quinta-feira, 30 de maio de 2013

A PROPÓSITO DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

 A celebração da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo na liturgia católica é, na atualidade, uma das mais populares e que chama a atenção da sociedade e da mídia nacional com absoluto destaque. Neste contexto nunca é demais retomar a compreensão de Eucaristia e algumas das razões que deram origem e alimentam a fé católica neste que é o Mistério da Fé.
A convicção católica na presença real de Jesus nas espécies do pão do vinho e que se denomina transubstanciação, ou seja, mudança da forma sem mudança de aparência é o conceito fundamental e que disitingue a compreensão católica de todas as demais igrejas cristãs  também denominadas Igrejas Históricas. 
Fazer esta distinção não significa diminuir a importância que as demais confissões dão para o que se chama de “presença real” de Jesus na forma de pão de vinho, enquanto que a doutrina católica afirma que não se trata apenas de presença, mas de “mudança mesmo”, isto é, o pão deixa de ser pão e o vinho deixa de ser vinho e se transformam em Corpo e Sangue de Cristo.
A Solenidade de Corpus Christi insituída pela Igreja, durante a idade média, foi uma forma de afirmar sua absoluta convicção no mistério da transubstanciação. Porém esta compreensão que foi palco de não poucas e distintas intrerpretações não deveria distanciar os católicos da intuição fundamental do significado da entrega feita por Jesus.
O Evangelho de João, narra a instituição da Eucaristia, no decorrer de uma ceia na qual Jesus realiza o rito de lava pés e recomenda aos seus discípulos que “façam a mesma coisa que fez”. Tal situação aproxima a entrega de Jesus na cruz da sua convicção de que veio para servir e não para ser servido.
Um dos mais antigos relatos sobre a instituição da Eucaristia é descrito por Paulo na carta aos Coríntios 11,23-26, mas é o mesmo Paulo quem afirma nos versículos seguintes: “Quem come o corpo de Cristo indignamente come a própria condeção”. Mais tarde Santo Agostinho sugeriu uma atitude aos cristãos que participavam deste mistério, dizia ele: “Sejam aquele que vocês recebem, comunguem aquele que vocês são”. 
Na Encíclica “A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”, o papa João Paulo II exorta os crentes interpretando a compreesão paulina com a seguinte afirmação: “Comer o Corpo de Cristo indignamente, signfica participar da Eucaristia no contexto de indiferença para com os pobres”.
Dito isto se pode pensar no sentido e importância de celebrar a solenidade de Corpo de Cristo, enfeitando as ruas por onde o “Mistério da Fé” vai passar e nas razões que levam tantos fiéis a se dedicar com esmero na preparação dos tapetes e participar deste evento religioso de tão extraordinária popularidade na Igreja do Brasil.
Parece que muito mais do que decorar as ruas com sinais extraordinários que revelem a presença real na forma simbólica é importante recuperar o sentido da presença real de Jesus no meio do mundo que se dá sim na forma de pão e de vinho, mas que pode ser também reconhecida no cotidiano dos cristãos destes novos tempos.
A advertência feita por São João Crisóstomo pode ser bem aplicada aos nossos tempos: “Queres honrar o corpo de Cristo com vestes de seda e vasos de ouro, fazes bem. Mas não esqueças que o mesmo Jesus que disse Isto é meu Corpo, foi aquele que também disse: Tudo o que você fizer ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis”, portanto disse o santo: “Vai primeiro dar de comer a quem tem fome e vestir quem está nú e depois com o que sobrar podes honrar o Corpo de Cristo, exposto no altar, usando vestes de seda e vasos de ouro”.
Como atitude de um crente de fiel, parece justo que haja dedicação na preparação dos tapetes e fervor em seguir Jesus na Eucaristia pelas praças e ruas, entretanto não poderá faltar o copromisso e a compreensão de que é preciso também “lavar os pés uns dos outros” e formar com todos o “Corpo Vivo de Cristo” como se reza na missa: “que o Espírito Santo nos una num só corpo”.

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