sexta-feira, 28 de abril de 2017

HOMILIA PARA O DIA 30 DE ABRIL DE 2017

ELE DOMINOU A MORTE

Um dos sentimentos mais difíceis de se administrar é o sentimento de perda. Quando se perde a saúde, um amigo, um ente querido, um negócio importante, até quando se perde o ônibus. São todas situações que deprimem e deixam as pessoas sem ação e sem disposição para buscar soluções e alternativas de superação.
Sentimento de perda foi o que experimentou o grupo e cada um dos amigos e amigas de Jesus depois de sua trágica morte. As leituras deste domingo apresentam como aos poucos a comunidade dos seguidores de Jesus foi se fortalecendo e fazendo crescer a certeza que a morte tinha sido dominada e que em seu lugar reinava o poder de Deus que quer a vida em plenitude para todos.
O episódio dos discípulos de Emaús é uma das situações extraordinárias que devolve aos incrédulos e desiludidos discípulos a certeza que tinham perdido: Quando Jesus repetiu o gesto de partir o pão que lhes era familiar “Seus olhos se abriram e eles reconheceram o Senhor, então disseram um para o outro: Não estava o nosso coração ardente quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as escrituras? No mesmo instante voltaram a Jerusalém e contaram aos outros como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão”.
A segunda leitura apresenta motivo mais que suficiente para ninguém se desanimar diante das dificuldades e sofrimentos que a vida lhes impõe: Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio de coisas perecíveis,
como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo. Por ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, e assim, a vossa fé e esperança estão em Deus”.
E o texto dos Atos dos Apóstolos certifica que Cristo não foi abandonado à região da morte, Deus o ressuscitou e nós somos testemunhas.
Ora, Deus que fez todas essas coisas merece o salmo que diz: Eu bendigo o Senhor, que me aconselha, e até de noite me adverte o coração. Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois se o tenho a meu lado não vacilo”.
Ora, também para os cristãos do terceiro milênio, também o povo brasileiro vilipendiado por políticos e mandatários corruptos e insensíveis aos sofrimentos e direitos dos cidadãos o mesmo Senhor que ressuscitou Jesus dentre os mortos e o próprio Ressuscitado aparece no caminho das perdas e dos sofrimentos e reafirma: “como vocês são lentos para compreender as escrituras, não sabem que o messias deve sofrer tudo isso, para então ressuscitar no terceiro dia”?
O Cristo que dominou a morte caminha com cada pessoa que luta e crê num mundo novo.



sábado, 22 de abril de 2017

HOMILIA PARA O DIA 23 DE ABRIL DE 2017

ELE NOS FEZ NASCER DE NOVO...

Vamos começar a reflexão da Palavra de Deus para este domingo a partir de uma fábula de Esopo, conhecida como o feixe de varas. Conta a fábula que certo pai, já no leito de morte pediu que cada um dos filhos viessem ao seu encontro trazendo uma varinha colhida no quintal de casa. Os filhos atenderam ao chamado do pai e trouxeram a varinha. O pai pegou cada uma delas e quebrou diante deles sem nenhum esforço. Reiterou o pedido para que novamente os filhos trouxessem mais uma varinha, e o exercício foi repetido. O pai então pegou todas as varinhas e formando um feixe tentou quebra-las. Obviamente o esforço foi em vão. Passou o feixe para cada um dos filhos que também não conseguiram. Como moral da história disse o pai: Assim acontece com cada um de vocês. Se estiverem sozinhos, facilmente serão vencidos, se permanecerem unidos ninguém conseguirá quebra-los.
É esta a mensagem que se pode tirar da liturgia deste domingo. Os Atos dos Apóstolos narram o testemunho da primeira comunidade cristã onde se lê: “Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna na fração do pão e nas orações, todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum e, cada dia, o Senhor acrescentava ao seu número mais pessoas que seriam salvas”. A experiência comunitária que os seguidores de Jesus realizaram garantiu o sucesso da proposta e o crescimento do grupo.
Pedro, na segunda leitura, reconhece a ação de Deus e afirma que tudo o que está acontecendo permite crescer na esperança e na alegria: Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
ele nos fez nascer de novo...”
e tudo é motivo de alegria embora seja necessário compreender que a vida não acontece sem que as pessoas experimentem dificuldades e provações.
O Evangelho narra mais um dos momentos extraordinários em que Jesus ressuscitado se dá a conhecer aos apóstolos. Esta realidade é portadora de algumas condições incríveis que são ao mesmo tempo missão. Os que estavam reunidos reconhecem Jesus que anuncia: “A paz esteja com vocês! Como o Pai me enviou eu também envio vocês; a quem perdoarem os pecados, estes serão perdoados; Bem-aventurados os que creram sem ter visto!” Todas realidades vividas em comunidade e com a comunidade.
Dentre as missões importantes e necessárias que a vida nos pede nos próximos dias, uma delas é ser solidário com o Brasil. O pedido dos nossos bispos em relação à reforma da previdência é muito claro: “É necessário que a sociedade brasileira esteja atenta às ameaças de retrocesso. A ampla mobilização contra a retirada de direitos, arduamente conquistados. A CNBB, a OAB e o Conselho Federal de Economia convidam seus membros e as organizações da sociedade civil ao amplo debate sobre a Reforma da Previdência e sobre quaisquer outras que visem alterar direitos conquistados, como a Reforma Trabalhista. Uma sociedade justa e fraterna se fortalece, a partir do cumprimento do dever cívico de cada cidadão, em busca do aperfeiçoamento das instituições democráticas”
A Arquidiocese de Maringá, no Paraná, suspendeu a Romaria que faria no dia primeiro de maio e o Arcebispo fez um convite para todos os diocesanos que participem das mobilizações do dia 28 de abril. Certamente este convite pode ser aplicado aos cristãos do Brasil inteiro.
A participação maciça na luta por um Brasil justo e honesto e com oportunidades para todos fara com que cantemos todos com o salmo deste domingo: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”.  


sexta-feira, 14 de abril de 2017

HOMILIA PARA A PROCISSÃO DO ENCONTRO

ELE FOI FERIDO POR CAUSA DE NOSSOS PECADOS

Dentre as historietas, comparações e analogias que circulam pelas redes sociais nestes dias, uma delas é a conhecida parábola do homem que estava carregando uma cruz e enquanto caminhava sentiu cansaço e aos poucos foi cortando pedaços da cruz de modo que se tornasse mais leve e seu caminho mais suave. Para sua surpresa há pouca distância do destino ele precisou atravessar um abismo quando lançou sua cruz para fazer a travessia percebeu que faltavam os pedaços para garantir a travessia.
Esta historieta muitas vezes pode ser aplicada ao dia a dia das pessoas que procuram a maneira mais fácil, porém nem sempre eficaz para solucionar seus problemas.
Na Sexta Feira Santa, os cristãos acompanham com piedade os passos do Servo Sofredor descrito pelo profeta Isaias “Meu servo o justo carregou sobre si as culpas de todos”. Dentre as práticas de piedade no dia da Paixão do Senhor, uma delas se dá pela participação na procissão do Senhor morto também realizada com a imagem de N. Sra. das Dores. A cena do encontro sofrido da mãe e do filho dispensa comentários, trata-se de uma cena que fala por si mesma.
Celebrar este momento de compaixão diante da imagem do Cristo morto pede que se recorde o momento da condenação, ocasião em que Pilatos proclama “Não encontro nele nenhuma culpa, façam como manda a lei de vocês”.
Ao mesmo tempo não é possível contemplar a Imagem de Maria sem recordar a profecia de Simeão quando disse: “Uma espada transpassará a sua alma” e o evangelho conclui afirmando: “Maria guardava todas essas coisas no seu coração”.
Jesus e Maria com seu silencio se unem às vítimas da violência que já não podem gritar. Carregando a cruz Jesus se une as famílias que se encontram em dificuldade e choram a trágica perda dos filhos. Com a cruz Jesus se une a todas as pessoas que sofrem. Com a cruz Jesus está junto de tantas mães que veem seus filhos vítimas do paraíso das drogas. Com a cruz Jesus se une a quem é perseguido por causa da sua religião, das suas ideias ou simplesmente pela cor de sua pele. Na cruz de Cristo está o sofrimento e  o pecado, Ele acolhe tudo com os braços abertos e continua a dizer coragem, Você não leva sozinho eu caminho com Você.
Por sua vez, Maria continua a convidar para caminhar com Jesus sem medo de ir com ele até a cruz e sem medo de busca-lo na madrugada da ressureição.

As celebrações da sexta feira da paixão devem ajudar cada vez mais as pessoas serem semelhantes a Cristo e que passando pela experiência de dor e sofrimento cada vez mais tenham a coragem de se comprometer de verdade com a construção do Reino de Deus.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

HOMILIA PARA A VIGILIA DA PÁSCOA 2017

ELE NÃO MORRE MAIS

A celebração da Vigília da Páscoa coloca os cristãos diante da mais extraordinária surpresa de Deus. Todos os envolvidos no processo da morte da Jesus foram surpreendidos com a novidade da manhã da ressurreição. Fazer memória deste extraordinário acontecimento significa caminhar com as mulheres que foram ao túmulo na madrugada do primeiro dia.
Desiludidas e preocupadas com o modo como a vida deveria continuar depois da morte do Senhor elas caminham até a sepultura “Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz” (Papa Francisco Homilia da Vigília da Páscoa 2013).
Transtornadas com tudo o que tinham visto e vivido tiveram dificuldade para  compreender os fatos que estavam acontecendo naquela extraordinária manhã, entretanto elas não duvidam do mandato de Jesus: “digam aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia lá Vocês me verão”.
Como as mulheres daquele tempo também a humanidade hoje se vê às voltas com as surpresas de Deus. Nesta páscoa eis o convite: “Não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele” (Papa Francisco Homilia da Vigília da Páscoa 2013).
A longa liturgia da Palavra proclamada na celebração desta noite faz a recordação de todas as surpresas que Deus realizou ao longo do tempo. A humanidade é convidada a não buscar entre os mortos aquele que está vivo.
“Os problemas, as preocupações de todos os dias tendem a fechar-nos em nós mesmos, na tristeza, na amargura… e aí está a morte. Não procuremos aí o Vivente! Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer” (Papa Francisco Homilia da Vigília da Páscoa 2013).

Que a páscoa ensine a todos e a cada um a “cuidar e guardar a criação”. 

HOMILIA PARA A SEXTA FEIRA DA PAIXÃO 2017

DO LADO ABERTO DE CRISTO JORROU 

SANGUE E ÁGUA

A celebração da Paixão do Senhor é uma súplica insistente que os cristãos fazem ecoar pedindo para serem saciados com o amor daquele que deu a vida para perdoar os pecados e resgatar os pecadores.
Ao mesmo tempo, celebrar a paixão é um desafio para permanecer com ele como fazem os amigos quando acompanham o sofrimento dos amados.
Contemplar os sofrimentos de Jesus, permanecer com Ele no calvário implica abrir o coração para Jesus, assim como o Senhor entregou-se pela humanidade.
Fazer a memória deste extraordinário acontecimento que modificou para sempre a vida de todos implica também dar uma resposta que signifique disposição para retribuir o amor manifestado por todos.
Celebrar a paixão implica cultivar a coragem de não separar-se de Cristo e nem tampouco de esquecê-lo. De um modo muito claro significa aceitar o desafio de ir construindo sempre mais relações fraternas, justas e humanas.

Ir ao encontro do Cristo na cruz implica ter confiança que por mais extremas que sejam as dores da humanidade o seu coração ferido, compassivo e misericordioso consola, fortalece e alivia os sofrimentos.

HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA DA CEIA DO SENHOR - 2017

O SENHOR DEUS VEM EM NOSSO AUXÍLIO

A onda de violência que toma conta das cidades, a infinita lista de corruptos e corruptores, o desrespeito pela vida em todas as suas formas são sinais claros que em nome da liberdade Jesus continua sendo traído e entregue para ser crucificado.  Judas que participava do grupo de amigos de Jesus exerceu sua liberdade sem responsabilidade e o resultado não poderia ser outro. Pelo contrário Jesus que foi verdadeiramente livre diante de tudo e de todos exerceu também sua responsabilidade.
No Evangelho se lê: “Jesus sabia que tinha chegado a sua hora. A hora de passar deste mundo para o Pai. Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Esta confiança faz Jesus se abandonar nos braços do Pai e sem abrir mão da sua liberdade ensinou uma lição de serviço e de valorização da vida.
“Se eu, o mestre e Senhor, lavei os seus pés façam também vocês a mesma coisa...” praticar o mandato de Jesus é a maneira mais clara de mostrar Deus que vem em socorro das necessidades e sofrimentos humanos.
A narrativa da Instituição da Eucaristia, conforme conta São Paulo na segunda leitura de hoje, fortalece a responsabilidade solidária da partilha e do serviço que já estava descrita na comemoração da páscoa dos judeus.
Partilhar o Cordeiro como lembrança da libertação do Egito era uma atitude de serviço e de entrega que se completa com a ceia de Jesus confirmada pelo gesto de lavar os pés.

Os cristãos que se reúnem na semana santa não fazem uma simples lembrança, pelo contrário, atualizam os gestos e palavras de Jesus e pedem a graça, a coragem e a determinação de usar a sua liberdade na promoção e defesa da vida e da dignidade de todos. 

sábado, 8 de abril de 2017

HOMILIA PARA O DOMINGO DE RAMOS 2017

DEUS O FEZ SENHOR E O COLOCOU 
ACIMA DE TUDO

As celebrações da Semana Santa que se iniciam com o Domingo de Ramos não são simples lembrança de fatos que aconteceram num determinado tempo da história. O que se faz nestes dias é a atualização de tudo o que se chama Mistério da Fé. A procissão com a bênção dos ramos representa a Igreja com todos os batizados construindo o Reino de Deus, embora vivam as fragilidades da condição humana.
Nesta celebração são proclamados dois textos do Evangelho. O primeiro que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, fato que, na verdade, é um único que culmina com a paixão e morte de Jesus. O mesmo povo que proclama “Bendito o que vem em nome do Senhor” é o que grita “ele não, solte-nos Barrabás” e que logo depois afirma amedrontado “verdadeiramente esse homem era Filho de Deus”. Essas três situações continuam a se repetir no dia a dia dos cristãos.
Para cada pessoa na atualidade continua atual a palavra de São Paulo na carta aos Filipenses: “Jesus Cristo esvaziou-se a si mesmo, para que em todos os lugares e em todos os tempos, todos os joelhos se dobrem e toda língua proclame: Jesus é o Senhor!”.
A força divina que o Profeta Jeremias descreve na primeira leitura: “Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo”, foi o sustento de Jesus diante de todas as dificuldades até mesmo quando ele pede: “Pai se é possível afasta de mim este cálice” e ainda: “Meu Deus, Meu Deus porque me abandonaste”.
A oração que se faz no salmo: “Todos os que amam o Senhor Deus, lhe cantem louvores, lhe glorifiquem os descendentes de Jacó e o respeitem toda a raça de Israel”.
Como última palavra para guardar no coração: Celebrar a semana santa um encontro vivo com Jesus vivo, que obviamente também acontece no encontro vivo com cada pessoa com quem se tem relação no dia a dia.
Neste sentido ganha ainda mais sentido a oração da missa que diz: “Concedei-nos aprender o ensinamento de sua paixão e ressuscitar com ele na glória”.


domingo, 2 de abril de 2017

HOMILIA PARA O DIA 02 DE ABRIL DE 2017 - QUINTO DA QUARESMA

LÁZARO, VEM PARA FORA...
O nome Lázaro, na língua hebraica significa “Aquele que Deus ajuda”. Assim como a palavra Bethânia, significa a casa dos pobres. Se fosse possível dar um significado para estes dois nomes na atualidade se diria que a sociedade está cheia de Lázaros, no sentido de que são muitos os que precisam da ajuda de Deus e em todas as cidades existem muitas Bethânia.  Devolver a alegria de viver para os Lázaros que moram nas Bethânias da sociedade contemporânea é uma forma de viver de modo coerente o cristianismo seguindo o exemplo de Jesus, que também se apresentou ao mundo para dar continuidade ao trabalho do seu Pai.
Na primeira leitura deste domingo, o profeta anuncia: “Assim fala o Senhor Deus:
Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor
”. Desde sempre a ação de Deus foi direcionada para as pessoas que viviam nas “sombras da morte” e que por si mesmas não tinham condições de modificar sua situação. Deus age em favor deles, dando-lhes força e coragem. A isto o profeta chama “abrir as sepulturas e conduzir-lhes para a terra de Israel”.
No Evangelho Jesus é chamado para ir até Bethania – casa dos pobres – lá vivem três irmãos que precisam da “ajuda de Deus”. Diante do convite para visitar um doente Jesus afirma: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. Ao chegar Jesus encontra o quadro desolador da morte, do choro, do consolo e de toda sorte de sofrimento. No diálogo com Marta Jesus provoca a confirmação da fé e arranca da boca de Marta: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.
As palavras de Marta sintetizam o sentimento de todos os que aí estavam, mas que não compreendiam nem tinha coragem de manifestar. Tendo ouvido isso Jesus proclama a razão da sua visita: “'Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”, e ordena: “Lázaro, vem para fora”.
Os fatos narrados na primeira leitura e no Evangelho são interpretados por São Paulo na carta aos romanos: “Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós”.
Para todas as pessoas, mas especialmente para os cristãos marcados pela graça do Batismo se reunir em assembleia para rezar, ouvir a Palavra e participar da Eucaristia é oportunidade para aprender a agir como Jesus: Ir sem medo para as Bethânias da Vida, encontrar todos os Lázaros e desamarrar as mãos e os pés daqueles que não podem andar e faze-los enxergar a luz da vida. Isso também significa viver a quaresma com o convite da Campanha da Fraternidade: “Cuidar e guardar a criação”, porque é preciso que “Da Amazônia até os Pampas, do Cerrado aos Manguezais, chegue a ti o nosso canto pela vida e pela paz”.




HOMILIA PARA O DIA 26 DE MARÇO DE 2017

ELE NOS GUIA POR CAMINHOS SEGUROS

"Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos; o sol não brilha para si mesmo; as flores não espalham sua fragrância para si; viver para os outros é uma regra da natureza.... A vida é boa quando você está feliz, mas é muito melhor quando os outros são felizes por sua causa".
Esta já é a quarta semana da quaresma, portanto muito perto da alegria que a Páscoa faz experimentar. Neste contexto o pensamento de citado acima é atribuído ao Papa Francisco ajuda a compreender as leituras proclamadas na liturgia.
Na carta aos Efésios, Paulo recomenda: "Vivam como filhos da luz, pois o fruto dá luz se chama: bondade, justiça e verdade. Não faça obras das trevas". Foi exatamente para fazer acontecer a luz de Deus para o mundo que Davi foi escolhido como rei de Israel. Jesus reconhecido pelo cego do Evangelho despertou nele uma extraordinária confissão de fé: "Eu creio Senhor e prostrou-se diante dele".
Ora também os cristãos na atualidade, mas, de algum modo, todas as pessoas em toda parte sabem e experimentam a alegria de ser feliz e de fazer os outros felizes. Esta experiência que para os cristãos começa com o batismo vai se tornando mais intensa à medida que a graça recebida naquele dia leva as pessoas a se colocar a serviço da vida de todos e de cuidar de todas as formas de vida. Fazer as pessoas felizes significa produzir frutos e viver para os outros como filhos da luz cujos frutos são a bondade, justiça e a verdade.
Que pela oração, a Palavra e a Eucaristia o Senhor faça de todos e de cada um uma fonte de água viva que facilite enxergar e conduzir para a vida e para a luz que Jesus nos garante na Páscoa.
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