DEUS
PREPARA E FORTALECE
“Neto é filho com açúcar” é uma
expressão utilizada para exprimir o carinho desmedido que os avós costumam ter
em relação aos netos. Celebrar São Joaquim e Santa Ana, no contexto do Jubileu
de 50 anos da Paroquia de Verê, é uma oportunidade para recuperar o significado
do nome Joaquim que quer dizer: “Deus prepara e fortalece”. Por sua vez o nome
Ana significa “Graça”. Neste caso graça que acompanha tudo aquilo que ao longo
do tempo Deus prepara e fortalece.
Celebrar o jubileu na maneira
como prescreve o livro do levítico tem o propósito de unir o povo pelos laços
de fraternidade, e, além disso, conservar na memória os benefícios de Deus realizados
na história.
A leitura do livro do
Eclesiástico é extraordinária para o propósito desta celebração: “Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das
gerações. Estes
são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. Os povos proclamarão a sua
sabedoria,
e a assembleia vai celebrar o seu louvor”.
e a assembleia vai celebrar o seu louvor”.
E a Palavra de Jesus no Evangelho parece ter sido proclamada
para cada um de nós: “Felizes
sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem.
Em verdade vos digo, muitos profetas e justos
desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram".
desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram".
Joaquim e Ana não têm seus nomes escritos na Bíblia, mas
representam a fé de todos os que esperaram a realização das promessas de Deus.
O papa Francisco afirma que os dois fazem parte de uma longa corrente que transmitiu
o amor a Deus oferecendo ao mundo. Amor que Maria proclamou no Magnificat: “O Senhor se lembrou da promessa que fez a
nossos pais em favor de sua descendência para sempre”.
Os registros que se tem sobre a vida dos dois indicam que o
casal foi um dos diversos na história da salvação que chegou a velhice sem ter
filhos, ambos são chamados padroeiros dos avós por causa da sua profunda
confiança em Deus. Segundo a tradição a esterilidade causava
sofrimento e vergonha, pois para o judeu não ter filhos era sinal da maldição
divina. Joaquim e Ana que viviam uma vida de fé e de temor a Deus foram, então,
abençoados com o nascimento de Maria tornando-se assim os “avós de Deus”
A festa de São
Joaquim e Sant’Ana destaca a importância dos avós na vida da família,
principalmente, na transmissão da fé que é essencial para qualquer sociedade. No
caso vereense, nos anos 1940 foi erguida a primeira capela em madeira lascada, e
a história não oficial recorda que o Joaquim, pai do Joaquizinho e parente do
outro Joaquim, decidiram nomeá-la doando como padroeiro um quarto Joaquim,
neste caso o pai de Nossa Senhora.
Sem
sombra de dúvida este episódio serve de inspiração na vida cotidiana e nos
ensina a esperar o tempo de Deus. Na pessoa dos nossos avós celebramos hoje a
história viva de tantos que como disse Jesus no Evangelho: “desejaram ver o
que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”.
Pouco depois dos três
Joaquim, muitos outros, cuja lista é quase impossível refazer, vieram do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina e aqui cultivaram muito mais do que as
riquezas que podemos desfrutar. Cultivaram a fé e a memória de um Deus vivo e
presente no meio do seu povo.
Cumprimento com
entusiasmo e admiração a iniciativa do Padre Siniclei e de todos os que contribuíram
para celebrar o Jubileu com a reforma da Igreja Matriz. Na verdade não se trata
de reformar a Igreja, mas de preservar a fé que herdamos dos nossos
antepassados.
Permitam-me concluir com
uma música do folclore italiano: ‘é preciso recordar-se dos nossos bisnonos”.