sábado, 8 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 09 DE AGOSTO DE 2015

SOMOS A IGREJA DO PÃO...

A condição humana e as certezas que cada pessoa tem sobre tudo o que sabe, seus conhecimentos e suas verdades é uma forma de manifestar a sua autonomia e independência. Dentre todas as mudanças que a vida exige de uma pessoa ao longo da sua existência, uma delas é a capacidade de acreditar em novas verdades e aceitar que algumas certezas que julgava intocáveis já não são mais tão certas assim. Sair a procura de novos saberes, de outros conhecimentos e mudar o modo de pensar e de agir é um desafio que anda lado a lado com toda a existência humana.
Ora, os conterrâneos de Jesus, foram desafiados a mudar suas convicções e aceitar outra verdade que não aquela que haviam recebido por tradição e que julgavam ser a única possível para todas as necessidades. De repente os filhos de Israel se veem frente a frente com uma pessoa que realiza milagres e sinais extraordinários cuja origem não são capazes de explicar e muito menos entender.
O homem, conhecido por todos, filho de um carpinteiro e cuja mãe vivia do mesmo modo que as demais mulheres da sua época, se apresenta como o “Pão descido do céu que dá vida ao mundo”, declara conhecer o Pai mais do que nenhum judeu do seu tempo, põe em descrédito os milagres realizados pelos antepassados e diz que tudo foi obra do Seu Pai e que a partir de agora a comunidade de Israel poderá alimentar-se de uma forma diferente e que não precisa ter medo da morte.
É claro que aceitar essa verdade, implica numa mudança muito grande em todos os parâmetros do povo judeu. Esse sujeito não poderia passar de um louco desvairado querendo macular a história construída por seus precursores desde a saída do Egito.
A Palavra de Deus, proclamada neste domingo, permite uma ligação tranquila com os textos dos últimos dois domingos. Em todos eles, a primeira leitura conta um fato de alguém que teve fome e que foi alimentado por Deus ou por um dos seus profetas, e que por conta deste alimento teve forças para continuar sua viagem e ação no mundo.
Já a segunda leitura apresenta a pessoa de Jesus com sua prática de vida como modelo para o bem viver das comunidades cristãs que estavam nascendo. Em todas elas São Paulo insiste no mesmo assunto: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou”.
E as palavras de Jesus, no evangelho, não podem ser mais claras: Mudem o seu ponto de referência. A partir de agora, diz ele, o alimento que vocês receberam e que sustentava apenas por algum tempo, deixa de ser importante. Acreditem que chegou a hora em que vocês poderão comer um alimento que dura para a vida eterna: “Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
Aceitar essa nova verdade exige dos filhos de Israel uma mudança muito grande de mentalidade e de referência e isto não parece nada fácil. É exatamente isso que as leituras recomendam aos cristãos dos novos tempos. Reconhecer a presença de Deus no meio do mundo e de modo muito diferente daquele que se está habituado a enxergar. À medida que se reconhece a ação de Deus, mudar também as relações pessoais e familiares e praticar, no seu cotidiano os conselhos dados por São Paulo: “Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda espécie de maldade. Sede bons uns para com os outros”.

Reunidos em oração os cristãos podem pedir com força a graça de estar sempre prontos para compreender Deus agindo no meio do mundo como se reza no salmo de resposta: O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o amam, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio”.

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