sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2017

QUE DEUS NOS DÊ SUA GRAÇA E SUA BENÇÃO

As felicitações para o ano novo são repletas de desejos e conselhos para alcançar a felicidade e a realização de todas as necessidades para uma melhor qualidade de vida. Tudo isso é verdadeiro e necessário e faz bem para todos receber as felicitações e desejos para o ano novo. Porém a Palavra de Deus que se lê na liturgia deste primeiro do ano, apesar da sua antiguidade e repetitividade continua sendo o mais extraordinário desejo e a maior necessidade para o ano novo.
Na primeira leitura se lê: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto
e te dê a paz”.
Alguns preferem chamar Deus com tantos outros nomes, neste momento não é o mais importante, mas é certo que acreditar e pedir a sua bênção e presença em todos os dias do ano novo é a forma mais adequada para felicitar e comemorar a entrada do novo ano.
Neste sentido também a Igreja que se reúne em assembleia reza: Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a terra”.
E São Paulo afirma: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá - ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus”.
O filho que nos fez herdeiros de todas as promessas de Deus é aquele que os pastores reconheceram no menino de Belém e que voltaram glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.
É por causa desta verdade que as felicitações de ano novo ganham sempre um novo sentido e que neste ano o Papa Francisco manifesta na mensagem de paz enviada ao mundo: “Peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra.  O próprio Jesus viveu em tempos de violência. Ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: «Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos. Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência. Se a origem donde brota a violência é o coração humano, então é fundamental começar por percorrer a estrada da não-violência dentro da família. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz.”





terça-feira, 27 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A MISSA DOS MOTORISTAS - IGREJA MATRIZ SÃO JOAQUIM - VERÊ PARANÁ - 28 DEZEMBRO 2016

SE O SENHOR NÃO ESTIVESSE AO NOSSO LADO...

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública depois do acidente fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.
A manifestação deste jogador não é diferente do dia a dia dos motoristas e de tantos outros profissionais da estrada. Não são poucas vezes que os desafios da estrada são maiores que as próprias forças, entretanto é também verdade que a força da fé supera as provações e permite continuar na luta.
São Paulo, na segunda carta aos Coríntios, relata as próprias dificuldades nas suas viagens missionárias, no capítulo 11, versículos 26 a 29 se lê: “Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo”.
A liturgia da Igreja para o dia de hoje celebra a festa dos Santos Inocentes, fazendo memória das crianças assassinadas pelo rei Herodes, quando perseguia Jesus reconhecido como o “recém-nascido Reis dos Judeus”.
Na primeira leitura da carta de João está escrito: “A mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e lhes anunciamos é esta: Deus é luz e nele não existe trevas”. Dito de uma outra forma, para quem reconhece Deus, nenhum sofrimento, nenhuma provação, nenhuma dificuldade será maior do que todos os desafios que o mundo oferece.
É por isso que nós rezamos no salmo da liturgia de hoje: “O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra”
Para quem confia no Senhor, a falta de consolo e a dor daqueles que partem não é maior do que a coragem de “José que levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito”.

Sem sombra de dúvida a manifestação que fazemos no dia de hoje como ação de graças pelos trabalhos do ano é a melhor maneira de reconhecer o que disse o jogador: “Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus” 

sábado, 24 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A NOITE DO NATAL 2016

SALVOS POR SUA MISERICÓRDIA

Todos os grandes acontecimentos da história humana exigem longa preparação e envolvem pessoas e instituições. O mundo contemporâneo e o mercado do negócio prepara os eventos com campanhas publicitárias que envolvem também muito dinheiro. Algumas vezes até os cristãos se deixam contaminar por esse sentimento e a festa do Natal em lugar de ser uma oportunidade para a solidariedade, o perdão e a confraternização se resumem na troca de presentes e no comércio de interesses.
A Palavra de Deus que se proclama na missa da noite do Natal aponta para outra direção e nesta perspectiva celebrar o nascimento de Jesus é uma ocasião para reconhecer a Misericórdia de Deus que vem ao encontro da pessoa humana para lhe garantir a salvação.
O profeta falou ao povo num tempo em que o sofrimento e a dominação estrangeira era a marca mais forte em Israel. E no meio desta situação Isaias garante: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem os frutos” e continua o profeta: “um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”.
Também a Igreja hoje compreende a profecia e canta o Salmo: Anunciai dia a dia a sua salvação, publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas. Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas”.
São Paulo confirma na carta a Tito: “Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens”.
O menino que nasceu em Belém e cuja presença é celebrada em cada Natal é a realização de tudo o eu havia sido anunciado. Por isso mesmo a assembleia reunida em oração na noite de Natal renova a proclamação feita pelos anjos aos pastores: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido”.
Celebrar o Natal implica compreender e ajudar cada pessoa também compreender que o amor de Deus que se preocupa com todos e que a felicidade de todos. A salvação de Deus não se manifesta nos grandes eventos da história, mas na simplicidade das coisas de cada dia.

Que Maria ensine a todos reconhecer o verbo que se fez carne e que veio habitar entre nós por meio de quem também a humanidade reconhece Deus que vem  e que o profeta já havia chamado de Príncipe da Paz!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 18 DE DEZEMBRO DE 2016 - 4º DO ADVENTO

EM JESUS DEUS SALVOU A TODOS

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.

Na mensagem que o Papa enviou por ocasião da morte do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Francisco o qualificou de “pastor que no seu ministério eclesial se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo a todos apontando a estrada da verdade na caridade e do serviço à comunidade em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”.

Ora, o Senhor Maravilhoso, que o jogador reconhece e a quem atribui o milagre da vida é o mesmo que Dom Paulo testemunhou ao longo da sua vida, é o mesmo que os profetas anunciaram e que Maria recebeu com amor de Mãe e que São Paulo apresenta aos Romanos na carta que se lê na liturgia deste domingo: “Jesus Cristo, Nosso Senhor. É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé...” e conclui: “A vós todos, amados de Deus e santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo”.

Dois mil anos depois, diante de tantas manifestações que reconhecem a presença de Deus no mundo, os cristãos se reúnem para celebrar o mistério daquele que se fez humano e que “nos alimenta com o pão do céu e garante para toda pessoa humana a salvação e a paz”.

Celebrando na comunidade reunida cada pessoa é sempre convidada a estreitar os laços de comunhão com Deus por meio da comunhão com todos especialmente com aqueles que mais sofrem. Neste sentido ganha ainda mais sentido as palavras do jogador quando afirma: Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus”. Ou as Palavras do Papa a respeito do Cardeal Arns: “Se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”. 

Que Maria a Mãe da misericórdia ajude também cada pessoa neste natal a mostrar Cristo ao mundo como um presente do Pai para todos e que alivia a dor e os sofrimentos a que todos estão sujeitos.


sábado, 10 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 11 DE DEZEMBRO DE 2016

FORTALEÇAM SUA VIDA NA ESPERANÇA

Três situações ajudam a compreender a Palavra de Deus deste terceiro domingo do advento. Uma delas está na comparação que São Tiago faz na segunda leitura de hoje: “Vejam o agricultor que espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera”. Não precisa muitas palavras para compreender que o agricultor vive, ano após ano, sempre da Esperança.

A segunda situação é perceber como apesar de onda de corrupção que vem sendo denunciada no país inteiro, com tudo o que se tenta fazer para evitar que isso aconteça, frequentemente se vê que alguns corruptos vão sendo presos e condenados. Nos últimos 13 anos cerca de seis mil servidores públicos federais, envolvidos em corrupção foram expulsos do serviço público e condenados a ressarcir aos cofres públicos os prejuízos que causaram.

O avanço da medicina e os recursos tecnológicos disponíveis permite que uma mãe grávida se prepare emocionalmente de modo mais tranquilo e seguro para o nascimento do seu bebê. Os exames pré-natal, a realização da ultrassonografia e outros tantos recursos vão garantindo a mãe a alegre expectativa para o nascimento da criança. 

Todas estas situações, são geradoras de esperança, tendo sempre presente que cada uma delas é sempre de expectativa e curiosidade.

É assim que o Profeta Isaías, escreve ao povo de Israel que vivia numa profunda crise, enquanto voltava do exílio. A palavra do Profeta conforta os desiludidos e sofredores: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: 'Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é ele que vem para vos salvar”.

Na mesma proporção o salmista canta: “O Senhor é fiel para sempre, Ele ampara a viúva e o órfão, mas confunde os caminhos dos maus”.

E Jesus conforta os amigos de João, que já estava na prisão, depois de haver denunciado muitos políticos corruptos do seu tempo. Questionado se Ele era o Messias, Jesus não responde com grandes discursos, mostra os fatos: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim”.

Em resumo, a esperança do Cristão é o próprio Jesus, cuja vinda é certa, por isso o advento é um convite a rezar com devoção e firmeza: “Concedei Senhor que nos preparemos com fervor para o Natal do Vosso Filho”.


Certamente a preparação do Natal pede de cada pessoa a mesma atitude de Jesus: ser solidário e agir sempre para diminuir o sofrimento das pessoas, sobretudo daqueles com quem se compartilha o dia a dia da casa, do trabalho, da igreja e da sociedade. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 04 DE DEZEMBRO DE 2016 - 2º DO ADVENTO ANO A

A ESPERANÇA NUNCA MORRE


Os fatos ocorridos nesta semana que culminaram com a morte de 76 pessoas num acidente aéreo, os protestos ocorridos em Brasília com a votação da PEC 241 no Senado Federal, da lei anticorrupção na Câmara dos Deputados, da decisão do Supremo Tribunal Federal declarando que o aborto antes dos três meses não é crime, de algum modo dizem respeito a todos. É claro que nenhum destes fatos pode ser visto como bom e positivo, apesar disso eles ajudam a reacender a esperança.

O Bispo de Chapecó, na mensagem que dirigiu ao mundo por ocasião do funeral coletivo na Arena Condá, começou com estas palavras: “A reunião de hoje tem o objetivo de celebrar a vitória da Esperança” e citou o profeta Isaías, no mesmo texto que se lê na liturgia deste domingo: “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra ele seu prazer”. Esta afirmação foi feita ao povo de Israel 700 anos antes do nascimento de Jesus, quando o povo sofria terrivelmente sob o domínio de um governo injusto causando todas as formas de dor e de morte.

Isaías conforta os desassistidos com palavras de esperança: “a partir da raiz surgirá o rebento de uma flor”, na mesma intensidade a igreja reunida neste segundo domingo do advento proclama com o Salmo: “Nos seus dias a justiça florirá”.

São Paulo escreve aos Romanos, o que pode ser aplicado também nestes tempos: “Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança. O Deus que dá constância e conforto vos dê a graça da harmonia e concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus”.

E Mateus apresenta a pessoa de João Batista e o seu anuncio da chegada daqueles que vinha sendo prometido por muitas gerações. A chegada do messias pede uma mudança de vida e João Batista não tem medo de desafiar a todos para um novo estilo de vida: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo. Produzi frutos que provem a vossa conversão. Eu vos batizo com água para a conversão”.

Certamente estas palavras se aplicam ao cotidiano da vida e especialmente no confronto com os fatos ocorridos nesta semana. Diante de toda dor, de todo sofrimento e de toda a injustiça cada pessoa pode se perguntar: Em que medida preciso modificar o meu modo de ver e fazer as coisas para caminhar na esperança e com tranquilidade para o encontro do Senhor que vem.

É por isso que rezamos no início e no fim da missa: “Que nada nos impeça de ir ao encontro do Senhor que em; e que esta eucaristia ensine a julgar com sabedoria os valores terrenos para alcançar os bens eternos”

Em outras palavras que nada apague a esperança!