DEEM VOCÊS MESMOS DE COMER
As denúncias de corrupção que tomam
conta de todos os meios de comunicação nos últimos tempos causam náusea para
além da indignação. Ouvir como os envolvidos falam com naturalidade do montante
de dinheiro que duas ou três pessoas acabaram se apropriando daquilo que devia
servir para o bem todos. O uso da máquina pública em benefício próprio, mais do
que o volume, significa não se preocupar com o bem estar alheio.
É esta a situação que Jesus percebe
na multidão que vem ao seu encontro e que o profeta também experimentou e que é
narrado na primeira leitura deste domingo. Quando Jesus vê a multidão se
aproximando, imediatamente desafia os discípulos: O que podemos fazer para
atender a todos? Tanto os que procuravam Jesus para resolver suas necessidade
particulares, como os próprios discípulos ainda não tinham compreendido a dimensão
coletiva que a palavra e a ação de Jesus queria despertar neles.
Felipe pensa logo em consumir o seu
salário e de algumas poucas pessoas para “quebrar
um galho” diante do problema que estava criado. Jesus, ao contrário
apresenta uma alternativa totalmente diferente e que implica em solidariedade e
responsabilidade.
O menino com cinco pães e dois peixes
é a figura simbólica do pouco que todos querem garantir para a sua própria
subsistência, entretanto Jesus ensina duas coisas: Ser grato pelo pouco que
cada um possui e em seguida partilhar sem medo e com todos o pouco que
frequentemente se quer acumular.
Com atitudes simples e objetivas
Jesus indica alternativas possíveis: Sentem todos, deem graças a Deus,
partilhem entre todos e recolham o que sobrou para que nada se perca. O volume
da sobra é representado pelo número 12, que na Bíblia significa totalidade
perfeição. Isso significa dizer, o que sobrou é o suficiente para todos de modo
que ninguém venha a passar necessidade.
A mesma ação tinha feito o profeta,
conforme narra o livro dos Reis: “Dá ao povo para que coma; pois
assim diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará. O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor”.
Este
é o Senhor que a comunidade agradece como fez o salmista na oração deste
domingo: “Todos os olhos, ó
Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento; vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura”.
Estes
ensinamentos são absolutamente atuais e merecem ser aplicados por cada pessoa
no cotidiano das suas relações. Isto é, antes de tudo preocupar-se com o bem
estar e as necessidades de todos antes de querer garantir o bem estar e a
felicidade própria.
É
isso o que a Palavra de Deus sugere para os cristãos do terceiro milênio: Não
acumular para si, mas aprender a solidarizar-se com todos a fim de que ninguém
fique desamparado.
A
Eucaristia que se celebra a cada domingo é a mais extraordinária lição de
solidariedade, de compromisso e de partilha. Celebrar com a assembleia reunida
é o jeito que os cristãos encontram para se fortalecer nesta empreitada.