainda é abusar da velocidade, ou cometer infração de qualquer forma de lei quando a autoridade responsável não está nos vigiando. Este tipo de comportamento não pode ser entendido como atitude moral, posto que seja realizada por medo e sob pressão. Há um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “Os bons meninos vão para o céu e os maus...” Todas estas formas de pautar a vida é um modo errôneo de compreender o significado das palavras moral e ética. A pessoa age mais por medo do que por convicção.
Uma primeira condição para o comportamento moral é a questão da autonomia, à qual não pode ser confundida como individualismo, no sentido que a pessoa age como se os seus atos digam respeito exclusivamente a si próprio. Autonomia está muito além de fechar-se em si mesmo. Nenhum ser humano é uma ilha, as pessoas vivem num mundo de relações e de inter-subjetividade.
Dito isto fica fácil compreender moral como uma via de mão dupla na qual será preciso ter presente o que é bom para si e o compromisso com o outro. Este outro não necessariamente é uma pessoa. Considerando esta ótica quebramos uma barreira significativa no conceito de moral, indo muito além da compreensão de subjugação e constrangimento.
Podemos concluir esta introdução dando um conceito para o vocábulo:
“A moral responde à pergunta: o que devo fazer? É o conjunto dos meus deveres os quais reconheço como legítimos. É a lei que me imponho independente do olhar de terceiros ou de qualquer recompensa ou reprimenda”.
É mais ou menos sob está ótica que Santo Agostinho explica Deus e a sua morada. “Aquele que não é contido em nenhum lugar tem por morada a consciência dos justos”. Ou no dizer de Santo Tomás: “A consciência é a norma última do pecado”. Em resumo moral responde à pergunta: Qual a minha responsabilidade diante da vida? E não o que os outros devem fazer?
Parece ser sob esta ótica que Manfredo começa falando sobre a ética: “Não se trata de um código de deveres, em um fardo pesado que torne a vida diminuída, sem gosto, sem qualidade” (OLIVEIRA 2001, P. 5). Toda a reflexão que o aturo desenvolve no primeiro capítulo tem pó finalidade mostrar que o ser humano tem e pode transcender a simples temática do pode não pode, permitido proibido.
Neste sentido a ética se configura numa reflexão crítica que supera os casuísmos e o que com ela se quer é estabelecer critérios para a dignidade da vida humana que tem como valor fundamental a liberdade segundo o conceito que já mencionamos acima.

domingo, 14 de março de 2010

COMENTÁRIOS E OBSERVAÇÕES

COMENTÁRIOS E OBSERVAÇÕES AO TEXTO :
O PROFESSOR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA:
UM TRABALHADOR DA CONTRADIÇÃO


Bernard Charlot
Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade,
Salvador, v. 17, n. 30, p. 17-31, jul./dez. 2008 17


No texto em questão o autor argumenta sobre a necessidade de definir a missão do professor e da escola em meio às contradições. Para isso ele começa desmistificando o que chamamos de contradições da escola e da profissão e ajudando a perceber que estas são contradições da sociedade como um todo e que por consequência a escola não estaria imune delas, posto que aí esteja inserida.

Fica bastante clara na posição do autor que os “problemas” na escola não podem ser tratados apenas sob o ponto de vista do pedagógico. Esta afirmação fazemos questão de transcrevê-la textualmente: “As contradições relativas à escola são contradições sociais a respeito da escola e não contradições dentro da escola”.

E a partir desta convicção ele faz uma longa fundamentação sobre o papel social da escola e vice versa e conclui dizendo que esta interação contraditória é responsável pela desestabilização da função do docente.

No contexto da globalização aparece também no âmbito escolar e em alta escala a questão da eficácia, do resultado e da autonomia. Esta última é bastante mais ampla do que em outras épocas, mas por outro lado trouxe consigo a responsabilidade pelo sucesso ou pelo fracasso.

O mundo globalizado “quebrou as imagens” e também a do professor que agora já não é mais uma referência para os alunos que muitas vezes nem o incluem entre as fontes para obter informações sobre o mundo.

A sociedade de contradições torna o professor um indivíduo também contraditório. Por mais que ele sonhe com uma nova forma de se relacionar com os educandos continua repetindo práticas e conceitos já desacreditados e altamente questionados. Entre os exemplos pode ser citada a prática de atribuir nota como critério último para o processo avaliativo.

É verdade também que a missão de educar tem uma projeção simbólica e é sobre esta imagem que são projetadas todas as contradições sociais na maioria das vezes como se fossem restritas ao mundo da escola e da educação.

Ao longo da história não faltam ficções e até algumas situações reais de escolas ideais. Há as que são narradas a partir da realidade e delas temos livros, filmes portfólios e assim por diante. Há as que são produzidas a partir da ficção de autores e que tomo a liberdade de mencionar como a que vimos no filme “Sociedade dos poetas mortos” da década de 1990; ou Escritores da liberdade de 2007. Nesta última professor e aluno são considerados impossíveis e estabelecem um processo de transformação que se dá por meio da busca de algo que modifique suas vidas. Comentanto este filme Hannah Arendt, “aponta duas causas que podem ter relação profunda com a crise da educação em nossa época: a incapacidade de a escola levar os alunos para pensar e a perda da autoridade dos pais e professores”.

A partir destas narrativas parece ser possível ir além do que aponta Charlot, isto é, o professor não pode ser colocado nem na posição de vítima muito menos de herói. Retomo para isso as palavras de Hannah Arendt : “Uma educação que não exercita o ato de pensar, com todos os seus riscos, além da própria ausência de pensamento, tem como efeito o não comprometimento, o não tomar decisões, ou não se responsabilizar por elas. “A tarefa fundamental do pensar é descongelar as definições que vão sendo produzidas, inclusive pelo conhecimento e pela compreensão e que vão sendo cristalizados na história". A tarefa do pensar é abrir o que os conceitos sintetizam, é permitir que aquilo que ficou preso nos limites da sua própria definição seja liberado. É livrar o sentido e o significado dos acontecimentos e das coisas da camisa-de-força dos conceitos” (CRITELLI, 2006, p. 80).

A nosso ver a afirmação de Hannah Arendt supera o que chamamos de “caça as bruxas” ou de quem é a culpa. Aberta esta consciência será possível compreender que o professor é aquele que aceita a dinâmica da sociedade e a incorpora no seu mundo. Neste contexto “negocia, gere a contradição, não desiste de ensinar e, apesar de tudo, mas nem sempre, consegue formar os seus alunos”.

Com certeza essa compreensão haverá de superar as dicotomias entre o que se costuma chamar de tradicional ou construtivista. Superada essa contradição ficará muito mais fácil fugir ao simplismo da busca de culpados ou da taxação de responsabilidades. Neste novo conceito professores e alunos, ora de mãos dadas ora por caminhos distintos compreenderão que “ensinar é ao mesmo tempo mobilizar a atividade dos alunos para que construam saberes” muitos deles apenas reescritos a partir do legado das gerações.

As contradições da sociedade na qual a escola está inserida parece ser bastante reproduzida no interior da escola na medida em que todos os envolvidos no processo “interiorizam a notação como função central do ensino”.

Sob esta ótica não se pode fugir da realidade das escolas cuja missão é universalista, mas que trabalha com indivíduos na sua particularidade. Isto significa dizer que a função universal da escola não é precisamente ensinar, mas facilitar que os alunos aprendam. Por conta da universalidade da escola não se pode imaginar que esta seja uma instituição sem regras ou normas, mas acima de tudo há que se compreendê-la como lugar no qual é facilitado ao ser humano tornar-se membro de uma sociedade e de uma cultura na condição de sujeito singular e insubstituível.

Com certeza sob esta ótica será possível fugir do que chamamos de dicotomia simplista, isso é, de quem é a culpa, ou qual a imagem do professor. Parece certo que se trata de um trabalhador da contradição. Ele vive entre a função de facilitar ao aprendente ir ao encontro da universalidade que permita compreender a vida e garantir a aprovação nas barreiras imediatas que a sociedade impõe como limites de crescimento.

Com toda a carga ideológica que a sentença pode ter, gosto muito do texto:

“Professor(a)!
Trago-te um recado de muitas pessoas.
Houve gente que praticou uma boa ação e manda-te dizer
que foi porque teu exemplo convenceu.
Houve alguém que venceu na vida e manda-te dizer
que foi porque tuas lições permaneceram.
E houve mais alguém que superou a dor e manda-te dizer
que foi a lembrança da tua coragem que o ajudou.
Por isso que és importante. O teu trabalho é o mais nobre.
De ti nasce a razão e progresso, a união e harmonia de um povo.
E agora... Sorri!!!
Esquece o cansaço e a preocupação porque há muita gente
pedindo a Deus para que sejas muito feliz.” (Autor desconhecido).

sábado, 13 de março de 2010

HOMILIA PARA O DIA 14 DE MARÇO 2010

QUARTO DOMINGO DA QUARESMA

Leituras: Josué 5,9a.10-12; Salmo 33(34, 2-3.4-5.6-7;
2Coríntios 5,17-21; Lucas 15, 1-3. 11-32.


A reunião de cada domingo para nós Cristãos é uma renovação da presença de Deus em nossa vida. Viemos para celebrar na convicção que este encontro nos aproxima do Pai de toda a vida e nos faz participantes da sua alegria.
As leituras deste domingo revelam o rosto de Deus que se congratula com as vitórias humanas. Assim na primeira leitura vemos o povo celebrando a presença salvadora de Deus com um banquete já conhecido como páscoa. A festa, nesta leitura, recorda a ação de Deus ajudando-os na saída da escravidão e na entrada da terra prometida.
São Paulo na segunda leitura conclama a todos para a festa e o faz com as palavras: Deixem-se reconciliar com Deus e diz mais, isto lhes peço em nome de Cristo. Estas duas situações de alegria nos levaram a cantar no salmo: Provem e vejam como é bom o Senhor!
Com tudo isso nossa reunião não seria plenamente cristã se não fosse um encontro festivo e ainda muito mais pela proximidade da páscoa. O caráter jubiloso da celebração dominical está plenamente relatado na parábola do Evangelho. A pessoa de Jesus, cuja vida, missão e tarefa foi essencialmente mostrar quem é Deus e como ele age, hoje mostra mais uma vez a sua face misericordiosa.
Sendo criticado por aqueles que se consideram perfeitos e melhores que os demais Jesus cria o episódio que conhecemos como o Filho Pródigo, o que certamente pode ser melhor nominado como a História do Pai Misericordioso.
Coloquemo-nos na condição do Pai que reparte tudo o que tem e vê seu filho desperdiçar todo o suor e todo esforço. Senta-se a espera que algum dia isso poderá ser revertido. O Sonho do Pai enfim se concretiza: Eis que o Filho volta e vem arrependido e disposto a uma vida nova.
A festa acontece com tudo o que um reencontro pode permitir, esbarra apenas na prepotência do filho mais velho que se julga melhor e mais perfeito. Apesar de tudo o pai não se deixa convencer pela intransigência e lhe mostra como o perdão e a acolhida é fundamental. Esta figura de linguagem Jesus utiliza para ajudar aos doutores da lei compreender quem é Deus e como ele age.
Neste quarto domingo da quaresma estas leituras são, também para nós, um convite a reconhecer o rosto bondoso do Pai que nos ama e a nos perguntar: Com qual dos dois filhos nos assemelhamos? Somos capazes da atitude do que se arrepende e busca a misericórdia ou nos parecemos mais com o que se julga bom e perfeito e até incapazes de perdoar.
Ainda é tempo, aproveitemos o tempo da quaresma para nos prepararmos para a festa do perdão, para a vida nova da páscoa.