terça-feira, 17 de agosto de 2010

PENSANDO A PEDAGOGIA

PEDAGOGIA PARA ALÉM DELA MESMA

Elcio Alberton
Comentários ao texto Por uma pedagogia do equilíbrio
De Kelley Gonçalves Dias Gasque e Ricardo Tescarolo

Antes de qualquer consideração sobre o assunto há que se superar o conceito da pedagogia como a não ciência e reduzida a praticas e atividades sem viés científico. Naturalmente é preciso também ter presente que nossa sociedade experimenta um esvaziamento de si próprio em decorrência do reducionismo dualista que cultivou desde o advento do racionalismo existencialista.
Atualmente, todos os setores da sociedade exigem um contínuo processo de formação capaz de traduzir na sua pratica as inovações tecnológicas e sociais que se abrem cotidianamente o qual não poderia ser diferente no âmbito da educação e da docência.
Neste sentido a pedagogia não poderia permanecer estática, ou pior que isso reduzida a treinamentos e práticas tare feiras sem conteúdo científico. Na medida em que a própria ciência aceita esta sua “nova” condição ela adquire uma dimensão de reflexão na sua relação com a experiência.
Parece que desta maneira se poderá compreender a pedagogia como ciência que viabiliza a reflexão e a ação. Sob esta ótica será possível afirmar que ela é ciência transformadora da realidade que vai igualmente determinando objetivos para a educação no processo de metamorfose em que estão inseridos os sujeitos.
Conforme se compreende a Pedagogia na qualidade de ciência será possível vislumbrar nela os fins e os sujeitos da educação e de todos os que estão envolvidos no processo ensino/aprendizagem. Este alargamento da compreensão do que seja pedagogia lhe propiciará o status de cidadania da reflexão educativa. Neste sentido ela será uma ciência que se realiza no contexto das práticas sociais as quais se apresentam como parâmetros fundamentais da verdade teórica que se realiza na práxis.
Como em todas as outras ciências é imprescindível reconhecer o papel fundamental da relação entre reflexão e ação. A Pedagogia vai cada vez mais para além de si mesmo na medida em que intervém na complexa realidade do pensamento e da ação sem separar fato da ciência. Sob esta ótica o docente vai construindo seu saber na ação, isto não significa dizer que a sabedoria se reduz a respostas empíricas e de pouca relevância científica.
O fazer docente além de si mesmo integra a razão reflexiva e produz a síntese entre as duas verdades o que os autores chamam de equilíbrio.
Foi a cultura ocidental quem intensificou a distância entre saber e fazer, isto veio fortalecido com o racionalismo cartesiano. Parece feliz e atual a paráfrase usada pelos autores do texto ao comparar razão e ação como as partes físicas os programas de computação (Hardware e software).
É certo que a evolução na compreensão conceitual desta ciência permitiu perceber que para além da razão estão os valores que garantem o existir da razão, ou seja, a ação. Citando Ortega Y Gasset os autores reafirmam a importância desta superação conceitual capaz da garantir a simbiose entre viver e pensar. Em outras palavras ser e fazer se completam. Parece também muito feliz a referência à razão como o Verbo que se vai se fazendo carne nos afazeres cotidianos.
Parece estar claro que falar da experiência não se está reduzindo a condição de tarefeira que se deu à pedagogia ao longo do tempo, mas que o fazer acontece no âmbito de todo o projeto racional. Resumindo o pensar e o fazer compreende todo o existir humano no amplo sentido de vivência. O saber que vai sendo formulado é o resultado das experiências processuais que serviram como fio condutor para o aprendizado presente e futuro.
Pode-se traduzir a ideia de Dewey afirmando que o mundo ideal é sempre resultado do mundo real, isso parece estar na sequência do pensamento aristotélico. Sem ser reducionista a moderna pedagogia recupera os conceitos filosóficos gregos sob muitos aspectos e neste caso traz presente a clássica expressão de Aristóteles: “In medio virtus”.
Equilibrar a pedagogia entre a compreensão de simples tarefeira outorgando-lhe o papel de ciência é um processo de aprendizado. Os saberes serão tanto mais úteis quanto mais científicos eles se configurarem. Neste sentido a pedagogia passa ser também compreendida como a ciência das relações, estas cada vez mais necessárias no mundo dos contatos e da virtualidade.
As relações tão necessárias entre os humanos, os saberes e os fazeres, por outro lado, garantiriam o exercício do livre arbítrio que não se confunde com liberdades ilusórias, mas por meio de construções históricas baseadas na ética dos relacionamentos interpessoais.
Em síntese, se pode dizer que pedagogia para alem dela mesma, ou pedagogia do equilíbrio como denominam os autores propiciará o diálogo entre o ser consigo mesmo e com as demais criaturas no contexto da corresponsabilidade sustentável que também pode se denominar ética planetária no sentido de estabelecimento de um contrato solidário.
Este modo de ser pedagogo e de compreender a sua missão consiste na capacidade de fazer síntese entre pensar e agir. Assim como a pessoa é constantemente desafiada a se superar também a ciência é chamada a ser para além do seu limite temporal.

8 comentários:

  1. Professor... gostei muio da frase: "O docente vai construindo seu saber na ação".
    Como pedagogos pensamos no ato de ensinar apenas como transmissão de conhecimento. Nada melhor que as experiências de sala de aula para comprovar que a frase citada é além de poética real.
    Cada dia (con)vivido com nossos pequenos é um aprendizado maior e gratificante.
    O conhecimento que podemos adquirir é sem duvidas sem limites assim como a Pedagogia.
    A construção do conhecimento acontece em cada momento vivido em sala de aula, sendo científico ou não.

    Abraço, Barbara Milene Antunes

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  2. Achei bem importante a frase que diz: “A Pedagogia passa a ser também compreendida como a ciência das relações, estas cada vez mais necessárias no mundo dos contatos e da virtualidade. Quer dizer que mesmo no mundo virtual precisamos nos relacionar, e a Pedagogia nos proporciona esse mundo de “trocas” de relações. Por isso diz-se que nenhuma tecnologia irá substituir o recurso mais importante dentro da sala de aula, que é o professor.
    Natheuska Bonatto.

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  3. Concordo com a frase do texto, onde diz que o saber que vai sendo formulado é o resultado das experiências processuais que serviram como fio condutor para o aprendizado. Assim entendo que aprendemos em nossas relações com os outros, que estamos em constante troca de saberes, e estaremos sempre aprendendo ou ensinando algo. E é assim que deve ser a pedagogia, troca de conhecimentos.
    Carla

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  4. Rosimar S.A.P.Da silva.domingo, setembro 12, 2010

    Achei interessante a frase "O saber que vai sendo formulado é o resultado das experiências processuais que serviram como fio condutor para o aprendizado presente e futuro". Isso nós mostra que depois de um processo de aprendizagem, se constitui um conhecimento, que durante seu dia a dia se adiquire experência.
    Rosimar S. A. P. Da Silva.

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  5. Rosimar S.A.P.Da silva.domingo, setembro 12, 2010

    Concordo com a colega Barbara quando ela diz que o convívio com os pequenos é maior e gratificante porque o que acontece com eles é momentânio e verdadeiro, e com a Carla quando ela diz que e o aprendizado acontece em relação com outro e estamos sempre com trocas de conhecimento, isso tudo porque vivemos dias diferentes e em relação com os outros com experiências novas.
    Rosimar

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  6. Francieli Cariccimodomingo, setembro 12, 2010

    Concordo com a frase: "O saber que vai sendo formulado é o resultado das experiências processuais que serviram como fio condutor para o aprendizado presente e futuro". A partir da frase é possivel perceber que o nosso aprendizado é fruto das relações com o outro, pois, a troca de experiência é o fio condutor entre o ensinar e o aprender. Deste modo percebe-se como é importante o diálogo em sala de aula, pois ali acontecem as trocas de experiências e o aprendizado ocorre de modo prazeroso.

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  7. Francieli Caricimo
    Concordo com a frase: "O saber que vai sendo formulado é o resultado das experiências processuais que serviram como fio condutor para o aprendizado presente e futuro". A partir da frase é possível perceber que o nosso aprendizado é fruto das relações com o outro, pois, a troca de experiência é o fio condutor entre o ensinar e o aprender. Deste modo percebe-se como é importante o diálogo em sala de aula, pois ali acontecem as trocas de experiências e o aprendizado ocorre de modo prazeroso.

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  8. Concordo com a colega Carla quando ela diz "aprendemos em nossas relações com os outros, que estamos em constante troca de saberes, e estaremos sempre aprendendo ou ensinando algo. E é assim que deve ser a pedagogia, troca de conhecimentos".
    Ninguém avança sozinho em sua aprendizagem, a cooperação é fundamental.Pois, o ser humano esta em constante mudança e em busca de novos conhecimentos, seja na vida familiar; na sociedade; nas instituições de ensino; em seu trabalho e em suas manifestações culturais, ele aprende também no seu dia-a-dia com pessoas e situações que se submete.

    Rosana Appleyard

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