sábado, 31 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JUNHO DE 2014

IDE SEM MEDO JOGAR A FAVOR DA VIDA

Todos os idiomas têm algumas expressões que só tem sentido na sua própria língua, Isso significa, são palavras que não tem tradução e não se encaixam em nenhum outro discurso. Em português uma das palavras que só pode ser bem compreendida é “saudade”. Os brasileiros falam de saudade lembrando alguma pessoa querida que partisse para nunca mais voltar, falam de saudade para se referir a alguém que está longe, falam de saudade para lembrar-se de uma situação vivida em determinado momento da vida, falam de saudade vendo alguma fotografia antiga e assim por diante.

As leituras deste domingo fazem atualizar este sentimento de saudade. No texto dos Atos dos Apóstolos os discípulos ficam olhando para o céu, como que cultivando a saudade de alguém que fisicamente não verão mais. Na carta aos Efésios o autor convida a comunidade para acalmar a saudade das pessoas recordando os ensinamentos que haviam recebido daqueles que lhes anunciaram o evangelho de Jesus Cristo. No texto do Evangelho os discípulos se encontram no monte que Jesus havia indicado. Curtem a saudade dos momentos que tinham estado juntos.

As três leituras  apontam para alternativas que minimizem a saudade e ajudem perceber que cada um pode fazer alguma coisa para que a vida continue fluindo cada vez melhor. Assim no texto da primeira leitura os discípulos veem  e ouvem “dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. Por estas palavras são como que empurrados para o trabalho e para o mundo a fim de contar que a saudade não tem a última palavra.

Na carta aos Efésios, Paulo faz um pedido para que as pessoas percebam o que Deus pode realizar em seu favor: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz”.  E o texto se conclui com uma certeza: “Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa  mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

Já as palavras de Jesus no evangelho empurram os discípulos para a missão lhes assegurando que não terão tempo para cultivar saudade desnecessária: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e  ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias,
até ao fim do mundo”.

É isto o que o Papa Francisco pede para a Igreja e para cada cristão dos tempos modernos: “Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade”. Em vésperas de Copa do mundo é importante que se tenha claro: A hora é de jogar a favor da vida. Não se pode perder tempo com saudade desnecessária.


Que a oração da Igreja ajude a compreender e a viver a Palavra de Deus sugerida para este domingo. 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 25 DE MAIO DE 2014

CONTEM, PARA TODOS  O BEM QUE O SENHOR FEZ...

Faz parte do dia a dia dos cristãos poder afirmar situações nas quais pode provar o amor de Deus tornado concreto em suas vidas. Seja por conta de uma doença, de algum outro sofrimento físico, por ocasião de algum negócio ou situação de desconforto com pessoas se quer bem, no trabalho ou na família. E nestas ocasiões irrompe do mais profundo do ser humano uma prece de ação de graças que pode ser comparada com o salmo que se reza na liturgia deste domingo: “Bendito seja o Senhor Deus que me escutou, não rejeitou minha oração e meu clamor, nem afastou longe de mim o seu amor”!

A oração deste salmo tem sua origem na ação de  graças a Deus por ocasião da libertação da escravidão dos filhos de Israel que se concretizou na passagem do mar vermelho. Na liturgia deste domingo ele aparece fazendo compreender a ação de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos, que deu força e coragem aos discípulos para anunciar esta verdade e despertar a fé em muita gente por todas as partes do mundo conhecido outrora.

Assim é o texto dos Atos dos Apóstolos proclamado neste domingo: “Felipe desceu a uma cidade da Samaria e anunciou-lhes o Cristo. As multidões seguiam com atenção as coisas que Felipe  dizia. E todos unânimes o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia. Era grande a alegria naquela cidade”.

Naturalmente que decisões sérias como a conversão que as pessoas vinham fazendo, ao ouvir os ensinamentos dos apóstolos, criavam situações de medo e conflito entre aqueles que estavam acostumados a outro estilo de vida. Pedro na segunda leitura faz um convite e um pedido aos convertidos: “Caríssimos: Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”. Ele faz esta convocação a partir de uma certeza: Cristo morreu e ressuscitou, Ele é o exemplo para ser seguido.

No texto do Evangelho Jesus faz ver aos discípulos que lhes é pedido uma escolha firme e coerente: “Se me amam, observem os meus mandamentos” Esta regra de ouro não deixará ninguém no abandono, no medo, e na insegurança. Aquele que assim proceder reconhecerá que de Jesus mesmo virá o defensor, isso é, o Espírito Santo. Aquele que será força na caminhada e luz em toda a estrada.

A mesma certeza que alimentou os discípulos é que conforma e sustenta as comunidades do terceiro milênio. Estes continuam acreditando que o Espírito vem em favor de suas fragilidades e fraquezas. Neste sentido a Igreja reunida em oração continua pedindo e agradecendo a força do Espírito Santo que garante a continuidade da missão e da vida nova que Jesus trouxe com sua vida e sua Palavra.

Que esta seja também a certeza dos cristãos reunidos em cada domingo na prece e na solidariedade.





sexta-feira, 16 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 18 DE MAIO DE 2014

NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM

É bastante frequente que as pessoas se recordem de conversas e situações ocorridas que no momento tenham passado despercebido. Ou é uma palavra, ou um fato, ou um conselho, enfim  são inúmeras as oportunidades que a mente é capaz de recuperar alguma lição para a qual não se tenha dado a importância que devia.

O evangelho sugerido para este domingo traz presente uma dessas circunstâncias. Os discípulos, depois da páscoa,  estão reunidos sem a presença de Jesus. E cada um começa fazer memória do que o mestre havia falado e das lições que tiveram oportunidade de aprender e que não tinham ainda se dado conta.O texto em que Jesus se declara o Caminho a Verdade e a Vida é um deles.

Cada um dos envolvidos recorda como foi a conversa com Jesus e como se sentiram diante das afirmações que Ele fazia. Tomando consciência dos fatos eles renovam a fé e a esperança e recuperam a frase de Jesus: “Não fique preocupado o coração de Vocês, acreditem em Deus e acreditem também em mim...” e confirmam com a vida o que Jesus lhes havia dito: “Quem acredita em mim, fara as obras que eu faço e até maiores”.

Esta verdade está manifestada no texto da primeira leitura dos Atos dos Apóstolos. O número dos que aceitavam a palavra de Jesus e acreditavam no testemunho dos seus seguidores não parava de crescer. No domingo passado o texto falou em três mil pessoas num único dia. Na leitura de hoje o número é tão grande que os discípulos pedem ajuda para a comunidade a fim de escolher pessoas de boa reputação para ajudá-los nas tarefas com os convertidos e necessitados.

No texto está escrito: Irmãos, é melhor que escolham entre vocês sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos do cuidado com as viúvas e os outros necessitados”.

Já na Carta de Pedro, que é o texto da segunda leitura, o autor afirma que se trata de uma responsabilidade de todos os que aceitam a Palavra de Jesus exercer a missão de santificar o mundo.  Por isso mesmo ainda hoje todos rezam com o salmista: “Reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça”.


Também os cristãos do terceiro milênio participam da vida nova prometida por Jesus e nessa condição são convidados a transformar a sociedade em um lugar cada vez melhor para ser viver construindo relações éticas e fraternas. A oração de todos na Igreja é uma ajuda extraordinária e solidária de todos para com todos. 

sábado, 10 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 11 DE MAIO DE 2014

EU SOU O BOM PASTOR...

Dentre os fatos que ganharam as páginas do noticiário em diversas partes do país, um deles fez referência à Videira. Trata-se das crianças que foram espancadas pelo pai. O fato dispensa comentários para se concluir que o agressor, de longe, pode ser chamado de pastor, isso é, de uma pessoa a quem se pode confiar o cuidado de algo ou alguém.
Neste contexto a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo faz um convite a todos e a cada um em particular para pautar a sua vida pelo cuidado, pelo carinho, pela docilidade, pela capacidade de ser guardião da vida e da dignidade da vida. 
Assim também se pode ver a figura das mães como pessoas comprometidas com a vida plena e abundante para todos os que estão sob seus cuidados. Reunidos em assembleia de oração reza-se uns pelos outros a fim que o exemplo de Jesus seja seguido na forma de serviço para o bem e o cuidado de todos para com todos.
As ações dos apóstolos, descritas na primeira leitura confirmam que eles haviam compreendido muito bem o significado de se declarar cristãos. Deixaram-se renovar pela ação do Espírito Santo e suas ações eram de tal modo cativantes que a comunidade dos seguidores de Jesus teve um crescimento rápido  e extraordinário em pouquíssimo tempo.
Desta maneira, não há porque duvidar da oração que a Igreja faz com o Salmo da liturgia deste domingo. É possível compreender bem que mesmo em meio as maiores dificuldades e provações, Deus é o pastor e nada faltará àqueles que nele confiam.
É o mesmo apóstolo Pedro, quem na segunda leitura faz um hino a Cristo, reconhecendo sua coragem e determinação em levar o projeto de Deus até as últimas consequências. Sua coragem e determinação confirmaram o título de pastor e guarda do seu rebanho.
Ele mesmo, Jesus, já havia declarado no Evangelho que suas ações estavam voltadas para o cuidado e proteção da vida dos que ouvissem a sua voz. Ele desafia os outros pregadores e demais autoridades do seu tempo a provar com ações que realmente eram capazes de defender e proteger os que se confiavam ao seus cuidados.
Numa dupla comparação Jesus usa a expressão “porta”  e “pastor” para fortalecer a segurança em todos os que lhe seguiam. Reconhecê-lo nesta condição era a maneira de ouvir a voz de Deus e de estar seguro em suas mãos.
O convite da liturgia desta semana se constitui numa proposta para aqueles que de algum modo exercem qualquer responsabilidade, seja familiar, social, pastoral, educacional, onde quer que seja:  Ser testemunha de Jesus, e viver como ele é facilitar e promover a qualidade de vida para todos os que de algum modo estão sob sua responsabilidade.
Pode-se traduzir numa palavra bem simples: “Ter um coração de mãe”.