sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ENSINO SUPERIOR OU EDUCAÇÃO SUPERIOR?

Faculdade de Tecnologia CETEP 
Rua Francisco Torres, nº 768 
Especialização em Gestão Pública
Componente curricular: Metodologia do Ensino Superior
Professor: Elcio Alberton
Segundo semestre 2010.
VARIÁVEIS E PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Que o século XXI trouxe no seu bojo uma gama enorme de novidades e com elas medos e incertezas ninguém ousa duvidar. Muitas das transformações previstas para o tempo já estão se realizando e nem foram amedrontadoras como se chegou a fazer profecias e suposições.
No que se refere à educação superior não se pode dizer que houve necessidades diversas daquelas aplicáveis aos demais setores da convivência humana. Em todos os ambientes foi necessário e continuará sendo imprescindível admitir e estar preparado para a constante quebra de paradigmas e assimilação das variáveis inerentes ao cotidiano da arte de educar.
Sob a ótica do professor e da sua sobrevivência no terceiro milênio este precisará ter claro que as ferramentas principais são agora o conhecimento e a inteligência e estas forças irão movimentar o capital, o trabalho e o dinheiro. Neste sentido o profissional da educação deixou de ser o detentor do saber, do conhecimento, da verdade, da informação e se tornou um problematizador.
Naturalmente que o professor não é o único a ser desafiado por esta nova realidade, ela faz parte do cotidiano das sociedades e das instituições razão pela qual cada vez mais fica clara a compreensão que quem deve trabalhar em sala de aula é o aluno enquanto o professor trabalha fora, trabalha antes, prepara e se prepara.
O profissional da educação no terceiro milênio é visto sob a ótica da tridimensionalidade:
Pessoal;
Profissional;
Educador.
Da pessoa do docente são exigidas habilidades intelectuais, morais e físicas. Condições que já tratamos no texto avanços e desafios no processo ensino/aprendizagem. Já do ponto de vista do profissional se espera domínio de conteúdo e habilidades técnicas. E do educador se pede: postura, valores, autoridade intelectual.
Neste sentido se pode dizer que o professor é aquele que sabe e, portanto, não aquele que ensina no sentido que ensinar consistiria num reducionismo do qual já se tratou em outros textos deste curso, e aquele que sabe é também o que pesquisa e o que faz fazer.
Um primeiro paradigma que foi quebrado diante desta realidade é o do sujeito detentor de autoridade que se via confirmada pelas atitudes de cobranças, de exigências, de provas, de domínio sobre os alunos. O segundo paradigma é o do professor submisso, com falsa humildade e que tolera indisciplina, facilita nas provas e no controle de presenças, em resumo, não tem lugar nem o professor “nerd” nem o “laxo”.
Mais ainda do que em outros tempos trata-se de uma questão de “vocação para a docência” de modo a constituir-se como um indivíduo que valoriza o ensino indo para muito além do que sobrecarregar os alunos com trabalhos, com ameaças de reprovação, com críticas que não constroem e não são corrigíveis porque centradas no passado e no ensino médio e nos professores que lhe antecederam e etc.
A vocação do professor no século XXI pede a superação dos velhos hábitos de fazer do aluno um indivíduo apto a “Ler, copiar, decorar e repetir”. Certamente o professor destes novos tempos nada tem em comum com os marqueteiros da educação, sujeitos que prometem milagres em relação aos processos de ensino/aprendizagem. O professor que se faz por vocação é o que pode ser chamado de “mistagogo”, isto é aquele que conduz o educando a partir do seu próprio testemunho, o que se chama também “professor marcante”.
Um dos sinais que caracteriza a alegria da docência é a não reprodução da mesmice, dos textos, dos livros, dos métodos. Estar aberto para a avaliação e para o futuro, com os pés no chão da vida e os olhos no horizonte da missão, preocupado com a aprendizagem, mais do que com o volume de conteúdos que ocupará a mente e os apontamentos dos alunos.
A produção do saber como indicativo para a solução dos problemas cotidianos faz do professor uma pessoa em permanente diálogo capaz de transformar a sala de aula num meio de multiplicação de conhecimentos. A docência no ensino superior pede do professor novos ritmos, mais produção, melhor disponibilidade, transparência nos relacionamentos e autoridade que se manifesta pela competência.
Neste contexto igualmente não tem mais lugar para o aluno “copista” e para os professores “fantoches”. A arte de Educar no novo milênio parte do pressuposto que a produção de conhecimento é uma condição sine qua non existe saber e consequentemente aprendizagem.
Sem dedicação à pesquisa não se pode vislumbrar a docência como um serviço à comunidade, neste sentido urge que o professor supere a antiga postura que considera aprendizagem o respeito pela autoridade conceitual do professor. Já não é necessário, como dissemos, nem para o aluno nem para o professor o conformismo do “copista e do repetidor de conceitos”.
O professor do novo milênio é uma pessoa que está à frente do seu tempo, isto é, igual a todos e diferente em tudo. O modelo mais adequado à docência destes novos tempos parece se aproximar da condição de quem ensina a resolver problemas e não ensino problemas resolvidos. Em outras palavras a docência no ensino superior consiste em exercitar para a habilidade de pensar.
No contexto da metamorfose civilizatória porque passa a sociedade das tecnologias o processo educativo está inteiramente encharcada de todas as situações pelas quais passa toda a pessoa e que sem uma coerente valorização das relações sociais não acontecerá um autêntico processo de aprendizagem. O papel do professor na educação superior consiste em teorizar práticas que superem a letargia das consciências que leva a morte por inanição.
Então a tríplice função da educação e do professor – ensino, pesquisa, extensão – faz parte do amplo mundo que circunda a educação superior no seu contexto com a sociedade globalizada. Não é mais aceitável o professor “morno” cuja atividade docente seja neutra e desprovida de afeto, de paixão e de espiritualidade. Isso implica compreender que a pessoa é o centro de todo o processo, ou seja, antes que o programa, que os planos, que os objetivos, que os métodos, estes serão apenas instrumentos facilitadores e promotores de relações responsáveis e duradouras.
Em resumo o educador dos novos tempos é um sujeito capaz de problematizar e auxiliar na resolução dos problemas que ele mesmo criou.


Referência Bibliográfica
CIMADON, Aristides. Ensino e aprendizagem na Universidade. Joaçaba,  Editora UNOESC, 2008 p 40 - 55.

11 comentários:

  1. Maria Elena Rocha Françaterça-feira, outubro 26, 2010

    O aluno traz para dentro do contexto escolar a relação professor com a interação que deverão ser solidários ao buscar caminhos felizes para uma vida sadia e sustentável.
    Maria Elena Rocha de França

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  2. Na revista Escola de outubro encontramos uma matéria que traduz bem o texto: "O professor do futuro é você". A matéria enfoca que diferentes demandas se apresentam hoje como essenciais para quem está à frente de uma sala de aula. E traz também o relato de seis professores que destacam que o professor deve: ter boa formação; usar as novas tecnologias; atualizar-se nas novas didáticas; trabalhar bem em equipe; planejar e avaliar sempre; e ter atitude e postura profissionais. É muito interessante a matéria, um novo perfil do professor do século XXI deverá ser buscado por todos os professores. Caso contrário não passarão de "professauros" que não acrescentarão nada para a Educação brasileira.

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  3. Quando o professor se der conta que sabe de tudo um pouco, mas, que precisa aprender mais um pouco de tudo que ainda não aprendeu, sua busca por conhecimento não tera fim.

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  4. Educação Superior, a arte de educar no novo milênio exigirá um novo perfil do educador, um profissional com capital intelectual amplo, com postura e valores éticos corretos. Sua autoridade como docente será testada por sua competência, em manter seus alunos interessados em saber sempre mais...com sede de conhecimento.

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  5. A frase que me marcou foi a que diz que "O professor do novo milênio é uma pessoa que está à frente do seu tempo. O modelo mais adequado à docência destes novos tempos parece se aproximar da condição de quem ensina a resolver problemas e não ensino problemas resolvidos. Em outras palavras a docência no ensino superior consiste em exercitar para a habilidade de pensar."

    Este novo modelo é desafiador e necessário para que possamos nos mover adiante do nosso tempo, e experimentarmos a modernidade vindoura em seus mais variados aspectos.

    Edilson Pina Pinto
    Aluno da Pós-Graduação do CETEP

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  6. Acredito que, fundametalmente, o que mais mudou foi a relação entre alunos e professores; houve uma aproximação, aluns fatores que antes se interpunham entre um e outro já não mais existem. Teve novas tecnologias, novas opções de conhecimento, porém acredito que é na relação entre ambos que trouxe os novos paradigmas.

    André Kafka

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  7. Hoje, graças as mudanças em sala de aula, o discente e o docente tem um diálogo aberto no qual um repassa parte do que sabe ao outro. É aquilo que o professor sempre nos fala: a troca de conhecimento.

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  8. O Professor, ao problematizar a prática pedagógica, se envolve, responsavelmente,com ela, atitude que o levará a um processo continuado de reflexão na busca constante de criar formas diferentes de repassar conhecimento com sentido e significado.

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  9. A tecnologia vem se impondo nas áreas de educação, principalmente na forma do aprender, pela pesquisa, o aprender deixou de ter limites uma vez que é infindável o numero de assuntos que podemos ter acesso pela internet, até mesmo sobre um assunto temos diversas exposições sobre o mesmo assunto. Se tornando uma Metodologia da qual as pessoas se tornam interessadas, mesmo porque quebra a barreira das salas de aula. Tendo conteúdos mais aprofundados e diagnósticos mais precisos.
    Suzana Guimarães Eckart
    Aluna da Pós graduação de Gestão Publica no Cetep - Curitiba

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  10. O método “Ensinar” sem se preocupar em estar certo ou não saber o que responder, faz com que o professor saía também em busca da informação através da tecnologia para enriquecer mais seus conhecimentos e dividir a busca com seus alunos.
    Suzana Guimarães Eckart
    Aluna da Pós graduação de Gestão Publica no Cetep - Curitiba
    Obrigada

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  11. João Paulo Januáriosábado, novembro 20, 2010

    A máxima “Ler, copiar, decorar e repetir”, sem dúvida é o grande paradigma a ser superado no processo ensino/aprendizagem na “educação superior” que aqui não entendo como o mesmo que “ensino superior”. A Educação Superior supõe todo um conjunto de políticas a serem adotadas para assegurar infra-estrutura física e tecnologia, inclusão e acima de tudo qualidade no ensino para atender as inúmeras demandas sociais de um país. Enquanto o ensino superior, acredito estar mais próximo das metodologias de trabalho da docência exercidas nas instituições universitárias para repassar o conhecimento sem entrar no mérito do sucesso ou do fracasso nessa disseminação de conteúdo informativos para fins educativo e profissional. Assim o professor do 3º milênio que será bem sucedido em sua missão será aquele que melhor compreender o contexto que está passando e evoluir junto com ele. Portanto, terá que ensinar, mas terá que também estar aprendendo, pois seus alunos não são mais passíveis para aprender, além do conhecimento que carregam consigo os estudantes cultivam também o auto-aprendizado proporcionado pelas novas tecnologias, ou seja, já possuem conhecimentos adquiridos de outras fontes e poderão compartilhá-los na relação docente/discente.

    Disciplina: Metodologia do Ensino Superior
    Aluno: João Paulo de Aguiar Januário
    Pós Graduação em Gestão Pública
    Faculdade CETEP

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