segunda-feira, 4 de outubro de 2010

APRENDER A APRENDER


 

TECNOLOGIA E APRENDIZAGEM COLABORATIVA[1]

Elcio Alberton[2]

            Que o século XXI se apresenta como assustador e totalmente novo não parece ser novidade e não são poucos os pesquisadores que fazem tal constatação. O resultado das profundas mudanças é sentida por todos os segmentos da sociedade e a educação está fadada a fazer parte desta cultura “planetária, mundial e globalizante”. A metamorfose que vai sendo experimentada aponta para o advento de uma nova sociedade que pode ser caracterizada pelo conhecimento e pela globalização.
Dentre as verdades que este novo modo de ser e fazer imprime em cada sociedade, cultura ou pessoa está a necessidade de contínuo aprendizado para o qual não parece haver alternativa que não permanecer conectado ou reconectar-se cotidianamente. Situação que, de alguma maneira, implica em reunir o que havia sido fragmentado, reassumir o todo e enxergar globalmente.
As boas práticas educacionais, que sempre deram certo em  todos os níveis de ensino, particularmente nas universidades, estão desafiadas a inteirar-se da dinâmica, ou integrar-se na dinâmica da globalização com o consequente uso dos recursos tecnológicos que “ditam” ou “determinam” outros comportamentos e não permitem a manutenção dos paradigmas.
O próprio papel das Instituições de ensino superior e da educação superior sofre a quebra de paradigmas diante da quase impossibilidade de realizar um processo de ensino-aprendizagem em desconexão com as mudanças provocadas pelo advento das novas tecnologias. Isto implica compreender e aderir a uma constante reatualização que vai dando lugar a homogeneidade do que se poderia chamar como “vida útil” do profissional da educação.
A ideia de “ser completo” ronda o SER das instituições com a mesma intensidade que elas experimentam a impossibilidade de alcançar esta utópica condição. Tal confronto de realidades ou de identidades vai se tornando um fenômeno gerador de crises. Já não existe mais um tempo para concluir uma tarefa, uma formação, uma licenciatura, sob o ponto de vista que não existe um tempo no qual o acadêmico esteja formado, pronto, acabado, apto para exercer a profissão. Repensar a prática pedagógica é uma exigência que pode ser parafraseada com a máxima do pequeno príncipe: “tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas”, isto significa admitir que o aluno continuasse sendo um aprendiz em construção e que o professor nunca alcançou o limite de “ensinar tudo a todos”.
A condição de eterno aprendente parece ser a única possível para os assim chamados “egressos” no sentido que a “saída” do campo da aprendizagem nunca acontece de modo definitivo. A globalização, por meio da rede de informações desafia professores e alunos a permanecer em cotidiana busca de novos saberes, novas metodologias, outros recursos, e verdades mais adequadas para cada contexto.
Uma das primeiras condições do dueto docente-discente será a de abertura para a inovação, investigação, pesquisação, articulação, parceiros no processo que se chama colaborativo. Não existe mais um professor dono da verdade e detentor de todos os saberes e informações. No máximo o professor poderá se qualificar como um instrumento, no sentido positivo da palavra, que facilitará a abertura de novos caminhos para a produção de conhecimento que cada vez mais é uma “arte coletiva”.
Sem meias palavras o outro lado (discente) se encontra na mesma “encruzilhada” do saber posto que já não se conceba um acadêmico “passivo, ouvinte, leitor, decorador, repetidor”. Este na mesma ou maior proporção que o professor está desafiado a crescer em criatividade, criticidade, aperfeiçoando-se na condição de pesquisador e produtor de saberes. Isto implica em aceitar que o dueto (docente-discente) precisa aprender a aprender e aprender o que fazer com o aprendizado que o leve para novos caminhos cujo horizonte seja um mundo sustentável e não a mera preparação para o mercado.
A globalização, como resultado do avanço tecnológico aponta para uma metamorfose onde o foco não está mais reduzido ao ensino, mas à aprendizagem. Como já se disse, não simplesmente em vista de responder às exigências do mercado, mas tendo em mente a transformação própria e da sociedade a ponto de ser compatível com o desenvolvimento tecnológico. Claro está e perceptível a olhos laicos que a simples adoção de práticas tecnológicas “mecaniza o coração do pobre homem”. É imperativo aliar a adoção de novas tecnologias a princípios éticos sob pena de alicerçar a sociedade emergente em resultados agressivos, racionais e desumanos como o consequente agravamento das injustiças sociais e processo de exclusão, beirando-se a constatação de Tomas Hobes: “homo homini lupus est”.
Ter em conta o ser humano antes e acima de qualquer tecnologia é uma condição que impedirá a instrumentalização e fará o homem Senhor da  técnica e não o contrário. O uso dos recursos tecnológicos é absolutamente necessário sob pena de estar excluído da sociedade digital e merecer o qualificativo “dinossauro digital”, todavia, a tecnologia precisa ser contemplada sem a permissão que ela determine o agir humano e subjugue a ética e as relações de cooperação e de solidariedade.
Claro está que a sociedade tecnológica impôs a quebra do paradigma da “profissão professor” na medida em que rompeu com os conceitos de transmissão de informações, memorização de supostos aprendizados, resultados competitivos e formadores de pessoas individualistas e concorrentes colocando em seu lugar, não numa mera inversão de papéis, mas numa construção coletiva de saberes socializados que não podem ser mensurados pela quantidade de informações repassadas, objetivos propostos e conteúdos memorizados.
As exigências tecnológicas aplicadas a educação exigem um deslocamento de eixo, indo do polo restrito da “ensinagem” para a “aprendizagem”.  A globalização associou aos modos oral e escrito de apresentar os saberes, a “digitalidade”, por conta da sua condição esta última quase que impõe ser reconhecida como   quem tem supremacia em relação às outras duas e isto pelo simples fato da velocidade com qual se apresenta.
É importante deixar claro que o saber apresentado pelo modo digital não se resume a uso de equipamentos, mas a produção de novos comportamentos, nova racionalidade, novos estímulos.  Compreender esta verdade implica aceitar e usar com critérios humanos os recursos tecnológicos considerando a possibilidade de “presença real” mesmo na virtualidade do aprendizado de modo que os “encontros virtuais” se transformem em reais possibilidades de interação entre o indivíduo e o coletivo. Uma ideia que não pode ser subestimada pelo docente imerso no uso das tecnologias do saber implica em ter absolutamente clara que a adoção de práticas tecnológicas não cria novas necessidades, mas responde às necessidades que a sociedade já havia criado. Isto significa compreender que a lógica do consumo não pode se sobrepor á lógica da necessidade, ou seja, que o consumo não é criador de necessidades, mas que as necessidades criam o consumo.
Daí que parece importante recuperar o conceito, já trabalhado com o dueto (docente-discente), que a  globalização deve superar a prática de “codificador X decodificador” de informações que eram tidas como saberes repassado e supostamente aprendido, por uma reflexão crítica do papel da informática com os consequentes benefícios que a era digital pode trazer para o aluno. Neste sentido a sala de aula passa a ser compreendida exatamente naquilo que ela é: “Um lugar” e certamente pode ser chamar de lugar privilegiado de encontro dos saberes no sentido em que ali se cruzam na plenitude do processo de relacionamento, o professor e o aluno, ambos, sujeitos e produtores de distintos saberes.
A tecnologia digital pode ser parafraseada como sendo o inconsciente de cada individuo no sentido que ele é atemporal assim como os bites que tem seu próprio tempo seu espaço e sua forma de exposição, a isto pode se denominar de momento revolucionário do aprendizado. No uso adequado das tecnologias de informação os alunos vão se constituindo em descobridores e transformadores de produtos e talentos o que se pode chamar de “portadores de Inteligências múltiplas”.
O professor adaptado às tecnologias será capaz de levar em conta o que se chamou de Inteligências múltiplas, e que segundo Gardner se constitui de oito elementos: “espacial, interpessoal, intrapessoal, cinestésico-corporal, linguística, lógico-matemática, musical e naturalista”. Ter presente que cada uma destas competências ainda está como que transversadas por outras habilidades ou exigências: “Comunicação, colaboração e criatividade”.  No texto que trata da tecnologia e inovação os autores falam da necessidade de estabelecer o processo de adequação tecnológica a partir de uma decisão política e que faça parte da missão e da visão da instituição, aqui  se reforça a necessidade de que as novas práticas pedagógicas sejam uma escolha das universidades.
Esta nova prática, ou melhor, este novo jeito de ser professor exige redimensionamentos, porque não dizer estabelecimentos de novas balizas para o aprendizado os quais se darão por meio da abertura de novas formas de contatos entre professores e alunos. As tecnologias digitais romperam as barreiras de espaço e tempo, deste mesmo modo há que ser a decisão das pessoas no sentido de derrubar as barreiras  da sala de aula, do quadro de giz, e do livro texto com  criatividade e abertura para a transformação das realidades.
A era digital quebra os paradigmas burocráticos, hierárquicos, departamentalizados, mantido por rígidos controles comportamentais estabelecendo princípios de descentralização no qual as regras e os princípios sejam discutidos coletivamente. Tal realidade somente será possível se a aprendizagem propriamente dita partir das necessidades e expectativas que o aluno traz para dentro do contexto escolar, deste modo ela será “instigante, desafiadora, significativa, problematizadora e capaz de apontar soluções”.  Em resumo trata-se de uma nova ação docente na qual “a relação professor aluno contempla a inter-relação, e a interdependência dos seres humanos, que deverão ser solidários ao buscar caminhos felizes para uma vida sadia e sustentável”.
A aprendizagem colaborativa se confirma na medida em que todos estiverem convencidos que o aprendizado nunca está acabado se confirmando o que já dizia Sêneca: “Penso que muitos já poderiam ter chegado à sabedoria, se não estivessem convencido de já haver chegado”. Daí se pode afirmar que esta forma de estudar se sustenta em quatro pilares.
1)                 Aprender a conhecer
2)                 Aprender a fazer
3)                 Aprender a viver juntos
4)                 Aprender a ser

Em se tratando de aprender a conhecer a primeira e clara atitude consiste na capacidade de acessar, investigar, ter curiosidade em outras palavras pesquisar e como conclusão  produzir conhecimentos. Na medida em que aprender a conhecer o pesquisador aprende também a fazer e isto está longe de apenas preparar para o mercado, se trata de desenvolver aptidões às quais não se limitam ao uso de recursos tecnológicos que muitas vezes o mantém agindo na dicotomia teoria  e prática. Quem aprende a viver juntos, compreende muito melhor que “nenhum homem é uma ilha” e que a sobrevivência de ambos dependerá da compreensão de sustentabilidade que todos forem capazes de desenvolver.

O que aprende a viver junto compreendeu a indignação de Luther King: “Nós vivemos juntos como seres humanos racionais ou morremos juntos como idiotas”. A incapacidade de compreender que o ser humano não pode ser transformado em máquina já vem sendo questionada de longa data. Chaplin já afirmava: “Não sois máquinas, homens é que sois”. Na década de 1970, Peninha compôs e cantou: “Máquinas”. Hoje a sociedade está suficientemente convencida que o simples avanço tecnológico não é sinônimo de melhor qualidade de vida, ao contrário estes desafiam o homem a construir relações de solidariedade e cooperação.

Neste ponto toda a sociedade e em particular a escola é convidada a rever seu processo pedagógico facilitando para toda a comunidade escolar um processo de reflexão e aprendizado capaz de superar conflitos e respeitar as distintas opiniões. Aprender a ser consiste na capacidade de produzir e formular seus próprios juízos os quais irão colaborar com a superação da desumanização recriando a afetividade o companheirismo embrutecedor que não é sinônimo de displicência. Parafraseando Che Guevara: “hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás”. A fim de não ser engolido pela obtenção do ter em detrimento de ser a escola é desafiada a superar as possibilidades de bullyng cujas  dimensões são alarmantes na atualidade, as quais transformam os alunos em “lobo de si mesmos”.

A preparação da pessoa do professor capaz de responder criativa e criticamente, com autonomia e transformadores da realidade pode ser denominado como processo de mistagogia da docência. Nesta perspectiva as escolas podem servir-se da tecnologia sem correr o risco de menosprezar a cidadania. Ou como escreveu Chalita o educando:

 

Precisa de alma, de alguém capaz de auxiliá-lo na arte de gerenciar sonhos ou ainda: o mundo precisa de educadores por meio dos quais as crianças possam desenvolver e compartilhar o afeto e a esperança pela vida e pelo ser humano com criatividade, com pensamento crítico. Com uma cultura de saberes que se relacionam e são necessários (CHALITA, 2006, p11).

Esta maneira de ver a educação é o que se pode chamar de paradigma inovador ou emergente o qual instiga a estabelecer um sistemático processo de renovação das práticas que superem o conceito de que no processo de conhecimento aconteça a polarização entre o que sabe é pode ser considerado sujeito e o que não sabe e está na condição de objeto.  Desta compreensão se delineia que a educação é um processo de ensino com pesquisa em vista da transformação social e das relações a procura da unidade do conhecimento em detrimento da fragmentação que normalmente grassa nossas escolas.
O que chamamos aqui de novos paradigmas consiste em ir muito além das práticas de transmissão de saberes, ou melhor, de informações, que se fosse necessário falar na linguagem digital se poderia dizer que se tratava da moderna prática do “CTRL C – CTRL V”.  Estabelecer novos paradigmas para a educação consiste em adotar as práticas de elaboração e reelaboração dos conhecimentos  que na linguagem tecnológica se pode aplicar às páginas “WIKI” ou fóruns de discussão e produção de saberes. O aprendiz em lugar de ser um receptor passivo tem como pressuposto  o gosto pela dúvida, pela investigação e pelo consequente prazer da descoberta.
O ensino com pesquisa certamente não transforma somente o aluno que aos poucos vai se tornando um parceiro na formulação de novas possibilidades de socialização dos saberes. Na medida em que isto se realiza o educando será capaz de produzir páginas de domínio, blogs, e adentrar para o mundo virtual do conhecimento. E aí os professores se reconhecem progressistas não simplesmente por estes avanços tecnológicos estarem ao alcance de todos, mas, sobretudo, porque a comunidade escolar é capaz de se posicionar com clareza diante dos desvios éticos e injustiças sociais. Esta realidade implica por parte de ambos os envolvidos no processo o desenvolvimento de uma fé profunda e duradoura.
A superação dos conceitos fragmentados de saber abre para a perspectiva da totalidade que faz compreender a vida e a existência do ser humano como uma das dimensões da sustentabilidade e da necessidade de preservar para se auto-preservar. Daí compreender que não basta ser professor conteúdista  e especialista em determinadas disciplinas ou mesmo ter boa prática didática, o ser do professor implica em compreender que seu trabalho e seu ser são um todo complexo de relações que necessariamente tem a ver com relacionar, simular, inventar.
Educar com visão de totalidade consiste em desenvolver todas as dimensões do ser pessoa, isto é, o seu lado racional e o emocional, isto se pode parafrasear com o uso das tecnologias de educação no que concerne  a bem utilizar os recursos de hardware e software. Por esta ótica fica cada vez mais claro que o processo de conhecer se dá de modo mais pleno e adequado sempre que ele focar na maior necessidade do ser humano: realizar-se plenamente como criatura.
Já parece estar claro sob esta ótica que as tecnologias vão sendo disponibilizadas tendo como meta a aprendizagem colaborativa, sendo facilitadoras do desenvolvimento das aptidões. O uso das tecnologias vai aparecendo como instrumento de interação e exercitador  de habilidades. Os serviços eletrônicos de troca de saberes, embora não tenham sido criados precisamente com vistas á educação se prestam para estimular as relações de saber e de cooperação. A transformação dos grupos físicos de estudo pode ser reorganizado em grupos de discussão online com significativos ganhos para todos. Entre as vantagens do processo há que se considerar a imensurável gama de saberes e informações disponíveis em um CLIC.
O processo de comunicação antes restrito à sala de aula alcança o mundo virtual e toda a vida acadêmica ganha em agilidade e praticidade. Todavia nunca é demais reforçar que o recurso por si só não garante a inovação, ele depende de um projeto bem arquitetado  e alimentado por todos na escola estabelecendo o que já foi chamado de processo de “aprender a aprender”.
Sempre que os recursos tecnológicos forem colocados como uma política institucional de promover o SER do professor e do aluno, eles estarão na condição de encorajadores de contatos promotores de cooperação facilitando o que se chama aprendizagem colaborativa. A interação online permite feed back independente dos encontros presenciais, do mesmo modo o processo avaliativo pode ser ricamente ampliado.
O auxílio da informática é um estimulador no aproveitamento do tempo na medida em que ele for utilizado adequadamente com objetivos e clareza de sua função. Além do mais os recursos virtuais são hoje uma alternativa plausível para promover a sustentabilidade.  Um recurso tecnológico permite disponibilizar para um número muito maior grande quantidade de informação à custos significativamente reduzidos sem contar na importância da socialização universal, quando se trata do uso da rede mundial de computadores.
A produção de saberes que os recursos tecnológicos viabilizam faz com que se possa superar a velha máxima que consistia em “escutar, ler, decorar e repetir”. A consulta ao infinito universo virtual permite avanços no conhecimento auxiliando a compreensão de instrumentos cooperativos do saber. Tudo isso sempre respeitando o princípio básico sobre o qual já se falou abundantemente que consiste em não substituir a pessoa pelo equipamento.
Estamos tratando da aprendizagem no contexto das profundas transformações por que passa a humanidade, neste contexto o uso das tecnologias na educação é provocador de uma verdadeira metamorfose em relação à qual nenhum professor pode se comportar como uma ilha no meio da opção da instituição ou passar a utilizá-las indiscriminadamente quando não fizerem parte da visão da mesma. Dito isto se retoma a compreensão de que a aprendizagem colaborativa via recursos tecnológicos demanda postura cooperativa.
Provocar o aluno com o intuito que ele se torne um produtor de conhecimento valoriza-o tanto mais na medida em que vai se dando a compreensão do processo ensino-aprendizagem. Os alunos se tornam elementos ativos e responsáveis pelo desenvolvimento do processo estabelecendo sempre relação de entre ajuda o qual acontece com a plena consciência de que os saberes são provisórios, ou melhor, não se constituem respostas únicas e acabadas ou verdades absolutas.
Uma das mais esfarrapadas desculpas para se eximir do uso de tecnologias reside na afirmação de que os alunos ou a escola não tenham acesso e algumas vezes não tenham domínio de recursos informatizados. Quase não há espaço público que se possa qualificar de excluído digital e até nas famílias de mais baixa renda o acesso às tecnologias de informação é uma realidade plausível.
O desafio consiste, como já foi dito, em garantir a produção de modo técnico e que supere as práticas memorizadoras que se vem repetindo desde a Ratio Studiorum com toda a prática pedagógica jesuítica adotada nos anos 1600. Bastante claro está o estabelecimento de uma prática dialógica que facilite uma avaliação processual ao mesmo tempo crítica, coletiva e reflexiva.
Desenvolver no aluno o gosto e a capacidade de defender suas ideias fará dele um “vendedor de sonhos” que ultrapassa os conteúdos propriamente ditos e os constituem cidadãos mais do que conhecedores de matérias.
Antes de Paulo Freire e mesmo contemporâneo a ele, outros manifestaram a necessidade de fazer da aprendizagem um processo de trocas, aqui, mantendo as citações do texto que se está comentando repetimos a frase freiriana: “Uns ensinam e ao fazê-lo aprendem. Outros aprendem e, ao fazê-lo ensinam”. Certamente aqui se dá a construção de um processo que pode ser denominado com as palavras do Saint Exupery: “é preciso cativar”. O sucesso deste modo de desenvolver a aprendizagem consiste em criar uma relação amorosa pela produção e partilha coletiva dos saberes.
Na atualidade um dos instrumentos importantes para promover o gosto pela socialização implica em facilitar aos alunos a criação de páginas de internet, blogs e outros recursos de aprendizado colaborativo. E aqui volta a se dar uma quebra de paradigmas: Será que perderemos muito tempo? Cabe perguntar se os professores que continuam ocupando todo o tempo com aulas expositivas e transmissão de conteúdos realmente facilitaram para que seus alunos efetivamente aprendessem?
Quando falamos que a o uso da tecnologia suplanta a prática de avaliação tradicional ficou também claro que não se disse “não” a toda e qualquer forma de avaliação. Esta deve ser instigada no sentido de desenvolver competências e autonomia, em resumo, o foco da ação passa do processo dito “ensinagem” para a “aprendizagem”.
A guisa de conclusão resta ter claro que a quebra de paradigmas com o estabelecimento de novos referências consiste em renovar constantemente o que pode ser chamado de “contrato didático”.









[1] Comentários ao texto Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente da Prof. Dra. Marilda Aparecida Behrens
[2] Licenciado em Filosofia, Especialista em Teologia Pastoral e Gestão Educacional, Mestrando em Educação pela PUCPR. Funcionário da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná - Professor formador no programa PROINFANTIL, Professor na UNOESC – Campus de Joaçaba – SC.   Email: professor.elcio@hotmail.com

11 comentários:

  1. Este texto nos ensina como é difícil hoje a arte do ensinar. Antigamente era mais tranquilo, já que o aluno só tinha que ouvir, copiar, decorar e repetir. Era cômodo para o professor. Hoje o professor deve ser um ser globalizado, mesmo porque em apenas um clic a informação está aí à disposição. O processo de metamorfose acontece, com certeza, mais rápido para o aluno do que para o professor. O professor tem dificuldade até em ensinar com pesquisa, pelo menos na UFPR assim parece.
    Outro ponto importante, é que o texto aborda alguns temas que connhecemos, no entanto com o conhecimento e experiência atual, fazemos uma releitura e adquirimos nova visão sobre o assunto. Aliás sempre atual.
    "Só sei que nada sei", é bem verdade. Quanto mais aprendemos mais descobrimos que temos mais a aprender, portanto eu acredito que nunca um texto, ou conhecimento é "pólvora molhada". Com a releitura um novo aspecto é levantado e outra forma de analisar surge. No livro Ilusões de Richard Bach tem uma frase que se aplica bem aqui, ele escreve que como sabemos que o trabalho/aprendizagem terminou? Você está vivo? Então não terminou.
    "Pólvora molhada" não existe para quem está aprendendo, pelo menos acredito ser assim. Outra passagem do livro de Bach reflete muito o texto e os comentários em sala de aula: "Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você. Vocês são todos aprendizes, fazedores, professores."
    Madlaine Célia de Lima
    Curso de Especialização em Gestão Pública
    CETEP

    ResponderExcluir
  2. Ontem estive em reunião com Coordenadores de Curso de Graduação. Professores, com certeza. É incrível como percebemos nas falas o distanciamento das palavras de Saint Exupery: “é preciso cativar”. Ou este desejo de "desenvolver no aluno o gosto e a capacidade de defender suas ideias", transformando-o em um vendedor de sonhos". A metamorfose acontecerá, devagar, mais acontecerá.
    Madlaine Célia de Lima
    Curso de Especialização CETEP

    ResponderExcluir
  3. Com o avanço da tecnologia e com isto a rapidez que obtemos informações, percebemos a necessidade da interação entre professor e aluno, proporcionando assim um ambiente agradável e estimulante para a aprendizagem.
    Mauro Alberto de Witt
    Curso de Especialização CETEP

    ResponderExcluir
  4. Na parceria do docente-discente será abertura para inovação, investigação, pesquisa, articulação para se tornar colaborativa as informações e os saberes, onde tanto o professor quanto o aluno vão atrás de mais informações.
    O aluno e o professor não podem pensar somente na mera preparação para o mercado profissional, mas para o conhecimento sustentável.
    Bina de Jesus Tavares Blanc
    Curso de Especialização CETEP

    ResponderExcluir
  5. O texto desperta para novas mudanças, mostra a necessidade de contínuo aprendizado, ou seja, eterno aprendiz.
    Aprendi de novo que as práticas educacionais estão desafiadas a inteirar-se na dinâmica da globalização, usando os recursos tecnológicos.O professor e aluno trabalhando juntos de forma criativa, dinânica e inovadora, criando uma relação dialógica
    Gildelena de Fatima Blanc Mottin
    Curso de Especialização CETEP

    ResponderExcluir
  6. Partindo da primicia de que os saberes são provisórios, ou seja não são verdades absolutas, entendemos que todos temos conhecimentos nas mais diversas areas, o que nos difere um do outro, é o quanto de conhecimento já adquirimos."Somos todos professores-aprendizes".
    Natanael Schlosser
    Curso de Especialização CETEP

    ResponderExcluir
  7. A importância que a tecnologia vem estabelecendo na forma de aprender, através da facilidade de acesso a pesquisa, o aprendizado deixou de ter limites. a gama infindável de assuntos e até mesmo diversas definições sobre o mesmo assunto, que temos a nossa disposição, se torna uma metodologia interessante de aprendizado, contudo, devemos usá-la como um recurso para aprofundar conteúdos curriculares como forma de enriquece-los, com objetivos pedagógicos, com atividades focadas, tornando-as uma extensão da sala de aula.

    ResponderExcluir
  8. A sociedade faz parte do ensinar e aprender, o contínuo aprendizado docente - discente faz parte do nosso dia-a-dia pois nunca sabemos tudo.
    Com o avanço da tecnologia somos obrigados a nos adaptar as informações digitais más nunca deixar a sala de aula e a presença do professor em segundo plano e sim caminhar juntos.

    ResponderExcluir
  9. A era digital e a globalização, levaram o conhecimento às pessoas num simples "click", com isso, o processo de "ensinagem" se tornou uma via de mâo dupla, onde a medida que o educador ensina, também aprende. E para que esse processo de aprendizado seja uma viagem maravilhosa, é preciso desenvolver cada vez mais, a arte de cativar.
    Hoje, o aluno que senta em uma cadeira acadêmica, possui conhecimentos sim e argumenta.
    Este texto me lembrou que a fase da formatura acabou. Hoje somos, e seremos sempre, eternos aprendizes.

    Mirian e Nara
    Curso de Pós-Graduação
    Gestão Pública - CETEP

    ResponderExcluir
  10. E pensar que a uns vinte anos atráz ou menos, com o avanço da tecnologia era preciso vinte pessoas para se fazer o mesmo serviço que uma pessoa em um computador faz hoje. E os trabalhos supervisionados então como de nosso curso de Tecnólogo em Gestão Pública, comparando-se com a mão de obra que dava antes, agora é uma mão na roda.

    ResponderExcluir
  11. João Paulo Januáriosábado, novembro 20, 2010

    Citando vários dilemas e os novos contextos da Educação em pleno século XXI, o autor nos conduz a reflexão sobre a forma que a relação ensino/aprendizagem vem se processando em meio à realidade rodeada de avanços tecnológicos que ainda não sabemos ao certo a dimensão de seu impacto no dia a dia do professor. Símbolo máximo do conhecimento durante séculos, o professor vê sua posição ameaçada, onde é preciso reconhecer que não domina e nunca dominou de forma absoluta o conhecimento pelo qual é responsável em transmitir independente de sua área de atuação no ensino superior.
    O lema “aprender a aprender” parte da idéia que nunca tivemos tanto acesso ao conhecimento, meus “bancos de informação” não somente o professor e uma biblioteca física, mas o advento das novas tecnologias da informação e comunicação me possibilita acesso a recursos informacionais ilimitados. O desafio é aprendermos a ser seletivos no nosso aprendizado, ou seja, apenas aproveitar o que realmente interessa para a formação almejada. É nessa hora que percebemos a importância da presença do professor nessa seleção de conteúdo e de assimilação do conhecimento.

    Disciplina: Metodologia do Ensino Superior
    Aluno: João Paulo de Aguiar Januário
    Pós Graduação em Gestão Pública
    Faculdade CETEP

    ResponderExcluir