FAZER O BEM SEM OLHAR A QUEM...
Não
parece difícil de compreender como a sociedade é excludente e cultiva atitudes
que nada ajudam na construção de um mundo mais acolhedor e humanizado. Com
facilidade é possível ver em muitos lugares depósitos de “sucatas”. São móveis,
automóveis, bens duráveis que foram considerados inservíveis e deixados à
margem das estradas, nos depósitos a céu aberto, jogados às margens de rios. Todos
eles, obviamente, nada trazem de benefício para a sociedade. E embora se tenha
consciência desta realidade a prática do descarte continuar sendo uma constante
em todos os lugares.
A
Igreja celebra neste primeiro domingo depois do natal a festa da Sagrada
Família neste contexto a Palavra de Deus e o ensinamento da Igreja são preciosa
ajuda para perceber como muitas vezes tratamos as pessoas com a mesma dureza e
frieza como se faz com os bens jogados nos depósitos como se fossem
inservíveis.
O
livro do Eclesiástico é claro no seu ensinamento: “Deus honra o pai nos filhos... por isso, ...Mesmo
que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser
compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida, a
caridade feita a teu pai não será esquecida, mas
servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação”.
São Paulo pede aos
colossenses: “revesti-vos
de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um
tiver queixa contra o outro. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais. Pais, não
intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem”
A atitude de
acolhimento relatada no evangelho, tanto pela pessoa de Simeão, quanto da
profetiza Ana são gestos indispensáveis para quem quer compreender o valor da
vida e respeitar as pessoas na condição em que elas se encontram.
O Papa Francisco, em
seu documento Alegria do Amor faz um apelo e pede que todos indistintamente
tenham a prática da acolhida e do respeito. O Papa afirma: “Mesmo para as
famílias que estão em crise ou imersas em algum sofrimento, é importante
acolher e mostrar que o ideal pleno é aquele em que Deus mesmo enxugará todas
as lágrimas e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto nem dor...”
O desafio para todos na
celebração da Sagrada Família é reconhecer que nas relações humanas não pode
ter lugar e oportunidade para o descarte e que ninguém, independente da
condição em que se encontra deva ser considerada inservível e desprezada.
Que o Evangelho nos
converta e nos mostre o verdadeiro caminho.