sábado, 4 de março de 2017

HOMILIA PARA O DIA 05 DE MARÇO DE 2017 - PRIMEIRO DA QUARESMA

A GRAÇA É SEMPRE MAIOR QUE O PECADO


O calor deste verão levou muitas pessoas e por diversas vezes a afirmar que se está experimentando temperaturas de deserto. Embora não se tenha vivido geograficamente no deserto, tem-se a certeza que se trata de um local de privação e onde a vida é ameaçada em todas as suas formas.
O Evangelho deste domingo apresenta Jesus sendo levado para o deserto, certamente pode-se compreender que não se trata de um espaço geográfico, mas de uma experiência onde a vida e os propósitos da vida são colocados a prova. Para completar o desafio Jesus se vê frente a frente com o diabo que lhe apresenta todas as alternativas para sair vencedor desta “prova de fogo”.
A convicção de Jesus respondendo às propostas do tentador ajuda a perceber que Ele não está sozinho no deserto. Nas três investidas que o diabo faz contra Jesus a resposta vem sempre sustentada pelo conhecimento da Palavra do Pai e a culminância não pode ser outra senão a derrota do tentador como se vê na última frase do evangelho: “Então o diabo o deixou e os anjos se aproximaram para servir a Jesus”.
Desertos, lutas contra o mal e o pecado são a marca registrada de todas as relações da formação do povo de Deus narradas na Sagrada Escritura. Todas as vezes que a pessoa humana não reconheceu a voz de Deus, o resultado não poderia ser outro. A longa narrativa do pecado e o diálogo da mulher com a serpente, na primeira leitura, deixa muito claro que Deus não está presente naqueles momentos no jardim da criação e os habitantes se percebem “nus”. Não se trata necessariamente de nudez física, mas de fragilidade e incapacidade de resolver os problemas criados por eles mesmos.
O que aconteceu com o ser humano no início da criação não acontece com Jesus, isto deixa claro o que Papa Francisco também recomenda na sua mensagem para a quaresma: Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão”. Quem não ouve Deus, não escuta também o irmão e muito menos enxerga a vida que borbulha ao seu redor.  
A Campanha da Fraternidade nesta quaresma é um convite para ouvir e ver Deus que fala em todas as pessoas e todas as formas de vida. O momento é de reconhecer o pecado, pedir perdão como se reza no salmo deste domingo e confiar nas palavras de Paulo na segunda leitura: “Com efeito, como pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça”.



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