sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2017

QUE DEUS NOS DÊ SUA GRAÇA E SUA BENÇÃO

As felicitações para o ano novo são repletas de desejos e conselhos para alcançar a felicidade e a realização de todas as necessidades para uma melhor qualidade de vida. Tudo isso é verdadeiro e necessário e faz bem para todos receber as felicitações e desejos para o ano novo. Porém a Palavra de Deus que se lê na liturgia deste primeiro do ano, apesar da sua antiguidade e repetitividade continua sendo o mais extraordinário desejo e a maior necessidade para o ano novo.
Na primeira leitura se lê: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto
e te dê a paz”.
Alguns preferem chamar Deus com tantos outros nomes, neste momento não é o mais importante, mas é certo que acreditar e pedir a sua bênção e presença em todos os dias do ano novo é a forma mais adequada para felicitar e comemorar a entrada do novo ano.
Neste sentido também a Igreja que se reúne em assembleia reza: Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a terra”.
E São Paulo afirma: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá - ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus”.
O filho que nos fez herdeiros de todas as promessas de Deus é aquele que os pastores reconheceram no menino de Belém e que voltaram glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.
É por causa desta verdade que as felicitações de ano novo ganham sempre um novo sentido e que neste ano o Papa Francisco manifesta na mensagem de paz enviada ao mundo: “Peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra.  O próprio Jesus viveu em tempos de violência. Ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: «Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos. Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência. Se a origem donde brota a violência é o coração humano, então é fundamental começar por percorrer a estrada da não-violência dentro da família. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz.”





terça-feira, 27 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A MISSA DOS MOTORISTAS - IGREJA MATRIZ SÃO JOAQUIM - VERÊ PARANÁ - 28 DEZEMBRO 2016

SE O SENHOR NÃO ESTIVESSE AO NOSSO LADO...

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública depois do acidente fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.
A manifestação deste jogador não é diferente do dia a dia dos motoristas e de tantos outros profissionais da estrada. Não são poucas vezes que os desafios da estrada são maiores que as próprias forças, entretanto é também verdade que a força da fé supera as provações e permite continuar na luta.
São Paulo, na segunda carta aos Coríntios, relata as próprias dificuldades nas suas viagens missionárias, no capítulo 11, versículos 26 a 29 se lê: “Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo”.
A liturgia da Igreja para o dia de hoje celebra a festa dos Santos Inocentes, fazendo memória das crianças assassinadas pelo rei Herodes, quando perseguia Jesus reconhecido como o “recém-nascido Reis dos Judeus”.
Na primeira leitura da carta de João está escrito: “A mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e lhes anunciamos é esta: Deus é luz e nele não existe trevas”. Dito de uma outra forma, para quem reconhece Deus, nenhum sofrimento, nenhuma provação, nenhuma dificuldade será maior do que todos os desafios que o mundo oferece.
É por isso que nós rezamos no salmo da liturgia de hoje: “O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra”
Para quem confia no Senhor, a falta de consolo e a dor daqueles que partem não é maior do que a coragem de “José que levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito”.

Sem sombra de dúvida a manifestação que fazemos no dia de hoje como ação de graças pelos trabalhos do ano é a melhor maneira de reconhecer o que disse o jogador: “Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus” 

sábado, 24 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A NOITE DO NATAL 2016

SALVOS POR SUA MISERICÓRDIA

Todos os grandes acontecimentos da história humana exigem longa preparação e envolvem pessoas e instituições. O mundo contemporâneo e o mercado do negócio prepara os eventos com campanhas publicitárias que envolvem também muito dinheiro. Algumas vezes até os cristãos se deixam contaminar por esse sentimento e a festa do Natal em lugar de ser uma oportunidade para a solidariedade, o perdão e a confraternização se resumem na troca de presentes e no comércio de interesses.
A Palavra de Deus que se proclama na missa da noite do Natal aponta para outra direção e nesta perspectiva celebrar o nascimento de Jesus é uma ocasião para reconhecer a Misericórdia de Deus que vem ao encontro da pessoa humana para lhe garantir a salvação.
O profeta falou ao povo num tempo em que o sofrimento e a dominação estrangeira era a marca mais forte em Israel. E no meio desta situação Isaias garante: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem os frutos” e continua o profeta: “um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”.
Também a Igreja hoje compreende a profecia e canta o Salmo: Anunciai dia a dia a sua salvação, publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas. Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas”.
São Paulo confirma na carta a Tito: “Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens”.
O menino que nasceu em Belém e cuja presença é celebrada em cada Natal é a realização de tudo o eu havia sido anunciado. Por isso mesmo a assembleia reunida em oração na noite de Natal renova a proclamação feita pelos anjos aos pastores: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido”.
Celebrar o Natal implica compreender e ajudar cada pessoa também compreender que o amor de Deus que se preocupa com todos e que a felicidade de todos. A salvação de Deus não se manifesta nos grandes eventos da história, mas na simplicidade das coisas de cada dia.

Que Maria ensine a todos reconhecer o verbo que se fez carne e que veio habitar entre nós por meio de quem também a humanidade reconhece Deus que vem  e que o profeta já havia chamado de Príncipe da Paz!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 18 DE DEZEMBRO DE 2016 - 4º DO ADVENTO

EM JESUS DEUS SALVOU A TODOS

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.

Na mensagem que o Papa enviou por ocasião da morte do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Francisco o qualificou de “pastor que no seu ministério eclesial se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo a todos apontando a estrada da verdade na caridade e do serviço à comunidade em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”.

Ora, o Senhor Maravilhoso, que o jogador reconhece e a quem atribui o milagre da vida é o mesmo que Dom Paulo testemunhou ao longo da sua vida, é o mesmo que os profetas anunciaram e que Maria recebeu com amor de Mãe e que São Paulo apresenta aos Romanos na carta que se lê na liturgia deste domingo: “Jesus Cristo, Nosso Senhor. É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé...” e conclui: “A vós todos, amados de Deus e santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo”.

Dois mil anos depois, diante de tantas manifestações que reconhecem a presença de Deus no mundo, os cristãos se reúnem para celebrar o mistério daquele que se fez humano e que “nos alimenta com o pão do céu e garante para toda pessoa humana a salvação e a paz”.

Celebrando na comunidade reunida cada pessoa é sempre convidada a estreitar os laços de comunhão com Deus por meio da comunhão com todos especialmente com aqueles que mais sofrem. Neste sentido ganha ainda mais sentido as palavras do jogador quando afirma: Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus”. Ou as Palavras do Papa a respeito do Cardeal Arns: “Se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”. 

Que Maria a Mãe da misericórdia ajude também cada pessoa neste natal a mostrar Cristo ao mundo como um presente do Pai para todos e que alivia a dor e os sofrimentos a que todos estão sujeitos.


sábado, 10 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 11 DE DEZEMBRO DE 2016

FORTALEÇAM SUA VIDA NA ESPERANÇA

Três situações ajudam a compreender a Palavra de Deus deste terceiro domingo do advento. Uma delas está na comparação que São Tiago faz na segunda leitura de hoje: “Vejam o agricultor que espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera”. Não precisa muitas palavras para compreender que o agricultor vive, ano após ano, sempre da Esperança.

A segunda situação é perceber como apesar de onda de corrupção que vem sendo denunciada no país inteiro, com tudo o que se tenta fazer para evitar que isso aconteça, frequentemente se vê que alguns corruptos vão sendo presos e condenados. Nos últimos 13 anos cerca de seis mil servidores públicos federais, envolvidos em corrupção foram expulsos do serviço público e condenados a ressarcir aos cofres públicos os prejuízos que causaram.

O avanço da medicina e os recursos tecnológicos disponíveis permite que uma mãe grávida se prepare emocionalmente de modo mais tranquilo e seguro para o nascimento do seu bebê. Os exames pré-natal, a realização da ultrassonografia e outros tantos recursos vão garantindo a mãe a alegre expectativa para o nascimento da criança. 

Todas estas situações, são geradoras de esperança, tendo sempre presente que cada uma delas é sempre de expectativa e curiosidade.

É assim que o Profeta Isaías, escreve ao povo de Israel que vivia numa profunda crise, enquanto voltava do exílio. A palavra do Profeta conforta os desiludidos e sofredores: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: 'Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é ele que vem para vos salvar”.

Na mesma proporção o salmista canta: “O Senhor é fiel para sempre, Ele ampara a viúva e o órfão, mas confunde os caminhos dos maus”.

E Jesus conforta os amigos de João, que já estava na prisão, depois de haver denunciado muitos políticos corruptos do seu tempo. Questionado se Ele era o Messias, Jesus não responde com grandes discursos, mostra os fatos: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim”.

Em resumo, a esperança do Cristão é o próprio Jesus, cuja vinda é certa, por isso o advento é um convite a rezar com devoção e firmeza: “Concedei Senhor que nos preparemos com fervor para o Natal do Vosso Filho”.


Certamente a preparação do Natal pede de cada pessoa a mesma atitude de Jesus: ser solidário e agir sempre para diminuir o sofrimento das pessoas, sobretudo daqueles com quem se compartilha o dia a dia da casa, do trabalho, da igreja e da sociedade. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 04 DE DEZEMBRO DE 2016 - 2º DO ADVENTO ANO A

A ESPERANÇA NUNCA MORRE


Os fatos ocorridos nesta semana que culminaram com a morte de 76 pessoas num acidente aéreo, os protestos ocorridos em Brasília com a votação da PEC 241 no Senado Federal, da lei anticorrupção na Câmara dos Deputados, da decisão do Supremo Tribunal Federal declarando que o aborto antes dos três meses não é crime, de algum modo dizem respeito a todos. É claro que nenhum destes fatos pode ser visto como bom e positivo, apesar disso eles ajudam a reacender a esperança.

O Bispo de Chapecó, na mensagem que dirigiu ao mundo por ocasião do funeral coletivo na Arena Condá, começou com estas palavras: “A reunião de hoje tem o objetivo de celebrar a vitória da Esperança” e citou o profeta Isaías, no mesmo texto que se lê na liturgia deste domingo: “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra ele seu prazer”. Esta afirmação foi feita ao povo de Israel 700 anos antes do nascimento de Jesus, quando o povo sofria terrivelmente sob o domínio de um governo injusto causando todas as formas de dor e de morte.

Isaías conforta os desassistidos com palavras de esperança: “a partir da raiz surgirá o rebento de uma flor”, na mesma intensidade a igreja reunida neste segundo domingo do advento proclama com o Salmo: “Nos seus dias a justiça florirá”.

São Paulo escreve aos Romanos, o que pode ser aplicado também nestes tempos: “Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança. O Deus que dá constância e conforto vos dê a graça da harmonia e concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus”.

E Mateus apresenta a pessoa de João Batista e o seu anuncio da chegada daqueles que vinha sendo prometido por muitas gerações. A chegada do messias pede uma mudança de vida e João Batista não tem medo de desafiar a todos para um novo estilo de vida: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo. Produzi frutos que provem a vossa conversão. Eu vos batizo com água para a conversão”.

Certamente estas palavras se aplicam ao cotidiano da vida e especialmente no confronto com os fatos ocorridos nesta semana. Diante de toda dor, de todo sofrimento e de toda a injustiça cada pessoa pode se perguntar: Em que medida preciso modificar o meu modo de ver e fazer as coisas para caminhar na esperança e com tranquilidade para o encontro do Senhor que vem.

É por isso que rezamos no início e no fim da missa: “Que nada nos impeça de ir ao encontro do Senhor que em; e que esta eucaristia ensine a julgar com sabedoria os valores terrenos para alcançar os bens eternos”

Em outras palavras que nada apague a esperança!




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 27 DE NOVEMBRO DE 2016

A SALVAÇÃO ESTÁ PERTO

A expressão “O Seguro morreu de velho”, é utilizada com muita propriedade para alertar as pessoas quanto é necessário estar preparado e atento para os imprevistos e improvisos da vida. Na Escola, uma das expressões mais utilizadas é: “Presta atenção no que a professora está falando”.  Nas redes sociais é muito comum encerrar uma conversa com os amigos virtuais usando o jargão: “Se cuida”.

Todas estas expressões são uma forma de entender o Advento. Este tempo que inicia um novo ano litúrgico na vida da Igreja e acende a esperança na proximidade do Natal não é outra coisa senão a garantia de que quem estiver atento a tudo o que acontece mais facilmente vai perceber a realização das promessas e de muita coisa extraordinária que passaria em branco ou diminuída pela mídia e pelo consumo próprio das festas de fim de ano.

No Evangelho deste primeiro domingo do Advento Jesus faz um alerta, que poderia ser parafraseado com a expressão: “O seguro morreu de velho”. Isto é, Jesus garante que em todos os tempos aqueles que estavam distraídos não perceberam os sinais e foram surpreendidos por acontecimentos que poderiam ter sido evitado.  Ele alerta aos seus conterrâneos, não para causar pânico, nem tampouco para apagar a esperança, pelo contrário reafirma a ideia que sua vinda é certa e que não está associada a um tempo cronológico, mas ao modo como as pessoas se relacionam no cotidiano da história. Nesta preparação para o Natal, o evangelho é um convite para cada pessoa nestes tempos: “Fiquem também vocês preparados” para o que acontece no hoje da história.

O que aconteceu no tempo de Jesus o profeta já havia predito 700 anos antes: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”. Porque aquele que julgará o mundo com justiça transformará também todos os sinais de morte e de dor em instrumentos de trabalho.

Eis que a Igreja inteira repete a certeza do salmista: “Que alegria, quando ouvi que me disseram: 'Vamos à casa do Senhor!' Por amor a meus irmãos e meus amigos, peço: 'A paz esteja em ti!' Pelo amor que tenho à casa do Senhor, eu te desejo todo bem”.

E não fora de propósito Paulo fala aos romanos: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé”.


Também para os cristãos do terceiro milênio a recomendação de Paulo e as palavras de Jesus ganham atualidade. A igreja se reúne na preparação do Natal exatamente para pedir forças para caminhar neste mundo em direção ao Reino. É por isso que se reza no início da missa: “Que caminhando com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DOMINGO DE CRISTO REI 2016

SENHOR LEMBRE-SE DE MIM...

Intrigas, fofocas, disputa de poder, busca de prestígio, culto ao ego do chefe, são ações que acompanham o dia a dia das pessoas, das famílias, das instituições e da própria Igreja. O Papa Francisco tem feito inúmeras críticas ao modo como se dá a busca e o exercício do poder na Igreja e da Igreja.  Francisco usa com frequência expressões como “sede de poder”, “deslealdade”, “jogo duplo”, “mundanidade”. Todas expressões que são contrárias ao que se quer e se pensa como “Reinado de Deus”.  Estas situações não são novas, pelo contrário, fazem parte da longa história humana na face da terra.

Na Primeira leitura deste domingo  Samuel conta o desfecho da luta de poder entre os governantes dos reinos divididos de Israel e como as tribos de Israel decidiram pedir a Davi que reinasse sobre todos cuidando de todo o povo.  Neste contexto de disputas internas o governo de Davi foi entendido como uma extensão do justo reinado de Deus. Na prática isso não se concretizou, embora fosse a intenção original do projeto. 

A comunidade dos colossenses, no tempo de Paulo, vivia também situação semelhante aquela do tempo de Israel.  Paulo  escreve fazendo algumas recomendações e afirma que para quem permanece firme na verdadeira e única doutrina pode ter certeza que Deus o livrará do “poder das trevas” e garantirá  “o Reino do seu filho muito amado”. 

Ora, qual é o reino do Filho muito amado, senão aquele inaugurado por Cristo na cruz e que se reza na missa: “Reino da verdade, da justiça, do amor e da paz”. Na cruz, entre dois ladrões e rodeado por todos os que desejam o poder e disputavam os espaços focados nas mesmas situações que muitas vezes hoje também as pessoas estão envolvidas, Jesus inaugura um novo Reino que pode ser chamado Reino da “Misericórdia e da vida”. Representando a humanidade que busca um novo modo de ser e de viver o “bom ladrão” recebe a promessa de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. Este hoje não se refere ao tempo cronológico, mas garante a salvação definitiva que a vida, a morte e a ressurreição de Jesus garantiu para a humanidade inteira. 

Celebrar Cristo Rei é um convite para cada pessoa, mas também para a Igreja inteira e para a sociedade em geral a repensar sua existência, seus valores e sua prática cotidiana em relação às manias de grandeza, luta pelo poder, rivalidades e mágoas desnecessárias. 

Que a oração de todos alcance o coração de cada um. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 13 DE NOVEMBRO DE 2016

A SALVAÇÃO VIRÁ PARA TODOS

“Somos gente da esperança, que caminha rumo ao pai, somos povo da aliança que já sabe aonde vai. De mãos dadas a caminho, porque juntos somos mais, a plantar um novo reino de unidade amor e paz”.

Este verso de uma canção religiosa frequentemente entoada em nossas comunidades ajuda compreender a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo. No tempo do profeta Malaquias vivia muita gente boa, mas também muitos injustos e pecadores. Inconscientemente e muitas vezes até convencidos os bons não conseguiam entender porque os maus conseguiam prosperar com certa facilidade enquanto os bons tinham grande dificuldade de progredir e melhorar de vida. É claro que diante desta realidade mais facilmente o desânimo toma conta das pessoas. Neste contexto o profeta aponta para o futuro, devolvendo-lhes a coragem e a esperança: Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”.
Esta é também a certeza que o salmista proclamou e que a Igreja reza neste domingo: Exultem na presença do Senhor, pois ele vem, vem julgar a terra inteira. Julgará o universo com justiça e as nações com equidade”.
Na mesma perspectiva São Paulo escreve aos Tessalonicenses: “Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém”. Paulo é categórico ao afirmar não se iludam com promessas de uma vida fácil, pelo contrário não deixem de trabalhar e de fazer de modo bem feito todas as coisas.
E Jesus, no evangelho, recorda diversas situações do cotidiano que podem ser motivo para desanimar e não ter coragem de lutar por um mundo melhor. Nenhum medo, nenhuma ameaça, nenhuma preocupação diz Jesus, deve ser maior do que a certeza que “Vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É  permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”.
A vida de Jesus, a história das pessoas, das famílias, da sociedade e da própria Igreja são provas que depois de cada grande provação e tempo de dificuldade sempre há um novo alvorecer que se confirma na fé e na esperança que nunca morre. Esta certeza as pessoas experimentam pela graça do Espírito Santo que mora nos corações e renova a face da terra.

A assembleia cristã reunida reafirma na oração que sua vida está nas mãos de Deus em quem continuam confiando e em quem depositam toda a esperança.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DOMINGO DE TODOS OS SANTOS

SEDE SANTOS COMO DEUS É SANTO

Basta acessar qualquer ambiente noticioso para encontrar uma infinidade de ações humanas que podem ser classificadas como devastadoras ou pelo menos destruidoras da própria vida humana e do ambiente em que se vive. É o extermínio de espécies aninais e vegetais, é o descarte de objetos e equipamentos eletroeletrônicos de forma inadequada, é a poluição do ar e das águas, são seres humanos maltratados e considerados como bem de consumo durável e objeto de lucro e prazer. Neste contexto se ouve a primeira leitura deste domingo começando com as seguintes palavras: “Não danifiquem a terra, nem o mar nem as águas”.
É verdade que o grito é dirigido aos anjos, mas a sociedade contemporânea não precisa de anjos para fazer mal, o próprio ser humano é o principal causador de todas as formas de destruição e desrespeito. A pessoa humana, muitas vezes, se identifica com a máxima: “Lobo de si mesmo” sacrificando a própria esperança como se fosse a indústria da destruição.
Mais do que nunca a humanidade precisa de santos, e da força daquele que é o Santo dos santos, isso é, o próprio Deus que salva, que acolhe e que em Jesus Cristo lava a multidão das suas criaturas no “sangue do cordeiro”. No meio da multidão, quantos também podem ser reconhecidos como santos por causa do seu comprometimento com um mundo mais justo, mais humano e melhor.
Apesar dos pecados de cada pessoa e da humanidade inteira, Deus não rejeita, nem exclui ninguém, como se lê na segunda leitura: “Desde já somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é” (1 Jo3, 2).
Um dia, é certo, todos verão a Deus tal como ele é. Isto é um acender de esperança e um conforto que permite acreditar que a humanidade ainda tem salvação e que a certeza de um tempo e de uma vida muito melhor ainda se concretizará.
O que se espera de cada pessoa em meio a esta avalanche de problemas e de incertezas e ao mesmo tempo de promessa e de aconchego da parte de Deus é um empenho para alcançar a santidade.
Para ser santo e construir uma sociedade e um planeta santo, com responsabilidade pela “Casa Comum” cada pessoa, no seu ambiente e no cotidiano de suas ações é desafiado a viver as Bem aventuranças do Evangelho.
Que o Senhor conceda a graça, a coragem e a determinação de não ser participante da destruição, antes de caminhar na esperança que o encontro definitivo com o Pai de toda a vida começa a ser construído aqui com a responsabilidade individual e coletiva pelo cuidado com todas as formas de vida.









quarta-feira, 2 de novembro de 2016

GRAÇA SOBRE GRAÇA

Vinte e seis anos depois daquela tarde chuvosa do dia três de novembro do ano 1990, ergo os olhos para o céu e proclamo como o salmista: “Senhor, tu me examinas e me conheces, sabes tudo o que eu faço e de longe conheces os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando” (Salmo 139, 1- 3).
Neste ano, mais uma vez, rendo graças a Deus pelo chamado que me fez para o ministério presbiteral. Cada dia mais tenho convicção que o dom recebido no dia do batismo se aperfeiçoa pela graça de Deus que vai se renovando sempre que abrimos nosso coração e nos colocamos com todas as nossas limitações e pecados diante daquele que nos escolheu.
Celebro com cada pessoa, que ao longo destes vinte e seis anos caminhou e caminha comigo, a graça da minha ordenação presbiteral e peço que juntos rezemos a fim de que Deus continue dando a graça da resiliência e da perseverança.
Faço minhas as palavras da Médica Costa Riquenha, Helena López de Mézerville:

É preciso partir do fato de que o sacerdote diocesano assume a sua vocação e sua decisão de formar-se para esse ministério de modo livre e voluntário, diante de um chamado pessoal interpretado a partir da fé, que o leva a dar uma resposta ao tu infinito de Deus, que lhe pede o dom de si mesmo, comprometendo toda a sua vida. Por isso essa resposta deve ser um ato livre e generoso (Mézerville, 2012, p.154).

Isso me faz recordar o lema que escolhi no dia da minha ordenação presbiteral: “Servir na alegria e na caridade”. “Apesar disso não posso negar que algumas vezes a vida presbiteral apresenta épocas de vazio existencial e experiências de falta de sentido, próprias da vulnerabilidade do ser humano” (Mézerville, 2012, p.154).
Porém é certo que guardar a intimidade com Deus e com os irmãos no sacerdócio, é condição para manter-se fiel ao chamado e a missão que Ele nos confiou e nos chama a buscar a santidade cada dia. Santidade que se encontra na realização das responsabilidades pastorais e que fazem superar o esgotamento emocional e procurar o exemplo dos padres santos que

São humildes que muitas vezes acatam as ordens dos padres não santos, os de carreira; dos santos que buscam realizar coisas e bens deste mundo onde muitos tem mais necessidades; dos padres santos que não vivem nos palacetes da Igreja; dos padres santos que vivem com fidelidade o celibato; dos padres santos que rezam e que trabalham (Andreoli, 2010, p. 321).


Em 2016 Deus me deu a graça de celebrar o dom da minha ordenação conhecendo pessoalmente e pedindo a bênção ao “Padre Santo” que há exatos 54 anos, me fez participante do sacerdócio de Cristo pelo Sacramento do Batismo. Ontem (01/11) encontrei em Curitiba o Padre Emílio Lippens, que no ano de 1962, iniciava sua vida presbiteral na Paróquia Santo Antônio em Dois Vizinhos no Paraná e me conferiu o sacramento do batismo no dia 29 de janeiro de 1963. ISSO É GRAÇA SOBRE GRAÇA!

Para completar uso o título do documento do Papa Francisco: “Louvado Sejas” pela irmã natureza. A orquídea que ganhei no dia da celebração dos meus 25 anos de ordenação me presenteia, neste 03 de novembro, com uma nova florada. Dentre todas as atividades da missão, uma delas é também “Cuidar da Casa Comum”.




sábado, 29 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 30 DE OUTUBRO 2016 - 31º COMUM ANO C

DEUS AMA TUDO O QUE ELE FEZ

A pessoa humana, na sua história e na relação com os demais muitas vezes e com facilidade faz juízo equivocado de si mesmo e dos outros. Na biografia de um estadista brasileiro que governou o país durante a ditadura militar ele mesmo descreve a pessoa com as seguintes palavras: “Deus não pode ter criado o ser humano, ele não seria tão mau assim para criar um ser tão abominável”. Não resta dúvida que esta é uma das maneiras equivocadas de compreender a pessoa e a existência humana.
A Palavra de Deus escolhida para a liturgia deste domingo é mais do que clara e permite facilmente compreender quem é Deus  e a sua obra e qual a relação dele com tudo o que existe.
No livro da Sabedoria o autor afirma: Senhor, o mundo inteiro, diante de ti,
é como um grão de areia na balança, uma gota de orvalho da manhã que cai sobre a terra. Entretanto, de todos tens compaixão, a todos, porém, tu tratas com bondade,
corriges com carinho os que caem e os repreendes, lembrando-lhes seus pecados,
para que se afastem do mal”.
Ter essa compreensão de quem é Deus levou a criatura humana proclamar em todos os tempos, como se faz no salmo deste domingo: “O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.  Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam”.
É este o Deus que São Paulo anunciou com sua vida e sua palavra, e na leitura de hoje esclarece: Deus vos faça dignos da sua vocação. Que ele, por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé”.
A mesma imagem de Deus foi dada por Jesus aos seus conterrâneos. No caso do Evangelho de hoje, a baixa estatura de Zaqueu pode também ser interpretada como a compreensão que ele mesmo tinha do seu pecado e da sua fragilidade,  Jesus, porém, não considera isso, vai ao seu encontro e isto já é o suficiente para que o pecador reconheça o seu pecado e se disponha mudar de vida: “Zaqueu recebeu Jesus com alegria e afirmou: Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e aqueles com quem fui desonesto, vou devolver quatro vezes mais”.

A Palavra de Deus é um estimulo para cada pessoa, nestes tempos, reconhecer-se, não como sujeito deplorável, incorrigível e pecador inveterado, mas como criatura amada por seu criador e capaz de se converter e continuar recebendo a mesma Palavra consoladora de Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também esta pessoa é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho de Deus veio procurar e salvar o que estava perdido.”

sábado, 22 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 23 DE OUTUBRO DE 2016

DEUS VIU QUE TUDO ERA MUITO BOM (Gn 1,31).

A Defesa Civil de Santa Catarina confirmou que os temporais afetaram mais de mil residências e atingiram seis mil pessoas em Santa Catarina nesta semana, deixando um rastro de destruição por todas as regiões do Estado. A notícia sensibilizou a todos e fez  surgir inúmeras iniciativas solidárias para diminuir o sofrimento das vítimas destas catástrofes. Sem sombra de dúvida a ajuda aos sofredores é uma obra de misericórdia que pode ser também compreendida como ação missionária.
A Igreja celebra neste domingo o dia mundial das missões, que neste ano teve como lema: “Cuidar da Casa Comum é nossa missão”. A oração missionária sugerida para este tempo diz assim: “Guia-nos com teu espírito, para que cuidemos com responsabilidade...”  Neste contexto é possível compreender a Palavra de Deus neste domingo mediante a qual cada pessoa pode fazer o seu exame de consciência em relação à sua ação e participação comunitária no cuidado com a Casa Comum.
Na Parábola do Fariseu e do Publicano é preciso ter presente que Jesus não está apresentando duas pessoas afirmando que um é bom e que o outro é mau. Os dois são membros de uma mesma comunidade, cada um enxerga o mundo e as pessoas sob um determinado ponto de vista. Ambos tem valores e contra valores. A comparação de Jesus não é em relação à bondade de um ou de outro, mas em relação ao modo como os dois se apresentam diante de Deus. Um deles, no caso o Fariseu, se autodenomina cumpridor de todas as normas e leis  e, portanto, tem a certeza que não tem pecado e nem precisa de perdão. O outro, pelo contrário, bate no peito e clama por misericórdia. É este o mérito do último e não a sua condição de vida.
É isto que a assembleia cristã foi convidada a rezar no salmo deste domingo: “Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, e castigado não será quem nele espera”.  Reconhecer o seu pecado e apresentar-se arrependido diante de Deus é atitude mais adequada para cada pessoa também na atualidade e uma atitude desejada para este ano da misericórdia.
Deus não faz distinção entre as pessoas, Ele não é parcial em prejuízo daquele que nele confia. São Paulo também tem esta certeza, e às vésperas de ser executado reafirma o que sempre acreditou: o Cristianismo não é a religião da lei, mas da liberdade. A Salvação vem pela fé e pela escolha que cada um faz de aceitar a pessoa de Cristo caminhando ao seu lado.
Nestes dias e diante das catástrofes ambientais que se abateram sobre Santa Catarina, certamente uma correta atitude dos cristãos é olhar para o seu dia a dia perguntando-se em que medida suas ações foram missionárias e responsáveis naquilo que diz respeito ao Cuidado com a Casa Comum. Já não se trata somente de ser solidário diante da tragédia alheia, mas de reconhecer que muito mais poderia ter sido feito para evitar que estas coisas se repetissem como tem sido frequente em terras catarinenses.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Homilia para o dia 16 de outubro de 2016.

DO SENHOR É QUE VEM O MEU SOCORRO

“São mais santas as mãos que ajudam do que os lábios que rezam”, esta frase atribuída a Santa Tereza de Calcutá pode dar a impressão que a oração não tem muita importância na vida de uma pessoa. Os bispos do Brasil também escreveram sobre a oração afirmando mais ou menos assim: “preocupa-nos certo tipo de oração desligada da vida e muito intimista sem sintonia com a realidade”.
É sobre oração em sintonia com os problemas do dia a dia que fala a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo. O livro do Êxodo narra uma dura batalha que o povo de Israel precisou enfrentar contra um grupo de assaltantes que era comum naquele tempo. O texto atribui a vitória dos Israelitas sobre os inimigos graças a perseverança de Moisés na oração. E mais do que a perseverança de Moisés, a ajuda de Aarão e Ur que lhe sustentavam quando já estava cansado.
São Paulo continua sua catequese para o amigo Timóteo e reafirma o que já havia dito em outras ocasiões: A primeira tarefa de todo Cristão e dar testemunho de Jesus. E isto é claro se faz antes de tudo pela perseverança na oração como Jesus mesmo fazia em todos os momentos em que se preparava para alguma decisão difícil. Ou como ensinou aos discípulos: “quando rezarem digam, Pai nosso...”
Fazendo recordar como as viúvas eram abandonadas e sem ninguém que lhes viesse em socorro, Jesus conta a parábola do juiz injusto na relação com uma dessas pessoas para quem ninguém prestava atenção. A persistência da viúva no trato com o juiz sem compaixão aparece a mesma condição da perseverança na oração.
Assim como o juiz, que bem sabia qual a sua tarefa e verdadeira missão, Deus também sabe todas as necessidades humanas. O juiz acaba atendendo a viúva padra se ver livre dela e da sua importunação. Jesus concluí: “Deus é bom e sabe dar coisas boas aos que lhe pedirem”.  
Em resumo é importante não duvidar que Deus não é um desocupado que está sentado observando os problemas para atender só quando for solicitado pela oração. Deus vê os desafios cotidianos e nunca deixará de atender as necessidades e pedidos daqueles que a ele se dirigem com fé.
O evangelho termina com uma pergunta muita dura: “Acaso o filho do homem encontrará fé sobre a terra”. É esta a primeira e mais fundamental preocupação de toda pessoa humana: é necessário e importante rezar, mas não simplesmente repetir fórmulas sem convicção daquilo que se reza e que se pede.
É por isso que a igreja inteira canta com o salmo: “O Senhor te guardará de todo o mal, ele mesmo vai cuidar da tua vida! Deus te guarda na partida e na chegada.  Ele te guarda desde agora e para sempre! Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra. 



domingo, 9 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA

FAÇAM TUDO O QUE ELE LHES DISSER...

As notícias sobre a situação do Brasil apontam para uma retomada e melhora das condições sociais e econômicas do país, para daqui a três ou quatro anos. Em virtude da crise moral que assola o país o sofrimento de milhões de brasileiros continua muito intenso e mais do que nunca hoje se pode rezar e pedir como fez o Papa Francisco na inauguração da estátua de Nossa Senhora Aparecida nos Jardins do Vaticano, em setembro de 2016, na ocasião disse o Papa: “Que Nossa Senhora Aparecida proteja todo o Brasil e todo o povo brasileiro neste momento muito triste”.

Este pedido do Papa, também se reza na consagração a N. Sra. Aparecida: “Ó Maria Santíssima, que em vossa querida imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil, eu, cheio (a) do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado (a) a vossos pés consagro-vos meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis”.
A Palavra de Deus que se proclama na liturgia da Solenidade de N. Sra. Aparecida de algum modo também apresenta como desde sempre a figura da mulher na Bíblia significou uma poderosa intercessão nos momentos de dificuldade que as comunidades enfrentaram ao longo da história.
Na primeira leitura, o povo judeu estava condenado ao extermínio quando a rainha Ester se apresenta diante do rei e lhe pede apenas uma coisa: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo”.
No texto do Apocalipse uma mulher vestida de sol e trazendo em seu corpo outros sinais de vida, enfrenta o dragão, símbolo da morte. No final do embate, embora frágil a vida e a mulher terminam vitoriosas.
Nas bodas de Caná, mais uma vez “a mulher” e agora personificada em Maria, intervém e garante a continuidade da festa superando mais uma vez a lei do puro e do impuro. A participação de Maria neste novo tempo da história de Israel supera todas as expectativas e dá início à manifestação gloriosa da vida de Jesus no meio das pessoas.
Mais do que nunca, na atualidade, o cristão tem certeza que invocar Maria como intercessora nos momentos de dificuldade implica compreender a profunda ligação da Mãe com seu filho Jesus, que muito mais do que laços de carne e de sangue é expressa por uma extraordinária força espiritual.

Que a Eucaristia, a Oração e Palavra de Deus alimentem a vida de todos na luta contra o mal, pela libertação e pela dignidade de todos. Que a Igreja inteira compreenda e ajuda a compreender o que se reza: “modelo de santidade e advogada nossa”.