terça-feira, 31 de dezembro de 2013

HOMILIA PARA O DOMINGO DA EPIFANIA DO SENHOR

A LUZ BRILHA PARA TODOS

É muito utilizada a expressão: “O Sol nasce para todos” e também: “todos tem um lugar ao sol”.  No cotidiano das relações estas e outras frases representam o desejo de qualidade e dignidade na vida. Uma semana depois do natal a Igreja propõe a celebração da manifestação do Senhor, na festa que é também chamada “dia de Reis” ou epifania.
A liturgia apresenta a pessoa de Jesus como o sol que brilha para todos e que tudo ilumina e por isso mesmo a oração da Igreja pede a graça de contemplá-lo face a face. As leituras são a afirmação de tudo o que Deus realizou em favor do seu povo e que se estende para todos os tempos.
O profeta Isaias fez um convite ao povo de Jerusalém que é perfeitamente aplicável aos dias de hoje: “Levanta-te e acende as luzes, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor e ao vê-la ficarás radiante, com o coração batendo forte e todos proclamando a glória do Senhor”.
São Paulo, conclama os amigos de Éfeso a reconhecer a “graça que Deus concedeu para realizar o seu plano na pessoa de Jesus Cristo”.  O Recém nascido que provocou alvoroço em todo o mundo conhecido de outrora é o Senhor a quem se reconhece como único salvador da humanidade.
Jesus, luz de todo ser que vem a este mundo  é que merece o louvor e adoração e por causa do seu reconhecimento pede também a coragem de ter a mesma atitude dos magos: “retomar a vida por outro caminho”.

Neste primeiro domingo de 2014 a igreja reunida reza reconhecendo o Senhor Jesus como luz verdadeira que brilha para todos e que aponta novos caminhos para os novos tempos. Que este sonho aconteça e todos se deixem guiar pela “voz do menino de Belém” que se faz ouvir no sinais dos tempos.

HOMILIA PARA O DIA DO ANO NOVO 2014

AÇÃO DE GRAÇAS NO DIA UNIVERSAL DO PAZ

A existência humana é feita de atos contínuos que vão sendo marcados por novos recomeços. Assim se recomeça anualmente o plantio e a colheita, o fim e o inicio do ano escolar, a compra e a venda de bens duráveis e de consumo, e assim por diante.
Os 365 dias do ano, organizados em semanas e meses marcam também um constante reinício na vida das pessoas. Faz parte dos desejos humanos a necessidade de estabelecer metas que se quer alcançar antes de cada nova etapa na vida.
Concluindo o ano e iniciando outro uma das metas a que se propõem a humanidade é a conquista da paz. Ano após ano este desejo adquire novas interpretações e explicações.  As nações que são vítimas de ataques terroristas prometem sistemas mais eficazes de vigilância e controle.
Aqueles que, muitas vezes, promovem a guerra anunciam tempos de paz, os desejos das pessoas e das famílias se resume na expressão; “Feliz Ano Novo”.  O Papa Francisco escreveu uma mensagem para o dia da paz, na qual ele pede que seja promovido o desenvolvimento econômico, respeitoso da dignidade de todas as pessoas e de todos os povos como novo nome da paz.
A Igreja  sugere a oração de todos para que a paz aconteça e faz isso inspirada no gesto de Maria que deu ao mundo o Salvador. Neste sentido as leituras proclamadas neste dia apontam para a realização desta elementar necessidade.
No livro dos números  o autor associa a paz à Bênção do Senhor fazendo um pedido: “O Senhor te abençoe e te guarde! Faça brilhar sobre você a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para você o seu rosto e lhe dê a paz”.
Numa só voz a assembleia reza no salmo: “Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção”, que se realiza no sinal extraordinário que foi dado ao mundo pelo nascimento de Jesus: “Quando se completou o tempo, Deus enviou o seu Filho para que ninguém mais seja escravo de nada, pelo contrário sinta-se herdeiro da graça”.
O dom maior da paz é transmitido aos pastores que reconhecem  no menino de Belém a realização da profecia e por esta razão voltam glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.

É assim que também cada cristão é convidado a celebrar a ação de graças e o novo ano reconhecendo na pessoa de Jesus o Emanuel, Deus conosco, Príncipe da paz. Rezando e empenhando esforços para que a paz realmente aconteça com todos em todos os lugares. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

HOMILIA PARA O DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA 2013

COMO É BOM TER FAMÍLIA...

Não são necessários grandes estudos  para compreender a importância das relações familiares.  Desde muito tempo o ser humano tem certeza que nasceu para se relacionar com o outro e que é na dinâmica relacional que ele se completa. Dito em outras palavras o ser humano nasce pronto, mas não completo, ele só se completa na relação com o outro. A relação mais elementar do ser humano é a família. A constituição brasileira de 1988 descreve a família como “a base da sociedade e afirma que esta relação merece a proteção do estado”.  Dentre os sentimentos mais nobres que o natal permite cultivar está o espírito de família, não sem razão a Igreja coloca o primeiro domingo depois do Natal a memória da Sagrada Família de Nazaré.

As orações e a Palavra de Deus escolhida para este domingo são a confirmação do que é o sentimento humano também na atualidade.  O livro do Eclesiástico fala de uma verdade que toca profundamente a realidade das relações familiares: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros”.

Dentre os medos da sociedade moderna, um deles está totalmente relacionado com esta afirmação, isto é, onde falta o respeito e o perdão, abre-se lugar para todo tipo de pecado, de discórdia e naturalmente nenhum tesouro se acumula ali.

Numa proporção maior a Salmo faz perceber que as vivências na família precisam e podem ser estendidas na relação com Deus, por isso mesmo se reza: Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!”.

São Paulo escreve aos Colossenses e faz um convite que precisa ser estendido às famílias contemporâneas: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também”.

Naturalmente que ninguém precisa se iludir pensando que esta situação pode ser vivida em todas as famílias e que nenhum sofrimento, tristeza ou provação vá se abater  mesmo em quem  confia no Senhor. O relato do evangelho é um convite à coragem, no caso da família de Nazaré por conta das ameaças contra a vida  que o sistema impunha naquela ocasião.

Rezar, hoje, celebrando a Sagrada Família é um convite a viver sob o olhar de Deus, vivenciado o que sugere o livro do Eclesiástico e o que afirma São Paulo, mas, sobretudo, tendo coragem para enfrentar as ameaças pelas quais passa a família na atualidade. Não se pode esquecer que a fraternidade entre todos tem seu ninho na família e que a medida que ela aconteça vai se construindo a paz. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

HOMILIA PARA O NATAL DE 2013

DEUS FALA...

A compreensão contemporânea de inclusão e respeito às diferenças facilita muitas formas de falar, de ouvir, de compreender e ser compreendido. As inúmeras correntes de espiritualidade ensinam que se pode ver e ouvir Deus sob diversas formas.  A celebração do Natal é certamente uma das vias privilegiadas para se ver e ouvir Deus.  Nas leituras escolhidas para as celebrações desta ocasião são proclamados textos do profeta Isaias, da Carta aos Hebreus e do Evangelho de João.
Em todos os textos a tônica se repete:  “Todos verão a salvação que vem do nosso Deus”.  O profeta Isaias anuncia uma grande maravilha para quem já não tinha mais esperança: “Como são belos, andando sobre os montes os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: 'Reina teu Deus!”
Desta certeza brota um convite ao louvor universal, que se repete nas celebrações com a oração do salmo: Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa e da cítara suave! Aclamai, com os clarins e as trombetas, ao Senhor, o nosso Rei!”.
Muito tempo depois São reafirma suas certezas em relação ao Filho de Deus e sobre Ele afirma: Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas”.
A pessoa de quem fala a carta aos Hebreus é a Palavra que se fez ser humano conforme conta João no Evangelho: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus. E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como filho unigênito, cheio de graça e de verdade”.
Em resumo, o Natal significa ouvir e reconhecer a voz de Deus, claro que na Palavra proclamada, mas muito e de modo bem concreto em cada pessoa com que se estabelece relações, sejam familiares, profissionais, de amizade ou qualquer outro laço.
Deus aí está que ele possa ser reconhecido e que a vida ao longo do próximo ano seja ainda melhor porque cada pessoa pode repetir com gestos e palavras o sonho do profeta Isaias: Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz”.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

HOMILIA PARA O DOMINGO 22 DE DEZEMBRO DE 2013

DEUS E HOMEM VERDADEIRO, LUZ DA LUZ, 
GERADO NÃO CRIADO...

Dentre as chamadas “verdades de fé” uma delas  os cristãos proclamam, muitas vezes sem perceber a força da expressão: “Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem”.  Frequentemente é proclamado isso sem a devida compreensão do significado. O tempo de preparação para o Natal ajuda perceber o alcance desta verdade e traz para o cotidiano palavras e textos da Sagrada Escritura que facilitam melhor compreender o que se reza sem entender.
Assim escreve Paulo aos cristão de Roma: Eu, Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por vocação,escolhido para o Evangelho de Deus, Esse Evangelho, que Deus havia prometido, por meio de seus profetas, nas Sagradas Escrituras, e que diz respeito a seu Filho, descendente de Davi segundo a carne, autenticado como Filho de Deus.” E continua com uma afirmação que é endereçada a toda a humanidade nesta véspera do Natal: graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo”.

O Senhor Jesus Cristo cuja paz e graça São Paulo anuncia a todos é o Filho de Maria que recebeu o nome de Jesus, cuja história é narrada com detalhes no evangelho deste domingo.

Assim ganha ainda mais importância a oração de todos no salmo: O rei da glória é o Senhor onipotente; abrí as portas para que ele possa entrar”.


Esta é certamente a mensagem mais importante neste último domingo do advento de 2013: Eis que Deus vai realizar grandes sinais em favor do seu povo, não é necessário molestá-lo pedindo isso e tantas vezes aquilo, antes de tudo é importante confiar: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que ela encerra”“.  

HOMILIA PARA O DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2013

ONDE NASCE O AMOR, COLHE-SE  PÃO PARA A FOME...


É muito comum na atualidade a prática da chamada “teologia da prosperidade”, expressão que pode ser entendida como: “barganha com Deus”.  Não falta quem anuncia milagres, curas, sinais extraordinários, otimismo exagerado e assim por diante.  O tempo do Advento é  um período próprio para  alimentar o otimismo, não no sentido  espetacularizado como se faz com grande frequência. Trata-se de um tempo para mostrar que o horizonte está próximo.

Esta pode ser a ideia central que se compreende nas leituras deste terceiro domingo.  O profeta começa com um anúncio de alegria: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio”. Não se trata de um anúncio gratuito, pelo contrário, trata-se de uma visita extraordinária: “Vede, é vosso Deus, que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. A intervenção de Deus tem uma finalidade que se traduz em alegria conforme canta o salmo: “O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos”.

Na Segunda Leitura São Paulo faz um convite para a perseverança, certo está que os sinais de Deus nem sempre são reconhecidos no imediatismo das ações humanas e faz uma recomendação: “Ficai firmes até à vinda do Senhor. Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera. Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima”.

Esta a situação que Jesus mostra aos discípulos de João, quando perguntado sobre o messias. A resposta indica a perseverança e a observação dos frutos que se podem ver: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”.

Ontem como hoje, a Palavra de Deus tem uma intenção  e um destino. A vida e os corações de todos e por conta disto é importante não se deixar levar por promessas mirabolantes, nem tampouco afundar-se na descrença perdendo a esperança.


A proximidade do natal reforça o convite: fiquem firmes e fortaleçam seus corações! 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO - 2013


SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO

A figura e o papel da mulher sempre fizeram parte da problemática relação humana. Desde a sua origem o
ser humano se pergunta e aponta alternativas para responder de modo mais adequado as questões que dizem respeito à relação entre homem e mulher. Nos últimos 50 anos a mulher foi cada vez mais ocupando espaço na sociedade e o modelo tido em outros tempos como adequado para a Ela, de longe foi superado. Elas estão na escola, nas empresas, na política, na Igreja, em todos os lugares. Pode-se dizer que é praticamente impossível comparar o papel da mulher ontem e hoje. É exatamente isso que se houve nas leituras da Palavra de Deus neste domingo que a Igreja dedica aos méritos de Maria – mãe de Jesus.
Assim o livro do Gênesis relata um modelo de mulher  que, fragilizada pela sua condição, está sujeita ao pecado e expõe o mundo todo à mesma situação. Mas, apesar disso trata-se de uma mulher forte que é capaz de ferir a cabeça da serpente, símbolo do pecado, e por essa condição recebe o título de mãe de todos os viventes.
Claro está que diante desta realidade é possível antecipar o que irá acontecer e todos cantam como se faz na liturgia deste domingo: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória”.
O texto de São Paulo aos Efésios pode ser entendido à luz do que Ele também fala aos Gálatas: ‘Quando se completou o tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher’, nesta carta Paulo afirma: “Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor”. Dito isto se pode compreender o que significa ser amado por Deus e predestinado.  Condição que a Igreja aplica à figura de Maria, escolhida sem pecado, predestinada a ser a mãe, mulher forte, daquele em quem o mundo foi escolhido para herdeiro da graça.
O relato do evangelho, detalhando o modo como Maria compreendeu o mistério que envolvia sua escolha para ser a Mãe do Senhor, mais uma vez faz perceber como se apresenta o amor de Deus para com a humanidade e a importância da figura da mulher no meio do mundo. Não sem razão em Maria podem-se inspirar todos os que precisam de força diante das fragilidades que o mundo, muitas vezes impõe.

Celebrar a Imaculada é também confiar-se à força da mulher que desde a criação foi chamada “Mãe de todos os viventes”. Que o evangelho e a oração de todos ajude todos e cada um compreender o alcance da maternidade de Maria e sua presença no cotidiano.