sábado, 3 de abril de 2010

SABERES DOCENTES

COMENTÁRIOS AO TEXTO SABERES PROFISSIONAIS DOS
PROFESSORES E CONHECIMENTOS UNIVERSITÁRIOS



Elcio Alberton, Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional,
Mestrando em Educação.
Professor no Programa PROINFANTIL, Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba.
Texto produzido sob a orientação da professora Joana Paulin Romanowski, na disciplina
Formação de professores do programa de Mestrado da PUCPR 2010.



Tardif, Maurice. Saberes Docentes
Formação Profissional.
Petrópolis, Vozes, 2008


Os inúmeros desafios do cotidiano da docência exigem que os profissionais respondam a algumas questões que são sempre pertinentes e presentes na arte de mediar saberes.
Conforme comentamos no texto que trata do professor como um profissional da contradição, parece oportuno tratemos da questão dos saberes sob a mesma ótica. Isto é, ao perguntar-se sobre quais saberes são necessários há que responder em primeiro lugar a partir de onde o docente está fazendo esta pergunta. E mais ainda para onde ele quer caminhar com tais questionamentos.
A prática da docência está inserida numa conjuntura social que se modifica a velocidade da luz e que exige sempre novas respostas. Sem precisar nos alongar poderíamos discorrer muito sobre a modalidade de saberes cuja perspectiva se abre com o ensino a distância.
Sob este ponto de vista com toda a obviedade o profissional da educação terá um sem número de novos desafios e porque não dizer de necessidade de novos saberes.
De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano.
Aceitar ser avaliado por quem partilha dos mesmos ideais e angústias é um elemento importante posto que esta condição ajude o professor ampliar sua bagagem de conhecimento que se estenda para além da tecnicidade. A isto o autor chama de formação continuada e contínua, os dois termos que parecem exprimir o mesmo resultado são, todavia, distintos e se completam. Uma abertura para formação contínua será muito mais do que aprender para colocar em prática. Bastante vezes a formação se resume a aquisição de novas técnicas e quiçá métodos para ensinar. Com absoluta certeza isso não pode ser entendido como formação contínua. Este vocábulo parece expressar muito mais que o professor merece estar sempre pronto a adquirir novos saberes os quais o projetarão para novas aventuras na “arte da docência”.
Os questionamentos da contemporaneidade, o advento de novas tecnologias e de incontáveis outros desafios geraram no mundo da docência uma crise, diria sem precedentes. Crise no sentido de quebra de referenciais uma vez que os chamados saberes estáveis foram sendo desqualificados ou, em outras palavras, cotidianamente superados.
A crise a que o autor se refere não me parece que deva ser tomada sob a ótica do pessimismo ou como uma situação necessariamente negativa, mas parece ser uma crise no sentido do acrisolamento que provoca mudanças e novas perspectivas.
Experimentar esse tipo de crise faz com que os profissionais da docência tenham a determinação para questionar o tipo e os limites de formação oferecidos pelas instituições, posto que estas também vivenciem os conflitos que permeiam toda a sociedade. O autor parafraseia Kant, dizendo que os questionamentos em torno da docência se comparam ao um processo que exige despertar do sono dogmático da razão profissional. Com esta afirmação nós concordamos na sua totalidade.
O complexo mundo da formação contínua aponta para o que o autor chama de epistemologia da prática profissional ou o conjunto de saberes dos quais o docente se utiliza para o trabalho cotidiano. Este processo consiste em constante reconstrução e reordenamento de competências visando responder às novas exigências e os novos desafios. Nesta linha o trabalho vai se tornando uma construção e não um mero objeto.
Quanto mais o profissional reduzir sua condição de educador à dimensão da praticidade mais ele alarga a possibilidade de se tornar um “idiota do conhecimento”, que não é capaz de recompor o repertório dos saberes.
Um elemento importante a ser considerado no que concerne aos saberes é a história de vida, aquilo que aprendeu por osmose, mas na medida em que nesta altura encontrar limites o aprendizado deixa de ser transformador e, consequentemente, perde parte significativa da sua razão de ser.
Mais do que qualquer outra ocupação o docente tem necessidade de enriquecer-se de recursos e competências muito mais do que técnicas conceituais. É sobre esta última afirmação que nossa dissertação vai se pautar no que concerne à mistagogia da formação do docente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário