sexta-feira, 24 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 25 DE JULHO DE 2015

DEEM VOCÊS MESMOS DE COMER

As denúncias de corrupção que tomam conta de todos os meios de comunicação nos últimos tempos causam náusea para além da indignação. Ouvir como os envolvidos falam com naturalidade do montante de dinheiro que duas ou três pessoas acabaram se apropriando daquilo que devia servir para o bem todos. O uso da máquina pública em benefício próprio, mais do que o volume, significa não se preocupar com o bem estar alheio.
É esta a situação que Jesus percebe na multidão que vem ao seu encontro e que o profeta também experimentou e que é narrado na primeira leitura deste domingo. Quando Jesus vê a multidão se aproximando, imediatamente desafia os discípulos: O que podemos fazer para atender a todos? Tanto os que procuravam Jesus para resolver suas necessidade particulares, como os próprios discípulos ainda não tinham compreendido a dimensão coletiva que a palavra e a ação de Jesus queria despertar neles.
Felipe pensa logo em consumir o seu salário e de algumas poucas pessoas para “quebrar um galho” diante do problema que estava criado. Jesus, ao contrário apresenta uma alternativa totalmente diferente e que implica em solidariedade e responsabilidade.
O menino com cinco pães e dois peixes é a figura simbólica do pouco que todos querem garantir para a sua própria subsistência, entretanto Jesus ensina duas coisas: Ser grato pelo pouco que cada um possui e em seguida partilhar sem medo e com todos o pouco que frequentemente se quer acumular.
Com atitudes simples e objetivas Jesus indica alternativas possíveis: Sentem todos, deem graças a Deus, partilhem entre todos e recolham o que sobrou para que nada se perca. O volume da sobra é representado pelo número 12, que na Bíblia significa totalidade perfeição. Isso significa dizer, o que sobrou é o suficiente para todos de modo que ninguém venha a passar necessidade.
A mesma ação tinha feito o profeta, conforme narra o livro dos Reis: “Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará. O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor”.
Este é o Senhor que a comunidade agradece como fez o salmista na oração deste domingo: “Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento; vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura”.
Estes ensinamentos são absolutamente atuais e merecem ser aplicados por cada pessoa no cotidiano das suas relações. Isto é, antes de tudo preocupar-se com o bem estar e as necessidades de todos antes de querer garantir o bem estar e a felicidade própria.
É isso o que a Palavra de Deus sugere para os cristãos do terceiro milênio: Não acumular para si, mas aprender a solidarizar-se com todos a fim de que ninguém fique desamparado.

A Eucaristia que se celebra a cada domingo é a mais extraordinária lição de solidariedade, de compromisso e de partilha. Celebrar com a assembleia reunida é o jeito que os cristãos encontram para se fortalecer nesta empreitada. 

sábado, 18 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JULHO DE 2015

JESUS TEVE COMPAIXÃO DA MULTIDÃO

O Papa Francisco, todo mundo já pode perceber, tem provocado muitas reações e pedido muitas mudanças às pessoas e à Igreja. Dentre as insistências feitas pelo Papa, uma delas se resume nas palavras: “Quero uma Igreja de Saída”. Não simplesmente de sair dos templos e dos lugares onde a Igreja costumava estar, mas ir ao encontro das pessoas sendo fiel ao Mestre Jesus. No documento que se chama Alegria do Evangelho, Francisco fala com clareza: “É indispensável para a Igreja sair para anunciar o Evangelho em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnância e sem medo. A Alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém”.

As palavras do Papa são uma atualização da atitude de Jesus. O que se lê no evangelho de hoje é a continuação do texto proclamado no último domingo em que Jesus os enviou dois a dois para anunciar a boa notícia. Hoje Jesus reencontra os enviados e lhes propõe um tempo de descanso para repensar as atividades, porém ao ver a multidão Ele mesmo não resiste: “Tevê compaixão, porque estavam como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.

Diferente dos pastores do Antigo Israel, os discípulos de Jesus se apresentam como bons e fiéis seguidores, enquanto aqueles, como se lê na primeira leitura: “dispersaram o rebanho e afugentaram as ovelhas não cuidando delas” na pessoa de Jesus se realiza a profecia: “Eu farei nascer um descendente de Davi, que fará justiça e retidão na terra”.

O pastor prometido no Antigo Testamento, tem a confirmação de Paulo na carta aos Efésios: “Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos. É graças a Ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai”.

Este jeito de ser pastor é o que se reconhece no Salmo: “O Senhor é o pastor que me conduz; felicidade e todo o bem hão de seguir-me! Ele me guia no caminho mais seguro, nenhum mal eu temerei, ele está comigo com seu bastão e seu cajado”.

Ora, este e o modelo de pastor que o Papa pede para todos, a começar pelos dirigentes da Igreja, mas o convite de Francisco se dirige a todos os cristãos. Ninguém que tenha conhecimento do Evangelho pode descuidar da Alegria de anunciá-lo e de viver de acordo com aquilo que acredita.


Eis o convite para todos neste domingo, transmitir com o seu jeito de viver a Alegria de acreditar no Evangelho. 

sábado, 11 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 12 DE JULHO DE 2015

CHAMADOS E ENVIADOS...



Uma das belezas da comunicação são os recursos de linguagem. As comparações, parábolas e alegorias permitem compreender melhor a mensagem que se quer transmitir e compreender.  Todos os idiomas tem suas sutilezas e recursos que facilitam a compreensão de pensamentos mais complicados.  No antigo Israel, as comparações entre a ação de Deus, dos profetas e o trabalho diário do povo era uma forma de explicar o alcance da Palavra anunciada em favor de todos. Jesus também usou muitas comparações para se fazer compreender e divulgar a mensagem daquele que lhe tinha enviado.
Na liturgia da Igreja, o período que vai da solenidade de Pentecostes até o domingo de Cristo Rei, quase seis meses, é denominado tempo comum. Não porque seja um período pouco importante para os fiéis e para a liturgia, mas porque neste tempo os textos da Palavra de Deus escolhidos para as celebrações dizem respeito à vida e ao cotidiano de todos.
Neste domingo, se lê um texto do profeta Amós, uma carta de Paulo e o Evangelho de Marcos. Em todos eles, a mensagem central reside na compreensão da ação de Deus na vida pessoal e da comunidade.
Assim o profeta retoma a sua condição de agricultor e aplica para a missão que reconhecia ter recebido de Deus: Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: 'Vai profetizar para Israel, meu povo”.
No evangelho Jesus recomenda algumas atitudes indispensáveis para aqueles que querem se colocar a serviço do Reino em vista de uma vida melhor para todos: “Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas”. E reafirma que não devem se preocupar com o resultado da missão, o importante é realizar com desprendimento, o resto acontece por si mesmo.
E de fato, o trabalho dos primeiros discípulos  produziu frutos de tal maneira que o evangelho de Jesus chegou até os dias de hoje. Ontem como hoje, cada pessoa é convidada a fazer a mesma coisa, isso é anunciar com desprendimento desde o lugar onde se vive e proclamar as palavras de acordo com o seu testemunho. É neste sentido que o Papa Francisco insiste em uma Igreja de saída, isto é, que tenha coragem e alegria de sair dos muros dos templos e das casas para semear sempre mais além.
Realizando isso pode-se compreender as palavras de Paulo aos efésios: Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos  abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado”.
Que o testemunho de todos e a oração da Igreja ajude a cada um proclamar A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus”.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 05 DE JULHO DE 2015

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM -  ANO B – 

Ezequiel, 2, 2-5; Salmo 122(123); 2Corintíos 12,7-10; Marcos 6, 1 -6.

Madre Tereza de Calcutá, conhecida no mundo inteiro, e de extraordinária vivência do evangelho declarou: “As mãos que ajudam são mais santas do que os lábios que rezam”. A afirmação desta Santa dos tempos modernos tem uma sintonia muito profunda com o jeito de ser de Jesus, dos profetas e dos apóstolos.

Mesmo não sendo aceito pelos seus conterrâneos, não podendo realizar de modo pleno a missão que o Pai lhe havia confiado, Jesus continuou  o seu caminho. Deixou claro quem ele era ao povo judeu. Estes não o tinham reconhecido como enviado e nem tampouco como profeta. O texto de Marcos se conclui com a afirmação: “Ali apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos... Jesus percorria os povoados e redondezas”

Situação semelhante havia acontecido com Ezequiel, profeta do Antigo Testamento: “Que fique claro afirma o profeta, A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra. Quer escutem, quer não escutem, saibam que houve entre eles um profeta”.

São Paulo se apresenta arrasado, por todos os sofrimentos humanos que já havia experimentado, mas deixa evidente a sua convicção: “quando sou fraco, então é que sou forte”.

Eis uma vez mais uma certeza para todos: Deus se manifesta, age e dá forças para todos os que se sentem ameaçados e fragilizados pelas dificuldades da vida. Essa extraordinária ajuda de Deus chega às pessoas sim pela oração de cada um e pela oração de Deus, mas muito mais pela vida santa que faz com que as pessoas e as comunidades vivam plenamente sua vocação à santidade.

Para enxergar Deus é necessário ter a atitude do salmista: “Eu levanto os meus olhos para vós, que habitais nos altos céus”.  Com os olhos em Deus, com os pés no mundo e com as mãos em ação eis que se realiza o encontro vivo com Jesus vivo, que faz a todos e cada seu discípulo para a construção da comunhão e para a realização da missão.


Os profetas, os apóstolos e o próprio Jesus ensinam pela vida que ser no mundo instrumento do amor de Deus significa trabalhar para que o Reino aconteça e que Deus seja reconhecido por todos em todos os lugares.