sábado, 25 de fevereiro de 2012

HOMILIA PARA O DIA 26 DE FEVEREIRO DE 2012

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Leituras:  Gênesis 9,8-15;  Salmo - 24,4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R. cf. 10);
 1Pedro 3,18-22;  Marcos  1,12-15.

Dentre as matérias que ocuparam grande parte do tempo nos telejornais desta semana, chamou a atenção o destaque dado para o acidente com um trem na  Argentina. As hipóteses sobres as causas do acidente, a necessidade de responsabilizar alguém pelo ocorrido, as explicações dos especialistas, tudo serviu para chamar a atenção sobre os riscos e perigos que cada pessoa e a sociedade está sujeita o tempo todo.
Diante de casos como o do acidente em referência surgem as perguntas e buscas de respostas sobre o sofrimento, a angústia e as lágrimas que a vida proporciona a todos.  Na mesma dimensão merece  ser considerada a esperança, a alegria, e  a vida nova que brota depois de cada dor e sofrimento.


Para fazer um paralelo com as leituras bíblicas  sugeridas para as celebrações deste domingo parece importante considerar o texto que se conclui com a aliança selada por Deus com o seu povo. O que aparece reforçado na leitura não é exatamente a culpa, o pecado, o risco e o perigo que o dilúvio representou para os conterrâneos de  Noé. Pelo contrário, o texto se alonga afirmando: “Estabeleço convosco a minha aliança: nenhuma criatura será mais exterminada  pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra”. Em outras palavras é possível compreender que a vontade de Deus, conforme afirmou Santo Irineu: “é o ser humano vivo”.
É neste sentido que o Cristo, desceu à mansão dos mortos e da lá saiu vivo  e glorioso, sob está ótica se lê também o evangelho deste domingo. Jesus foi provado no Deserto e venceu as tentações do demônio:  “O Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e ali foi tentado por Satanás. Depois Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 'O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho!”
Pedro, na segunda leitura faz uma comparação extraordinária. Ao dizer que a “Arca corresponde ao batismo”,  assim ajuda  compreender que simultâneo a todo e qualquer sofrimento e provação está uma âncora de salvação, um sinal de ajuda e redenção.
Neste sentido é importante perceber que nenhum sofrimento, nenhuma provação, nada está fora do alcance da misericórdia de Deus. Ele mesmo acompanha e conduz os seres humanos para uma vida nova e uma condição diferente daquela em que se deu o pecado, a dor a tristeza e a própria morte.
Iniciando o tempo da quaresma a comunidade dos cristãos é convidada a se reconhecer como que saindo da Arca, vencendo as tentações do deserto, experimentando a morte pelo batismo, mas, sobretudo encontrando a vida nova que Deus concede pela Páscoa de Jesus cuja celebração se vai preparando com penitência, Jejum, oração  e esmola.
É um bom recurso o tema da Campanha da fraternidade de cada ano, que nesta quaresma convida a trabalhar para que a Saúde se difunda sobre a terra!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

HOMILIA PARA O DIA 19 DE FEVEREIRO DE 2012


7® DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Isaias 43,18-19.21-22.24b-25; Salmo 40,2-3.4-5.13-14 (R. 5b);
 2Coríntios 1,18-22; Marcos 2,1-12

O ser humano é em sua natureza curioso. Basta ouvir falar, ou enxergar qualquer coisa que lhe pareça diferente do cotidiano e imediatamente se formam verdadeiros amontoados com o intuito de inteirar-se, de conhecer melhor ou mesmo de saciar a curiosidade. Nos dias atuais são muitas as situações que aguçam a curiosidade e fazem acorrer multidões. Promessas de curas e milagres estão entre as mais significativas, bastantes vezes estas situações não passam de promessa  e de promoção de pessoas ou grupos.
No tempo de Jesus, pouca diferença existia em relação a estas curiosidades e expectativas. À parte que os judeus aguardavam a vinda do Messias, a presença de Jesus no meio deles despertou grande curiosidade e desconfiança.
Nos últimos domingos estão sendo proclamados textos do Evangelho de Marcos. Todos apontam para a ação de Jesus que cura, perdoa e devolve a dignidade às pessoas. O Evangelho deste domingo, mais uma vez, mostra Jesus cercado por grande multidão que lhe procura com o objetivo de ser acolhida e curada.
O que Jesus  faz não é, senão, o cumprimento da profecia de Isaias: Sou eu, eu mesmo, que cancelo tuas culpas por minha causa e já não me lembrarei de teus pecados”.  Mediante esta realidade  não é estranha a reação: “E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: 'Nunca vimos uma coisa assim.” O que Jesus realiza faz com que Ele seja reconhecido desde o ponto de vista da missão para a qual foi enviado: “Foi o Senhor que mandou anunciar boas notícias”.
A presença de Jesus desestabiliza os doutores  e os escribas que sempre serviram-se da lei em benefício próprio. Esses ficam incomodados com a nova situação e tudo fazem com a intenção de desacreditar Jesus e impedir que se realize a missão. Entretanto a missão de Jesus se concretiza exatamente porque ele é fiel à Vontade de Deus, conforme fala  São Paulo:Com efeito, é nele que todas as promessas de Deus têm o seu 'sim' garantido. Por isso também, é por ele que dizemos 'amém' a Deus, para a sua glória”.
A oração da Igreja reunida, neste domingo predispõe os cristãos, tal como aconteceu com Jesus, para abrir-se à vontade de Deus e realizar aquilo que é desejo de todos: A vida plena, o perdão e a misericórdia.
Por isso mesmo a Igreja acredita e proclama que em Cristo todas as coisas são para a glória de Deus Pai.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

HOMILIA PARA O DIA 12 DE FEVEREIRO 2012

6° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Levítico 13,1-2.44-46; Salmo - 31,1-2.5.11 (R.7);
1Coríntios 10,31-11,1; Marcos 1,40-45

Nesta semana foi manchete nos grandes meios de comunicação do Brasil um noticia pelo menos inusitada: “Morador de rua é condenado à prisão domiciliar”. No caso específico um paradoxo inexplicável e que leva em conta simplesmente a pena, a punição, a lei, a regra, a norma, a autoridade. Este fato serve para iluminar a reflexão que se pode fazer a partir da leitura da Palavra de Deus sugerida para o sexto domingo do tempo comum.
O Texto do Levítico escrito no contexto da lei mosaica, e num tempo em que as doenças não tinham possibilidade de ser diagnosticada, impõe a imediata exclusão do portador de qualquer doença considerada mais sob o ponto de vista religioso do que fisiológico.
Na mesma condição vivia a sociedade judaica conterrânea de Jesus, embora vivendo cerca de mil anos depois da prescrição de Moisés a lei ainda era aplicada com o mesmo rigor e condição para todos. Nos dois casos é possível estabelecer um paralelo com o episódio do “morador de rua condenado à prisão domiciliar”.
Os Judeus não se haviam dado conta que Jesus “é um grande profeta” e que neste outro contexto o encontro com Ele favorece novas formas de relacionamento e compreensão das pessoas e do mundo.
Mediante o pedido de socorro, a resposta de Jesus não poderia ser outra: “Um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: 'Se queres tens o poder de curar-me'. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: 'Eu quero: fica curado!”.
As comunidades de hoje são convidadas a reconhecer os erros e limites pessoais, das instituições, e da sociedade em geral, mas ao mesmo tempo repetir como se faz no salmo de resposta:  “Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: 'Eu irei confessar meu pecado!' E perdoastes, Senhor, minha falta”.
Para os cristãos do nosso tempo se aplica o convite que São Paulo faz aos Coríntios: “Fazei como eu, que procuro agradar a todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos.  Sede meus imitadores,
como também eu o sou de Cristo”.
A lepra, na atualidade é muito maior do que as doenças físicas e falta de acesso aos serviços públicos e gratuitos de saúde. As doenças de hoje são também morais, sociais, econômicas, etc.
A Igreja que reza, que ouve a Palavra e que participa da Eucaristia precisa estar mais bem preparada e mais aberta para acolher a todos conforme se reza na última oração da missa: “daí-nos desejar sempre o alimento que nos traz a verdadeira vida”.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

A Campanha da fratenidade terá inicio com a quarta feira de cinzas, neste ano 22 de fevereiro. Todos somos chamados à conversão sobre o tema que ela nos sugere. Minha participação aparece neste blog no ícone "Diocese de Caçador".

HOMILIA PARA O DIA 05 DE FEVEREIRO 2012

5° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1ª Leitura - Jó 7,1-4.6-7; Salmo  146,1-2.3-4.5-6 (R. Cf. 3a);
2ª Leitura - 1Coríntios 9,16 -19 22-23; Evangelho - Marcos 1,29-39.


Há uma canção folclórica sobre a vida dos descendentes italianos no sul do Brasil em que o autor canta, em dialeto Vêneto, todas as desventuras de uma família no decorrer do ano e repete insistentemente no refrão: “Caro Bepe qua semo contente, gaiansa no Ghe e va tudo bien, grazie a Dio lauremo felicce gavemo salute e va tuto  bien”, que traduzido significa: “Caro José, aqui estamos contentes, riqueza não temos, mas vai tudo bem. Graças a Deus trabalhamos felizes, temos saúde e vai tudo bem”.  É possível interpretar a intenção do autor, no momento quando ele diz: “Graças a Deus estamos felizes”. 
Pois é isso que se pode compreender também neste domingo a partir da leitura da Palavra de Deus proclamada na liturgia. Jó faz uma penosa narrativa com todos os sofrimentos a que está sujeito o ser humano: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Como um escravo suspira pela sombra. Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança”.
Como uma resposta a comunidade é chamada a rezar com o salmo cantando as maravilhas de Deus: “Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações. Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura”.
E São Paulo se apresenta como um enviado de Deus. Seu trabalho não é uma escolha pessoal, pelo contrário, ele o faz na certeza de que anuncia algo muito maior do que palavras e intenções humanas: “Se eu exercesse minha função de pregador por iniciativa própria, eu teria direito a salário. Mas, como a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado”.  E por isso mesmo conclui: “Fiz-me tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele”.
A descrição desta situação narrada na primeira e na segunda leitura não é mais do que a experiência da comunidade da Galiléia com a presença de Jesus no meio deles. O que sê lê no evangelho de hoje é uma continuação dos evangelhos proclamados nos dois domingos precedentes. Hoje Jesus parte do ambiente familiar. Ele está na casa de Pedro, neste lugar modifica a condição de muitas pessoas, curando muitos doentes e expulsando demônios, depois disto continua sua missão fazendo o convite aos discípulos: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”.
Para cada pessoa em particular, para a Igreja e para a assembleia reunida em oração se aplica hoje o convite feito pelo Concílio Vaticano II que é uma extensão da Palavra de Deus: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças dos discípulos de Cristo”.
Os cristãos que se Reúnem em Oração, que ouvem a Palavra e que participam da Mesa Eucarística, mais do que todos são chamados a proclamar como São Paulo: “Ai de mim, se eu não pregar o Evangelho”. E anunciar implica em repetir o que se reza no salmo: “Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações”.