domingo, 10 de novembro de 2013

PALESTRA DO PADRE ELCIO

A MÃO HUMANA – PARA ALÉM DA ANATOMIA

Por conta dos  27 ossos, dúzias de músculos e milhões de nervos a mão humana pode segurar quilos, esmagar, quebrar, construir, realizar movimentos de precisão, realizar microcirurgias de complicadíssimo alcance, e um sem número de atividades físicas, sociais, laboriosas e etc.
Muito além destas possibilidades e de inúmeras outras que as circunstâncias permitem realizar, a mão humana é expressão de amor, de ódio, de indignação, de reprovação. A mão é um extraordinário instrumento de comunicação, se constitui num dos principais elos  de ligação da criatura humana com o mundo que está ao seu redor.
Tem-se noticia que os primeiros estudos em torno dos mistérios escondidos na mão, datam de 3.000 A.C. na civilização chinesa. Estudos da mesma natureza são conhecidos na Índia por volta de 2.000 A.C. Os gregos foram  fascinados estudiosos da simbologia retratada pelas mãos, é da Grécia que nos vem a palavra: Quirosofia: “Sabedoria da mão”.
Na civilização judaica pré-cristã  a mão e os gestos da mão ganham poder, dependendo de quem faz uso e como dela se utiliza: “Quando eu levantar a mão contra os egípcios e tirar do meio deles os israelitas, aqueles ficarão sabendo que eu sou o Senhor” (Ex. 7, 5). O profeta Isaias afirma: “O Senhor Deus pôs sua poderosa mão sobre mim e me avisou a mim e aos meus seguidores que não andássemos no caminho que o povo estava seguindo” (Is. 8, 11). No evangelho de Marcos tem-se um dos mais bonitos gestos de Jesus: “Então, Jesus abraçou as crianças e as abençoou, pondo as mãos sobre elas” (Mc. 10, 16).
No início do cristianismo os dedos da mão tiveram um papel especial para representar a sua crença: O polegar significava Deus Pai, o Indicador o Espírito Santo Santo e o dedo médio a pessoa de Jesus Cristo cujos dedos anular e mínimo significavam as duas naturezas: divina e humana.
Para os muçulmanos, os cinco dedos da mão representavam os diversos membros da sagrada família, sendo que o polegar representava Maomé. Para a religião Islâmica os cinco dedos também representam os cinco principais mandamentos:
Polegar: Celebrar a festa de ramadã;
Indicador: Realizar a peregrinação a Meca;
Médio: Dar esmola aos pobres;
Anular: Realizar todas as purificações necessárias;
Mínimo:  Combater todos os infiéis.
Os dedos são carregados de simbologia e representacionalidade.
Existe uma lenda chinesa muito interessante e que bem retrata a importância dos dedos da mão.
Os polegares representam seus pais.
Os indicadores representam seus irmãos e amigos.
O dedo médio representa você mesmo.
O dedo anular representa seu esposo/a.
Os dedos mindinhos representam os filhos.
Vamos fazer a experiência:
Primeiro junte as suas mãos, palma com palma, depois dobre para dentro os dedos médios (que representa você) unindo nós com nós.


Agora tente separar de forma paralela os polegares (representa os pais) você perceberá que se abrem, porque seus pais não estão destinados a viver com você até o dia de sua morte. Una-os de novo.

Agora tente separar da mesma maneira os dedos indicadores (representa seus irmãos e amigos) você perceberá que também se abrem porque eles se irão e terão destinos diferentes, como casar-se e ter filhos.
Tente agora separar da mesma forma os dedos mindinhos (representa os filhos) estes também se abrem porque seus filhos crescem e quando já não precisam de você, se vão. Una-os de novo.
Finalmente, tente separar os seus dedos anulares (o quarto dedo que representa o companheiro/a) você se surpreenderá ao ver que simplesmente não conseguirá separá-los. Isso acontece porque um casal está destinado a permanecer unido até o último dia de sua vida. E é por isso que o anel é usado neste dedo.
A mão, os gestos feitos com mão, tem um significado especial em todas as culturas. São posições de oração – erguer as mãos – manter as mãos sobre a cabeça, entrecruzar e apertar as mãos. Na índia os gestos das mãos são essenciais para a realização de danças sagradas. No ritual cristão e na religião católica são infindáveis os gestos feitos com a mão e a importância dada a cada deles. 
O Pe. Zezinho, que é um ícone da música sacra no Brasil, tem uma canção que diz assim: “Erguei as mãos com alegria, Mas reparti também o pão de cada dia”.
As crianças tocam tudo para sentirem as pessoas, os objetos, os espaços. As mãos são sensíveis ao toque, à vibração, à temperatura. As mãos distinguem a condição de uma superfície a textura de determinado material ou tecido, etc.
Um simples aperto de mão fornece importantes informações sobre a pessoa com quem se está se relacionando, o gesto pode significar calor humano, acolhida, hostilidade, força, amizade, coragem, fraqueza, tudo isso numa fração de segundos. Apertar a mão da pessoa amada na hora da sua morte é um gesto carregado de sentimentos e pode bem significar a ajuda que se quer dar neste último passo da vida.
Dizem os estudiosos da psicologia humana que desde o primeiro ano de vida as mãos do bebê expressam sentimentos de necessidade, alegria, tristeza, cólera, surpresa, de apreensão.
O psiquiatra Carl Jung (Médico e pensador suíço, que viveu até 1961, considerado o pai da psicologia analítica), escreveu: “...As mãos, cuja forma e funcionamento estão tão intimamente ligados com a psique, podem proporcionar expressões reveladoras, logo interpretáveis da peculiaridade psicológica, isto é, do caráter humano”.
Em síntese:
1)              A análise da mão ajuda a pessoa a aumentar o autorreconhecimento de forma mais aprofundada. Indica pontos fracos e fortes, põe em evidência ensinamentos que serão sempre necessários para a vida.
2)              A leitura da mão ensina que o conflito tem uma finalidade benéfica na vida e ajuda a desenvolver a sabedoria, a coragem, e a experiência.
3)              Ultrapassa padrões e projeções do limitado ser, indica onde se  está  e para onde pode ir? Mostra como a natureza psicológica pode afetar a saúde, carreira e relações. Indica o que é preciso para obter maior sentido de harmonia  equilíbrio na vida. Chico Xavier se pronunciou assim: Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
4)              A quiromancia pode proporcionar um grau de autoconfiança e de fé em si mesmo ajuda a ultrapassar os desafios e obstáculos com otimismo e determinação. Há uma canção católica com a seguinte afirmação: Ninguém pode prender um sonho E impedir alguém de sonhar.Ninguém pode prender a esperança...”
5)              A análise das mãos torna a pessoa capaz de escolher os tipos de atividade a realizar  na vida de tal modo a sentir maior prazer, vantagem e autorrealização.
6)              É um auxílio para ver a vida como uma aventura que é vivida mais do que como uma série de problemas, dificuldades e castigos.
7)              Facilita a obtenção de força e de sabedoria interior que permite atravessar com coragem os momentos de dificuldade.
8)              Ajuda a compreender as necessidades reais e chegar a recomendação conveniente de terapia ou de prevenção.
Ler a mão de outrem é uma tarefa séria, exigente e de altíssima responsabilidade. Apresentar a mão para que outra pessoa faça a leitura implica permitir que este outro faça uma incursão na sua intimidade e, muitas vezes, naquilo que lhe é mais sagrado: A sua consciência. É como ler as cartas ou o diário de alguém!
A mão é ao mesmo tempo uma ferramenta e um determinante para a ferramenta. Jesus fala do poder da mão de diversas maneiras. Uma delas é o poder de dominar e oprimir: Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”. (Mateus 5, 38-42). A mão é uma placa pré-impressa ao mesmo tempo é uma impressora quem se habilita a lê-la desnuda as profundezas, expõe as possibilidades.
A posição normal da mão é voltada para seu interior, diferente do rosto ela não precisa de uma máscara, ela não se serve de artifícios. Mostrar a parte interna das mãos é provar a pureza das intenções: “Olhe, não tenho nada para esconder de ti”.
É importante que seja estabelecido entre o leitor e aquele que se deixa ler um acordo de confiança e confidência absoluta. Ler a mão de alguém não pode ser um instrumento para impressionar ou seduzir, nem muito menos para obter controle sobre a vida do outro.
A honestidade é uma condição essencial em toda análise de mão. As observações são feitas de modo amável e sem caráter de juízo. Pode-se aplicar aqui a lição das “Três peneiras de Sócrates”. (Bom, útil e necessário).
A leitura da mão não é sinônimo de futurismo positivista nem tampouco de mensageiro da desgraça. Trata-se de apontar oportunidades.
Na condição de leitor de mão o intérprete não pratica nenhum tipo de terapia, nem consulta psicológica. Para ambos os casos, a honestidade daquele que lê é fundamental e depois de alguns encontros deverá encaminhar a pessoa para o tratamento adequado. A leitura de mãos pode conduzir para a dimensão do aconselhamento  e ajuda humanitária, mas nunca se confunde com tratamento psicológico ou religioso.
A função primeira da leitura de mãos é educar e ajudar a pessoa a se autoconhecer. Stephen Arroyo – (Astrólogo americano – na obra Psicologia Astrologia, e os quatro elementos: uma Abordagem Energia a Astrologia & Seu Uso nas artes de aconselhamento) ,  escreveu  que ao dar um conselho, ou ao receber uma constatação de qualquer natureza:
“Haveria de ter em mente que o simples conselho não acompanhado dos meios para uma compreensão mais aprofundada é de pouco valor, pois cada pessoa deve fazer o seu próprio trabalho e deve, pela sua própria experiência, chegar à máxima consciência que lhe permita superar ou transcender a dificuldade”.

Isso implica compreender que o próprio sujeito que se apresenta para a leitura de mãos precisa procurar, por si mesmo solução para os seus problemas.

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