sábado, 29 de agosto de 2015

O PADRE ESTÁ DE CASTIGO...

A norma litúrgica do silêncio na missa...

Para quem está familiarizado com o cotidiano da escola, dispensa muitas explicações. É hábito bem frequente na educação infantil, embora não deixe de ser contestado, a chamada “Cadeirinha do pensamento” ou “Cantinho do pensamento”. Trata-se de um espaço físico e de tempo no qual a criança é convidada a pensar sobre seus atos. Esta prática pedagógica não é uma regra geral, nem tampouco uma lei ou norma cumprida por todos e em todos os lugares. Entretanto é conhecida por professores, pais e alunos. Se bem entendida tem seus benefícios no que se refere à educação de nossas crianças.
Começo por esta constatação para escrever sobre a “Cadeirinha do Pensamento”, reservada aos padres na celebração da missa. Há poucos dias eu estava presidindo a Eucaristia numa comunidade do interior de Videira, e dentre as crianças hiperativas, estava uma que bem conhecia a “cadeirinha do pensamento”. Logo depois da comunhão vendo o padre sentado e em silêncio, bradou em alto e bom som: “o padre está de castigo”.
Diferente das normas pedagógicas, a liturgia da Igreja prevê diversos momentos de silêncio durante a celebração da Eucaristia. Nenhum deles é pensado como “Castigo” para o padre ou a quem quer que seja. Os diversos momentos de silêncio antes que normas litúrgicas, tem uma relação antropológica, isto é, tem a ver com o cotidiano das relações pessoais.
Antes do Ato penitencial a liturgia sugere um momento de silêncio. Isto é muito mais do que uma norma litúrgica. No dia a dia das pessoas algum momento de silêncio faz bem a todos e ajuda a fazer breve análise dos erros e acertos nas estratégias e objetivos.
Na missa, quando o presidente convida: “Oremos”, a liturgia sugere um momento de silêncio. Também aqui não é uma norma litúrgica, mas oportunidade para recolher as ideias e traçar objetivos e estratégias para as ações futuras.
Entre as leituras, o evangelho e a homilia, mais uma vez a Igreja pede instantes de silêncio. No cotidiano da vida, quantas vezes a pessoa procura conselhos, palavras de ajuda, um ombro amigo e assim por diante. E frequentemente depois de ouvir o conselho silencia para depois responder: “estou pensando seriamente nas palavras que fulano me falou”.
Depois da comunhão, mas uma é sugerido pela norma litúrgica um momento de silêncio. Para muito além da norma e da regra, no cotidiano das famílias depois das refeições as pessoas se recolhem e silenciam. É comum em algumas famílias e sociedades a chamada “sesta depois do almoço”, ou seja, uma breve cochilada.
Estas poucas observações podem ajudar a compreender a importância do silêncio na missa, que muito mais do que “litúrgico ou não litúrgico” ajudam a vivenciar o mistério que se está celebrando.

Em resumo, a missa sugere vários momentos para o padre e para os fiéis, a “Cadeirinha do pensamento” e neste caso não é nenhum mal que o “padre fique de castigo” de vez em quando. 

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