domingo, 19 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO E MULTIMEIOS

                UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
Campus de Joaçaba - Curso de Pedagogia
Componente Curricular: Educação e Multimeios
Educador: Professor Elcio Alberton



TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

As civilizações já experimentaram uma série de mudanças que podem ser qualificadas como transformações as quais implicaram em quebra de paradigmas. Vivemos numa época de complexas mudanças nas relações pessoais e interpessoais que impõe todo um novo jeito de pensar e fazer  a educação.
O surgimento da escrita foi o veículo de acesso ao conhecimento para os excluídos dos grandes centros de conhecimento e de informação. Na atualidade a virtualização está se tornando a alternativa para o acesso de pessoas à educação formal e informal. Feita esta constatação fica evidente que um processo educativo que pretenda ser aceito, assimilado e compreendido pela sociedade está desafiado a entrar no mundo da tecnologia. Mesmo que muitas vezes os recursos físicos de que se disponha possam parecer desproporcionais como uma bicicleta predisposta numa pista de aeroporto.
A assimilação destes conceitos sócio tecnológicos no processo ensino aprendizagem demandam novas formas de conceituar a educação como também os mecanismos dos processos decisórios nas instituições. Há que se compreender primeiro que o modelo de escola e de educação, sobre o qual já foi falado, que vive a dicotomia do velho e do novo, se defronta com os novos estilos de aprendizagem.
Os alunos de hoje podem ser chamados de filhos digitais, estes querem acesso ao aprendizado de modo ativo por meio das redes sociais. Querem gerar conhecimentos e não apenas absorver informações. Por sua vez corre-se o risco de apresentar fragmentos de informação, perdidos pelo mundo virtual enquanto isso será uma desestabilização para os professores habituados à compilação organizada por volumes e selecionada na biblioteca. As instituições e os próprios docentes precisam se adaptar urgentemente a estes novos estilos fazendo um meio termo entre o tradicional e o virtual.
Isto exige de todos os envolvidos no processo um novo estilo de liderança. Nossas escolas se apresentam hoje com alguns desafios como nunca vistos antes  os quais podem ser selecionados em três tópicos:
1)           Crescente número de alunos ativos no mundo virtual;
2)           Crescente número de professores dispostos a mudar sua prática para acomodar esta nova demanda;
3)           Concorrência inédita entre as instituições em todos os níveis, sobretudo no nível superior.
As novas realidades econômicas, sociais, tecnológicas mudam com a mesma rapidez que se alteram os processos de informatização. Ao clicar de uma tecla o mundo globalizado está ao seu alcance. De modo que será necessário abrir-se para algumas condições sem as quais não acontecerá  verdadeira transformação.
Parece possível apontar pelo menos 12 critérios indispensáveis quando se trata de adaptação às exigências da era digital.
1)           Escolhas – de acordo com a missão e visão da instituição trata-se de fazer escolhas tecnológicas institucionais. Não basta o desejo de uns e outros isoladamente.
2)           Comprometimento – isso implica alocação de recursos humanos e materiais. É uma decisão política.
3)           Coragem – manifestada e assumida primeiramente pela alta liderança. Posição clara das disposições institucionais.
4)           Comunicação – condição sem a qual não se cria um clima de confiança e credibilidade. Esta realidade será capaz de envolver toda a comunidade escolar no processo transformador.
5)           Cooperação – articulação clara dos objetivos de ensino-aprendizagem.
6)           Comunidade – coesão comunitária entre professores, administrativos, mantenedores, alunos.
7)           Currículo – redefinição que seja capaz de fazer refletir a nova natureza da instituição inclusive apontando para as novas formas de avaliação.
8)           Consistência – ajuste no discurso institucional que aponte para o comprometimento e padronização das questões tecnológicas.
9)           Competências – uso inteligente das distintas competências no sentido que os alunos se sintam apoiados nos seus resultados e realizações.
10)         Complexidade-confusão – superação da confusão inicial. As formas de gerenciamento arcaicas precisam ser suplantadas mediante um processo de assimilação deste novo conceito.
11)         Cultura-contexto – Compreensão desta nova cultura educacional que emana das exigências digitais.
12)         Criatividade – naturalmente esse processo é muito mais do que administrativo e político. Ele exige uma dose alta de criatividade no que se refere ao uso dos recursos que vão se atualizando pela novidade digital.
De uma coisa é certa a educação já superou muitas pressões externa ao longo do processo e bastante vezes não precisou mudar suas práticas tradicionais. Agora isso não será mais possível. A era da digitalidade exige uma renovação completa das estruturas, já não basta mais reformas paliativas e superficiais. A primeira renovação será das próprias lideranças e do modo de gerenciar e se envolver. Os cargos chefes de administração requerem cuidados especiais de escolha. A era digital não acontecerá com sucesso no meio de um vazio de liderança.
A adaptação a esta nova cultura, como já está explícito acima, irá aos poucos criando a cultura da tecnologia digital da informação e da comunicação. Dentro deste contexto as organizações vão disseminando conhecimentos e utilizando as informações como espécie de mola propulsora de novas formas que vão otimizando todo o desempenho organizacional e obviamente capaz de proporcionar um melhor desempenho pessoal.
Na base de tudo isso está o que se chama de desenvolvimento científico e tecnológico criador do dinamismo das sociedades modernas. Daí que fica impossível não compreender que a organização deste novo jeito de ser e de fazer educação é um processo de compartilhamento de informação entre todos os membros dentro e fora da instituição.
No processo tecnológico em referência não se pode diferenciar educação a distância de educação presencial, nos dois casos o propósito é o mesmo e precisa estar vinculado ao contexto histórico no qual o processo se desenrola. A adoção de qualquer tecnologia terá sempre como finalidade a integração social e a criação de um conhecimento compartilhado. Na medida em que o processo vai sendo desenvolvido, os promotores poderão perceber a importância e o alcance do projeto de acordo com o número dos seus usuários.
Claro está que a adoção de um ambiente virtual de aprendizagem permite uma interação maior entre alunos e professores, porém a forma de interagir de uns e outros é sempre distinta e precisa ser levada em consideração, pois como ambos apresentam motivações diferente podem surgir igualmente visões diferentes. Tais visões podem ser distorcidas na trajetória adotada e no processo de digitalização comprometendo o interesse inicial que se supõe seja sempre a criação de comunidades virtuais em vista do desenvolvimento da aprendizagem.
Ninguém ousa duvidar que as tecnologias exerçam influência, sobretudo naquilo que se ensina e se aprende, bem como no processo de interação e elaboração de matérias didáticos e sua consequente disponibilização. Por mais que tudo isso seja relativamente recente é possível separar em duas fases muito distintas e com resultados totalmente diferenciados.
Pode-se dizer que as tecnologias aplicadas à educação começaram a se consolidar como ferramentas  de suporte com o advento dos computadores pessoais. Por enquanto ainda no âmbito dos recursos físicos que aos poucos foram incorporando condições e softwares educativos com recursos de multimídia e consequentemente com materiais digitais.
Nesta fase pesquisadores e educadores ainda faziam um sem número de questionamentos sobre o alcance e eficácia dos materiais produzidos eletronicamente e dos desafios por eles apresentados. O recurso de multimídia foi se mostrando aos poucos e sem possibilidade de volta um caminho de integração entre codificador e decodificador. Esta realidade se encaminhou para o que se pode chamar de novo design instrucional e basicamente autoinstrucional, dado que os materiais ainda eram produzidos pra uso individual.
A segunda metade dos anos 90 foi marcada pelo surgimento da rede mundial de computadores a qual se tornou a mediadora absoluta da comunicação entre as pessoas. Nesta condição as tecnologias educacionais ganharam novos ingredientes marcados pela interação coletiva. Merece destaque aqui a comunicação por emails e salas de bate-papo, aparecem os fóruns e listas de discussão que naturalmente promoveram uma significativa aplicação de novas tecnologias. A internet mais do que criar estabeleceu novos padrões de comunicação com a novidade comunicacional instantânea por meio do chamado correio eletrônico o qual potencializou a interação e os relacionamentos comunicacionais e de aprendizado.
Como se não bastasse ampliar as possibilidades de comunicação a internet também facilitou e agilizou a distribuição e o acesso de materiais didáticos por meio das páginas da WEB. O que antes ainda dependia de recursos físicos ganharam agora a flexibilidade de produção de atualização e de acesso a custos relativamente reduzidos. Consolida-se o padrão HTML (hipertext markup language) para a produção de textos e o FTP (file transfer protocol) para a transferência de arquivos. Nisto reside a base da construção educacional tecnológica.
Os AVA (ambientes virtuais de aprendizagem) aparecem como sistemas destinados à realização de atividades educacionais virtuais e se constituem em ferramentas  de comunicação, de informação e de interação jamais vistos pela escola. O problema no que se refere a estes ambientes se apresenta na medida em que as finalidades deles não abraçaram todas as dimensões de sua funcionalidade (comunicação, conteúdo, avaliação e gerenciamento).
Enquanto comunicação precisa se realizar o processo de idas e vindas entre professores e alunos, sob o ponto de vista de conteúdo devem estar acessíveis os materiais e outros recursos digitais de apropriação de material didático. No que tange a avaliação há de ficar clara aplicação de instrumentos avaliativos muito superiores a provas e trabalhos previamente determinados. Enquanto a avaliação deverá se constituir num processo de produção do conhecimento.  Sob a forma de gerenciamento a comunidade escolar terá acesso á vida acadêmica e financeira do aluno.
Desde que estes recursos passaram a ser adotados junto com o advento da internet eles não pararam de evoluir com a inclusão de novos navegadores e a incorporação de recursos de multimídia com animação vetorial, os conhecidos flash de animação de grande apelo visual. Claro que tudo isso exige criatividade no exercício da tutoria e no uso dos recursos disponíveis sejam eles de hardwares ou de softwares.
De qualquer modo há que se ter presente que as tecnologias continuarão a ser apenas ferramentas colocadas a disposição dos educadores e educandos. Em momento nenhum e sob nenhuma hipótese sua função será de substituir ou cumprir o papel do professor com suas boas práticas, pelo contrário, as boas práticas que ainda não estavam no plano da virtualidade vão sendo aos poucos integradas a este modelo de ser escola, educador, professor.
As tecnologias, a rigor, somente serão bem aplicadas se houver um grupo de bons professores que se coloquem com toda a intensidade e convicção como mediadores da aprendizagem e facilitadores da interação e do compartilhamento de saberes.
Os desafios e as mudanças estão no foco das discussões na atualidade, ninguém duvida que toda a complexa teia de transformações pelas quais passa a sociedade da informação gera um processo de instabilidade sem, contudo, deixar de ser um momento propício para a inovação. A realidade digital desinstala, tira a educação da chamada zona de conforto e empurra os envolvidos no processo para terrenos movediços e caracterizados por incertezas e turbulências decorrentes das mudanças que se dão em velocidade atordoante.
Sem sombra de dúvida as antigas práticas fundamentadas em teorias tradicionais se mostram insuficientes frente á complexidade e a dinâmica das redes eletrônicas de troca e construção de saberes. No âmbito dos processos de aprendizagem nos deparamos com novos sujeitos, ou melhor, novas definições para os sujeitos participantes da criação desta nova era na educação. Assim podemos agrupas as pessoas neste contexto em duas categorias, e porque não dizer três:
1)           Nativos digitais – aplicável aos que já nasceram neste ambiente tecnologizado, dinâmico, rico em possibilidades de informação e comunicação. Estes tem um jeito todo particular de ser e fazer relacionamentos vivem no que se pode qualificar de “cultura da virtualidade real”.
2)           Imigrantes digitais – são todos os que vivem a situação desconfortável diante da invasão tecnológica. Estes são obrigados a conviver com as tecnologias digitais como estranhos no ninho. Nem precisa justificar o desconforto diante das dificuldades de acesso e de domínio dos recursos. Os imigrantes digitais continuam falando um idioma analógico.
3)           Analfabetos digitais são os que se qualificam “professauros” e que ainda não conseguem vencer um determinado conteúdo senão dentro do tempo e com o uso do quadro de giz com um plano altamente estruturado e o estabelecimento de notas e materiais organizados numa tal sequência linear impossível de continuar sem um esquema previamente elaborado. Para estes o único modo de avaliar e perceber o desenvolvimento do aluno são as provas e exercícios de fixação.
Certo é que as tecnologias digitais são de tal modo imprescindíveis como propulsoras de transformações sociais e de novas formas de pensamento sobre as quais se pode afirmar que: a tecnologia determina a sociedade. Nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica. O resultado final depende de um complexo padrão interativo. A tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas.
Neste sentido o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de informações e conhecimentos, mas sim a aplicação desses para a geração de novos saberes que se configure num processo de realimentação e integração crescentes que fatalmente alteram toda a vida e todas as dimensões da educação.
A tecnologia digital fez com que a sociedade desse um salto na compreensão da sua função e dos seus afazeres. Neste período a sociedade passou do que se pode chamar de centralidade do trabalho para a centralidade da educação. Para dar conta desta mudança reaparece com toda a força a necessidade da criatividade capaz de romper com os velhos paradigmas, que bem compreendido consiste na superaração de  tudo o que se tinha como modelo padrão.
A diminuição de distâncias e de tempos provocada pelas tecnologias digitais exige uma visão sistêmica, complexa e transdisciplinar dos fenômenos. É isso o que se chama de paradigma da complexidade que requer uma forma de pensar multidimensional e dialógica. O educador da era da complexidade precisa aprender a dar respostas em diferentes domínios do conhecimento humano em espaços de tempo equiparados á velocidade da luz.
É aí que o sujeito alcança o nível piagetiano de construção do saber sobre o objeto do conhecimento em um processo que se relaciona com a totalidade das estruturas. A aprendizagem que, em geral, é provocada por fatores externos, se desenvolve como um processo essencial para o desenvolvimento total também internamente ao indivíduo. Isso é o mesmo que dizer que o sujeito tem parte ativa tanto na produção como na assimilação dos saberes. Piaget, não sem razão já se opunha a um tipo de saber impessoal, no sentido que ele não existe fora das pessoas e da relação com elas.
Mais do que nunca a aplicação de tecnologias na educação deve facilitar a ação e transformação dos saberes pelo sujeito que se relaciona com eles.  É aí que  se faz compreensível a chamada teoria do equilíbrio e que tem nos desequilíbrios a fonte para o progresso e para novas direções. O segredo reside então no equilíbrio das diferenças e das integrações.
Inovar supõe rupturas paradigmáticas e não apenas introdução de novidades tecnológicas. Ela só existira mesmo na medida em que for produto de uma ação humana sobre o ambiente ou meio social em que vive.
É claro já a diferenciação entre informação e conhecimento, utilizar os dois como sinônimos é mais uma farsa conceitual uma vez que o conhecimento será sempre resultado de uma produção enquanto a informação não passa de uma transmissão de conhecimento. Talvez se possa dizer que a informação se assemelhe à gestão do conhecimento, no sentido que a sua não transmissão deixa de tornar conhecido e aplicável um determinado saber produzido.
Isto se pode dizer na medida em que os saberes não adentram no mundo digital eles não estão ainda existindo, haja vista a velocidade das transformações  que esta condição exige. A era digital é o que se pode chamar de sistematização de saberes e construção vinculada a um viver e conviver em distintos contextos e momentos históricos e sociais. Certo é que para quem apenas acessa o saber transmitido este significa não mais que informação.
As tecnologias digitais por si só não podem ser consideradas inovação no sentido de extensoras da mente humana. Elas representarão possibilidades efetivas para o surgimento de saberes e compreensões na medida em que alterem a relação com o tempo, espaço, presença, informação, interação, conhecimento e obviamente sejam provocadoras  de desequilíbrios e de ressignificação dos sujeitos.
As tecnologias digitais são eficazes desde o momento em que por meio delas as organizações deixem de ser vistas como máquinas para serem compreendidas como sistemas vivos nos quais as pessoas são o seu centro e se caracterizam por uma flexibilidade própria com potencial criativo e capacidade de aprendizado. Certamente não são as tecnologias que determinam a inovação, se assim fosse elas não passariam de uma obrigação ferramental que mataria toda a criatividade e o empreendedorismo.
Pior ainda acontece quando uma determinada tecnologia é usada como gestora do conhecimento à qual os sujeitos não tem alternativa se não a elas se adaptar  deixando assim de atender as necessidades do usuário para transformá-lo em usuário das necessidades. No que concerne à prática escolar será preciso ter claro que é importante fugir da globalização e massificação de produtos tecnológicos desenvolvidos e vendidos como se neles estivessem contidas as soluções e inovações que a educação estivesse precisando.  A aquisição de tecnologias prontas são soluções imaginarias pra problemas reais inexistentes.
O conceito positivo de tecnologia digital aplicado a educação se amplia e se justifica no momento em que soluções inovadoras, flexíveis e criativas estiverem ao alcance das pessoas que serão os gestores do pensamento e da relação com o mundo. Transformar a informação em conhecimento é o desafio, a palavra chave para a aplicação de toda e qualquer tecnologia digital na educação no sentido que o aluno passe por um processo de contínuo aprendizado e crescimento humano e intelectual.

Referência Bibliográfica
GOMES, Péricles Varela & MENDES, Ana Maria Coelho Pereira. Tecnologia e inovação na educação universitária: O matice da PUCPR. Curitiba, Champagnat, 2006.





Um comentário:

  1. Acadêmica: Cristina Wasserberg Marcon 8ª fase Pedagogia - UNOESC Joaçaba
    O texto tecnologia e inovação nos remete a realidade cada dia mais presente, onde dependemos cada vez mais das novas e por que não dizer das antigas formas de tecnologia para nos aperfeiçoarmos como educadores, precisamos deixar de ser professouros pois os alunos chegam até nos com sede de aprender coisas novas de maneiras diferentes, o que foi bom ontem hoje não o é mais. Se não buscarmos nos aperfeiçoar com certeza ficamos pelo caminho e deixamos carente de saber também nossos alunos, alguns tem facil acesso as inovações mas há os que não as tem.
    Vivemos um mundo que as coisas acontencem de maneira muto rápida, e não podemos nos acomodar, pois seremos engolidos pelas inovações tecnologicas e os jovens que buscam ampliar seus saberes.

    ResponderExcluir