BUSQUEM O SENHOR, HUMILDES DA TERRA
Dentre
as muitas interpretações sobre as constantes denúncias de corrupção e desmandos
políticos que assombram a vida dos brasileiros, uma delas sustenta que esta não
é uma prática nova, nem tampouco exclusiva do Brasil na atualidade. Essa vertente
afirma que o problema sempre existiu, e que apenas não eram divulgados, que a
liberdade de imprensa e as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação são
instrumentos facilitadores para tornar público tudo o que agora acontece.
Independente desta explicação ser verdadeira, nem de longe ser a única para
explicar o problema que é evidente para todos, há que se convir que o ser
humano tem dentro de si uma inclinação para o mal e para o pecado, para o desejo
de levar vantagem e assim por diante.
A
primeira leitura deste domingo é mais uma profecia realizada cerca de 600 anos
antes do nascimento de Jesus. Naqueles anos o profeta falava para um povo que
era explorado por mandatários corruptos, por políticos opressores e que faziam
jogo de interesses para se manter no poder e que para garantir tudo isso não
tinham escrúpulos de colocar em risco o futuro da sociedade. Nota-se que entre
a leitura e a situação brasileira atual há uma sintonia muito fina e fatos que
se assemelham. Para este povo o profeta anuncia: “Buscai o
Senhor, humildes da terra, que pondes em
prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade; eles não cometerão iniquidades nem falarão
mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão
apascentados e repousarão, e ninguém os molestará”.
Para um povo também sofrido e
desiludido São Paulo escreve na segunda leitura: “Considerai
vós mesmos, irmãos, como fostes chamados por
Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos
poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus
escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios;
Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é
forte”.
E reafirmando a predisposição
de Deus Jesus aponta um caminho que implica na participação pessoal de cada um
e de todos os que desejam uma sociedade diferente daquela que estão vivendo.
Jesus chama de “felizes”, não aqueles
que esperam de braços cruzados a ação de Deus, mas aqueles que reconhecem a vontade
de Deus e trabalham para que ela se realize. Assim são felizes: “os que tem fome e sede de justiça, os
pobres em espírito, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a
paz e os que perseveram”.
Uma vez mais fica claro que os
problemas que afetam e que diminuem a dignidade humana não é vontade de Deus,
nem tampouco que ele virá resolver a seu modo, pelo contrário: “O Senhor é fiel para
sempre, O Senhor abre os olhos aos cegos o
Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. Ele ampara a viúva e o órfão mas
confunde os caminhos dos maus”.
Reunida para louvar o Senhor,
a comunidade de fé pede com insistência: “Renovados
pelo sacramento que celebramos, nós vos pedimos ó Deus que este alimento faça
progredir na verdadeira fé”.