sábado, 28 de setembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 29 DE SETEMBRO DE 2013

O SENHOR AMA AQUELE QUE É JUSTO

Nesta semana dois fatos chamaram a atenção do mundo. A Conferência das Nações Unidas e mais uma vez os discursos do Papa do Francisco. Na abertura da Conferência da ONU a presidente do Brasil mostrou sua indignação com a atitude dos países mais poderosos que tratam os demais com desrespeito querendo impor à força as suas vontades, usando para isso de todos os meios legais e ilegais.
O Papa Francisco no discurso que fez à multidão na quarta feira pela manhã em Roma afirmou que o cristão precisa antes de falar mal de alguém “morder a  própria língua”, neste sábado falando para o pessoal que trabalha dentro do Vaticano fez as mesmas observações pedindo que todos se ocupem exatamente com a sua função e não se deixem levar pelas fofocas, maledicências e intrigas que facilmente são cultivadas entre as pessoas.
Nos dois casos a lição que se pode tirar está na direção da responsabilidade consigo e com os demais. Antes de ficar se preocupando com o modo como ser melhor, maior, mais importante, é necessário garantir que as coisas no mundo estejam a serviço do ser humano para que este possa viver bem como criatura de Deus.
A Igreja se reúne em assembleia de oração e neste domingo, mais uma vez, reza unida a fim de aprender como cuidar dos outros e da vida para que ela seja boa e feliz para todos.
A Palavra de Deus proclamada nas leituras deste domingo faz lembrar exatamente isso. O profeta Amós faz uma ameaça a todos aqueles que se preocupam com seu bem viver, esquecendo-se do sofrimento alheio: Ai dos que vivem despreocupadamente, e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José”. São Paulo escreve a Timóteo e lhe recomenda: “Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão.
Combate o bom combate da fé”.
Por sua vez, na longa história do rico avarento e do pobre Lázaro Jesus  faz perceber que nenhuma riqueza é importante se as pessoas que estão próximas são tratadas com desprezo. Nenhum outro consolo irá substituir a capacidade de viver bem com aqueles que convivem no seu dia a dia. O rico dava banquetes finos, nunca viu o sofrimento do outro que mendigava à sua porta. Mais tarde é ele mesmo quem pede clemência e Abraão responde: Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!”. Tal afirmação pode ser interpretada para os dias de hoje a partir da compreensão que o mundo está repleto de sinais e convites para respeitar as pessoas e a vida. Quem não reconhece estes sinais vai aos poucos construindo a sua própria condenação.
Que a oração da Igreja reunida faça acontecer o que se reza na missa: “abra para nós a fonte de toda a benção... e renove a vida do cristão a fim de que ele seja herdeiro das promessas de Deus”.



domingo, 15 de setembro de 2013

ANOTAÇÕES À MARGEM DO 9º EDUCASUL...


ENSINO MÉDIO UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE...

Na Filosofia, tem-se como necessário o estudo sobre a razão de ser e a própria razão como SER. Neste último aspecto surge o chamado princípio racional, o qual é sistematizado em:
a)                  Identidade – Aquilo que é não pode não ser. Por exemplo: A carteira de identidade identifica o seu portador; as digitais de uma pessoa; a arcada dentária de um animal ou ser humano;  isso é o que se chama de “obvio”.
b)                 Não contradição – Uma coisa ou pessoa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Isso só acontece no teatro, no filme, na novela. Na vida real as pessoas são e pronto. Uma coisa “É” e pronto. Uma mesa é uma mesa, até que ela deixe de ser.
A 9ª edição do EDUCASUL, realizada nos dias 08 a 10 de agosto em Florianópolis permitiu que muitos educadores  pudessem confirmar o que já está se questionando há bastante tempo: Qual a identidade do Ensino Médio? Segundo a LDB, trata-se da última etapa da educação básica e tem como objetivo formar cidadãos, assim também se expressa o Conselho Nacional de Educação:
Tendo em vista que a função precípua da educação, de um modo geral, e do Ensino Médio – última etapa da Educação Básica – em particular, vai além da formação profissional, e atinge a construção da cidadania, é preciso oferecer aos nossos jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir seus horizontes e dotá-los de autonomia intelectual, assegurando-lhes o acesso ao conhecimento historicamente acumulado e à produção coletiva de novos conhecimentos, sem perder de vista que a educação também é, em grande medida, uma chave para o exercício dos demais direitos sociais (Parecer CNE/CEB nº 5/2011).
Considerando esta afirmação, o evento em referência, que teve a  participação de autoridades e renomados educadores serviu também para mostrar que as ofertas que se faz do ensino médio, sobretudo na rede pública, com os outros auxílios, tal como, o PRONATEC na sua grande maioria  destinado a subsidiar a iniciativa privada, deixa a desejar no que se refere aos princípios racionais.
Uma vez que “aquilo que é não pode não ser”, como afirmar que a função do ensino médio é preparar pessoas para a Universidade? Ou pior que isso, preparar mão de obra para o mercado altamente competitivo que se instala no Brasil contemporâneo do “pleno emprego?”.
Dentre as considerações levantadas durante o evento surgiu a preocupação com a permanência, conclusão e evasão do ensino médio. Não parece difícil compreender que estas três condições estão relacionadas na sua integridade com o princípio da “Não contradição”.
As diversas iniciativas oferecidas, sobretudo, no ensino público, não respondem ao princípio fundamental: “construção da cidadania” e  “exercício dos demais direitos sociais”. Afirmações como a do Professor Gaudêncio Frigotto são facilmente compreendidas neste contexto. Declarando que “As escolas que tem Santo atrás” não mostram com a mesma intensidade a preocupação levantada em todas as outras, o professor se fez entender sob a ótica de: “as escolas que tem uma filosofia cidadã”  não sofrem da mesma “anorexia” que todas as demais.
As diversas iniciativas apresentadas incluindo: “Ensino médio integral, ensino médio integrado, técnico pós-médio” nenhuma apontou para o núcleo da questão: FORMAR GENTE! Todas estão estruturadas para uma meta cujo fim está na adequação idade/serie de conclusão do ensino médio com a respectiva entrada no mercado de trabalho ou continuidade.
Resta ainda uma pergunta que não pode deixar de ser feita: Até quando o governo continuará oferecendo incentivos para a formação de mão de obra e não tem nenhuma iniciativa voltada para garantir a permanência do jovem em escolas integrais, que não deveriam ter como meta a formação nem para a Universidade, nem para o mercado, mas para a cidadania?

Esta última observação pede uma revisão estrutural na oferta do ensino médio integral que inclua currículo, gestão, conteúdos e na própria essência da educação que pode ser bem compreendida como “oferecer aos nossos jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir seus horizontes e dotá-los de autonomia intelectual”.

sábado, 14 de setembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 15 DE SETEMBRO DE 2013

E O SENHOR DESISTIU DO MAL QUE HAVIA AMEAÇADO FAZER...

Na Semana passada, diante das ameaças de Guerra e de invasão à Síria, o Papa Francisco convidou o mundo para um dia de jejum e oração. O mundo rezou com a Igreja no sábado dia 07 de setembro. E como sempre Deus ouve o clamor do seu povo. Hoje circula entre as principais noticias que  líderes das maiores potências do mundo, depois de três dias de reuniões, anunciaram acordo e apresentam propostas para que a paz aconteça. Este episódio mostra mais uma vez até onde vai a misericórdia de Deus  que foi invocada pela oração de todos e que é o centro de toda a liturgia da Palavra deste domingo.
No texto do livro do Êxodo se lê o episódio do povo que se esqueceu de tudo o que Deus lhes havia feito e começa a prestar culto a outros deuses. Adorar a imagens no modo como se lê no texto, nada tem a ver com a veneração que os católicos têm por seus santos. Pelo contrário, quando invocam os santos pedem que por sua intercessão o único Deus verdadeiro seja reconhecido e adorado. No caso do povo de Israel a imagem que havia sido fabricada tinha exatamente a intenção de trocar a adoração àquele que lhes tinha livrado da escravidão. Mas Deus, pela palavra de Moisés, mesmo assim se mostrou misericordioso com o seu povo e desistiu do mal com o qual lhes havia ameaçado.
São Paulo escreve a Timóteo e o convida agradecer Jesus Cristo, de quem recebeu forças e em quem encontrou misericórdia, por isso mesmo, somente Ele merece glória pelos séculos dos séculos.
No Evangelho, mais uma vez, Jesus provoca os doutores da lei, os sábios e poderosos do seu tempo. Enquanto estes queriam que Jesus eliminasse os pecadores, declarasse guerra a quem vivia e pensava diferente dos fariseus, Jesus mostra como é a prática de Deus. Contanto as três histórias, conhecidas como “parábolas de misericórdia” Jesus ensina que Deus tem cuidado sim com aqueles que são bons, reconhece a bondade deles, mas não permite que outros se percam. No caso das ovelhas, deixa em segurança as obedientes e que seguem o rebanho, mas vai ao mesmo tempo buscar a que estava perdida.
No caso do filho pródigo, afirma ao irmão mais velho: “Tudo o que é meu é teu, mas é preciso recuperar a alegria por este teu irmão que voltou”. Este é o jeito de agir de Deus! Este é o convite que se faz a todos e particularmente a quem se reúne para fazer ação de Graças.

Nenhum cristão tem o direito de condenar os irmãos, deixar de lado os que julga imperfeitos e pecadores. A misericórdia do Pai precisa ser vivida também no dia das relações humanas.  Que a oração dos cristãos ajude a todos e ajude o mundo a construir a paz e cultivar a misericórdia. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 08 DE SETEMBRO 2013

QUE A BONDADE DO SENHOR REPOUSE SOBRE NÓS

Nesta semana fez parte das rodas de conversas assuntos relativos a violação dos direitos humanos. Noticias divulgada sobre espionagem da vida pública e privada, ameaça de guerra e acusações nem sempre provadas tomaram conta dos noticiários e suscitaram perguntas e opiniões muito distintas. A Igreja, pela palavra do Papa Francisco convidou o mundo para oração e jejum. Tal pedido encontra fundamento numa verdade amplamente conhecida: “violência gera violência, não se pode querer resolver tudo através da força”.
É neste sentido que a oração deste domingo ganha ainda maior importância, reunidos em assembleia os cristãos rezam com o salmo: “Que a bondade do Senhor e nosso Deus repouse sobre nós e nos conduza! Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho”. Este forte apelo vem do coração das multidões que também acreditam que o Senhor é o refúgio para todos.
No evangelho proclamado na liturgia deste domingo, mais uma vez Jesus se encontra no caminho para Jerusalém e está ensinando os discípulos. Fala por meio de exemplos aos seus seguidores: Quem que me seguir precisa desapegar-se das suas certezas: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim” e conclui fazendo as comparações com aquele que se põe a construir e o que se propõe guerrear. Em ambos os casos “sentar e examinar” as condições que terá de enfrentar em ambos os empreendimentos. Isso é mesmo que dizer, considere tudo o que já tem e pense três vezes antes de iniciar uma nova ação. O evangelho é um convite para todos e a cada um: Deixe Deus falar em Você!
São Paulo envia seu escravo, de quem tem necessidade e a quem muito ama, mas dele se desapega e pede que a mesma atitude seja tomada por quem o recebe: “Gostaria de tê-lo comigo, a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim nesta prisão, que eu devo ao evangelho, mas eu te peço – recebe-o como se fosse a mim mesmo”.
Para compreender o mundo com tudo o que nele acontece, se faz necessário deixar-se guiar pela sabedoria de Deus, como se proclama na primeira leitura. A sociedade contemporânea experimenta uma transformação sem precedentes e para que esta nova realidade possa ser entendida e vivida de modo digno é necessário compreender a grandeza das palavras de Jesus: Esvaziar-se de si mesmo e das suas certezas.

Que a oração de todos e a reunião dos irmãos neste domingo ajude e ilumine a fim de que sejam efetivamente reforçados os laços de amizade que garantem dignidade a todos os seres humanos.