SENHOR, NÃO NOS DEIXE
FALTAR ÁGUA
VIVA
A
fome e a sede são necessidades fisiológicas de primeira grandeza. Qualquer
criatura viva que experimente a sensação de fome e sede por longos períodos tem
comprometida a qualidade de vida e a própria existência. Água e comida de
qualidade sempre foram uma preocupação de todos os povos e de todos os
organismos reguladores das relações sociais. Não sem razão as mais impactantes
matérias jornalísticas em todo o mundo se referem à privação e à qualidade
daquilo que os povos comem e bebem. No Brasil atualmente, o “escândalo da carne
fraca” é apenas mais um elemento para expor a crise moral que vive nossa
sociedade do ponto vista econômico, social e político. Esta situação permite um
link com a situação do povo de Israel
no deserto e a mulher samaritana do evangelho.
O
povo de Israel que havia iniciado a caminhada para construção da sua cidadania
e para uma nova forma de organização social espera que Deus resolva todos os
seus problemas e aponta o interesse de voltar à escravidão do Egito: “Por que nos fizeste sair do Egito? Foi para nos fazer
morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado?”. Diante desta reclamação Deus
apresenta alternativa para garantir a vida e ordena a Moisés: “Passa adiante do povo e leva
contigo alguns anciãos de Israel”.
Em outras palavras, não fique parado na simples reclamação, aprenda com a
sabedoria de quem já solucionou questões complicadas ao longo da vida.
Reconhecer a própria fragilidade e a presença de Deus na solução dos problemas
cotidianos é a alternativa para a continuação da caminhada e para preservação
da qualidade da vida em todas os biomas.
No encontro de Jesus com a
mulher samaritana é possível ler mais uma vez o que se pode chamar de “escândalo
da carne fraca”. A mulher anônima havia perdido todos os referencias de
dignidade e respeito. Não buscava água no poço de Jacó, necessitava saciar sua
sede de vida nova, queria ter certeza de onde poderia encontrar Deus: “Senhor, vejo que és um profeta! Os
nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis
que em Jerusalém é que se deve adorar”. A angústia da mulher fica evidente ao perguntar onde
encontro Deus vivo que saciará minha sede de vida nova.
Uma vez reconhecendo que Jesus
é o messias ela recobra as forças e sai anunciando: “Vinde ver um homem que me
disse tudo o que eu fiz... E por causa
da palavra da mulher muitos samaritanos acreditaram em Jesus”.
Eis que para cada pessoa, nestes tempos de “fome e sede de
verdade e justiça” a ação e a palavra de Jesus são a certeza de que: “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com efeito, quando éramos
ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado”.
Como
Igreja reunida também a comunidade de fé é convidada a repetir o salmo: “Vinde adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor, e nós somos o
seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão”.
Nesta quaresma, cada pessoa é
convidada a fazer jejum e penitência modificando hábitos e costumes que
maltratam a vida substituindo-os por práticas de respeito e de preservação da
obra criada e confiada ao ser humano para “cuidar
e guardar”.