quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 28 DE DEZEMBRO DE 2014

EM FAMÍLIA CRESCENDO EM IDADE, SABEDORIA E GRAÇA...

Reunir as famílias para celebrar o natal faz parte dos diferentes costumes  em praticamente todo o mundo ocidental.  Alguns países estendem as festividades até o último do ano, outros ainda até a festa de reis e assim por diante.
A liturgia da Igreja  coloca a festa da Sagrada Família no primeiro domingo depois do natal. Ao mesmo tempo em que traz à lembrança a apresentação de Jesus no Templo faz um convite aos cristãos para repetir a atitude dos pastores, ou seja: “Ir ao encontro de Jesus  que nasceu na família humana renovando assim todas as esperanças”.
O autor do livro do Eclesiástico faz uma série de advertências e conselhos  para os membros das famílias  e aponta que a vivência destas virtudes e valores tem como resultado o perdão dos pecados,  a garantia de bem viver,  a alegria e a vida longa.  Estas atitudes são reflexo do jeito de ser de Deus e cujo resultado é proclamado no salmo de resposta:  “Será assim abençoado todo homem que teme o Senhor. O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida”.
São Paulo faz aos colossenses as mesmas recomendações que o Eclesiástico já apresentava muito tempo antes.  Com outras palavras o apóstolo pede: “revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro.
Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas,  sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da  perfeição”.
Lucas conta o episódio da apresentação de Jesus no Templo marcado pelo testemunho das famílias que reconheceram nele e naquele gesto a presença de Deus que permite e ajuda a família a superar as dificuldades que o cotidiano lhes apresenta. A profecia de Simeão: “Este menino vai ser causa  tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. Pode ser um indicativo para todas as famílias contemporâneas, isto é, não faltam espadas cortando a alma daqueles que vivem sob o mesmo teto.
Entretanto,  é certo que à medida que Deus está presente as dificuldades de cada dia são meios para alcançar as alegrias  e os favores que a vida em família pode trazer a todos.

Como a família de Nazaré, em nenhum momento a família humana está livre das tormentas próprias do seu tempo, mas a oração de todos e a confiança em Deus garantem que é possível vencer a todos e a cada um dos obstáculos crescendo em idade, sabedoria e graça. 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

HOMILIA PARA O NATAL DE 2014

PELOS CAMINHOS DO REINO...

Recordar o passado é uma maneira de perceber como a vida e o mundo mudou por conta dos fatos que aconteceram na história. Ano após ano, a Igreja revive o nascimento de Jesus. Não se trata de uma simples comemoração do aniversário do Deus que se fez homem. O natal é a atualização da promessa que se realizou como salvação para todos os povos.  O nascimento de Jesus foi para o povo de Israel a realização das promessas que Deus tinha anunciado pelos profetas durante centenas de anos.
No ano descrito para o recenseamento o Filho de Deus nasce entre os pastores confirmando a profecia de Isaías manifestando como será também o fim de sua vida: “enrolado em panos e deitado numa manjedoura” os pastores encontram aquele que reconhecem como messias. Algum tempo mais tarde enrolado em panos  e pendurado na cruz as pessoas reconhecem o “messias e filho de Deus”.
Este extraordinário acontecimento pode ser entendido na releitura que se faz do profeta Isaias:  O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu”. E seu nome confirma também sua missão: “Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz”.
O que os pastores viram em Belém,  São Paulo revela na carta que escreveu a Tito: “A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade  e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo”.
Lucas narrando, com detalhes,  como se dá o nascimento de Jesus, faz entender que a mão e a vontade de Deus não dependem da vontade arbitrária dos poderosos do seu tempo, Jesus que se apresenta como  o príncipe da paz nasce manifestando-se aos pastores também rejeitados pela sociedade de outrora. O nascimento de Jesus se confirma como o evento mais importante para a vida daqueles que acreditam.
Celebrar o natal de Jesus implica sintonizar a realidade destes tempos, o cotidiano de cada pessoa com as promessas de Deus que se concretizam naqueles que nele acreditam.
A igreja reunida na solenidade do natal confirma com júbilo que o Senhor em quem acredita entra novamente na sua história e realiza uma nova criação.



sábado, 20 de dezembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 21 DE DEZEMBRO DE 2014

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor...

Em algum momento da vida, cada pessoa já experimentou a sensação de vislumbrar a realização de algum sonho que parecia distante. Pode ter sido a formatura própria ou de alguém muito próximo, eventualmente um novo emprego, o sonho de ter a casa própria, uma colheita farta, um carro novo e assim por diante. Todas essas situações quando se aproximam renovam as esperanças e cresce o entusiasmo. Neste mesmo sentido pode ser colocada a preparação para o Natal, este já é o quarto domingo do advento, a celebração do nascimento do Senhor faz da comunidade cristã uma assembleia de esperança e com vigor renovado.
O Rei Davi, cujo relato é proclamado na primeira leitura de hoje, havia mudado a sua condição: de guerrilheiro para dono de um palácio. Ele entende que essa transformação foi realizada com a ajuda recebida de Deus. Em reconhecimento se propõe a construir um templo para “Deus morar”. Por meio do profeta o Senhor Javé responde que Davi deve esquecer essa preocupação e garantir que o povo inteiro tenha condições dignas de vida, quanto ao templo e ao tempo de Deus Ele mesmo vai se encarregar de construir algo que dure para sempre. A profecia se refere ao nascimento de Jesus,  que só foi se concretizar muitos anos mais tarde.
Compreendendo a veracidade dessa promessa o povo canta: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: 'O amor é garantido para sempre!' E a vossa lealdade é tão firme como os céus”. As mesmas palavras estão colocadas na boca das assembleias que rezam neste domingo no salmo de resposta.
Escrevendo aos Romanos Paulo lhes ajuda a perceber que as promessas outrora feita ao povo de Israel havia se concretizado em Jesus: “Agora este mistério foi manifestado e, mediante as Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé”.
Com dificuldade para compreender, mas conhecendo bem as promessas Maria não dúvida das palavras do Anjo: “'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”.
Do mesmo modo como a Maria, as palavras do Anjo são dirigidas a toda a humanidade destes tempos: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Embora perturbados com tudo o que acontece a cada dia é importante colocar-se na atitude de Maria: “perturbada com estas palavras começar a pensar qual seria o significado da saudação”.
Deus está presente na história humana, sua presença realiza as esperanças e renova as expectativas. Fazer memória deste acontecimento implica empenhar-se para que a presença de Deus seja reconhecida no meio de todos e transforme a vida de todos. 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014

FIQUEM SEMPRE ALEGRES...

Dentre as coisas bonitas que a vida oferece, algumas podem ser descritas sem muitas palavras, entre elas:  O sorriso de uma criança, a maneira singela como as crianças dizem – obrigado, o abraço inocente que os pequenos sabem dar como retribuição pelo menor gesto de carinho que recebem, e assim por diante. Em resumo, agradecer, reconhecer, retribuir, ser cordial, é uma atitude profundamente humana e que se aprende desde a mais tenra infância.
Estas atitudes estão presentes no texto de Isaias proclamado neste terceiro domingo do advento.  Diz o profeta: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para proclamar um tempo de graça”. Com esta certeza  conclui: “Exulto de alegria no Senhor e minha alma se alegra no meu Deus, porque Ele fará germinar a justiça e a glória diante de todos”.
A louvação do Profeta está na boca de outros personagens do Antigo Testamento e ganha força maior depois que foi proclamada também por Maria, quando saudada pela prima Isabel. A liturgia deste domingo colocou na boca da Igreja, em forma de Salmo o cântico de Maria que é a repetição do que havia dito Isaias: “A minha alma se alegra no Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”.
Mais tarde São Paulo recomenda aos cristãos de Tessalônica: “Fiquem sempre alegres, deem graças a Deus em todas as circunstâncias”. Esta exortação é dada para uma comunidade que sofria perseguições e muitas dificuldades, nestas circunstâncias  o apóstolo insiste: “Afastem-se de toda a maldade e Deus estará com vocês”.
Os conterrâneos de João Batista não conseguiram entender o papel do precursor, as palavras e ações do Batista incomodavam a muitos  por isso mesmo lhe enchem de perguntas. Não eram capazes de aceitar as advertências feitas por João, nem tampouco reconhecer que o Messias estava próximo.  Depois do interrogatório João faz a última advertência: “abram o olho: O messias está no meio de Vocês, e Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo”.
Estamos no terceiro domingo do advento, o momento é oportuno para deixar borbulhar os sentimentos de gratidão e generosidade que se aprendeu desde criança. O momento é de confirmar que os cristãos encontram motivos de sobra para “estar sempre alegres”, tanto mais que o Natal está chegando e com ele muitas oportunidades para fazer que a vida seja melhor e vivida com mais dignidade por todos.
A igreja reunida reza e celebra a ação de Graças do Deus que vem. Celebrando em comunhão a  assembleia dos fiéis pede que todos reconheçam e facilitem a mudança que o Natal sugere na vida de todos e para todos.