A MÃO HUMANA – PARA ALÉM DA ANATOMIA
Por conta dos 27 ossos, dúzias de músculos e milhões de
nervos a mão humana pode segurar quilos, esmagar, quebrar, construir, realizar
movimentos de precisão, realizar microcirurgias de complicadíssimo alcance, e
um sem número de atividades físicas, sociais, laboriosas e etc.
Muito além destas possibilidades e de
inúmeras outras que as circunstâncias permitem realizar, a mão humana é
expressão de amor, de ódio, de indignação, de reprovação. A mão é um
extraordinário instrumento de comunicação, se constitui num dos principais
elos de ligação da criatura humana com o
mundo que está ao seu redor.
Tem-se noticia que os primeiros estudos
em torno dos mistérios escondidos na mão, datam de 3.000 A.C. na civilização
chinesa. Estudos da mesma natureza são conhecidos na Índia por volta de 2.000
A.C. Os gregos foram fascinados
estudiosos da simbologia retratada pelas mãos, é da Grécia que nos vem a
palavra: Quirosofia: “Sabedoria da mão”.
Na civilização judaica pré-cristã a mão e os gestos da mão ganham poder,
dependendo de quem faz uso e como dela se utiliza: “Quando eu levantar a mão contra os egípcios e tirar do meio deles os
israelitas, aqueles ficarão sabendo que eu sou o Senhor” (Ex. 7, 5). O
profeta Isaias afirma: “O Senhor Deus pôs
sua poderosa mão sobre mim e me avisou a mim e aos meus seguidores que não
andássemos no caminho que o povo estava seguindo” (Is. 8, 11). No evangelho
de Marcos tem-se um dos mais bonitos gestos de Jesus: “Então, Jesus abraçou as crianças e as abençoou, pondo as mãos sobre
elas” (Mc. 10, 16).
No início do cristianismo os dedos da
mão tiveram um papel especial para representar a sua crença: O polegar
significava Deus Pai, o Indicador o Espírito Santo Santo e o dedo médio a
pessoa de Jesus Cristo cujos dedos anular e mínimo significavam as duas
naturezas: divina e humana.
Para os muçulmanos, os cinco dedos da
mão representavam os diversos membros da sagrada família, sendo que o polegar
representava Maomé. Para a religião Islâmica os cinco dedos também representam
os cinco principais mandamentos:
Polegar: Celebrar a festa de ramadã;
Indicador: Realizar a peregrinação a
Meca;
Médio: Dar esmola aos pobres;
Anular: Realizar todas as purificações
necessárias;
Mínimo:
Combater todos os infiéis.
Os dedos são carregados
de simbologia e representacionalidade.
Existe uma lenda chinesa muito
interessante e que bem retrata a importância dos dedos da mão.
Os polegares representam
seus pais.
Os indicadores
representam seus irmãos e amigos.
O dedo médio representa
você mesmo.
O dedo anular representa
seu esposo/a.
Os dedos mindinhos
representam os filhos.
Vamos fazer a experiência:
Primeiro junte as suas
mãos, palma com palma, depois dobre para dentro os dedos médios (que representa
você) unindo nós com nós.
Agora tente separar de forma paralela
os polegares (representa os pais) você perceberá que se abrem, porque seus pais
não estão destinados a viver com você até o dia de sua morte. Una-os de novo.
Agora tente separar da
mesma maneira os dedos indicadores (representa seus irmãos e amigos) você
perceberá que também se abrem porque eles se irão e terão destinos diferentes,
como casar-se e ter filhos.
Tente agora separar da
mesma forma os dedos mindinhos (representa os filhos) estes também se abrem
porque seus filhos crescem e quando já não precisam de você, se vão. Una-os de
novo.
Finalmente, tente
separar os seus dedos anulares (o quarto dedo que representa o companheiro/a)
você se surpreenderá ao ver que simplesmente não conseguirá separá-los. Isso
acontece porque um casal está destinado a permanecer unido até o último dia de
sua vida. E é por isso que o anel é usado neste dedo.
A mão, os gestos feitos
com mão, tem um significado especial em todas as culturas. São posições de
oração – erguer as mãos – manter as mãos sobre a cabeça, entrecruzar e apertar
as mãos. Na índia os gestos das mãos são essenciais para a realização de danças
sagradas. No ritual cristão e na religião católica são infindáveis os gestos
feitos com a mão e a importância dada a cada deles.
O Pe. Zezinho, que é um
ícone da música sacra no Brasil, tem uma canção que diz assim: “Erguei as
mãos com alegria, Mas reparti também o pão de cada dia”.
As crianças tocam tudo
para sentirem as pessoas, os objetos, os espaços. As mãos são sensíveis ao toque,
à vibração, à temperatura. As mãos distinguem a condição de uma superfície a
textura de determinado material ou tecido, etc.
Um simples aperto de mão
fornece importantes informações sobre a pessoa com quem se está se
relacionando, o gesto pode significar calor humano, acolhida, hostilidade,
força, amizade, coragem, fraqueza, tudo isso numa fração de segundos. Apertar a
mão da pessoa amada na hora da sua morte é um gesto carregado de sentimentos e
pode bem significar a ajuda que se quer dar neste último passo da vida.
Dizem os estudiosos da
psicologia humana que desde o primeiro ano de vida as mãos do bebê expressam
sentimentos de necessidade, alegria, tristeza, cólera, surpresa, de apreensão.
O psiquiatra Carl Jung (Médico
e pensador suíço, que viveu até 1961, considerado o pai da psicologia
analítica), escreveu: “...As mãos, cuja forma e funcionamento estão tão
intimamente ligados com a psique, podem proporcionar expressões reveladoras,
logo interpretáveis da peculiaridade psicológica, isto é, do caráter humano”.
Em síntese:
1)
A análise da mão ajuda a pessoa a aumentar o
autorreconhecimento de forma mais aprofundada. Indica pontos fracos e fortes,
põe em evidência ensinamentos que serão sempre necessários para a vida.
2)
A leitura da mão ensina que o conflito tem
uma finalidade benéfica na vida e ajuda a desenvolver a sabedoria, a coragem, e
a experiência.
3)
Ultrapassa padrões e projeções do limitado
ser, indica onde se está e para onde pode ir? Mostra como a natureza
psicológica pode afetar a saúde, carreira e relações. Indica o que é preciso
para obter maior sentido de harmonia
equilíbrio na vida. Chico Xavier se pronunciou assim: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
4)
A quiromancia pode proporcionar um grau de
autoconfiança e de fé em si mesmo ajuda a ultrapassar os desafios e obstáculos
com otimismo e determinação. Há uma canção católica com a seguinte afirmação: “Ninguém pode prender um sonho E impedir alguém de
sonhar.Ninguém pode prender a esperança...”
5)
A análise das mãos torna a pessoa capaz de
escolher os tipos de atividade a realizar
na vida de tal modo a sentir maior prazer, vantagem e autorrealização.
6)
É um auxílio para ver a vida como uma
aventura que é vivida mais do que como uma série de problemas, dificuldades e
castigos.
7)
Facilita a obtenção de força e de sabedoria
interior que permite atravessar com coragem os momentos de dificuldade.
8)
Ajuda a compreender as necessidades reais e
chegar a recomendação conveniente de terapia ou de prevenção.
Ler a mão de outrem é uma tarefa séria, exigente e
de altíssima responsabilidade. Apresentar a mão para que outra pessoa faça a
leitura implica permitir que este outro faça uma incursão na sua intimidade e,
muitas vezes, naquilo que lhe é mais sagrado: A sua consciência. É como ler as
cartas ou o diário de alguém!
A mão é ao
mesmo tempo uma ferramenta e um determinante para a ferramenta. Jesus fala do
poder da mão de diversas maneiras. Uma delas é o poder de dominar e oprimir: “Mas,
se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”. (Mateus 5,
38-42). A mão é uma placa pré-impressa ao mesmo tempo é uma impressora quem se
habilita a lê-la desnuda as profundezas, expõe as possibilidades.
A posição normal da mão é voltada para
seu interior, diferente do rosto ela não precisa de uma máscara, ela não se
serve de artifícios. Mostrar a parte interna das mãos é provar a pureza das
intenções: “Olhe, não tenho nada para
esconder de ti”.
É importante que seja estabelecido entre o leitor e
aquele que se deixa ler um acordo de confiança e confidência absoluta. Ler a
mão de alguém não pode ser um instrumento para impressionar ou seduzir, nem
muito menos para obter controle sobre a vida do outro.
A honestidade é uma condição essencial em toda
análise de mão. As observações são feitas de modo amável e sem caráter de
juízo. Pode-se aplicar aqui a lição das “Três peneiras de Sócrates”. (Bom, útil
e necessário).
A leitura da mão não é sinônimo de futurismo
positivista nem tampouco de mensageiro da desgraça. Trata-se de apontar
oportunidades.
Na condição de leitor de mão o intérprete não
pratica nenhum tipo de terapia, nem consulta psicológica. Para ambos os casos,
a honestidade daquele que lê é fundamental e depois de alguns encontros deverá
encaminhar a pessoa para o tratamento adequado. A leitura de mãos pode conduzir
para a dimensão do aconselhamento e
ajuda humanitária, mas nunca se confunde com tratamento psicológico ou
religioso.
A função primeira da leitura de mãos é educar e ajudar
a pessoa a se autoconhecer. Stephen Arroyo – (Astrólogo americano – na obra Psicologia
Astrologia, e os quatro elementos: uma Abordagem Energia a Astrologia & Seu
Uso nas artes de aconselhamento) , escreveu que ao dar um conselho,
ou ao receber uma constatação de qualquer natureza:
“Haveria de ter em mente que o simples
conselho não acompanhado dos meios para uma compreensão mais aprofundada é de
pouco valor, pois cada pessoa deve fazer o seu próprio trabalho e deve, pela
sua própria experiência, chegar à máxima consciência que lhe permita superar ou
transcender a dificuldade”.
Isso implica
compreender que o próprio sujeito que se apresenta para a leitura de mãos
precisa procurar, por si mesmo solução para os seus problemas.