quarta-feira, 15 de junho de 2011

EU VI O MEIO DO MUNDO...


ESTIVE EM MACAPÁ!
Partilho com vocês, em poucas palavras a sensação de estar no meio do mundo. Nas minhas constantes andanças e por diferentes motivos, num dos raros e rápidos momentos de extraordinária beleza e satisfação da curiosidade, pude colocar cada um dos pés nos dois hemisférios.
Na condição de professor, expliquei e tentei mostrar por inúmeras figuras de linguagem o significado da linha do Equador. A clássica definição, que se lê em todos os manuais de geografia, tornou-se, como que num piscar de olhos uma realidade para mim.
O que é a linha do equador? Ou onde fica o equador?
“O Equador é uma linha imaginária que divide o mundo em dois hemisférios”.  Repito que tal definição não é mais para mim tão imaginária. E muito menos poder dizer onde fica o Equador.
Pude pisar sobre o “Marco Zero” da linha do Equador e tentar me equilibrar no meio do mundo. Sim é verdade, tive o privilégio de visitar a única cidade brasileira sobre a qual passa a “imaginária linha do equador”.
Eu fui pro Macapá! Embora nada tenha de extraordinário, talvez alguém possa dizer que nem é importante e não se disporia voar duas noites para ver quase nada. Mas é isso mesmo que eu vi. O nada! Vi e toquei a linha do Equador! Isso já é o bastante.
A cidade de Macapá, realmente não tem grandes atrativos turísticos. Pelo contrário lá se pode experimentar e ver de perto como o coronelismo político e econômico de algumas elites consegue fazer uma cidade permanecer em condições de carência de quase tudo.
Chamou-me profunda atenção ligando a TV  pude ouvir como primeiro som, uma nota oficial do governo do Estado mais ou menos neste teor: “O governo do Amapá se solidariza com o magistério estadual e compreende a sua extraordinária importância para o desenvolvimento do nosso estado, mas esclarece a população que o aumento de 3% no salário do magistério é o maior que pode ser dado na atual conjuntura por que passa nosso governo”.  (Leia-se 3% mesmo, ou seja, menos da metade da inflação do período. É isso mesmo, os professores do Amapá, não tiveram em 2011, nem mesmo a recomposição das perdas salariais do último ano).
Mas eu vi o meio do mundo! Porque insisto nessa expressão. Pude me encontrar com um grupo de professores que em hipótese alguma estão satisfeitos com esta realidade, mas é um dos muitos grupos que não se contenta em dar somente do que tem. Com todas as dificuldades próprias da condição docente, com ganhos defasados e com sério comprometimento da qualidade de vida, o grupo com quem me encontrei deu-me uma lição de solidariedade, de disciplina, de alegria, de coragem, de estudo. Participantes de um dos diversos cursos de pós-graduação oferecidos para a população Amapaense, os professores mostraram, nas 30 horas que passamos juntos uma galhardia e uma seriedade como poucas vezes tive o privilégio de encontrar nos meus quase 30 anos de magistério.
Em Macapá eu não vi “o maior ônibus do mundo” (referência ao ligeirão que roda pelas ruas de Curitiba),  eu não vi nenhum programa de integração de transporte público, eu não vi um serviço de coleta de lixo, nem tampouco uma “linha verde”.
Em Macapá eu vi um povo ordeiro e trabalhador, eu vi um povo que tudo faz para melhorar sua condição de vida e qualidade para todos, eu vi  pais e filhos jogando futebol no meio da rua em pleno centro da capital.
No Macapá eu vi o centro do mundo e um povo que merece ser a posição que ocupa geograficamente.

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