sexta-feira, 8 de outubro de 2010

NOVAS TECNOLOGIAS - QUEBRAR PARADIGMAS É PRECISO


TIC1 OU NTIC2 OU INVENCIONISMOS3?

Elcio Alberton4

No texto projetos de aprendizagem colaborativa, o qual já comentamos também neste espaço, a professora Marilda Aparecida Behrens escreve assim:
Com o auxílio da informática, há possibilidade de propor trabalhos presenciais e semipresenciais, pois ela proporciona o aumento do aproveitamento do tempo, reduzindo a necessidade de deslocamento e a flexibilização de horários. Os alunos, independentemente dos horários em que frequentam a escola, podem continuar as atividades individuais e coletivas pela rede. Por outro lado, a informática permite que haja um acompanhamento mais frequente dos trabalhos, pois é mais simples e rápido trocar mensagens por email do que reunir todos pessoalmente para trabalhar em parcerias. Os retornos do professor via e-mail podem ser disponibilizados para todos os alunos.(MORAN, 2000 P. 102)
Estas e outras inúmeras considerações a respeito do tema não permitem que fiquemos duvidando da importância e necessidade de aderir as tecnologias de informação e de fazer com seriedade e responsabilidade as escolhas mais adequadas para cada situação. Já falamos também que o uso das tecnologias está em vista de responder às necessidades criadas pela escola e não criar novas necessidades que acabam por induzir ao consumismo.
As distintas formas de software que prometem atender as exigências e requisitos das instituições educacionais são muitas vezes uma disputa pelo mercado ao qual os usuários terminam por ceder às tentações. A primeira reafirmação que parece oportuna insistir consiste em ter presente que as NTIC são um referencial no processo de ensino-aprendizagem, o limite está em colocá-las como se ocupassem o centro da ocupação e da preocupação do professor, particularmente no ensino fundamental.
Certamente não se trata de ensinar sobre tecnologias de informação e nem tampouco quais os recursos que elas disponibilizam para a arte da aprendizagem. A velocidade com que os recursos se modificam e se atualizam apontam para a necessidade de contínua atualização no que se refere ao uso dos meios que são disponibilizados, sobretudo, virtualmente.
Não longe da nossa época a escola, equipada com quadro e giz era algo totalmente novo e praticamente irrepetível em qualquer outro ambiente seja de casa ou de trabalho. Certo é que os equipamentos de informática com os quais são equipadas nossas escolas estão longe de ser os de última geração. Alias nem me parece que isto seja necessário. Mas quero dizer que os alunos chegam à escola e dela saem com a certeza que terão acesso a hardwares, o softwares muito mais atualizados. Isto remete á comparação que já fizemos também: muitas vezes nossos recursos parecem uma bicicleta disposta numa pista de aeroporto.
Neste caso, nossa insistência reside no fato que não se trata de ensinar a usar os recursos, mas de bem utilizar os recursos que estiverem ao alcance. Bem usar implica sim explorar todas as suas potencialidades, mas sobre tudo aprender a usá-los com ética e com senso crítico.
Superar, muitas vezes a prática de utilização de recursos físicos para facilitar o processo de aprendizagem será com certeza um caminho adequado. Não parece fora de propósito afirmar que manter a prática de gravar em CD os conteúdos que merecem ser socializados é, na atual conjuntura, fora de propósito. Isso para não falar no uso de mapas e gráficos impressos para localizar nos continentes os pontos temáticos tratados em aula, ou gráficos para indicar dados de pesquisa ou cálculos matemáticos.
O recurso dos hipertexto, na prática, nada mais é do que a curiosidade de folhear um livro ou dicionário com o intuito de procurar as palavras ou textos que se relacionam. Aqueles, todavia ganham em agilidade na medida em que basta um CLIC sobre a palavra para que uma nova “Aba” se abra com a resposta ou questionamento proposto.
Já se disse também que é possível identificar pelos menos três categorias de pessoas no que se refere ao acesso digital os quais denominamos de “nativos digitais, imigrantes digitais e analfabetos digitais ou professauros”. É certo que no campo pedagógico dificilmente seremos obrigados a dominar as TIC, como de resto nas demais áreas da sociedade e dos negócios, em todo o caso é certo que o não envolvimento com as NTIC deixará os professores cada vez mais pobres em relação àqueles que acessam e mais alheios a fontes documentais e de pesquisa que os colegas que delas fazem uso.
Faz parte também de outra reflexão nossa quando dissemos que a adesão as NTIC não pode ser uma decisão pessoal do professor, mas que faz parte da visão e da missão da instituição, em outras palavras que se trata de uma opção política. A responsabilidade da escola está muito além das escolhas individuais de cada educador.
Além destas observações é necessário considerar que a adoção das NTIC não estão no alcance de substituir as boas práticas dos professores e alunos. Exemplo disso é considerar como suficiente os editores HTML, os REVISORES ORTOGRÀFICOS e os TRADUTORES, como solução ou alternativa para a redação e correção de textos.
Para não nos delongar com repetições em relação ao que já escrevemos sobre o tema permito-me sugerir que aproveitemos as facilidades da comunicação online para alavancar o processo que é chamado de APRENDIZAGEM ASSISTIDA, à qual está evidente na citação com a qual iniciamos nossa reflexão.
Tudo o que os softwares podem oferecer e de fato disponibilizam exige um trabalho de adaptação, organização e acompanhamento. Eles nada apontam de mágico e nada garante que sejam indispensáveis na sala de aula. Em contrapartida uma eficiente comunicação abre as portas para o mundo inteiro, daí que somos muito favoráveis à adoção de recursos tecnológicos que aproximem as pessoas e facilitem o aprendizado mesmo quando preferimos evitar deslocamentos que a rigor são despropositivos no que se refere à sustentabilidade e a economia de recursos.
A incógnita está em despertar nos professores a quebra de paradigmas que consiste mais do que tornar as aulas mais animadas ou atrativas com o uso de recursos tecnológicos.
 
1.Tecnologias de informação e comunicação.
2. Novas tecnologias de informação e comunicação
3. Comentários ao capítulo 8 – Utilizar novas Tecnologias - da obra Novas competências para ensinar, de Philippe Perrenoud, Porto Alegre, ARTMED, 2000.
4. Texto elaborado para a reflexão com a equipe do PROINFANTIL, do curso de Pedagogia 8ª. Fase da UNOESC – Joaçaba – SC e dos participantes do programa de especialização em gestão pública no CETEP – Curitiba.


Referências bibliográficas

GOMES, Péricles Varela & MENDES, Ana Maria Coelho Pereira. Tecnologia e inovação na educação universitária: O matice da PUCPR. Curitiba, Champagnat, 2006.
MORAN, José Manoel. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo, Papirus, 2000.
PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre, ARTMED, 2000.

Um comentário:

  1. Roberto e Marla

    Concluí-se que o perfil do Professor do século XXI, encaminha-se para o do Docente problematizador, ou seja aquele que não passa tão somente o conteúdo das disciplinas como abre para o aluno um espaço para discussão do tema abordado em sala, para que o mesmo tenha iniciativa de pesquisar, assimilar e discutir em sala de aula, tanto com os colegas bem como com o Professor. Defendendo o conteúdo assimilado na pesquisa do tema em questão, gerando novos conceitos acerca do tema abordado.
    Curitiba, 10 de novembro de 2010.

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