terça-feira, 16 de março de 2010

DISCORRENDO SOBRE ÉTICA

ÉTICA E MORAL


Elcio Alberton
Reflexões sobre o tema
Em vista da disciplina de
Ética e Filosofia da Ciência.
Programa de mestrado 2010 PUCPR
Sob a Orientação do Porfessor
Dr. Jorge Visenteiner



Para tratar deste tema a primeira posição a se de ter é atitude de Jesus. Não podemos reduzir as questões morais a casos isolados. É preciso que tomemos o tema na sua relação com a totalidade da existência do ser humano. E para isso partimos de algumas citações da Sagrada escritura:
- “Qual o homem que não ama a sua vida e não quer ser feliz todos os dias? (Sl 34,12);
- “E preciso obedecer antes a deus do que aos homens” (At 5, 29);
- “Não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” ( Rm 7 ,19);
“Tudo o que quereis que os outros os façam fazei-o também a eles”. (Mt 7, 12)
– “Foi para a liberdade que cristo nos libertou” (Gl 5,1);


E Santo Agostinho escreveu assim:
“Há dois modos de renunciar a liberdade: a submissão e alienação. Do ponto de vista ético, há frequentemente na modernidade um equívoco: o de pensar a liberdade como simples autonomia da pessoa, que não se sujeitaria a nada e a ninguém. Na realidade a pessoa humana se torna livre enquanto não está submetida a outro indivíduo humano, mas principalmente quando aceita a voz da consciência, o apelo a uma vida ética, em que são reconhecidos direitos e deveres de todos. Além disso, se é verdade que a liberdade humana é uma liberdade a ser realizada, que pode e deve crescer, ela exige o empenho permanente da libertação, a luta contra a alienação. Contra a situação de quem está impedido de realizar suas possibilidades. A liberdade se realiza plenamente no amor oblativo”.


Há uma lenda grega que fala de um anel misterioso capaz de tornar invisível aquele que virasse para dentro o engaste. Conta a lenda sobre certo pastor de nome Giges que estava a serviço do rei, depois de ter se salvado de um abalo sísmico, retirou de um cadáver o referido anel. Percebendo que podia ficar invisível quando quisesse, nesta condição entrou no castelo e seduziu a rainha tramando com ela a morte do rei e obteve o poder.
Essa lenda nos leva a pensar sobre os motivos que estimulam ou coíbem uma ação. Por exemplo, se alguém pudesse se tornar invisível e entrar numa loja e ali praticar pequenos ou grandes roubos, isso não seria problema já que o flagrante estaria descaracterizado.
De algum modo esta é uma prática na sociedade moderna na qual facilmente as pessoas se comportam BEM para serem recompensadas, ou para parecerem justas ao olhar dos outros. É bastante normal ouvirmos as mães aconselharem seus filhos a viver e se portar bem porque os “vizinhos podem ver”, o “padre ficará bravo”, a “polícia vai te pegar”.
Mais comum ainda é abusar da velocidade, ou cometer infração de qualquer forma de lei quando a autoridade responsável não está nos vigiando. Este tipo de comportamento não pode ser entendido como atitude moral, posto que seja realizada por medo e sob pressão. Há um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “Os bons meninos vão para o céu e os maus...” Todas estas formas de pautar a vida é um modo errôneo de compreender o significado das palavras moral e ética. A pessoa age mais por medo do que por convicção.
Uma primeira condição para o comportamento moral é a questão da autonomia, à qual não pode ser confundida como individualismo, no sentido que a pessoa age como se os seus atos digam respeito exclusivamente a si próprio. Autonomia está muito além de fechar-se em si mesmo. Nenhum ser humano é uma ilha, as pessoas vivem num mundo de relações e de inter-subjetividade.
Dito isto fica fácil compreender moral como uma via de mão dupla na qual será preciso ter presente o que é bom para si e o compromisso com o outro. Este outro não necessariamente é uma pessoa. Considerando esta ótica quebramos uma barreira significativa no conceito de moral, indo muito além da compreensão de subjugação e constrangimento.
Podemos concluir esta introdução dando um conceito para o vocábulo:
“A moral responde à pergunta: o que devo fazer? É o conjunto dos meus deveres os quais reconheço como legítimos. É a lei que me imponho independente do olhar de terceiros ou de qualquer recompensa ou reprimenda”.
É mais ou menos sob está ótica que Santo Agostinho explica Deus e a sua morada. “Aquele que não é contido em nenhum lugar tem por morada a consciência dos justos”. Ou no dizer de Santo Tomás: “A consciência é a norma última do pecado”. Em resumo moral responde à pergunta: Qual a minha responsabilidade diante da vida? E não o que os outros devem fazer?
Parece ser sob esta ótica que Manfredo começa falando sobre a ética: “Não se trata de um código de deveres, em um fardo pesado que torne a vida diminuída, sem gosto, sem qualidade” (OLIVEIRA 2001, P. 5). Toda a reflexão que o aturo desenvolve no primeiro capítulo tem pó finalidade mostrar que o ser humano tem e pode transcender a simples temática do pode não pode, permitido proibido.
Neste sentido a ética se configura numa reflexão crítica que supera os casuísmos e o que com ela se quer é estabelecer critérios para a dignidade da vida humana que tem como valor fundamental a liberdade segundo o conceito que já mencionamos acima.

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