HOMILIA PARA O 5° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Isaias 58,7-10; Salmo 111;
1Corintios 2,1-5; Mateus 5,13-16.
Os noticiários da primeira hora na última sexta feira ocuparam grande parte do seu tempo falando do apagão que atingiu oito estados do nordeste. Para cada um dos estados foram incontáveis os prejuízos de ordem econômica e social. Nos próximos dias estão agendadas infindáveis reuniões com a finalidade de entender as razões para o “apagão”, com a intenção de apurar os responsáveis e prever as indenizações cabíveis para cada caso.
De outro lado, no que pese as recomendações médicas sobre o uso responsável do sal na cozinha, ninguém dúvida que, na medida correta, uma dose de sal melhora sensivelmente o sabor dos alimentos e poucos são aqueles que livremente abdicam deste prazer.
Ora, imaginemos se Deus nos responsabilizasse cada vez que, por negligência, provocamos um apagão na fé e dificultamos que os outros experimentem o verdadeiro sabor da nossa presença como cristãos?
Ambas as imagens, do sal e da luz, estão, de algum modo, presentes nas leituras de hoje. O profeta Isaias chama a atenção dos Israelitas que, voltando do exílio, haviam se organizado em comunidade de culto, mas sua oração não os levava para a prática fraterna. O profeta reage com firmeza em relação àqueles que deixam de ser sal e luz praticando a caridade e reduzem sua relação com Deus em atitudes convencionais de Jejum e oração que se tornam quase estéreis.
Aos Coríntios São Paulo lembra que a força dos cristãos não consiste em grandes eventos e manifestações religiosas, pelo contrário, na fraqueza, nas pequenas coisas na pessoa de Jesus Crucificado se realiza as melhores maravilhas e sinais da presença de Deus. Em outras Palavras São Paulo recomenda muito mais do que oração e louvores, sugere gestos concretos que sejam sal e luz para todos.
Por sua vez o conhecido texto do Evangelho mostra, mais uma vez, que Deus mesmo é Luz, que em Jesus Cristo se fez luz, que sua obra deu novo sabor para a vida de todos. Ora se isso está ao nosso alcance, se nos identificamos cristãos, seguidores desta proposta, porque haveríamos de nos furtar da responsabilidade também nossa de ser Sal e Luz para todos.
A liturgia deste domingo toca num ponto muito importante para a vida cristã. De que valem muitas orações com uma prática que não tenha sintonia com as preces. Seria como acender uma Luz para colocá-la debaixo de uma vasilha ou salgar uma comida com um sal que não tem sabor.
Peçamos uma vez mais, que esta reunião de cristãos seja transformada pela Palavra e alimentada pela Eucaristia e por esse alimento saudável não corra o riso de provocar um “apagão” na vida da comunidade.
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