domingo, 25 de julho de 2010

HOMILIA PARA O DIA 25 DE JULHO 2010

17° DOMINGO DO TEMPO COMUM



Leituras: Gênesis 18, 20-32; Salmo 137(138);
Colossenses 2, 12-14; Lucas 11,1-13

Certamente já experimentamos a sensação de estabelecer um diálogo com uma pessoa que está hierarquicamente superior a nós na escala profissional ou social e porque não também familiar. Começar uma conversa com o diretor, supervisor, superior imediato, com o Pai ou a mãe, em muitas ocasiões é sempre um desafio e está cercado de diversos mitos e muitas vezes medos. Em todas estas situações é necessário medir bem as palavras que se pretende usar e obviamente calcular os efeitos de cada uma delas.
Pois é isto o que acabamos de ouvir nas leituras deste domingo. Abrãao precisou intervir em favor do povo que não correspondeu à aliança que havia estabelecido com Deus. Embora ele saiba que Deus é justo e misericordioso ele também reconhece que Deus abomina o ímpio e o pecador. No final do diálogo, bem sucedido, o patriarca alcança aquilo que esperava: Deus perdoa a todos por conta dos poucos que lhe foram fiéis. Uma vez mais ele se revela exatamente aquilo que é: Compassivo e cheio de misericórdia.
Já São Paulo na carta aos Colossenses, faz um pedido firme e corajoso: Se Deus perdoou as nossas faltas porque não somos capazes de viver conforme esta graça?
E na narrativa de Lucas o Pai nosso é ensinado no contexto do reconhecimento de quem é Deus e do que ele é capaz de fazer em favor dos que a ele recorrem com confiança. Na medida em que o ser humano reconhece os atributos divinos o coração de Deus se compara ao amigo que atende aquele que bate a qualquer dia e qualquer hora. O ensinamento se conclui com a expressão: Deus sabe dar coisas boas àqueles que lhe pedirem. Isso certamente coloca Deus muito acima dos nossos interesses imediatos e mesquinhos. Nossos incessantes pedidos do tipo “barganha”, “negócio”, “toma lá da cá” do tipo Teologia da prosperidade, certamente não encontra espaço neste diálogo e nesta forma de reconhecer Deus e a sua misericórdia.
Em resumo parece que as leituras nos ensinam a fazer nossas orações numa estreita sintonia com a vida, com nossa prática cotidiana. Nossa oração não encontra fundamento fora da dimensão do fazer e do ser. Nossa oração é complemento de tudo o que somos e fazemos. Ou como diz um velho provérbio da Igreja A gente reza aquilo que acredita e acredita conforme aquilo que reza.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

HOMILIA PARA O DIA 18 DE JULHO 2010

HOMILIA PARA O DÉCIMO SEXTO DOMINGO COMUM



1ª Leitura - Gn 18,1-10ª; Salmo - Sl 14,2-3a.3cd-4ab.5 (R. 1a)
2 ª Leitura - Cl 1,24-28; Evangelho - Lc 10,38-42


“Falar é prata escutar é ouro”, diz um ditado popular muito usado lá em Santa Catarina. De fato quantas vezes já experimentamos isso em nossa vida. De diversos modos percebemos que o silêncio fala mais alto e cala mais profundo quase sempre trazendo melhores benefícios.
Pois é sobre a arte de escutar que tratam as leituras deste domingo. No texto do Antigo Testamento é Abraão quem escuta a voz de Deus e por meio de uma visita inusitada vê cumprida a promessa segundo a qual seria Pai de uma descendência numerosa. Acolhendo os peregrinos desconhecidos, ouvindo o que estes tem a dizer, eis que se realiza a maravilha da vida em sua esposa Sara.
Já na segunda leitura São Paulo, referindo-se aos que ouvem a Palavra de Deus, afirma: “A estes Deus quis manifestar como é rico e glorioso entre as nações este mistério: a presença de Cristo em vós, a esperança da glória”. Esta atitude os torna perfeitos em si mesmos e na união com Cristo.
Da nossa parte rezamos com o Salmista: Vai morar na casa de Deus quem é capaz de viver segundo a palavra que ouviu. Vai morar na casa de Deus aquele que não se mistura com a corrupção e toda forma de desrespeito para com a pessoa no cotidiano das relações humanas.
E finalmente na palavra do Evangelho Jesus conclui com um convite ao mesmo tempo em que uma chamada de atenção à Marta que se preocupa com tantas coisas menos em ouvir aquilo que interessa no momento oportuno: “Marta, Marta, tu te preocupas com tantas coisas, uma só é necessária. Maria Escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.
Esta celebração de ação de graças nos convida a fazer um balanço das nossas escutas e das nossas respostas. A quem e a que tipo de palavra costumamos dar ouvido e quiçá até colocar na prática cotidiana? Nossa preocupação está centrada em receber orientações seguras ou nos colocamos de modo atabalhoado num ativismo desenfreado como se o mundo fosse acabar amanhã e dependesse do nosso corre-corre cotidiano como se fôssemos os novos salvadores da pátria.
Que a palavra nos converta e nos faça mais e melhores ouvintes das boas noticias que o Senhor nos dá a cada dia e de muito modos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

HOMILIA PARA O DIA 11 DE JULHO 2010

VAI VOCÊ E FAÇA A MESMA COISA...




Leituras: Deuteronômio 30,10-14; Salmo 68(69);
Colossenses 1,15-20; Lucas 10, 25-37.

Não é raro encontrar pessoas no semáforo fazendo malabarismo, crianças brincando de estátua nos cruzamentos movimentados da cidade, cadeirantes solicitando esmola no ponto de ônibus. E assim por diante! Nossa sensação é que somos impotentes para resolver tantas situações de humilhação e desrespeito da dignidade que vemos por todo o canto.
Por outro lado são muitas as iniciativas que visam promover e devolver a dignidade perdida a muitos irmãos e irmãs. São serviços da Igreja, entre eles vale lembrar a Pastoral da Criança, são serviços de outras instituições, clubes e associações.
São pessoas que por própria força de vontade mudam a sua condição de vida. Há algum tempo vi num jornal de Curitiba o exemplo do professor de Filosofia, portador de uma doença degenerativa que o levou a cegueira. Nesta condição ele andava no ônibus ensinando filosofia e ajudando os passageiros a filosofar.
Diante de tudo isso cabe a cada um de nós a mesma resposta que Jesus deu ao doutor da lei: Vai Você e faça a mesma! Certamente não basta dar uma esmola, fazer uma caridade, já é alguma coisa, mas existe ainda muita iniciativa ao nosso alcance para que não fiquemos nos perguntando quem é o meu próximo, e pelo contrário nos façamos próximo do nosso irmão.
Ao apresentar a atitude dos três personagens no Evangelho Jesus nos ajuda a compreender o que é o cerne da sua mensagem: “a oração não pode ser separada da vida de cada dia”.
Isso já estava na lei, como nos foi proclamado na primeira leitura de hoje: “a palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração para que possas cumprir”. E nós respondemos no salmo: Suas palavras Senhor são mais doces que o mel.
Cumprir a palavra de Deus foi o maior ensinamento de Jesus e isso ele o fez com a sintonia entre o que fez e aquilo que falou.
Daí que nunca nos cansamos de pedir sempre ao Pai que nos ajude a viver com coerência aquilo que professamos com palavras.

sábado, 3 de julho de 2010

HOMILIA PARA O DIA 04 DE JULHO


SOLENIDADE DE SÃO PEDRO
E SÃO PAULO





Leituras: Atos dos Apóstolos 12, 1-11; Salmo 33(34);
2ª.Timóteo 4,6 -8.17-18; Mateus 16,13-19.




Pronto. A copa terminou. O hexa foi adiado de novo. Talvez seja 2014 a nossa vez. Mas a responsabilidade por essa frustração recai sobre as costas do treinador, ou será por conta da expulsão do Filipe Melo. Quem sabe não foram os erros dos juízes. Bom, as possibilidades, explicações e justificativas são tantas que certamente nem vale a pena gastar tempo procurando explicações ou culpados. O fato é que nossa seleção foi pra África com a intenção, o apoio e a garra para fazer jus ao título de seleção favorita.
Quem sabe poderíamos aplicar as Palavras de São Paulo aos jogadores da nossa seleção e de todas as que se despediram da África antes mesmo do que esperavam: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé”.
Esta afirmação de Paulo na segunda leitura de hoje ele faz já na prisão pouco antes de ser executado. Estava convencido que tudo aquilo que havia feito teve um único objetivo: Manifestar a convicção que tinha nas palavras e na pessoa de Jesus de quem ele se fez apóstolo. Tal como Paulo é possível dizer que também a nossa condição de cristãos se compara a uma copa do mundo. Jogamos num time não por causa de nós mesmos e de nossos interesses, jogamos por causa do Reinado de Deus. Entramos em campo no dia do nosso Batismo. Naquela ocasião nossos pais falaram por nós tal como Pedro proclamou no evangelho de hoje: “Eu creio que tu és messias o Filho de Deus vivo”. De lá para cá viemos nos esforçando para aperfeiçoar em nossas vidas as certezas que nossos pais nos transmitiram.
Jogar na seleção de Jesus Cristo, certamente impõe pra todos muitos desafios, maiores até do que as forças parecem suportar. Eis que se apresenta o testemunho de Pedro, que ouvimos na primeira leitura: “Agora sei que o Senhor enviou seu anjo para me livrar”.
A esta altura da competição não basta ficar procurando quem são os culpados pelas derrotas do nosso cotidiano, nem muito menos centrar atenção em nossas fragilidades ou nas fraquezas alheias, nem muito menos nos pecados da nossa Igreja. Certamente será importante reconhecê-las sim, mas não perder tempo com elas.
Pedro e Paulo superaram diversas dificuldades e isso só foi possível graças ao amor que tinham por Cristo e a determinação do seu testemunho. Nossa Igreja é santa e pecadora, dela e de todas as suas virtudes e fracassos somos participantes. Nós, os membros ordenados, que desempenham tarefas e serviços na Igreja entre eles, e de modo especial, a pessoa do Papa Bento XVI. O momento e a condição não é a de atirar pedras e encontrar culpados é procurar saídas e pedir que Deus mesmo continue nos ajudando a viver de tal modo que perseveremos no ensinamento dos apóstolos e sejamos um só coração e uma só alma.
Que esta Eucaristia nos torne cada vez mais disponíveis para Deus e para nossos irmãos.