sábado, 12 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NUANCES HISTÓRICOS E DESAFIOS ATUAIS



Prof. Elcio Alberton[1]
O avanço da tecnologia em todos os campos também tem tomado de sobressalto a educação. Lembro-me que no início da década de 80 participei de uma palestra na aula inaugural de um curso superior e na ocasião o professor afirmava que a tecnologia jamais substituiria o contato pessoal do aluno com seu professor e fazia uma crítica contundente aos programas de educação a distância, conhecidos outrora.
Os cursos de educação a distância mais conhecidos remontam a primeira metade do século XX e serviam-se do que melhor havia em termos de educação a distância. Nesta situação merece citação os cursos oferecidos por correspondência, entre eles o Instituto Universal Brasileiro. Este oferecia um sem número de cursos de qualificação profissional e o que se chamava curso Ginasial por correspondência. Uma espécie de preparação para a prova de conclusão do ginásio segundo a antiga legislação educacional e mais tarde conclusão do primeiro grau de acordo com a lei 5692. No mesmo período o governo federal oferecia o “Projeto Minerva” um programa radiofônico de preparação para os exames nos mesmos moldes do que citamos acima.
Na década de 1970 o MEC proporcionou a qualificação de professores em exercício para as séries iniciais do primeiro grau. O projeto que recebeu o nome de “LOGOS” se desenvolveu na dinâmica modular e certificou um número bastante expressivo de professores com o curso normal. Neste período ainda coexistiam os modelos citados acima e surgiram os chamados telecursos, agora ganhando espaço com a popularização da televisão.
Durante toda a década de 1980 e quase todos os anos 90 os telecursos se proliferaram, algumas formas de educação a distância nesta modalidade ainda permanecem na televisão brasileira sob os moldes mais simples de “cursos de culinária” com os mais variados programas ainda em exibição na atualidade.
Os cursos conhecidos como EAD tem uma história muito recente e ainda carecem de projetos pedagógicos mais ousados a fim de que respondam as exigências da atualidade. Todavia é impossível falar de desenvolvimento da educação e de recursos tecnológicos na educação sem admitir a ferramenta da educação a distância.
Certamente todo o processo de ensino a distância ganhou novo alento com as iniciativas do governo federal e aqui precisa ser citado a Universidade Aberta do Brasil, cujo projeto dispensa comentários dado a sua abrangência e facilidade de acesso hoje pelo meio de comunicação mais popular e de mais fácil acesso: a rede mundial de computadores.
Quase nos mesmos moldes do antigo “PROJETO LOGOS” o ministério da educação reeditou um curso de formação a distância com o intuito de preparar educadores para a educação infantil. Denominado “PROINFANTIL” o projeto que já está no terceiro grupo pelo país afora tem diversos méritos e obviamente limites.
Entre os valores do “PROINFANTIL” certamente está o fato de oportunizar a qualificação no nível de magistério para um número bastante expressivo de pessoas que já se dedicam a educação e que não recebiam o reconhecimento merecido, nem sob o ponto de vista social, moral e tampouco econômico. Outro dado a ser ressaltado é a parceria entre os governos federal, estadual e municipal, por meio de uma rede de “entes” bastante bem articulada. O uso da rede mundial de computadores é um recurso extraordinário do projeto. Basta acessar a página do MEC e clicar no link “PROINFANTIL”  o usuário tem nas mãos o coração do projeto com todas as informações e materiais necessários. Exemplo disso pode ser citado em relação ao grupo III que por ocasião do seu início em julho de 2009 o material impresso ainda não estava disponibilizado, mas todos os envolvidos no programa puderam ter acesso a tudo na página que citamos. A mesma situação se deu por ocasião do início da segunda fase presencial, para a qual o material impresso só chegou depois de iniciada havia quatro dias. Até o presente momento não está disponível as impressões para a disciplina de língua estrangeira, entretanto, tutores, professores e cursistas tem acesso ao mesmo com o uso dos recursos virtuais.
 Por mais que não esteja suficientemente popularizado entre os cursistas o serviço de Internet não parece fora de propósito que no estado do Paraná este recurso tenha sido preferido a outros previstos no projeto. Refiro-me ao uso de um telefone “0800”. O projeto foi concebido para que nas AGFS (Agências formadoras) houvesse instalado computador com internet e um telefone 0800 com um esquema de plantão pedagógico para tirar dúvidas dos professores cursistas. Certamente e não fora de propósito a Secretaria de Estado da Educação, no projeto denominada pela sigla EEG, optou por disponibilizar desde muito cedo o primeiro e último item (computador com internet e plantão pedagógico) e não o telefone “0800”.
Os limites deste projeto podem ser identificados nos sistema de avaliação para o qual as provas bimestrais que recebem um peso muito alto no sentido de valoração para aprovação do professor cursista sejam elaboradas por uma das ATPs (Assessores técnicos do proinfantil nos estados), limitando assim a ação do professor formador no processo avaliativo do cursista. Ao professor formador cabe apenas a elaboração do que se chama AEE (Atividade Extra de Estudo) cuja nota a ser atribuída serão 2,0 sobre 10. E isto nos casos em que o professor cursista não alcance média superior a 6,0 na prova bimestral.
Outra limitação parece não residir no projeto originalmente, mas na feição que ele acaba ganhando nos estados em relação aos recursos bibliográficos. Refiro-me às indicações de consulta apresentadas depois de cada unidade de estudo. Muito pouco aproveitadas tanto por professores como pelos cursistas. Servir-se de indicações bibliográficas além do módulo tem sido um “pesadelo” para muitos professores, tutores, articuladores pedagógicos de educação infantil nas AGFS.
Tanto mais quando estes recursos se referem a internet. As escusas pré-textuais em relação ao uso da rede mundial de computadores vão desde as alegações que os cursistas não têm acesso até considerar que “aqueles com possibilidade de acesso seriam privilegiados em relação aos demais”. Diante destas considerações não me parece fora de propósito retomar que todas as AGFs tem disponibilizado acesso à internet; todas as escolas públicas do Paraná tem igualmente este recurso a disposição nos laboratórios de informática das escolas das quais os professores cursistas são alunos legalmente matriculados nas assim denominadas AGFs.
Indicadores de consumo indicam que pelos menos 80 por cento das famílias brasileiras tem acesso à internet em redes domésticas. Diante disso tomo a liberdade de perguntar e sugerir uma reflexão a partir do uso deste recurso com base nas constatações de uso pessoal e fontes extraoficiais. Pesquisas, não de todo científicas, vem indicando que a maioria significativa dos usuários de computadores com acesso a Internet, servem-se deste recurso apenas para comunicação instantânea e para acesso às redes de relacionamento.
Imagino que aconteça com o leitor o mesmo que se dá comigo. Isto é, ao abrir minha caixa de correio deparo-me diariamente com dezenas de mensagens e textos absolutamente sem o menor interesse e de pouco um nenhum valor científico. Como parece ser racional o tempo que gastamos com eles é apenas o de marcar com o “X” da exclusão. As solicitações de amigos nas redes de relacionamento são infinitas, por exemplo, no meu ORKUT são 485 ‘amigos' destes 28 são participantes do “PROINFANTIL”. Pergunto-me porque razão no meu blog onde disponibilizo textos de reflexão sobre formação de professores, uma das atividades previstas para os professores dentro do projeto, não estão registrados nenhum comentário e muito menos nenhum seguidor, nem ao menos para dizer que os textos não condizem com as expectativas, obviamente elencando razões para a afirmação.
A pergunta final sobre isso consiste em: O acesso à internet é restrito há poucos e, portanto, privilégio de alguns? Não aprendemos ainda fazer uso dos recursos para a educação a distância? Não interessam os textos que estão no blog? Ou não interessam textos que exijam reflexão e estudo e preferimos a internet nas redes sociais para mandar beijinhos e recordar do sorvete para o próximo encontro...



[1] Licenciado em Filosofia, Especialista em gestão educacional, Mestrando em educação, Professor formador no PROINFANTIL, e professor na UNOESC – Joaçaba Santa Catarina.

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