sábado, 28 de fevereiro de 2015

DEUS SALVA E ACOLHE A TODOS!

Nos últimos o Brasil assistiu estarrecido a diversas manifestações de toda ordem contra situações doloridas pelas quais passa a sociedade como um todo. São escândalos de corrupção que envergonham a todos. É manifestação dos caminhoneiros, outros trabalhadores em distintas partes e de diferentes categorias todos com uma lista enorme de reinvindicações que lhes garanta melhores condições de trabalho mais dignidade.
Esses acontecimentos mostram que raramente uma ação humana é realizada sem um propósito claro sobre qual resultado quer alcançar. Assim também ano após ano, a liturgia da Igreja celebra o tempo da quaresma com a intenção de preparar aqueles que entram nesse mistério para celebrar a pascoa.
A leitura de Gênesis, a primeira no elenco previsto para esse domingo, narra de modo estarrecedor a história do pai que se propõe sacrificar o próprio filho. A prática que era comum para os povos conterrâneos de Abraão quase chega ao desastre da morte. Entretanto, Deus intervém e confirmando a fé do patriarca  afirma: “'Juro por mim mesmo -  diz o  Senhor -, uma vez que agiste deste modo e não me recusaste teu filho único, eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste”.
No momento em que o anjo mostra o cabrito para ser sacrificado fica clara a vontade de Deus: Ele é o Pai da vida e não compactua com nenhuma forma de desrespeito pela dignidade da pessoa humana.
É neste sentido que ganha ainda mais importância a oração do Salmo: “Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos. Guardei a minha fé, mesmo dizendo: É demais o sofrimento em minha vida!”.
São Paulo, escrevendo aos Romanos anuncia palavras de conforto. Mesmo diante de todo e qualquer sofrimento o cristão pode ter uma certeza: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”.
A narrativa da Transfiguração de  Jesus tem por objetivo revelar de modo claro que Jesus é o Filho de Deus e que todo o que nele crer receberá a recompensa. Obviamente que para isso não se pode ficar parado sobre o monte ou em qualquer lugar, trata-se de lutar para que aquilo que direito aconteça.
Diante da palavra de Deus deste domingo é importante não se deixar iludir por falsas expectativas, como se algum milagreiro pudesse, num passe de mágica, resolver todos os problemas de todos.
Participar das manifestações que a sociedade civil organizar é um gesto importante e necessário, não, porém fazendo desses atos oportunidades para oportunistas anunciar respostas mágicas para problemas que precisam ser resolvidos com a participação de todos.
Que a oração da quaresma com as orações e o Jejum coloque o Brasil  e os brasileiros no caminho da necessária e útil transformação em uma pátria livre, justa, democrática e cidadã.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 22 DE FEVEREIRO DE 2015

O REINO DOS CÉUS ESTÁ NO MEIO DE VOCÊS!

A crise de credibilidade que toma conta de todas as esferas de governo, dentro e fora do Brasil, precisa ser vista com um olhar  crítico. Diante da enxurrada de denúncias e acusações que os meios de comunicação apontam atirando para todos os lados  há que se fazer algumas perguntas: Até onde vai a verdade em tudo isso? E qual seria a melhor atitude diante daquilo que, uma vez provado, atenta contra a vida e a dignidade do ser humano.
Ora, crise de credibilidade não é o que falta nas narrativas bíblicas na relação do povo escolhido com Deus durante toda a história da salvação. O texto de Gênesis proclamado na liturgia deste domingo  mostra um caminho e uma ação possível para todos os que querem viver à luz da Palavra de Deus.  O episódio de hoje se situa logo depois das narrativas do dilúvio e nele se lê: “Estabeleço convosco a minha aliança: nenhuma criatura será mais exterminada pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra”.
Viver e aceitar a aliança com Deus implica não compactuar com nenhuma forma de corrupção ou vantagem pessoal. Neste sentido a quaresma é o tempo próprio para começar um processo de conversão e de missão em favor da vida plena e digna para todos.
Nos caminhos de Deus, que se reconhece no salmo, como caminhos de verdade e amor cada pessoa é chamada a andar e nele ter confiança. É Deus mesmo quem ensina para todos os seus caminhos.
As palavras do apóstolo Pedro: Cristo morreu, uma vez por todas,
por causa dos pecados, o justo, pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte, na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espirito”. São um indicativo para a sociedade contemporânea de modo que cada pessoa possa reconhecer a sua parcela de responsabilidade neste dilúvio de denúncias que tiram o sono e a tranquilidade de todos. Dito em outras palavras: cada pessoa precisa morrer para o pecado a fim de viver uma vida nova.

Neste caso, ficam ainda mais claras as palavras de Jesus: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”.
Iniciando a quaresma é imperativo vencer as tentações, arrepender-se, acreditar no evangelho e aproveitar a oportunidade de renovar o batismo e cultivar a identidade cristã.
Claro que isso fica muito facilitado pela oração mais intensa, pela prática do jejum, da penitência e da caridade capaz de promover a criar oportunidades para todos e em toda parte

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 15 DE FEVEREIRO DE 2015

ACOLHER E CUIDAR...

A festividade do carnaval, preparada e esperada pelo povo brasileiro pode ser uma oportunidade para compreender muitos ensinamentos. Uma das lições que o carnaval oferece é a oportunidade para a inclusão. Por traz das fantasias e alegorias muitas pessoas conseguem curtir a vida e celebrar a amizade, condição que não teriam no cotidiano das suas relações. Trata-se da grande parcela dos excluídos da sociedade contemporânea.
A leitura da Palavra de Deus neste domingo traz, igualmente uma lição sobre inclusão e exclusão, sobre acolher e cuidar. O texto do Levítico na primeira leitura faz um relato daquilo que uma comunidade cristã não deve realizar. De fato o livro não tem finalidade de praticar o acolhimento, mas de cumprir uma lei. E no caso a lei é impedir a participação comunitária daqueles que o sacerdote considera impuros e pecadores.
Não é esta a vontade de Deus, situação que é possível reconhecer na oração do salmo quando se diz: “Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor  não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!”.   Neste verso está clara a intenção de Deus que é o refrão do salmo: Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio”.
Este é também o pensamento de São Paulo na carta aos coríntios: Fazei como eu, que procuro agradar a todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos”. O que Paulo recomenda para suas comunidades é a manifestação daquilo que fez Jesus e que o Evangelho de Marcos tão bem retrata: Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: 'Eu quero: fica curado!”.
Ora, a atitude de Jesus, foi colocada em prática por Paulo e muitas outras pessoas ao longo dos tempos. A palavra de Deus deste domingo convida e  provoca cada cristão a fazer o mesmo que Jesus.
Não é necessário esperar o carnaval e que as pessoas apareçam fantasiadas para  esconder suas diferenças. É importante, como cristãos, acolher a todos, não fazer distinção de ninguém.

Acolher e cuidar é uma missão que todos os cristãos podem colocar em prática no seu dia a dia. Condição que se fortalece quando os irmãos se reúnem em oração comunitária. 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 08 DE FEVEREIRO DE 2015

E NOS MOSTRE O SENTIDO QUE A VIDA CONTÉM...

A existência humana é feita de altos e baixos. Determinados momentos da vida a pessoa está bem, todas as situações concorrem para  a realização pessoal e daqueles que lhe são próximos. Os negócios dão certo, a saúde esta bem, as relações familiares e sociais também se completam. Enfim, se pode dizer que naquelas ocasiões “Tudo vai bem!”
Porém, não faltam ocasiões em que parece nada dar certo. Tem-se a impressão que todos voltaram as costas e que até Deus se esqueceu das pessoas e da humanidade. E nestes casos como que num efeito dominó tudo parece dar errado. É o que se costuma qualificar como “Um dia daqueles”.
Este último sentimento é o que Jó manifesta na primeira leitura deste domingo: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado aguarda sua paga assim tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimento”.
Nesta situação, uma atitude é indispensável: Descobrir  o verdadeiro rosto de Deus. Aquele que é louvado pelo salmo proclamado na liturgia deste domingo: “Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura; fixa o número de todas as estrelas e chama a cada uma por seu nome”.
Exatamente o mesmo rosto que Jesus revelou com suas ações em favor dos que encontrava com necessidades. No evangelho Ele vai à casa de Pedro e “A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu”.
Como se isso não bastasse, o relato de Marcos mostra outras ações de Jesus: É tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças”. A narrativa deste domingo se conclui: “Jesus andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios”.
Para dar sentido a existência e evitar que os momentos de sofrimento se transformem em tempestade permanente, um convite dirigido a toda pessoa: Gastar a sua vida para diminuir o sofrimento dos demais.
Participar da celebração da Eucaristia, rezar com os irmãos na mesma fé são maneiras de erguer a cabeça e de reconhecer a ação maravilhosa que Deus faz e fez em favor de todas as gerações. Ontem como hoje Deus conforta os corações despedaçados.