sexta-feira, 25 de outubro de 2013

SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA DE FINADOS

NINGUÉM VAI AO PAI SE NÃO POR MIM...

Acreditar nas palavras de Jesus tem sido, ao longo do tempo, praticamente a única certeza e muitas vezes o único conforto que dos cristãos. Mais cedo ou mais tarde todos podem provar que as palavras do Mestre de Nazaré encontram ressonância na sua vida e nos acontecimentos do cotidiano.
Uma das situações particularmente delicada que o ser humano precisa lidar se constitui pela experiência da morte. Diante desta realidade é comum ficar sem palavras e querer buscar respostas e explicações para um fato que não cabe em nenhuma resposta e muito menos em qualquer justificativa.
O ser humano nasce e está pronto para morrer. A atitude sábia e bonita que a fé ensina aparece no carinho que as famílias têm para com aqueles que morreram. Cuidar do jazigo onde repousam os restos dos entes queridos, visitar o cemitério, cultivar atitudes de respeito mostra a grandeza da vida e solenidade da morte.
Porém, há uma verdade não compreendida, mas diversas vezes manifestada para os cristãos. “Se a certeza da morte entristece a confiança na imortalidade conforta”. De fato todos os textos bíblicos que fazem referência à morte são também provocadores de fé e fazem reacender a esperança.
No dia, reservado para lembrar os mortos, merece reforçar a força que se recebe pela Fé. Acreditar que a morte não é o fim e que pelos merecimentos de Jesus que  salvou a todos, um dia será possível viver o reencontro com os que já partiram, enxuga as lágrimas e garante  que a vida com suas fragilidades está nas mãos de Deus.

Neste sentido a doutrina católica da comunhão dos santos ganha particular importância. Cada vez que se proclama a fé e se diz: “Creio na ressurreição dos mortos, na comunhão dos santos e na vida eterna” se está afirmando a importância de rezar juntos com os vivos e os falecidos para confortar o coração de todos. 

HOMILIA PARA O DIA 27 DE OUTUBRO 2013

NÃO AO CORAÇÃO ORGULHOSO...


O Papa Francisco que surpreendeu o mundo  mais com suas atitudes do que com suas palavras, também fez afirmações categóricas e que ajudam a compreender quem é o Deus a quem os cristãos adoram.  Dentre as declarações do Papa, a expressão: “Sou um pecador para quem o Senhor olhou. Sou alguém que é olhado pelo Senhor”. Se encaixa perfeitamente no contexto da Palavra de Deus deste domingo.
A última oração que o padre reza na missa deste domingo diz assim: “Que os vossos sacramentos produzam em nós o que significam”. Participando da missa cada pessoa tem consciência que está buscando modificar-se, adequar sua vida às propostas do evangelho, em resumo, pede a graça de ser melhor, mais santo, semelhante a Deus Pai que é Santo.
Efetivamente, as leituras  bíblicas deste domingo tem total consonância com a afirmação do Papa Francisco e com aquilo que os cristãos rezam na assembleia reunida. No texto do livro Eclesiástico o autor afirma que a ação de Deus não despreza aquele que pede com o coração: “Quem serve a Deus como ele o quer, será bem acolhido e suas súplicas subirão até as nuvens. A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha, e faça justiça aos justos e execute o julgamento”.
Por sua vez, São Paulo fala para o amigo Timóteo, convencido que toda a sua vida foi uma preparação para o encontro definitivo com aquele que lhe chamou. Sua comparação com as práticas desportivas lhe dá a certeza que não foi perfeito, mas que fez aquilo que a vida lhe pedia para fazer: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. E o Senhor esteve a meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão”.
Na parábola dos dois que vão ao templo rezar, num primeiro momento nada há de errado que cada um reconheça as suas virtudes e fracassos. O Fariseu, não está errado apresentando a sua reta conduta e aquilo que de fato ele fez cumprindo a lei e os mandamentos. O publicano nem tampouco pode ser desprezado por sua fragilidade. O erro do primeiro, e o endereço da parábola contada por  Jesus não é para uma  pessoa em particular ou para uma classe de pessoas. O que Jesus condena não é o sujeito, nem tampouco o fato de que o fariseu seja um cumpridor da lei. A advertência de Jesus está na condição em que a pessoa se coloca acima e melhor que os demais.
É neste sentido que a palavra do Papa Francisco ganha importância e coerência com a Palavra de Deus. Ele é o líder da Igreja Católica, toma atitudes de um chefe de estado, comporta-se como autoridade, mas não se orgulha desta condição, reconhece sua pequenez diante de Deus e diante do mundo.

O Exemplo do Papa tem sintonia com o convite de Jesus: Independente da perfeição do coração de cada um é importante não esquecer que se tem o coração ferido e rezar com se faz no salmo: “O Senhor liberta a vida dos seus servos, e castigado não será quem nele espera”.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 20 DE OUTUBRO DE 2013 - 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM

DO SENHOR É QUE VEM O MEU SOCORRO...

Não é raro entre os cristãos a prática de promessas, de novenas, de corrente de oração, de invocação aos santos,  e um sem número de alternativas pedindo que Deus mostre os caminhos, aponte soluções e ajude a resolver problemas.
A motivação principal com estas preces e intercessões é abrir-se à graça de Deus para que ela possa agir dando forças físicas e emocionais para enfrentar cada uma e todas as urgências e necessidades.
Estas atitudes aparecem nos textos da Palavra de Deus que se proclama neste domingo.  De um lado está o exército de Israel combatendo com armas, isso é, fazendo a parte que lhe compete, de outro lado está Moisés confiando a força e a garra do seu povo ao coração misericordioso de Deus. Obviamente que a união destas duas forças se confirma na oração do salmo: “Eu levanto os meus olhos para os montes: de onde pode vir o meu socorro? Do Senhor é que me vem o meu socorro,  do Senhor que fez o céu e fez a terra!”.
Na mesma direção está a recomendação de Paulo a Timóteo. O texto situado num tempo de perseguição intensa contra os cristãos  os ajuda e estimula a não fraquejar diante das dificuldades, mas, pelo contrário a permanecer firme e confiante na verdade que foi ensinada: “Permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como verdade; tu sabes de quem o aprendeste”.
E de modo mais que simples e objetivo o Evangelho começa com a frase: “Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. As duas pessoas envolvidas na história mostram os extremos da força e da fragilidade daquele tempo. Uma viúva sem nenhuma proteção e cuidado da parte de ninguém e um juiz detentor de toda autoridade.
A indefesa viúva só tem a força da sua persistência e esta condição que lhe garante ser atendida mesmo por um homem que nada tinha de compaixão. De longe Jesus deixa transparecer que o coração de Deus seja insensível ao clamor humano, antes de tudo, afirma categoricamente: “Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa”.
Em resumo, o que está explicito na Palavra de Deus deste domingo é certeza que à medida que a criatura humana for capaz de buscar com insistência tudo aquilo que tem direito e que o faz na convicção de estar agindo com justiça não ficará sem resposta.

Na reunião de oração a comunidade inteira é convidada a fazer exatamente a mesma coisa: Ouvir e não se descuidar da fé, a fim de que a força do evangelho ajude a todos serem verdadeiras testemunhas da ação de Deus no mundo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 13 DE OUTUBRO DE 2013

O SENHOR FEZ POR NÓS MARAVILHAS...

Quanto mais o ser humano vai adquirindo conhecimentos e informações, cada vez são maiores as suas angústias e preocupações. O homem contemporâneo encontra explicações para quase todas as limitações, mas ainda não resolve a preocupação fundamental sobre a origem da vida e a constituição última deste mistério. A neste ponto, independente de qualquer religião ou mesmo de ausência de fé ele se obriga a admitir o mistério que em última instância se encontra no sobrenatural.
Este é também o ensinamento da liturgia da Palavra deste domingo. Na primeira leitura tem-se o diálogo de um estrangeiro inimigo com o profeta. Ao final da conversa as certezas do incrédulo estrangeiro caem por terra e ele admite que o profeta tem um Deus protetor: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel!”. Não sem razão o salmo canta as maravilhas deste Deus único e a assembleia reza na mesma intensidade: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória”.
São Paulo, na continuação da carta que pode ser entendida como o seu testamento faz perceber que o único porto seguro é Jesus Cristo e o seu ensinamento: “Merece fé esta palavra:  se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.
E na continuação da sua caminhada para Jerusalém, o Senhor se depara com os leprosos excluídos do convívio social e sem possibilidade de participar da normalidade da vida. Mediante o  pedido: “Mestre, tem compaixão de nós!”. Jesus não se limita a fazer um milagre ou mostrar-lhes um sinal, pelo contrário, os chama à responsabilidade e a participação: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”.  Uma vez que aceitaram esta proposta, imediatamente estão curados e possibilitados para participar da sociedade que os havia excluído.
Mas o que mais conta em tudo isso, não é nem o fato de ser curado, e a condição de haver despertado a fé naquele estrangeiro que voltou para agradecer: “tua fé te salvou”.

É assim que a igreja se coloca diante da Palavra do Senhor e os fiéis reunidos em oração são chamados a enfrentar as dificuldades da vida, sem esquecer de dar graças e reconhecer que é Deus mesmo quem ajuda e alivia os sofrimentos nos momentos mais difíceis ou nas horas de abandono que a vida parece patrocinar cada vez com mais frequência.

NOSSA SENHORA APARECIDA

MÃE DO CÉU MORENA...


As relações contemporâneas estão cada vez mais exigindo a interpretação de sinais e símbolos. Estes por sua vez, como o próprio nome, podem ser interpretados sob diversos pontos de vista e de acordo com a ótica interpretativa ganham outros sentidos e compreensão.
A Solenidade de N. Sra. Aparecida, no contexto das festas da Igreja  tem uma significação particular para o Brasil e o seu povo. A imagem encontrada  no rio Paraíba é muito mais do que um sinal para a sociedade de outrora que entendia como normal que seres humanos fossem tratados como escravos feito mercadoria.
As leituras bíblicas sugeridas para a celebração da Igreja nesta ocasião são também repletas de sinais e símbolos que ensinam por si mesmos e permitem tirar lições para todos os tempos. A rainha Ester, cujo relato se ouve na primeira leitura, serve-se da sua beleza física, mas sobretudo da sua  Fé no Deus de Israel. Se aproxima do trono real e usando dos seus direitos faz um único pedido que nada tem de vantagem pessoal: “"Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo!”.
O texto do apocalipse apresenta uma frágil mulher, sendo colocada à prova diante da força do dragão. Com todas as prerrogativas de um poder opressor o dragão ameaça a vida dela mesma e daquele a quem ela vai dar à luz. Eis que de novo se pode tirar a lição sob o alcance da mão de Deus. A mulher é a figura do povo fragilizado e perseguido, nos nossos tempos pode ser entendida também como a imagem da Igreja manchada e perseguida por ameaças gigantes que estão dentro dela mesma. Mas eis que a seu tempo Deus envia seus anjos e a mulher é socorrida enquanto o dragão é expulso.
Formosa e  também frágil é a vida do povo. Chega um momento no qual já não se pode mais aceitar alguns sinais de reposição do velho vinho, é necessário um vinho novo e este é Jesus – filho de Maria – é Ela mesma quem reconhece, dentre as muitas interpretações que se pode fazer do “milagre em Caná da Galileia” – que agora o que importa é deixar falar o “vinho novo” isto é seu Filho Jesus: “Façam tudo o que ele disser


HOMILIA PARA O DIA 06 DE OUTUBRO DE 2013

HOJE, NÃO FECHEIS O VOSSO CORAÇÃO...

O Salmo de resposta que se reza neste domingo na liturgia faz um convite insistente a crescer na Fé, cuja preocupação era também a dos discípulos e que foi manifestada no texto do Evangelho. Entretanto a Fé não é uma condição abstrata e sem conexão com a vida.
Na entrevista que concedeu esta semana o papa Francisco fez um apelo ao mundo para manifestar a Fé com gestos bem concretos em favor das pessoas. Durante a entrevista o papa pediu que o mundo tenha diante de si as preocupações com a juventude e com os idosos e afirmou que estas duas fases são as mais ameaçadas na vida e por isso mesmo as mais vulneráveis. Tal pedido tem total sintonia com as leituras escolhidas para este domingo.
O profeta Habacuc faz um lamento diante de Deus por causa do sofrimento das pessoas que estão como que pisoteadas pela impiedade: “Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: 'Violência!', sem me socorreres? Por que me fazes ver iniquidades, quando tu mesmo vês a maldade?. Porém o clamor do profeta não cai no vazio, Deus mesmo lhe responde: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé” Dito de outra maneira se pode compreender o texto como um convite para cultivar uma fé operante, que valoriza e promove a vida, que garanta dignidade e alegria.
Já São Paulo, na carta a Timóteo, faz um testamento de despedida que ao contrário de alimentar o medo, a dor e a tristeza, encoraja para o testemunho:Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”.
E quando os discípulos pedem que Jesus lhes aumente a fé, mais uma vez ele não trata a partir da quantidade, mas da qualidade: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: `Arranca-te daqui e planta-te no mar', e ela vos obedeceria”. E para quem está convencido daquilo que bom e justo basta agir com a consciência do dever cumprido. Nem mais, nem menos: “Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei:  Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.
Neste sentido a Palavra de Deus é um convite para viver plenamente a serviço da vida sob a ótica da fé. Reconhecer que se é convidado a ir muito além da mediocridade cotidiana cooperar com a obra de Deus no mundo, precisamente nos locais onde ela está mais fragilizada e ameaçada. É aqui que entra preocupação do papa Francisco: Cuidar dos jovens e dos velhos isso parece ser o problema mais urgente que a Igreja tem pela frente.
Por isso mesmo os cristãos se reúnem para rezar uns com os outros confiantes que o Senhor pode dar “mais do que merecemos e pedimos”.