sexta-feira, 27 de novembro de 2015

HOMILIA PARA O PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO - 2015

ERGAM A CABEÇA, A LIBERTAÇÃO SE APROXIMA

Jeremias, 33,14-16; 1Tessalonicenses 3,12-4,2;
Lucas 21, 25-28. 34-36

Pode-se afirmar que o Papa Francisco é o tipo de pessoa que se pode descrever com a metáfora: “o coração é maior do que o homem”.  Ao mesmo tempo em que chama a atenção sobre atitudes equivocadas em relação à qualidade de vida e ao cuidado com este dom tão precioso, convida todos e cada um a enxergar a vida e o mundo com os olhos da misericórdia. Sua recente encíclica com o título: “Louvado Sejas,” e que trata do cuidado da casa comum, é um documento que aponta o cerne da questão ecológica, ao mesmo tempo Ele fala sobre isso com esperança. No documento o Papa afirma: “O mundo é muito mais do que um problema a ser resolvido, é um mistério que contemplamos na alegria e no louvor”.
A liturgia da Igreja está dando início ao novo ano litúrgico com o primeiro domingo do avento. As leituras escolhidas para este dia se referem também à qualidade de vida e aos modos como as pessoas deveriam proceder para preservar a vida. Jeremias, sendo perseguido e preso por causa da sua condição de profeta, anuncia um temo novo que virá para todos:Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra”. São Paulo escreve aos Tessalonicenses dizendo: Que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos”.
E o Evangelho começa falando de catástrofes ambientais: Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas”.
Porém a palavra de Jesus não se limita a este anuncio, pelo contrário, propõe uma saída: Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. E termina o evangelho afirmando: Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”.
Está claro para todos que a sociedade atual está vivendo todos estes sinais descritos e muitos outros que podem causar medo e desilusão em todas as pessoas.
Para os cristãos, certamente esta não é atitude mais adequada. Sempre e de novo é importante manifestar ao mundo que uma forma diferente de viver é possível e como afirma o Papa: A questão ecológica é vital para a sobrevivência da humanidade e diz respeito a todas as pessoas” Se se quer um mundo sustentável há que se começar pela mudança de pequenos hábitos os quais poderão transformar a vida na sua plenitude.  Para que isso seja possível é importante retomar de novo a oração que se fez no salmo: Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação!”.




sábado, 21 de novembro de 2015

HOMILIA PARA O DOMINGO DE CRISTO REI DO UNIVERSO - 2015

ELE NOS LIBERTOU DOS NOSSOS PECADOS...

Em qualquer roda de conversa alguns assuntos são muito frequentes. Dentre eles se pode recordar futebol, e sobre isso quase todo brasileiro tem uma opinião; política, e neste ponto os ânimos costumam se exaltar; previsão do tempo, e todos têm alguma expectativa e finalmente conversa fiada, esta quase sempre depois que todos os outros assuntos já se esgotaram. Mas no fundo, o cerne de todas as preocupações é sobre a qualidade de vida, em outras palavras: “Como viver melhor”!
Neste domingo, celebrado com um olhar para o título que se dá a Jesus como o “Cristo Rei do Universo”, os cristãos renovam suas esperanças no único que pode modificar todas as coisas e garantir que os desejos de todos se realizem.
O profeta Daniel, escreve num tempo em que muitos foram mortos, outros perseguidos por causa da fé no Deus único a qual sustentavam com o preço de suas vidas. Neste contexto o profeta narra uma visão de futuro: “eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza”.
A situação que o povo vivia na época do profeta Daniel, cerca de 500 anos antes do nascimento de Jesus, não foi muito diferente, cerca de 100 anos depois de Cristo, quando se tem as narrativas do Apocalipse, cujo texto é lido como segunda leitura deste domingo. No texto do Apocalipse, que foi escrito para reacender a esperança das comunidades perseguidas, hoje se lê o texto que diz: A vós graça e paz
da parte de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra”.
Eis que ele vem não confundindo, nem tampouco limitando o seu reinado aos poderes deste mundo. Quando interrogado por Pilatos sobre sua condição de Rei, Jesus responde: “'O meu reino não é deste mundo”. 
Neste rei, cujo poder não se iguala aos poderes deste mundo os cristãos são confiados a depositar suas esperanças em um tempo novo e em mais qualidade de vida. É claro que isto não virá do acaso e sem qualquer esforço pessoal. Acreditar no reinado de Jesus e perceber que o mundo pode ser melhor por causa desta verdade implica fazer ressoar em todos os cantos da terra a força do amor.
Cada pessoa é convidada a ser profeta da esperança, anunciar com a vida e com a palavra que o mundo e as relações no mundo podem ser diferentes e muito melhores.
Com o salmo deste domingo todos podem rezar em uma só voz: Verdadeiros são os vossos testemunhos, refulge a santidade em vossa casa, pelos séculos dos séculos, Senhor”.
Nas Igrejas, na sociedade, nas relações políticas e econômicas leigos e leigas provam sempre mais que para muito além das meias verdades que se apresentam como absolutas o valor do Evangelho é muito maior.
Que a oração de todos ajude a cada um!



sábado, 14 de novembro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 15 DE NOVEMBRO DE 2015

COM MEU POVO, CELEBRAR A ALVORADA...

Catástrofes naturais e ambientais pelo Brasil e pelo mundo são mais frequentes do que se imagina. No Brasil tem se registro desde 1928 desse tipo de acidente e que somadas as vítimas chegam a mais de 3500 mortos. Nestes dias a mídia se ocupa com a “Lama de Mariana”. Da mesma forma não são novidades os atentados terroristas os mais antigos que se tem notícia datam do início do cristianismo, sendo possível descrever pelo menos 25 atentados de grandes proporções, com ameaça à qualidade de vida e a dignidade dos povos em todo o mundo. Neste final de semana o mundo está em alerta por conta do terror que assolou Paris com mais de uma centena de mortos.

O profeta Daniel, no texto que se lê hoje fala destas coisas com uma linguagem simbólica: Muitos são os mortos e oprimidos, tem se a impressão que o fim do mundo está chegando, mas o profeta aponta para uma chama de esperança: “Naquele tempo se levantará o grande príncipe defensor dos filhos do teu povo... os que forem sábios brilharão como estrelas no firmamento...” Tal afirmação implica compreender que Deus conhece os seus filhos e suas necessidades e não os deixará perecer! A leitura é um convite para alimentar a esperança.

Com a mesma simbologia Jesus se apresenta no Evangelho e narra a chegada do Filho do Homem. Sinais extraordinários estarão acontecendo. Nem o sol e nem a lua irão brilhar mais, e neste clima de insegurança o Filho do Homem vai aparecer entre as nuvens. Mas de novo Jesus conclui sua mensagem com uma palavra de coragem: Aprendam da figueira – ano após ano – os ramos ficam verdes, e vocês sabem que o verão está chegando. Então não se preocupem com o fim quanto a este dia, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai sabe quando será. Então por hora, o compromisso e a certeza que permanece para todos é viver a plenitude da graça, é ser testemunha e presença, fazendo ressoar em todos os cantos da terra a força do amor. Assim ensinou o poeta: “Peregrinos na estrada de um mundo desigual... já não sei por onde andar, na esperança eu me apego ao mutirão. c Quero entoar um canto novo de alegria ao raiar daquele dia de chegada em nosso chão, com meu povo celebrar a alvorada, minha gente libertada, lutar não foi em vão”.


O Reino de Deus, aquele que Cristo garantiu por sua morte e ressurreição já está presente no mundo, apesar das barbaridades que se costuma ver em todas as partes, porém cada pessoa é convidada a trabalhar cada dia, vigiar e perseverar, como se reza no salmo: “Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, meu destino está seguro em vossas mãos! Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois se o tenho a meu lado não vacilo”.

sábado, 7 de novembro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 08 DE NOVEMBRO DE 2015

DEUS E SENHOR NA PLENITUDE DOS TEMPOS

As tempestades por excesso de chuva, vento e outras calamidades que tem se repetido nos últimos tempos fizeram sofrer muita gente ao mesmo tempo que fizeram crescer o espírito de solidariedade e a indignação com aqueles que deveriam tomar alguma atitude para que as calamidades tivessem menor impacto diminuindo o número de vítimas e o volume dos sofrimentos.

As leituras deste domingo ajudam a compreender também essa situação que de uma forma diferente, mas era também causa de sofrimento quando foram escritas de acordo com os fatos como são contados nos textos.

O encontro do profeta Elias com a viúva de Sarepta se dá num tempo em que povo experimentava um longo período de seca e que a vida estava ameaçada para todos.  Enquanto os responsáveis não apresentavam solução para o problema as pessoas viviam a calamidade esperando a morte. O Profeta provoca a viúva para uma ação extraordinária: repartir o único pedaço de pão que lhe permitiria viver ainda uns poucos dias. A confiança na palavra do Enviado de Deus muda completamente a situação: A mulher foi e fez como Elias lhe tenha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias”.

Com total confiança em Deus e na palavra do profeta a mulher experimentou um novo tempo em sua vida. Situações como esta eram frequentes entre o povo de Israel e sem medo todos puderam cantar: “Bendize minha alma ao Senhor, O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos”.

A segunda leitura fala de Jesus como aquele que é Palavra viva do Pai, o Filho que morreu uma única vez e que por sua ressurreição garantiu que a morte não tem a última palavra Este foi o Jesus que se indignou com os fariseus do Templo, se indispôs várias vezes e por diferentes razões com eles.

Na condição de doutores da lei, os fariseus interpretavam e faziam a lei acontecer segundo sua vontade e conveniência. Os pobres e desprotegidos continuavam sendo obrigados a carregar pesados fardos cuja finalidade era sustentar uns poucos que se mantinham à custa do sofrimento alheio.

Fazendo perceber aquilo que ninguém observava, ou seja, a oferta da pobre viúva, Jesus dá uma catequese sobre como as pessoas podem se fazer úteis nas necessidades mesmo repartindo o pouco daquilo que nada dispõe.

Ao mesmo tempo faz uma dura crítica a quem se beneficia dos sofrimentos. O ensinamento das leituras serve para todos também hoje. Cada pessoa e cada comunidade é desfiada a ajudar os demais a deixar para trás situações menos humanas e alcançar condições mais humanas. Religião verdadeira não se conforma só com orações, socorre também os sofredores sem se deixar contaminar pelos pecados do mundo.


A Eucaristia que se celebra é um ensinamento de como Jesus soube entregar-se para salvar a todos e é um convite para a doação e o amor incondicional a todas pessoas.