sexta-feira, 29 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 31 DE AGOSTO DE 2014

 A MINHA ALMA TEM SEDE DE VOS, Ó MEU DEUS...
Em qualquer lugar onde convive, o sujeito está cercado de outras pessoas. Algumas tem responsabilidades semelhantes e realizam até atividades muito parecidas umas com as outras. Mas há os que tem tarefas e incumbências muito distintas. Nas relações o sujeito precisa ser capaz de reconhecer até onde ele pode ir com seu modo de ser, com suas características e suas certezas.  Estas realidades é o que se pode chamar de “sede de Deus” ou necessidade de compreender os projetos de Deus e que relação eles tem com o dia a dia das pessoas e das comunidades.
No domingo passado, Jesus havia feito um elogio e confiado uma enorme responsabilidade para o apóstolo Pedro. No texto de hoje, Pedro aparece como um sujeito que não havia compreendido nada do que significava ter a chave do Reino dos Céus. Pensa com a cabeça dos homens, se distância dos desígnios que o Pai preparou para o mundo. Repreende Jesus por causa das suas declarações e recebe como resposta: “Você não pensa as coisas de Deus. Afaste-se de mim satanás”.
Ao declarar que estava ciente do que iria lhe acontecer Jesus está mostrando que reconhece seus limites e até  onde vão suas forças, porém não perde sua confiança em Deus: Para mim fostes sempre um socorro;  de vossas asas à sombra eu exulto! Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta. Por isso mesmo ele não “foge da sua responsabilidade”, aceita a cruz e o caminho que ela apresenta.
Esta atitude de Jesus precisa ser entendida por todos os que se declaram seus seguidores, como afirma São Paulo na carta aos Romanos: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.
Em todos os tempos e lugares as pessoas são desafiadas a compreender as conquistas e os desafios que vida lhes impõe e diante deles enxergar Deus presente e sua mão protetora que faz com que a força da fé garanta a capacidade de “compartilhar com todos a cruz, a morte, a ressurreição e a alegria pela vitória”.

Que a eucaristia deste domingo seja fonte de coragem e de comunhão dos cristãos entre si e com o mundo que os rodeia. 

ACREDITA EM BENZEDEIRA?

B DE BONDADE, 
B DE BENDIZER,  
B DE BENZER,

B DE BARBARINA  
B  DE BONETE      
B DE BALDISSERA

Esta combinação de “Bs” tem muito a dizer quando se trata da origem de toda bênção.  O Pai de bondade fez todas as coisas e as cobriu de bênçãos, e por isso mesmo se diz que “Deus é bendito, pois do alto céu a todos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo Jesus”(Efésios 1,3).  Desde Abraão Deus encheu a terra de bênçãos e nele todas as gerações foram igualmente benditas.
Não é sem razão que ao longo da história da humanidade a prática de bênçãos se tornou indispensável e de uso comum em todas as civilizações. No mundo ocidental cristão os gestos e orações que acompanham as bênçãos foram sendo construídos e disciplinados pela Igreja, mas à margem das bênçãos oficiais e dos ministros designados para esse serviço uma multidão de pessoas consagrou suas vidas como portadores das bênçãos divinas.
Falar da teologia da bênção supõe longas dissertações e pesquisas. Independente dos estudos e pesquisas o fato é que a bênção em todas as culturas se tornou um dos sinais mais fortes da presença de Deus na vida dos seus amados e o reconhecimento dos amados em relação ao seu Deus.
A grande verdade é que a bênção traz em si mesma a promessa do auxílio e o anúncio da graça que proclama a fidelidade de Deus para com seu povo e vice-versa. A bênção se torna ao mesmo tempo atitude de louvor, de ação de graças e de bendição.
A prática de bênçãos por leigos não autorizados foi durante muito tempo contestada pelas autoridades da Igreja, por outros períodos tolerada, mas  diante dos fatos que se mostraram indizíveis, o Concílio Vaticano II declarou que homens e mulheres, por força do sacerdócio comum e da graça que receberam no batismo são também ministros da bênção. É neste sentido que se fala aqui da combinação de “Bs” que intitula este artigo.
BARBARINA BONETE BALDISSERA, com a experiência dos seus pouco mais de 80 anos, conta e transmite histórias de Bondade, Bênção e Bendição. Conhecida na região de Videira e arredores como “BARBARINA BENZEDEIRA”,  explica como nasceu e se desenvolveu este dom de aproximar as pessoas de Deus por meio das bênçãos.
Há mais de 60 anos, residindo na Linha Baldissera, município de Videira – SC, a benzedeira fala das dificuldades e desafios que a vida impunha aos aventureiros que se embrenhavam pelas terras cobertas de matas nesta região.
Ela mesma, sozinha em casa, com filhos pequenos, longe de qualquer  assistência médica e sem transporte adequado  não  duvidou de buscar socorro no lugar exato de onde ele pode vir: “De onde virá meu socorro? Meu socorro virá das mãos do Senhor que fez o céu e a terra”.
Para as necessidades de sua família e logo depois dos vizinhos e amigos recorreu às bênçãos e orações. Suas preces foram ouvidas e cada vez mais pessoas tomaram conhecimento das maravilhas que Deus realizava por meio da Bondade da Benzedeira Barbarina.

Já perdeu a conta e nem faz questão de lembrar quantas pessoas ainda hoje a procuram para orações e bênçãos que ela garante faz tudo por absoluta  “GRAÇA E PODER DE DEUS”.  

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 24 DE AGOSTO DE 2014

OUSAR, É O DESAFIO DO DISCÍPULO


O mundo contemporâneo aponta cada vez mais desafios e maiores exigências para todos.  Uma das exigências é abertura para o outro e confiança irrestrita com espírito de cooperação e cooperativismo. Seja, nas casas, empresas, escolas, igrejas, clubes de serviço, cada vez   mais é necessário cultivar a capacidade de delegar funções e responsabilidades. De modo simbólico isso é o mesmo que dizer: “Fulano de tal entra pela porta dos fundos da minha casa... ou ainda beltrano tem a chave dos meus negócios... o que sicrano fizer eu assino embaixo...” e assim por diante. Todas estas expressões servem para indicar que as pessoas tem confiança e acreditam na colaboração de outros no exercício de suas atividades e responsabilidades.

A Palavra de  Deus prevista e proclamada na liturgia deste domingo tem seu cerne na condição de confiança que Deus estabelece com a humanidade e com os seus colaboradores. No texto do profeta Isaias ele anuncia a demissão de um colaborador que já não merecia mais a confiança daquele a quem servia, no caso Deus, e a contratação de outro para realizar a mesma atividade: “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo, chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias”,

O mesmo teor  se pode compreender na carta de São Paulo aos Romanos: “Tudo é dele, por ele, e para ele”, dito com outras palavras: Ao Senhor pertence a chave que da acesso a tudo, e por isso mesmo ele dispõe a quem quiser.
E de fato na pessoa de Jesus, o Filho, Deus mostra o caminho, a porta e o modo para entrar na posse do seu reino. Àqueles que seguem a Jesus e nele acreditam recebem a mesma responsabilidade. É o que acontece com Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as  chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Por força das ocupações e da fé que cada pessoa cultiva ela é chamada a responder  quem é Deus e qual o significado desta presença na sua vida. Em algum momento a pessoa é interpelada como foram os discípulos: “Para vocês quem sou eu”. Responder com a firmeza de Pedro poderá transformar cada pessoa  numa pedra firma na construção de um mundo melhor  e mais humano.


Esta igreja se constrói  com a oração de todos e com a força da Eucaristia que se celebra a cada domingo. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 17 DE AGOSTO DE 2014

É HORA DE VOLTAR PARA CASA...

O trágico acidente aéreo desta semana no Brasil colocou nas ruas e nas casas uma discussão antiga e sempre nova.  O que significa sair de casa sem ter a certeza de voltar? E ainda, quando é hora de voltar para casa? O que acontece com aqueles que morrem? E porque as pessoas morrem? E mais uma centena de outras perguntas que a sabedoria humana não é capaz de responder.

As três leituras da Palavra de Deus neste domingo apontam respostas e confortam os corações entristecidos e abatidos com o sofrimento e a morte. No texto do Apocalipse o autor apresenta a luta entre as forças do mal e mão poderosa de Deus.

Na figura de uma mulher grávida e que vai dar à luz em meio a uma serie de perigos e ameaças o texto se conclui respondendo a uma das perguntas que angustiam o ser humano. O que acontece com aqueles que amam a Deus?  No texto se lê: Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores de parto, atormentada para dar à luz”. E depois de ter dado à luz tanto o filho quanto a mulher foram protegidos por Deus: “o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar”. Nos dois casos está claro que Deus cuida daqueles que o amam.

Já na carta de São Paulo aos Coríntios ele insiste mais uma vez sobre a esperança em relação à morte e o que acontece com aqueles que morrem: “Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão”. Eis a segunda resposta: O que acontece com aqueles que morrem? Em Cristo todos reviverão, posto que Ele foi o primeiro a ressuscitar e a partir dele ninguém mais precisa ter medo. Na ressurreição de Jesus foi decretada a “a morte da morte”.

Já no texto do Evangelho é a preocupação materna de Maria que não se contenta em saber da situação da sua parenta, idosa e gravida. Ela vai ao encontro de quem estava necessitando. Fica com ela durante o tempo necessário e volta para casa. Eis a resposta para outra pergunta. Quando é hora de voltar para casa? Maria ajuda perceber que voltar para casa implica ter cumprido a tarefa à qual se havia proposto. Neste caso ajuda a prima Isabel durante o tempo que para isso foi necessário.

Em relação à humanidade a Mãe de Jesus é a figura daquela pessoa que está sempre atenta aos sofrimentos e dores alheias que ajuda todos aqueles que necessitam e volta para casa depois da missão cumprida. Por causa disso a Igreja proclama Maria Assunta ao Céu, isto é levada por Deus. Como no caso da primeira leitura, levada para um lugar que Deus lhe havia preparado. Quando Isabel reconheceu a importância da presença de Maria na sua casa, brota do coração da Mãe de Jesus o hino que até hoje se canta na Igreja: Minha alma da Glórias ao Senhor e meu coração bate alegre e feliz.


Proclamar que se acredita em Maria morando junto de Deus, implica ter certeza que todos os que nela acreditam terão também o seu lugar e para lá irão quando o lugar estiver preparado, e isso, obviamente não importa a idade ou o tempo segundo padrões humanos, mas a graça de Deus que se estende a todos os que nele confiam. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 10 DE AGOSTO DE 2014

CORAGEM, SOU EU...

Para começar a meditação sobre a Palavra de Deus neste domingo, se presta bem uma historieta que diz mais ou menos assim:  “O menino chegou em casa da escola e logo gritou: Papai, hoje recebi meu boletim. Então o pai lhe disse, deixe-me ver. Ao que o garoto respondeu, não papai, emprestei para um amigo. Ué mas porque disse o pai. E o filho respondeu: Meu amigo queria dar um susto no seu pai.

Esta é uma atitude bem comum quando alguém está em dificuldade. Rapidamente encontra uma maneira de explicar sua necessidade e arranja uma saída para a situação desagradável pela qual está passando.  E nestes casos, quase sempre se costuma recorrer a quem se tem certeza que pode ajudar. Isso acontece em situações de doença, numa crise financeira, ou qualquer que seja a dificuldade.

Nota-se claramente na carta de São Paulo aos Romanos: “Tenho no coração uma grande tristeza e uma dor contínua”. Mas apesar disso proclama: “Deus é bendito para sempre! Amém!”. A mesma condição está expressa no salmo: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei! O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus”.

Por sua vez, os discípulos, depois de terem ficado maravilhados com a multiplicação dos pães, se encontram diante do medo e da insegurança. Nem reconhecem a Jesus e o confundem com um fantasma. Mas o mestre lhes consola dizendo: “Coragem sou Eu” e para confirmar ordena que Pedro caminhe ao seu encontro.

Pedro é modelo da pessoa que sabe o que quer, mas falta coragem. Não coragem de caminhar sobre a água, mas coragem de se aproximar daquele que lhe pode salvar. Como na historieta do menino que faz a brincadeira com seu pai em relação ao boletim escolar. Não lhe falta coragem de mostrar as notas para alguém, falta lhe coragem de aproximar-se do pai com aquelas notas.

È por isso que Pedro diz: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro...” quando falta-lhe a fé começa afundar e eis que Jesus lhe dá segurança tomando-o pela mão. Uma vez todos no barco já não há mais nenhum perigo, pelo contrário, reina a calmaria que permite reconhecer a presença de Deus com eles na pessoa de Jesus, o mesmo que saciou a multidão faminta no deserto.

Claro está para todos que a pessoa de Jesus e sua Palavra são segurança e garantia para suportar as tempestades da vida. A coisa mais importante diante das adversidades de cada dia é colocar como ponto de partida, não nas tempestades da vida, mas a possibilidade de caminhar ao encontro do Senhor que estende a mão sempre que as tempestades parecem maiores que as forças.


Para isso muito ajuda a oração de todos e a ação de graças que se faz cada semana com a comunidade reunida em oração. 

sábado, 2 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 03 DE AGOSTO DE 2014

DÊEM VOCÊS MESMOS DE COMER...

Estamos entrando, mais uma vez em período eleitoral. Os candidatos a diversos cargos começam se apresentar cada um com uma proposta mais mirabolante que a outra. As discussões sobre os programas sociais do governo e outras que envolvem a economia e a mobilidade urbana estarão em pauta em todos os debates políticos.

Independente de qual seja a função e quem responde por ela, é certo que aqueles que têm alguma responsabilidade na sociedade têm o dever de garantir às pessoas qualidade de vida. Isso é condição fundamental.

Preocupar-se com a vida daqueles que estão sob os seus cuidados é um dever dos pais, dos professores, dos governantes, dos padres, dos religiosos, dos políticos e assim por diante. Levar a sério esta tarefa é uma questão de vocação.

No mês de agosto, tradicionalmente, a Igreja pede as orações de todos a fim de cada pessoa tenha maior compreensão da graça que Deus lhe dá e das responsabilidades que sua vocação lhe exige.

Sob esta ótica, as leituras de hoje tratam exatamente da responsabilidade e da vocação de todos os que têm sob seus cuidados algum grupo de pessoas. As leituras falam de garantir condições mínimas que garantam dignidade de vida.

O profeta Isaias, que escreve há quase setecentos anos antes do nascimento de Jesus, faz um convite ao seu povo: “Â vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo”.

E São Paulo, escrevendo aos Romanos, dá uma palavra de conforto: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou”.

Por isso mesmo a Igreja inteira reza no salmo: “Vós abris a vossa mão e saciais os vossos filhos”. Exatamente isso fez Jesus, quando a multidão estava fascinada pela sua palavra e nem percebia que se distanciava dos recursos e  da alimentação necessária.

Interrogado pelos discípulos sobre o que fazer com a gente faminta, Ele responde à queima roupa: “Deem vocês mesmos de comer”. Naturalmente Jesus também faz a sua parte, organiza a multidão em grupos, reza com confiança ao Pai e pede que o pouco de cada um seja distribuído entre todos. O resultado não poderia ser outro: “Sobraram doze cestos, depois que todos comeram”.

A palavra de Deus neste domingo ensina a cada um e a todos que ser fiel à sua vocação implica sentir compaixão e ser responsável pelo Ser humano inteiro em todas as suas necessidades. Isso vale para os pais, para os professores, para os líderes de comunidades, para as autoridades e por que não para os políticos.


Render graças a Deus é uma ação que a comunidade faz cada vez que se reúne em oração, ao mesmo tempo em que pede a graça de ser fiel à sua vocação e responda com seriedade aos compromissos que assumiu diante de Deus e diante de todos.