sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

HOMILIA PARA O DIA 27 DE FEVEREIRO


 VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Isaias 49, 14-15; Salmo 61(62);
1Coríntios 4,1-5; Mateus 6,24-34.

Dentre as imagens marcantes desta semana se pode mencionar o desespero da mãe que teve seu veículo furtado com a criança no seu interior. No final da reportagem as palavras da mãe não poderiam ser melhores: “Para mim anjo foi a pessoa que salvou o meu filho”.
Em outras palavras, tanto a mãe quanto aqueles que colaboraram para o final feliz do episódio certamente bem compreenderam a presença de Deus e a força que ele dá quando se trata de empenhar-se pelo bem de alguém ou de alguma criatura sua.
É neste sentido que o Profeta Isaias conclui o texto que ouvimos hoje: “Ainda que uma mãe se esqueça do seu filho, Deus jamais se esquecerá”. É por isso que nós rezamos no Salmo: “Só em Deus minha alma encontra repouso”.
E neste sentido, São Paulo, depois de recomendar à comunidade de Corinto que não faça juízos, que não forme grupos para disputar poder entre si, recorda também que há um único a quem se deve prestar contas: Deus!
No Evangelho, Jesus continua fazendo recomendações e indicando atitudes para reconhecer o Reino de Deus e a principal delas é “buscar a Justiça do Jeito de Deus, o resto tudo virá por acréscimo”.
Esta síntese do ensinamento de Jesus, e de toda a Palavra que ouvimos neste domingo certamente pode ser aplicada a cada de nós. Aqui viemos manifestando sim o desejo de saciar nossa fome e nossa sede dos bens que não se acabam. Aqui viemos para um momento de fraternidade e de comunhão, nos alimentamos da Palavra e da Eucaristia. Encontramo-nos com nossos irmãos e irmãs.
Renovamos nossa fé e acreditamos que por meio disso será possível transformar as relações humanas, muitas vezes marcadas pelo egoísmo e a ganância e uma comunidade do diálogo, do perdão, da solidariedade, da esperança e acima de tudo que confia na Providência de Deus, sem deixar de fazer a sua parte para que tudo de bom aconteça.
Rezemos, pois, para que o Senhor nos ajude nesta missão importante e necessária.

DONA ESMERALDA - A BENZEDEIRA

BENZER, ABENÇOAR, BENDIZER...
De repente...
Ecoa no interior da casa a batida de mãos de alguém quase desesperado no portão. Pela fresta da Janela D. Esmeralda dá uma “espiadinha” e lá de fora uma voz grita forte: “Aqui é a casa de D. Esmeralda, a benzendeira?”  Sim! -  Responde a Senhora de cabelos grisalhos, passos mansos, olhar sereno do alto dos seus mais de 70 anos. – E continua, “entre meu filho, o que há com você?” A voz quase desesperada explica porque foi lhe sugerido procurar por D. Esmeralda– a benzedeira.Esta cena se repete dezenas vezes aos dia e outras tantas chamadas ao telefone.
Mas o que há de extraordinário nesta Senhora?
Antes de tudo é importante compreender o significado da palavra bênção. Em resumo, abençoar significa “dizer uma Boa Palavra”.  Ela pode ser dita pelo ser humano a Deus, como também pode ser de Deus proferida para a humanidade.
Na Bíblia nós encontramos diversas orações de bênçãos. Uma das mais antigas está no Livro do Gênesis, capítulo 12, versículo 3: “Eu o abençoarei, o seu nome será famoso, e você será uma benção para os outros. E por seu intermédio eu abençoarei todos os povos do mundo”.  Logo adiante, no Livro dos Números,  capítulo 6, versículos 22 a 26 lemos assim: “Fale com Arão e com os seus filhos, diga-lhes que abençoem o povo de Israel do seguinte modo: Que o Senhor os abençoe e os guarde; que o Senhor os trate com bondade e misericórdia; que o Senhor olhe para vocês com amor e lhes dê a paz”.
Não apenas por curiosidade, mas porque acreditamos mesmo no poder da “Boa Palavra” nós também nos dirigimos à “D. Esmeralda – A Benzedeira”  e perguntamos:
Desde quando a  Senhora aprendeu a Abençoar?
Meu Filho vou falar só para você, mas isso é um Dom do Espírito Santo!
E o que a Senhora diz quando abençoa?
Meu Filho, eu rezo, assim como você faz na missa!
Com estas poucas palavras, não parece difícil de compreender que “D. Esmeralda  - A Benzedeira” é uma pessoa de Deus, certamente nela se cumprem as palavras ditas a Abrão. Também eu pedi também uma bênção. Disse-me ela, “onde dói Padre?” Mostrei-lhe a região lombar, fez-me sentar com a região dolorida voltada para o seu olhar, pôs o copo com água sobre a minha cabeça, rezou em silêncio, traçou sobre mim o sinal da cruz e sentenciou: “Pode ir meu Filho, amanhã eu rezo de novo por você, isso que sentes é uma friagem e vai melhorar com certeza”.
Ao despedir-me, mais uma surpresa. D. Esmeralda – A Benzedeira -  põe sobre a mesa um copo com água e me faz o pedido: “Padre agora o Senhor abençoa a minha casa!” 
Por acaso, se pode dizer que há alguma diferença entre a bênção dada pelo padre e a bênção dada por D. Esmeralda?
Meu Filho, eu rezo assim como você faz na missa...

Tenho recebido muitas solicitações para fornecer o telefone de D. Esmeralda, com autorização dela mesma está aqui disponibilizado: 43 35282251.



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

HOMILIA PARA O DIA 20 DEFEVEREIRO 2011


  DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Levítico 19,1-2.17-18; Salmo 102(103);
1Coríntios 3,16-23; Mateus 5,38-48.

Vivemos numa sociedade que, bastantes vezes, se manifesta violenta. Com certa frequência os responsáveis pela segurança pública orientam àqueles que são vítimas de algum tipo de ameaça a não reagir diante das provocações. É bem provável que nós mesmos tenhamos já experimentado momentos nos quais responder à altura uma determinada atitude agressiva redunda numa outra agressão ainda maior. E assim por diante.
Pois é desta realidade que falam as leituras deste domingo. Não reagir com uma resposta que pode parecer adequada diante de alguma ofensa, injuria, ou até agressão. A Lei que vimos no livro do Levítico se conclui com um pedido tácito: “Não se vingue, nem guarde ódio. Lembre-se eu sou o seu Deus”.
Com o Salmista nós também elevamos um louvor a Deus porque ele fez maravilhas para com o seu povo e ao mesmo tempo  fica reforçado o convite para que façamos a mesma coisa.
São Paulo continua falando para a comunidade de Corinto e reitera um pedido que vem fazendo com diferentes exortações. Hoje ele insiste: os conflitos sejam resolvidos com discernimento e sabedoria. E aponta a falta de diálogo como a responsável pela destruição das comunidades.
O que foi dito nas duas primeiras leituras é aplicação prática do ensinamento de Jesus: “Nada de pagar na mesma moeda”! Nada de aplicar a mesma violência, os mesmos métodos daqueles que parecem abusar da sua condição, pelo contrário diz Jesus: A força do amor é o jeito de agir de Deus e o  que deve conduzir as relações humanas.
Sejam santos como o Pai de vocês é  Santo! Portanto, nesta sociedade marcada por tantas dificuldades nos relacionamentos e pela falta de respeito entre as pessoas certamente o agir cristão fará a diferença.
Estamos aqui com a vocação de sermos semelhantes a Deus peçamos, pois que seus ensinamentos se tornem verdade no agir nosso de cada dia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NUANCES HISTÓRICOS E DESAFIOS ATUAIS



Prof. Elcio Alberton[1]
O avanço da tecnologia em todos os campos também tem tomado de sobressalto a educação. Lembro-me que no início da década de 80 participei de uma palestra na aula inaugural de um curso superior e na ocasião o professor afirmava que a tecnologia jamais substituiria o contato pessoal do aluno com seu professor e fazia uma crítica contundente aos programas de educação a distância, conhecidos outrora.
Os cursos de educação a distância mais conhecidos remontam a primeira metade do século XX e serviam-se do que melhor havia em termos de educação a distância. Nesta situação merece citação os cursos oferecidos por correspondência, entre eles o Instituto Universal Brasileiro. Este oferecia um sem número de cursos de qualificação profissional e o que se chamava curso Ginasial por correspondência. Uma espécie de preparação para a prova de conclusão do ginásio segundo a antiga legislação educacional e mais tarde conclusão do primeiro grau de acordo com a lei 5692. No mesmo período o governo federal oferecia o “Projeto Minerva” um programa radiofônico de preparação para os exames nos mesmos moldes do que citamos acima.
Na década de 1970 o MEC proporcionou a qualificação de professores em exercício para as séries iniciais do primeiro grau. O projeto que recebeu o nome de “LOGOS” se desenvolveu na dinâmica modular e certificou um número bastante expressivo de professores com o curso normal. Neste período ainda coexistiam os modelos citados acima e surgiram os chamados telecursos, agora ganhando espaço com a popularização da televisão.
Durante toda a década de 1980 e quase todos os anos 90 os telecursos se proliferaram, algumas formas de educação a distância nesta modalidade ainda permanecem na televisão brasileira sob os moldes mais simples de “cursos de culinária” com os mais variados programas ainda em exibição na atualidade.
Os cursos conhecidos como EAD tem uma história muito recente e ainda carecem de projetos pedagógicos mais ousados a fim de que respondam as exigências da atualidade. Todavia é impossível falar de desenvolvimento da educação e de recursos tecnológicos na educação sem admitir a ferramenta da educação a distância.
Certamente todo o processo de ensino a distância ganhou novo alento com as iniciativas do governo federal e aqui precisa ser citado a Universidade Aberta do Brasil, cujo projeto dispensa comentários dado a sua abrangência e facilidade de acesso hoje pelo meio de comunicação mais popular e de mais fácil acesso: a rede mundial de computadores.
Quase nos mesmos moldes do antigo “PROJETO LOGOS” o ministério da educação reeditou um curso de formação a distância com o intuito de preparar educadores para a educação infantil. Denominado “PROINFANTIL” o projeto que já está no terceiro grupo pelo país afora tem diversos méritos e obviamente limites.
Entre os valores do “PROINFANTIL” certamente está o fato de oportunizar a qualificação no nível de magistério para um número bastante expressivo de pessoas que já se dedicam a educação e que não recebiam o reconhecimento merecido, nem sob o ponto de vista social, moral e tampouco econômico. Outro dado a ser ressaltado é a parceria entre os governos federal, estadual e municipal, por meio de uma rede de “entes” bastante bem articulada. O uso da rede mundial de computadores é um recurso extraordinário do projeto. Basta acessar a página do MEC e clicar no link “PROINFANTIL”  o usuário tem nas mãos o coração do projeto com todas as informações e materiais necessários. Exemplo disso pode ser citado em relação ao grupo III que por ocasião do seu início em julho de 2009 o material impresso ainda não estava disponibilizado, mas todos os envolvidos no programa puderam ter acesso a tudo na página que citamos. A mesma situação se deu por ocasião do início da segunda fase presencial, para a qual o material impresso só chegou depois de iniciada havia quatro dias. Até o presente momento não está disponível as impressões para a disciplina de língua estrangeira, entretanto, tutores, professores e cursistas tem acesso ao mesmo com o uso dos recursos virtuais.
 Por mais que não esteja suficientemente popularizado entre os cursistas o serviço de Internet não parece fora de propósito que no estado do Paraná este recurso tenha sido preferido a outros previstos no projeto. Refiro-me ao uso de um telefone “0800”. O projeto foi concebido para que nas AGFS (Agências formadoras) houvesse instalado computador com internet e um telefone 0800 com um esquema de plantão pedagógico para tirar dúvidas dos professores cursistas. Certamente e não fora de propósito a Secretaria de Estado da Educação, no projeto denominada pela sigla EEG, optou por disponibilizar desde muito cedo o primeiro e último item (computador com internet e plantão pedagógico) e não o telefone “0800”.
Os limites deste projeto podem ser identificados nos sistema de avaliação para o qual as provas bimestrais que recebem um peso muito alto no sentido de valoração para aprovação do professor cursista sejam elaboradas por uma das ATPs (Assessores técnicos do proinfantil nos estados), limitando assim a ação do professor formador no processo avaliativo do cursista. Ao professor formador cabe apenas a elaboração do que se chama AEE (Atividade Extra de Estudo) cuja nota a ser atribuída serão 2,0 sobre 10. E isto nos casos em que o professor cursista não alcance média superior a 6,0 na prova bimestral.
Outra limitação parece não residir no projeto originalmente, mas na feição que ele acaba ganhando nos estados em relação aos recursos bibliográficos. Refiro-me às indicações de consulta apresentadas depois de cada unidade de estudo. Muito pouco aproveitadas tanto por professores como pelos cursistas. Servir-se de indicações bibliográficas além do módulo tem sido um “pesadelo” para muitos professores, tutores, articuladores pedagógicos de educação infantil nas AGFS.
Tanto mais quando estes recursos se referem a internet. As escusas pré-textuais em relação ao uso da rede mundial de computadores vão desde as alegações que os cursistas não têm acesso até considerar que “aqueles com possibilidade de acesso seriam privilegiados em relação aos demais”. Diante destas considerações não me parece fora de propósito retomar que todas as AGFs tem disponibilizado acesso à internet; todas as escolas públicas do Paraná tem igualmente este recurso a disposição nos laboratórios de informática das escolas das quais os professores cursistas são alunos legalmente matriculados nas assim denominadas AGFs.
Indicadores de consumo indicam que pelos menos 80 por cento das famílias brasileiras tem acesso à internet em redes domésticas. Diante disso tomo a liberdade de perguntar e sugerir uma reflexão a partir do uso deste recurso com base nas constatações de uso pessoal e fontes extraoficiais. Pesquisas, não de todo científicas, vem indicando que a maioria significativa dos usuários de computadores com acesso a Internet, servem-se deste recurso apenas para comunicação instantânea e para acesso às redes de relacionamento.
Imagino que aconteça com o leitor o mesmo que se dá comigo. Isto é, ao abrir minha caixa de correio deparo-me diariamente com dezenas de mensagens e textos absolutamente sem o menor interesse e de pouco um nenhum valor científico. Como parece ser racional o tempo que gastamos com eles é apenas o de marcar com o “X” da exclusão. As solicitações de amigos nas redes de relacionamento são infinitas, por exemplo, no meu ORKUT são 485 ‘amigos' destes 28 são participantes do “PROINFANTIL”. Pergunto-me porque razão no meu blog onde disponibilizo textos de reflexão sobre formação de professores, uma das atividades previstas para os professores dentro do projeto, não estão registrados nenhum comentário e muito menos nenhum seguidor, nem ao menos para dizer que os textos não condizem com as expectativas, obviamente elencando razões para a afirmação.
A pergunta final sobre isso consiste em: O acesso à internet é restrito há poucos e, portanto, privilégio de alguns? Não aprendemos ainda fazer uso dos recursos para a educação a distância? Não interessam os textos que estão no blog? Ou não interessam textos que exijam reflexão e estudo e preferimos a internet nas redes sociais para mandar beijinhos e recordar do sorvete para o próximo encontro...



[1] Licenciado em Filosofia, Especialista em gestão educacional, Mestrando em educação, Professor formador no PROINFANTIL, e professor na UNOESC – Joaçaba Santa Catarina.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES OU “ENFORMAÇÃO” DOCENTE



Elcio Alberton[1]

Para tratar da formação docente a primeira clareza que é preciso estabelecer consiste em percebê-la como um fenômeno complexo e que inclui dimensões pessoais de desenvolvimento humano muito ale do que técnicas. Em outras palavras tem a ver com “vontade”. Formação consiste no enriquecimento da competência todavia esta não exclusivamente técnica e acadêmica.
A formação de professores implica certamente num processo de mudança que desenvolve estratégias e competências tendo o desenvolvimento pessoal como eixo da formação. A máxima “se queres ser um bom professor faça com que os outros sejam bons”, aplica-se integralmente ao conceito de formação de professores. Isto obviamente exige superar a visão tecnicista da educação o professor não se resume a ser um técnico mas antes de tudo ele é um construtor, tal realidade implica colocar em prática novas ideias dentro um processo colaborativo.
Neste sentido é possível falar em ‘Andragogia’, isto é, arte e ciência de ajudar adultos a aprender. Professores que não experimentam um processo transformador na sua prática pedagógica correm o risco de alcançar a maturidade coberto de frustrações naquilo que se poderia chamar a quarta etapa do seu processo formativo ao qual pode se aplicar o adjetivo de “período da generatividade”, a saber: etapa da vida na qual o educador pode olhar para a sua trajetória e perceber a evolução que se deu no processo de ser pessoa e de ser professor.
Com certeza os desencantados serão para os mais jovens um desestímulo, em linguagem popular se aplica um provérbio mais ou menos assim: “é preferível um triste santo a um santo triste”. Aplicando essa máxima à docência se pode dizer: “é preferível um triste docente a um docente triste”. Para enriquecer nossa reflexão tomamos algumas afirmações de educadores que podem ajudar a compreender o que queremos dizer.
É neste sentido que Bernardete Gatti[2] afirma que o professor vai se fazendo ao longo do exercício e que um dos limites da formação é dicotomia que se estabelece entre a instituição formadora e a prática do cotidiano. Para este processo apresenta como indicativa necessidade de transformar a carreira docente numa atividade atraente e aponta como alternativa plausível a educação a distância uma vez que esta prática diminui substancialmente os limites necessários em infra-estrutura podendo ser aplicados na formação propriamente dita. Segundo esta autora a melhora substancial da formação implica em inovações desde a formação básica.
Na mesma direção Donald A. Schön[3], afirma que um dos equívocos no que se refere a formação de professores reside no processo de instituição de controle regulador dos programas de formação os quais normalmente acabam por legislar o que se deve ensinar, quando e quem pode fazê-lo e pior que isso avaliar isso no modelo de testes do que foi aprendido como um indicador se os professores são competentes para ensinar. Nesta direção estão os exames nacionais adotados no Brasil e particularmente no Programa Proinfantil  segundo o qual os professores cursistas aprendem na medida em que forem capazes de tirar boas notas em provas elaboradas por equipes técnicas que não estabelecem com estes nenhum contato formativo.
Segundo Donald os limites da formação se evidenciam na medida em é tido como certa uma resposta exata, feita de peças isoladas e combinadas entre si. Para explicar a fragilidade dos sistemas inventamos categorizações para os professores aprendizes as quais bem servem nos desincumbir de informações que perturbam a legislação estabelecida. Promovemos conhecimentos emanados do centro e imposto para a periferia não admitindo a sua reelaboração. No caso citado do programa em referência, que é uma cópia quase idêntica de outro praticado na década de 1970[4].
Para Donald um dos instrumentos indispensáveis ao aprendizado é a perplexidade ou o que se pode chamar a ‘confusão’, todavia nos projetos monitorados pela obtenção da nota afirmar que se está confuso signfica dizer que “sou burro”. O grande inimigo  da confusão é a resposta que se assume com verdade única. Diz o autor: “Se só existe uma única resposta certa, que é suposto o professor saber e o aluno aprender, então não há lugar legítimo para a confusão”. Neste tipo de formação a criação de práticas reflexivas confronta com a burocracia escolar. No programa em referência, por exemplo, os professores não tem autonomia para rediscutir a assertividade das questões propostas como única verdade. Se houver esta necessidade a questão precisa ser enviada a uma instância que recebe a qualificação de assessoria técnica pedagógica, que por sua vez encaminha a uma terceira instância a qual dá o veredicto final segundo o seu conceito de aprendizado e avaliação.
José Carlos Libâneo[5] aponta a reflexividade  como ponto fundamental para a análise das práticas formativas sejam elas relacionadas ao próprio professor sejam aplicadas à formação de outros. O termo ganha uma amplitude muito significativa na medida em que a expressão é entendida como relação direta com as situações práticas o que estabelece uma dialética. No texto reflexividade e formação de professores, Libâneo cita Pérez Gomez (1999: 29) o qual escreve:
A reflexividade é a capacidade de voltar sobre si mesmo, sobre as construções sociais, sobre as intenções, representações e estratégias de intervenção. Supõe a possibilidade, ou melhor, a inevitabilidade de utilizar o conhecimento à medida que vai sendo produzido para enriquecer e modificar não somente a realidade e suas representações, mas também as próprias intenções e o próprio processo de conhecer.

Segundo Libâneo a capacidade reflexiva consiste em garantir ao professor cursista a condição de empoderamento do sujeito nos vários âmbitos, mas especialmente no trabalho e na escola. Esta compreensão diminui a interpretação míope de que só os que estão atuando  e são protagonistas de uma prática é que melhor podem elaborar conhecimento para os demais. Em resumo, em se tratando de formação é imprescindível a necessidade de reflexão sobre a prática. Não é possível dissociar o trabalho do professor a partir da ótica institucional da sua inserção em contextos políticos e sócio culturais.
É claro que toda foramação implica também e pesquisa que é sem sombra de dúvida um elemento essencial na formação do professor.  Feitas estas considerações parece oportuno sugerir que a formação de professores no projeto PROINFNTIL mereça outras considerações em encaminhamentos levando em consideração que se trata de um programa de educação à distância ele carece de maior agilidade e objetividade. Com certeza o uso de outras técnicas e avaliação do aprendizado tornarão o programa mais atraente e mais eficiente.
Nos moldes como o programa vem sendo desenvolvido com a simples reprodução de saberes e suposta transmissão de informação de uns sobre outros parece oportuno que seja qualificado como “enformação[6] docente”.






[1] Elcio Alberton, Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional, Mestrando em Educação. Professor no Programa PROINFANTIL.

[2] Graduada em Pedagogia pela Pedagogia pela Universidade de São Paulo (1962) e doutorado em Psicologia - Universite de Paris VII - Universite Denis Diderot (1972), com Pós-Doutorados na Université de Montréal e na Pennsylvania State University. Docente aposentada da USP e ex-professora do Programa de Pós-Graduação em Educação.
[3] Professor do Massachusetts institute of tecnology – Estados Unidos.
[4] Logos – formação de professores para o nível do magistério.
[5] Graduado Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1966), mestrado em Filosofia da Educação (1984) e doutorado em Filosofia e História da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990). Pós-doutorado pela Universidade de Valladolid, Espanha (2005). Professor Titular aposentado da Universidade Federal de Goiás. Atualmente é Professor Titular da Universidade Católica de Goiás, atuando no Programa de Pós-Graduação em Educação, na Linha de Pesquisa Teorias da Educação e Processos Pedagógicos.
[6] Termo cunhado pelo autor para designar o ato de “colocar na forma”.