SOMOS
A IGREJA DO PÃO...
A
condição humana e as certezas que cada pessoa tem sobre tudo o que sabe, seus
conhecimentos e suas verdades é uma forma de manifestar a sua autonomia e
independência. Dentre todas as mudanças que a vida exige de uma pessoa ao longo
da sua existência, uma delas é a capacidade de acreditar em novas verdades e
aceitar que algumas certezas que julgava intocáveis já não são mais tão certas
assim. Sair a procura de novos saberes, de outros conhecimentos e mudar o modo
de pensar e de agir é um desafio que anda lado a lado com toda a existência
humana.
Ora,
os conterrâneos de Jesus, foram desafiados a mudar suas convicções e aceitar
outra verdade que não aquela que haviam recebido por tradição e que julgavam
ser a única possível para todas as necessidades. De repente os filhos de Israel
se veem frente a frente com uma pessoa que realiza milagres e sinais
extraordinários cuja origem não são capazes de explicar e muito menos entender.
O
homem, conhecido por todos, filho de um carpinteiro e cuja mãe vivia do mesmo
modo que as demais mulheres da sua época, se apresenta como o “Pão descido do céu que dá vida ao mundo”,
declara conhecer o Pai mais do que nenhum judeu do seu tempo, põe em descrédito
os milagres realizados pelos antepassados e diz que tudo foi obra do Seu Pai e
que a partir de agora a comunidade de Israel poderá alimentar-se de uma forma diferente
e que não precisa ter medo da morte.
É
claro que aceitar essa verdade, implica numa mudança muito grande em todos os
parâmetros do povo judeu. Esse sujeito não poderia passar de um louco
desvairado querendo macular a história construída por seus precursores desde a
saída do Egito.
A
Palavra de Deus, proclamada neste domingo, permite uma ligação tranquila com os
textos dos últimos dois domingos. Em todos eles, a primeira leitura conta um
fato de alguém que teve fome e que foi alimentado por Deus ou por um dos seus
profetas, e que por conta deste alimento teve forças para continuar sua viagem
e ação no mundo.
Já
a segunda leitura apresenta a pessoa de Jesus com sua prática de vida como
modelo para o bem viver das comunidades cristãs que estavam nascendo. Em todas
elas São Paulo insiste no mesmo assunto: “Sede bons uns
para com os outros, sede
compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou”.
E as palavras de
Jesus, no evangelho, não podem ser mais claras: Mudem o seu ponto de
referência. A partir de agora, diz ele, o alimento que vocês receberam e que
sustentava apenas por algum tempo, deixa de ser importante. Acreditem que
chegou a hora em que vocês poderão comer um alimento que dura para a vida
eterna: “Eu sou o pão da vida. Os vossos
pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
Aceitar essa nova
verdade exige dos filhos de Israel uma mudança muito grande de mentalidade e de
referência e isto não parece nada fácil. É exatamente isso que as leituras
recomendam aos cristãos dos novos tempos. Reconhecer a presença de Deus no meio
do mundo e de modo muito diferente daquele que se está habituado a enxergar. À medida
que se reconhece a ação de Deus, mudar também as relações pessoais e familiares
e praticar, no seu cotidiano os conselhos dados por São Paulo: “Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de
vós, como toda espécie de maldade. Sede bons uns para com os outros”.
Reunidos em oração
os cristãos podem pedir com força a graça de estar sempre prontos para compreender
Deus agindo no meio do mundo como se reza no salmo de resposta: “O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o amam, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu
refúgio”.
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