quinta-feira, 7 de março de 2013

O PAPA E A IGREJA




No Evangelho de Mateus no capítulo 16, versículo 18 o texto apresenta o que é chamado pelos estudiosos de “Primado de Pedro”. Sob a mesma perspectiva se pode ler  o texto de João 21,15-17. No primeiro texto está escrito: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”; no segundo o diálogo de Jesus com Pedro termina dizendo: “Simão filho de Jonas, tu me amas mais do que estes? E Pedro respondeu: “Senhor tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe Jesus: Cuida das minhas ovelhas”. Em ambos os casos a referência sobre a responsabilidade de Pedro em relação aos demais discípulos é evidente, todavia os estudos bíblicos da atualidade concordam que esta relação não pode ser aplicada ao serviço  e a missão do Papa na atualidade, não pelo menos, nos moldes como está organizado hoje o governo da Igreja,  embora não haja também motivos para negar que o Papa seja sucessor de São Pedro.
Do ponto de vista do cuidado, como definição da atitude de quem ama se pode dizer que a missão do Papa é sim uma tarefa que exige cuidado e porque não  capacidade de “amar mais do que os outros”. E talvez seja exatamente este o elo do Papado com a figura de Pedro.  Levando em conta o significado da palavra Papa com derivação da língua grega e que quer dizer:  PAI, termo aplicado no início do cristianismo para alguns bispos a quem os cristãos tinham particular admiração e respeito.
A renúncia do Papa Bento XVI e o processo de escolha do novo Papa sugere uma reflexão neste sentido. Isto é, do ponto de vista do cuidado e da paternidade o velho, cansado e doente Cardeal Ratzinger se reconheceu um Pai fragilizado e sem condições de “cuidar das ovelhas”. O gesto mereceu inúmeras considerações e colocou a Igreja novamente na “boca do povo”. Comentários de toda ordem, positivos e negativos, ocuparam as manchetes noticiosas no mundo inteiro. Não faltou quem aproveitasse para espetacularizar o episódio. De um modo geral a atitude foi considerada heroica e deu a Bento XVI uma popularidade e simpatia que ele não havia conquistado nos oito anos em que ocupou os palácios do Vaticano.
Quanto ao novo Papa o que se pode esperar dele? Que mudanças vai realizar na Igreja? Como vai conviver com o Papa Emérito? Poderá ser um Brasileiro? Estas e uma infinidade de outras perguntas borbulham na mídia e no cotidiano de quase todos os ambientes.
Em 1994,  o autor Francisco de Juanes publicou uma obra de ficção, na qual descrevia a renúncia de um papa, depois de ter realizado uma série de mudanças no modelo de exercer o papado e ter dado a abertura de um novo concílio ecumênico.  Obviamente que se tratando de uma obra de ficção ela não pode ser lida se não sob esta ótica. Porém, o atual momento,  o futuro Papa, bem como a sociedade inteira fariam muito bem se antes de perguntar e divagar sobre quais mudanças deverão ocorrer na Igreja em relação a diversos temas e posições polêmicas defendidas por Bento XVI o novo Papa tivesse a coragem de começar modificando a imagem da autoridade na Igreja.
Dito em outras Palavras, sonho com um Papa que “ame mais do que os outros”, sonho com bispos que “amem mais do que os outros”, sonho com padres que “amem mais do que os outros”, sonho com um mundo onde seja “menos difícil de amar”.

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