sábado, 30 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA A FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA - 31/12/2017

FAZER O BEM SEM OLHAR A QUEM...

Não parece difícil de compreender como a sociedade é excludente e cultiva atitudes que nada ajudam na construção de um mundo mais acolhedor e humanizado. Com facilidade é possível ver em muitos lugares depósitos de “sucatas”. São móveis, automóveis, bens duráveis que foram considerados inservíveis e deixados à margem das estradas, nos depósitos a céu aberto, jogados às margens de rios. Todos eles, obviamente, nada trazem de benefício para a sociedade. E embora se tenha consciência desta realidade a prática do descarte continuar sendo uma constante em todos os lugares.
A Igreja celebra neste primeiro domingo depois do natal a festa da Sagrada Família neste contexto a Palavra de Deus e o ensinamento da Igreja são preciosa ajuda para perceber como muitas vezes tratamos as pessoas com a mesma dureza e frieza como se faz com os bens jogados nos depósitos como se fossem inservíveis.
O livro do Eclesiástico é claro no seu ensinamento: “Deus honra o pai nos filhos... por isso, ...Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida, a caridade feita a teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação”.
São Paulo pede aos colossenses: “revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem”
A atitude de acolhimento relatada no evangelho, tanto pela pessoa de Simeão, quanto da profetiza Ana são gestos indispensáveis para quem quer compreender o valor da vida e respeitar as pessoas na condição em que elas se encontram.
O Papa Francisco, em seu documento Alegria do Amor faz um apelo e pede que todos indistintamente tenham a prática da acolhida e do respeito. O Papa afirma: “Mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas em algum sofrimento, é importante acolher e mostrar que o ideal pleno é aquele em que Deus mesmo enxugará todas as lágrimas e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto nem dor...”
O desafio para todos na celebração da Sagrada Família é reconhecer que nas relações humanas não pode ter lugar e oportunidade para o descarte e que ninguém, independente da condição em que se encontra deva ser considerada inservível e desprezada.

Que o Evangelho nos converta e nos mostre o verdadeiro caminho. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA DE NATAL 2017 - ANO B

A PALAVRA TEM ROSTO

O Papa Bento XVI definiu a expressão: “A Palavra se fez carnê e habitou entre nós” dizendo que a Palavra se tornou tão pequena a ponto de caber numa manjedoura. E na manjedoura a Palavra ganhou um rosto, pelo qual todos podem conhecer a Deus.
O mistério de conhecer o rosto de Deus é o resumo das três leituras da celebração do Natal. Como diz o poema de Fernando Pessoa: “Ele é a eterna criança, o Deus que faltava”.
Dois mil anos depois como pode ser revelado o rosto de Deus se não por meio das atitudes de cada pessoa com quem se convive e se partilha a vida. O rosto de Deus se manifesta de novo cada vez que se procura ter sensibilidade humana; cada vez que no seu trabalho e nas suas relações a pessoa prolonga a atitude misericordiosa de Deus.
Deus continua se fazer presente nas manjedouras do mundo quando no mais simples dos trabalhos e na mais difícil das tarefas há um empenho em promover a vida e diminuir o sofrimento das pessoas.
Quando uma pessoa não se deixa iludir por promessas e pela soberba de ocupar um lugar de destaque, ou uma posição importante nas relações sociais. A Palavra de Deus continua se tornando o rosto de Deus e faz eco no mundo quando não se deixa desperdiçar nenhuma oportunidade para fazer o bem.

O Natal é a oportunidade para se recordar de uma frase que foi dita por Santo Agostinho: “Não basta fazer o bem, é preciso fazer bem feito”. Vamos pedir a graça de ser todos os dias reconhecidos como manjedoura na qual as pessoas possam ver o rosto de Deus refletido em tudo o que fazemos. 

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DO ADVENTO - 24 DE DEZEMBRO DE 2017 - ANO B

FAZER-SE MORADA DE DEUS 
É O SONHO DE TODOS

Ser reconhecido por algum trabalho realizado, receber um elogio pelo cumprimento de alguma tarefa. Agradecer e ser agradecido são atitudes extraordinárias que tanto transformam a vida das pessoas como das sociedades. Antoine de Saint Exupery, autor do livro O pequeno príncipe fala sobre a responsabilidade e diz: “peço-te que vivas mais daquilo que dás do que daquilo que recebes”. E de fato esta atitude é extraordinária e faz um bem enorme quando levada a sério. Pois foi isso que Maria tão bem soube fazer, e fez isso à luz do exemplo de muitos homens e mulheres que viveram no seu tempo confiados à graça de Deus.

Confusa com a visita e saudação do anjo, ela dá uma resposta que modificou a história da humanidade: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”. Está claro para todos que esta resposta não foi um momento apenas, mas teve implicações para o resto da vida e que ela muito bem soube administrar e renovar sua decisão de fazer sempre a vontade de Deus.

Davi, que foi um rei poderoso e muito sábio imaginava que poderia governar até o futuro de Deus sobre a terra. Decidido a construir um templo para servir de morada, recebe uma resposta que lhe causou embaraço, Deus manda o profeta lhe fazer uma recordação que o rei não tinha se dado conta: “Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra. Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado”.

São Paulo recorda aos romanos que Jesus Cristo é a grande e extraordinária maneira que Deus encontrou para ser fazer reconhecido e amado e pede que sejam capazes de uma atitude muito simples, mas decidida: Tenham fidelidade ao evangelho que receberam.

Não resta dúvida que as orientações dadas ao Rei Davi, serviram de baliza para resposta de Maria e para sua fidelidade a vida toda. Por sua vez o seu exemplo era também um indicativo paras os primeiros seguidores de Cristo e naturalmente continua sendo útil para toda a sociedade contemporânea.


Todos indistintamente são chamados a dar seu sim a Deus e a ser portadores do Cristo que se acredita, para todos e para todos os lugares. Para isso pede-se de cada um a mesma atitude que foi pedida aos romanos: Fidelidade!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2017

ALEGRIA REVESTIDA DE REALIDADE


A expectativa de chegada das férias e festas de Natal e final de ano sem sombra de dúvida são oportunidade de intensa alegria. Alegria é também o sentimento de uma mãe grávida quando se aproxima o tempo de dar a luz. É claro que nas duas situações é uma alegria misturada com apreensão e cuidado. As férias e festas de natal, se não forem bem planejadas podem comprometer o orçamento do ano inteiro. O momento do parto é sempre de apreensão e uma certa angústia que exige cuidados particulares.
É isso que se reza na liturgia deste terceiro domingo do advento: “Dai que possamos chegar as alegrias da salvação e celebrar repletos de júbilo”. Este sentimento é o que o profeta Isaias tenta incutir no seu povo que está retomando a vida depois de ter voltado para a sua pátria. “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor”.
Os longos nove meses de gestação que toda mãe experimenta são repletos de momentos extraordinários como o que aconteceu com Maria e que a fez cantar de alegria e de medo: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”.
Não sem razão São Paulo pede aos Tessalonicenses: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”.
E João Batista desmonta curiosidade dos enviados das autoridades de Israel: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”.

Eis que cada pessoa e as comunidades inteiras reunindo-se para rezar, não fazem isso para fugir dos compromissos e desafios do mundo. Pelo contrário, todos rezam juntos para abastecer-se e se encher de coragem e entusiasmo para iluminar o mundo mais do que com palavras com o testemunho de serviço alegre e de amor comprometido com as pessoas e com tudo o que promove a vida com dignidade e alegria. 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2017 - 2º DO ADVENTO

CAMINHAR SEM PERDER A ESPERANÇA

Se dedicássemos um tempo para fazer uma retrospectiva dos noticiários de 2017, certamente não iríamos passar um dia se quer sem encontrar uma notícia sobre corrupção, ladroagem, instabilidade política e econômica. Neste segundo domingo do advento nos reunimos para rezar e a primeira oração que o padre faz na missa diz assim: “Nós vos pedimos que sejamos instruídos pela vossa sabedoria” e a última oração vai reforça o pedido: “Que a participação na Eucaristia nos ensine a julgar com sabedoria tudo o que existe na terra e a colocar nossas esperanças nas coisas do céu”.
Não fugir das coisas da terra e colocar a esperança nas coisas do céu é também o ensinamento da Palavra de Deus. O profeta Isaias fala para o povo às vésperas da libertação da escravidão que tinha sido submetido na Babilônia e para estes ele diz: Falai ao coração de Jerusalém Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus. Nivelem-se todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas: Eis o vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem. Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães”.
No salmo a liturgia repete o que o povo do Antigo Testamento fez numa mesma oração: Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei”. Pedro, na segunda leitura faz uma advertência: Uma coisa vós não podeis desconhecer, caríssimos: para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Ele está usando de paciência para convosco. Pois não deseja que alguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se”. Fique claro que se trata de uma advertência no sentido da vigilância e não de uma ameaça para colocar medo e pânico nas pessoas.

No evangelho João Batista mostra um novo jeito de mostrar o que Deus está presente no mundo: Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”. A insistência da Palavra de Deus pode ser compreendida como um desafio para todos: Enxergar a presença de Deus no mundo e realizar a mudança que essa presença implica depende de cada pessoa. Obviamente que para isso é preciso uma mudança no modo de pensar e de agir. A vida vai muito além de todo o comércio e de toda as festividades que o consumismo mercantilista oferece. Que a água do batismo conforte e renove nosso coração e nosso modo de ver e viver no mundo.

sábado, 2 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 03 DE DEZEMBRO DE 2017 - 1º DO ADVENTO ANO B

SEJAMOS TESTEMUNHAS DA CARIDADE

Os dias de dezembro são tempo derradeiro para o encerramento do ano e organização de atividades e agendas para 2018 e na liturgia da Igreja é o mês dedicado à preparação do Natal e com o tempo do advento se inicia um novo ano litúrgico. Estes dois fatos permitem fazer uma relação entre diversas verdades. Ao longo do tempo não faltaram guerras, perseguições, sofrimentos, vitórias, alegrias, surpresas. No Brasil vive-se um tempo de crise moral, política e econômica que pode ser descrita como vergonhosa, ao mesmo tempo não faltam pessoas e situações que testemunham com sua vida a presença de Deus no meio do mundo. É isso que se reza na liturgia deste primeiro domingo do advento: “Acolhamos, a fé, testemunhemos na caridade, esperamos a feliz realização do seu reino”.
Na primeira leitura, o profeta Isaias fala a partir do íntimo dos seus conterrâneos. A crise experimentada pelo povo de Israel os leva a reconhecer sua fragilidade mesmo sabendo que existe um único Deus verdadeiro:  “Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações. Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses” e ao mesmo tempo afirma: “Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos”.
Na mesma intensidade a Igreja inteira reza ainda hoje com o salmista: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes”.
Por sua vez a recomendação que São Paulo faz aos coríntios é perfeitamente aplicável a todas as pessoas na atualidade: “Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível”.
E o que significa ser irrepreensível, senão levar a sério a recomendação de Jesus: “Vigiai”. Isto significa dizer não se deixem envolver pelas artimanhas que o mundo oferece, não se deixe envolver pela corrupção e imoralidade que grassa a sociedade. Vigiai, pode ser dito em outras palavras: “Sejam sal da terra e luz do mundo”, se tiver que lutar por alguma coisa que seja “correr ao encontro do Senhor” que se faz reconhecer em cada pessoa humana em todas as relações do cotidiano.

Que a Palavra e a Eucaristia fortaleçam a oração da Igreja. 

sábado, 25 de novembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 26 DE NOVEMBRO DE 2017

REUNIDOS DIANTE DELE

Nestes dias o mundo está sensibilizado com as notícias do desaparecimento de um submarino argentino. Diversas nações colocaram seus recursos tecnológicos a disposição para ajudar nas buscas. Ao mesmo tempo não faltam observações sobre o número de desastres no mar nos últimos tempos sofridos por embarcações daqueles país o que mostra também que alguma coisa não está bem clara no que se referte ao cuidado e manutenção destes equipamentos. Situação semelhante foi experimentada pelos brasileiros, com repercussão no mundo todo, o fato ocorrido a exatamente um ano com a delegação da chapecoense. Ora, mas o que isso tem a ver com a Palavra de Deus proclamada neste domingo de Cristo Rei? Pois bem, vejamos!
No último domingo do ano litúrgico a Igreja celebra o Senhorio de Cristo Rei do Universo e no Brasil o foco desta celebração é a vocação e missão dos leigos e leigas na Igreja cuja tarefa fundamental é ser no mundo sinal de Jesus Cristo e, portanto, chamado a agir para transformar o mundo.
O convite é feito pelo profeta Ezequiel na primeira leitura, situação na qual todos são chamados a agir como Deus: “Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta deles. Vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte”.
A ação de Deus está mais do que clara na oração do Salmo: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma”. E São Paulo conforta os coríntios com uma palavra de esperança afirmando que Cristo trouxe a salvação e a vida que todos desejam e que o ser humano tinha perdido pela fraqueza e o pecado de Adão. Aos cristãos dos tempos modernos resta uma atitude: ser semente de justiça, de partilha, de solidariedade, de cuidado e de responsabilidade com a vida das pessoas e de todas as criaturas.

E Jesus que se declara “o Filho do Homem que virá na glória” se faz reconhecer naqueles que mais necessitam de cuidado, proteção e respeito. Jesus apresenta no evangelho uma condição sem a qual é impossível participar do Reino de Deus: “Tudo o que você fizer ao menor dos meus irmãos é a mim que você fará”. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 19 DE NOVEMBRO DE 2017.

SERVO BOM E FIEL

 Dia mundial dos pobres.

No oeste de Santa Catarina, as famílias mais tradicionais são normalmente numerosas sendo comum usar os dedos das mãos para dizer que cada filho é diferente. E de um jeito jocoso se qualifica aquele filho que costuma causar problema e preocupação para os pais com a expressão: “Em toda casa tem um filho que serve para nada”. Esse fato pode ilustrar e ajudar a compreender a parábola do evangelho deste domingo bem como as outras duas leituras e o salmo.
O texto dos Provérbios aponta as qualidades de uma mulher, as quais podem ser resumidas numa expressão: Pessoa de coragem! Alguém que não tem medo de enfrentar as agruras que a vida oferece a fim de garantir a qualidade e a dignidade de todos os que dela se aproximam: “Mulher prudente, mulher bendita, busca a vontade de Deus qual tesouro na vida”.
São Paulo tranquiliza os Tessalonicenses insistindo que não fiquem de braços cruzados, que não alimentem uma esperança vazia, mas que que sejam esperançosos, ou seja, alguém que faça a sua parte, que lute com todas as forças para que se realize aquilo que do ponto de vista da esperança é apenas um sonho: Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”.
Por isso mesmo a Igreja sugere a oração do salmo 127. Rezando este salmo a pessoa pode confiar que Deus está fazendo a sua parte na construção de uma sociedade justa, fraterna, humana e solidária. Mas garantir que tudo isso aconteça para todas as pessoas supõe que cada um faça produzir os seus dons e talentos: Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem”!
E nada é mais claro do que o acerto de contas do evangelho: Servo mau e preguiçoso, enquanto você ficou parado sem produzir ou fazer até o pouco que você julga possuir foi se perdendo. Dito em outras palavras, aquele que não põe seus dons e não faz produzir para uma vida melhor para todos não passa de alguém que afirma amar a Deus, mas nada faz de concreto para amar os irmãos.

É neste sentido que o Papa Francisco instituiu o “Dia mundial dos pobres” e pede que todos se sintam comprometidos com um mundo mais digno e bom para todos. A motivação do Santo Padre para este dia é objetiva: “Filhinhos, não amemos só com palavras, mas com ações e em verdade”.  Parafraseando poderia se afirmar: “Filhinhos não enterrem seus talentos”... “Filhinho não seja mais um daqueles que não serve para nada”. Que esta liturgia, a oração e a Eucaristia ensinem todos que os “pobres não são um problema: São uma maneira para acolher e viver o Evangelho”. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 12 DE NOVEMBRO DE 2017

ALEGRES E VIGILANTES

No domingo passado e neste domingo, mais de 6 milhões de jovens brasileiros experimentam momentos de tensão e expectativa com a realização do Exame Nacional do Ensino Médio. Os conteúdos, o tema da redação, o horário de fechamento dos portões, o trânsito para chegar ao local das provas. Tudo se constitui numa experiência de vigilância ao mesmo tempo de alegre expectativa. No Vaticano acontece o Simpósio Nuclear sobre o desarmamento nuclear. Sem dúvida estes fatos podem ser iluminados com a Palavra de Deus sugerida para este domingo na liturgia da Igreja.
O livro da Sabedoria revela numa linguagem emocionante a verdadeira expectativa que deve guiar as pessoas: “Meditar sobre a sabedoria é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado. Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos”.  E São Paulo convida aos tessalonicenses a se preocupar com uma única coisa: “Irmãos, não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou - e esta é nossa fé - de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Exortai-vos, pois, uns aos outros, com estas palavras”.
A história das virgens do Evangelho, não é outra coisa senão um convite para evitar as tensões e preocupações da última hora. Aquilo que se pede aos jovens que querem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio, e ao mundo em relação ao desarmamento nuclear, espera-se que seja também a atitude de todas as pessoas em relação ao cuidado com a vida e com todas as situações que dizem respeito ao futuro da vida. Deixar que as lamparinas se apaguem por falta do azeite da esperança e do cuidado é um risco que todos correm quando todas as coisas parecem já estar no patamar de segurança.
Rezar numa única voz no dia do Senhor é um clamor que se eleva ao Pai pela comunhão entre todos como se reza no salmo: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A Minh ‘alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água! ”
Deus continua vindo ao encontro do mundo, como o noivo ao encontro da esposa, que ele não nos encontre despreparados e alheios às preocupações do cotidiano, como quem nada tem a ver com o mundo presente. Dentre as preocupações da atualidade o Papa Francisco tem apresentado sua angústia em relação ao armamento nuclear pelo mundo e pede que todos abasteçam suas lâmpadas procurando a paz e pelo uso dos bens da criação em favor do desenvolvimento e uma justa qualidade de vida para todos, indivíduos e povos, sem distinção”.
O momento exige estar com as lâmpadas acesas e não se acomodar com aquilo que já se sabe sobre o assunto, ou com as informações que a imprensa apresenta quase sempre tendenciosas e de acordo com interesses de uns ou de outros. 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 29 DE OUTUBRO DE 2017

SENHOR, SOIS A FORÇA E A SALVAÇÃO
Que as relações humanas e a vida em sociedade exigem certa regulação legal ninguém dúvida. Para garantir a segurança e o progresso das comunidades e sociedades todos os envolvidos se sujeitam a normas, regras, leis, acordos de cavalheiros e assim por diante. Mas, é preciso ficar claro que toda regra ou regulação não tem um objetivo em si mesma, pelo contrário, as leis têm a finalidade de promover as pessoas e a dignidade de todos.
No evangelho deste domingo, mais uma vez, Jesus é colocado à prova pelos entendidos em leis. A pergunta de hoje é sobre a escala de importância das inúmeras normas a que estava sujeita a sociedade de Israel de acordo com a Sagrada Escritura.
Como das outras vezes que os Fariseus tentaram embaraçar Jesus diante de todos, Ele, mais uma vez, aponta noutra direção muito mais interessante e que vai muito além da frieza e da rigidez das leis.
Diante da pergunta: “'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? ” Jesus não se intimida e responde sem constrangimento: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.
Em poucas palavras Jesus desmonta o modo egoísta dos fariseus interpretar a lei. Mais do que saber de cor as escrituras, todos são desafiados a testemunhar que vivem a experiência de amar a Deus sendo amoroso com os irmãos.
A palavra de Jesus fica ainda mais clara se comparada com a primeira leitura. Amar os irmãos é muito fácil quando o irmão está na mesma condição daquele que diz que ama. O texto do Êxodo proclamado hoje é taxativo quando se trata de praticar o amor: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão”. Fazer reconhecer o amor a Deus implica não se deixar corromper e ter clara preferência, sobretudo, por aqueles que tem maiores necessidades e que experimentam maior sofrimento e abandono.
Paulo, elogia a comunidade dos Tessalonicenses exatamente porque vivem uma experiência de amor concreto: E vós vos tornastes imitadores nossos, e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim, nós já nem precisamos de falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro”.
Isso leva a Igreja rezar ainda hoje: “Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga sois meu escudo e proteção: em vós espero”

Celebrando, neste domingo, a memória daquele que faz compreender a importância de todas as leis, a Igreja reunida em oração celebra o desafio de compreender a lei, não pela força dela mesma, mas antes de tudo pelo crescimento da fé, da esperança e da caridade. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 22 DE OUTUBRO DE 2017

EM DEUS NÃO HÁ ‘TRAMBIQUE’

Os fatos políticos da última semana em Brasília e que terminaram com internações hospitalares, constrangimentos diante da população e da imprensa, revelação de comprometimentos com dinheiro sujo que colocaram a dignidade, a justiça e respeito debaixo do tapete dispensam comentários, mas tem tudo a ver com a Palavra de Deus deste domingo.
As leituras proclamadas na liturgia apontam como é importante reconhecer a atitude correta diante daquilo que pertence a Deus e que a ele deve ser entregue: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
O Evangelho é mais do que claro que os amigos de Herodes não tinham a intenção de sanar uma dúvida, pelo contrário, queriam pegar Jesus em alguma contradição. Enquanto os partidários do imperador apresentam uma moeda com a imagem de César, Jesus afirma que o poder do grande mandatário do império de longe se assemelha aquilo que pertence a Deus, no caso o povo da aliança.
Silenciar diante das injustiças, da exploração e do massacre das pessoas e da sua dignidade é o mesmo que negar a vocação missionária que cada um recebeu no dia do batismo. A Igreja em saída que o Papa Francisco sugere como alegre anunciadora do Evangelho é antes de tudo uma ação de cada pessoa que precisa se colocar no caminho da caridade e do cuidado de todos os feridos e de todas as feridas que o desrespeito provoca sem dó na sociedade contemporânea.
As palavras que o profeta coloca na boca de Deus como dirigidas ao rei da Pérsia impondo-lhe a tarefa de devolver a esperança ao povo de Israel que estava escravizado e perdido, é um mandato para os cristãos do terceiro milênio: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os portões”.
O mesmo pedido São Paulo dá aos cristãos de Tessalônica: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos”.
E Jesus coloca em saia justa aqueles que queriam lhe armar uma cilada: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Esta afirmação tem estreita sintonia com a missão que foi dada ao rei da Pérsia: Garantir que o povo seja propriedade única de Deus e não objeto de dominação de políticos e autoridades inescrupulosas que usam da legitimidade que lhes foi confiada para enganar o povo e aproveitar-se das vantagens que a imoralidade e a corrupção lhes facilitam.

Que o Senhor ajude todos a reconhecer o que se reza no salmo: Adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei diante dele! Publicai entre as nações: 'Reina o Senhor!' pois os povos ele julga com justiça”.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 15 DE OUTUBRO DE 2017

É DEUS QUEM ENXUGA AS LÁGRIMAS
As questões relativas ao amor, a tolerância e o perdão são para todas as relações humanas uma necessidade imperiosa e da qual não se pode abrir mão. A certeza de que Deus ama seu povo de verdade é o tema central que está perpassando todas as leituras dos últimos domingos. Hoje, mais uma vez o pano de fundo é a bondade de Deus que acolhe e perdoa todos.
No texto do profeta Isaias é Deus mesmo quem prepara e serve o banquete, o qual é muito mais do que abundância de comida e bebida. A verdadeira festa de Deus é a destruição da morte para sempre: “O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra, disse o Senhor”.
Uma tal imagem de Deus só pode merecer confiança total e ação de graças por sua ação extraordinária: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas  verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. Preparais à minha frente uma mesa, felicidade e todo bem hão de seguir-me”.
São Paulo está como que fazendo uma espécie de testamento, a carta aos filipenses foi escrita na prisão. É neste contexto que Paulo deixa bem claro para aquela comunidade que Deus é providente e previdente: “O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus”. Paulo manifesta a convicção que Deus não abandonou, nem mesmo na hora do martírio e pede que os amigos tenham o mesmo espírito que ele convidando-os a uma confiança extraordinária: “Tudo posso naquele que me dá força. O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza”.
Na história da festa de casamento fica mais do que claro que Deus quer acolher a todos, e que de cada um ele espera, não muita coisa, apenas que sejam chamados para um novo tempo.
Não há o que temer diante das ameaças e suposta violência contra as pessoas também na atualidade. Deus leva cada pessoa em particular a fazer sua parte e a reconhecer em Jesus uma pessoa capaz de agir em favor do povo.

Todos os cristãos destes tempos são chamados a serem missionários do banquete de Deus agindo solidariamente com todos os demais. Que o Senhor nos ajude pela Eucaristia e pela oração de todos. 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA 2017

Ó VEM CONOSCO, VEM CAMINHAR, 
SANTA MARIA VEM!
Se tem uma coisa que alegra o coração das pessoas é poder ser útil para alguém. Na mesma proporção não há ninguém que não se alegre quando recebe gestos de bondade e carinho. Sem dúvida é oportuna a frase atribuída a São Francisco de Assis: “Ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro”.  É nesta perspectiva que se pode melhor celebrar a solenidade de N. Sra. Aparecida, mãe do povo brasileiro.
O Evangelho começa dizendo que houve uma festa de casamento e afirma que entre os convidados estavam Maria e os discípulos de Jesus. Preocupada, como toda boa mãe, Maria percebe o sofrimento dos responsáveis pela festa quando o vinho veio a faltar. Ela não tem dúvida que pode dar a sua contribuição e na discrição feminina se aproxima do Filho a quem diz: “Eles não têm mais vinho”. Jesus ouve o pedido da mãe e responde de acordo com a cultura do seu tempo: “Mulher não chegou minha hora”. Como quem diz: “Deixa comigo...” Maria estava tão convencida que Jesus teria uma alternativa que faz o “meio de campo” entre os que estavam servindo: “Façam tudo o que Ele lhes disser”. O resultado desse diálogo dispensa comentários.
Semelhante situação se dá quando o Amã, ministro do rei da Pérsia havia condenado a morte os exilados de Israel. O Texto coloca Ester diante do rei para lhe fazer um pedido: “o rei lhe disse:
"O que me pedes, Ester; o que queres que eu faça? Ainda que me pedisses a metade meu reino, ela te seria concedida". Ester respondeu-lhe: "Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! e a vida do meu povo - eis o meu desejo”.
Na leitura do Apocalipse, é mais uma vez a figura feminina que enfrenta o poder do dragão e o resultado é também surpreendente: Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o filho foi levado para junto de Deus e do seu trono”.

Eis que o Brasil vive dias em que a corrupção, a safadeza e toda forma de desrespeito para com as pessoas se fazem notar em todas as instâncias de governo. Neste contexto se celebram os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora. Devotos de todas as partes e em todos os lugares celebram essa data na firme esperança que o Brasil se conserte como foi consertada a imagem de encontrada nas águas do rio Paraíba e que se junte o corpo e a cabeça a fim de que tenhamos uma sociedade de paz e justiça onde não falta a vida e nem o vinho da alegria e da concórdia. Cada pessoa é convidada a ser missionária, fazendo tudo o que disse Jesus e confiando todas as preocupações a Maria na certeza que, mais uma vez, ela não esquecerá as necessidades do povo brasileiro. 

HOMILIA PARA O DIA 08 DE OUTUBRO DE 2017

COLOCAR EM PRÁTICA O QUE FOI APRENDIDO

A música, a poesia e os versos são maneiras extraordinárias utilizadas com muita frequência para manifestar os sentimentos, a admiração e o afeto entre as pessoas. São os chamados recursos de linguagem, ou as metáforas que de maneira simbólica dizem coisas extraordinárias sobre os relacionamentos entre as pessoas.
A liturgia deste domingo, é mais uma vez, repleta destas figuras com a intenção de expressar o cuidado de Deus. Tanto o profeta Isaias como o texto do Evangelho usam imagem da videira como pano de fundo para revelar a relação de Deus com a comunidade de Israel.  Isaias termina a leitura saindo das comparações para a realidade: Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça; esperava obras de bondade - e eis iniquidade”. O profeta coloca a comunidade diante da própria consciência fazendo-a tomar uma posição em relação a sua falta de responsabilidade no que se refere a condição de produzir boas obras e corresponder ao que Deus realizou em seu favor.
Jesus, no Evangelho, também termina com uma provocação aos chefes do povo sobre o comportamento daqueles que foram colocados como responsáveis pelo sucesso da colheita e o pagamento do contrato que havia sido estabelecido entre as partes: “Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros”. A resposta deles pode ser comparada ao provérbio popular que diz: “beberam do seu próprio veneno”. Os fariseus foram unanimes afirmando que os arrendatários deveriam ser castigados por sua deslealdade com o dono da vinha. Diante disso Jesus faz uma das mais duras críticas àqueles que se acham donos das pessoas e das instituições, roubam a dignidade e as fazem objetos dos seus interesses.
No salmo a Igreja inteira, faz hoje de novo uma prece pedindo que Deus tenha piedade do seu povo com a consequente promessa de nunca mais se afastar do seu projeto: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome”.
São Paulo, na carta aos filipenses transmite um conselho que merece ser considerado também na atualidade: “Irmãos: Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco”.

Que Maria, Mãe de Deus e da Igreja acompanhe a todos no desafio diário de produzir frutos que correspondam ao amor de Deus por seu povo. 

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 01 DE OUTUBRO DE 2017

MAIS DO QUE PALAVRAS, SÃO NECESSÁRIAS AÇÕES

A palavra missão há muito tempo deixou de ser utilizada somente no âmbito da religião.  Assim é comum se ouvir expressões: “Fulano de tal veio com uma missão de paz”; para algum caso difícil de se resolver aplica-se a frase: “Essa missão é muito exigente” e assim por diante. Na liturgia da Igreja o mês de outubro é reconhecido como mês das missões, o Papa Francisco repetiu diversas vezes que ele gostaria de ver uma “Igreja saindo em missão” e neste caso a palavra é clara e em sentido abrangente. Ele sugere uma Igreja aberta ao mundo e que responda aos anseios de um mundo justo, sustentável, humano, fraterno. Ele quer que a Igreja veja como sua missão acolher as pessoas que estão excluídas e marginalizadas da própria comunidade e da sociedade como um todo.
O desejo do Papa Francisco não é uma coisa nova. O profeta Ezequiel já anunciou isso que se lê na primeira leitura: “Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida”. Está mais do que claro que missão é também anunciar e procurar a prática da justiça e da misericórdia.
No Salmo deste domingo se reza: “Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e compaixão. O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores. Ele dirige os humildes na justiça, e aos pobres ele ensina o seu caminho”.
São Paulo escreve aos filipenses o que se pode aplicar na atualidade: “Se existe alento no mútuo amor aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro”.
Jesus na parábola dos dois filhos mostra que não são os pecados e fraquezas que contam para Deus, mas a disposição de acertar e querer mudar de vida. Dizendo aos fariseus que os publicanos e prostitutas entrarão primeiro no reino dos céus Jesus não está legitimando o pecado, mas fazendo perceber que apesar do pecado aquelas pessoas tinham reta intenção de acertar e corrigir seus erros.

Reunindo-se neste domingo, em ação de graças, mais do que preces e orações é importante apresentar a Deus a própria vida e a vontade de fazer a sua vontade de doar a vida e de trabalhar para que todas as pessoas em todos os lugares sejam valorizadas com seus dons e defeitos, cuidando do bem de todos em favor de todos. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 24 DE SETEMBRO DE 2017

JUSTO É O SENHOS EM SEUS CAMINHOS

Uma das coisas que as pessoas têm em alta estima é a seriedade das palavras. Ninguém gosta de ser tapeado, ou de alguém que ora diz uma coisa, ora diz outra. Costuma se qualificar tais pessoas de “Maria vai com as outras”. Por isso se diz que a Bíblia é a Palavra de Deus, e que embora seja uma coleção de livros e textos, é uma só e mesma Palavra. Deste modo fica claro a indignação presente na sociedade diante da onda de denúncias e desmandos praticados em todas as esferas da política brasileira. Os bispos do Brasil declararam que as pessoas estão desencantadas com os políticos e os governantes, por sua falta de seriedade nas palavras.
A fala do profeta Isaias neste domingo não poderia ser mais animadora e cheia de ternura: Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor”. Tudo o que está nas mãos de Deus supera infinitamente todas as capacidades humanas. A palavra do profeta se resume em uma única verdade: “Esperança”.
Por isso mesmo a Igreja inteira reza, respondendo à Palavra do profeta: Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura”.
São Paulo, preso e apenas esperando sua execução, faz um balanço de toda a sua vida e de todas as suas ações e conclui com um convite que merece ser aplicado ao dia a dia de todas as pessoas: “Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo”.
Como em outras ocasiões, na parábola do bom patrão Jesus mostra como sua vida está em sintonia com as preocupações do seu tempo e do seu povo. Ele tinha clareza da falta de trabalho e oportunidade que deixava muitas pessoas à margem da sociedade. A prática do patrão não se limita a partir do certo e do errado a da concordância com a lei. O evangelho confirma o que disse o profeta: “meus pensamentos não são como os vossos pensamentos...” Mais importante do que pagar com justiça aos trabalhadores é pagar o suficiente para que todos tenham o necessário para sua sobrevivência e a dignidade da sua família.
Jesus desmonta a ideia de direitos e méritos, ele identifica a inveja daqueles que se acham melhores que os demais. Na dinâmica do reino não tem espaço para disputas mesquinhas sobre quanto alguém faz supostamente pelo outro. Jesus de novo propõe a qualidade da ação mais do que a quantidade.

A liturgia convida a todos e a cada pessoa em particular a se deixar moldar pela Palavra de Deus de modo que pela prática dos conselhos evangélicos seja possível a construção de uma sociedade sempre mais autêntica, humana e fraterna.