quarta-feira, 26 de julho de 2017

HOMILIA NO TRÍDUO DA FESTA DE SÃO JOAQUIM E SANTA ANA - VERÊ - PR

DEUS PREPARA E FORTALECE

“Neto é filho com açúcar” é uma expressão utilizada para exprimir o carinho desmedido que os avós costumam ter em relação aos netos. Celebrar São Joaquim e Santa Ana, no contexto do Jubileu de 50 anos da Paroquia de Verê, é uma oportunidade para recuperar o significado do nome Joaquim que quer dizer: “Deus prepara e fortalece”. Por sua vez o nome Ana significa “Graça”. Neste caso graça que acompanha tudo aquilo que ao longo do tempo Deus prepara e fortalece.
Celebrar o jubileu na maneira como prescreve o livro do levítico tem o propósito de unir o povo pelos laços de fraternidade, e, além disso, conservar na memória os benefícios de Deus realizados na história.
A leitura do livro do Eclesiástico é extraordinária para o propósito desta celebração: Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. Os povos proclamarão a sua sabedoria,
e a assembleia vai celebrar o seu louvor”.
E a Palavra de Jesus no Evangelho parece ter sido proclamada para cada um de nós: Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos 
desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram".
Joaquim e Ana não têm seus nomes escritos na Bíblia, mas representam a fé de todos os que esperaram a realização das promessas de Deus. O papa Francisco afirma que os dois fazem parte de uma longa corrente que transmitiu o amor a Deus oferecendo ao mundo. Amor que Maria proclamou no Magnificat: “O Senhor se lembrou da promessa que fez a nossos pais em favor de sua descendência para sempre”.
Os registros que se tem sobre a vida dos dois indicam que o casal foi um dos diversos na história da salvação que chegou a velhice sem ter filhos, ambos são chamados padroeiros dos avós por causa da sua profunda confiança em Deus. Segundo a tradição a esterilidade causava sofrimento e vergonha, pois para o judeu não ter filhos era sinal da maldição divina. Joaquim e Ana que viviam uma vida de fé e de temor a Deus foram, então, abençoados com o nascimento de Maria tornando-se assim os “avós de Deus”
A festa de São Joaquim e Sant’Ana destaca a importância dos avós na vida da família, principalmente, na transmissão da fé que é essencial para qualquer sociedade. No caso vereense, nos anos 1940 foi erguida a primeira capela em madeira lascada, e a história não oficial recorda que o Joaquim, pai do Joaquizinho e parente do outro Joaquim, decidiram nomeá-la doando como padroeiro um quarto Joaquim, neste caso o pai de Nossa Senhora.
Sem sombra de dúvida este episódio serve de inspiração na vida cotidiana e nos ensina a esperar o tempo de Deus. Na pessoa dos nossos avós celebramos hoje a história viva de tantos que como disse Jesus no Evangelho: desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”.
Pouco depois dos três Joaquim, muitos outros, cuja lista é quase impossível refazer, vieram do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e aqui cultivaram muito mais do que as riquezas que podemos desfrutar. Cultivaram a fé e a memória de um Deus vivo e presente no meio do seu povo.  
Cumprimento com entusiasmo e admiração a iniciativa do Padre Siniclei e de todos os que contribuíram para celebrar o Jubileu com a reforma da Igreja Matriz. Na verdade não se trata de reformar a Igreja, mas de preservar a fé que herdamos dos nossos antepassados.
Permitam-me concluir com uma música do folclore italiano: ‘é preciso recordar-se dos nossos bisnonos”.


sexta-feira, 21 de julho de 2017

HOMILIA PARA O DIA 23 DE JULHO DE 2017

DEIXEM QUE CRESÇAM JUNTOS ATÉ A COLHEITA

A máxima “Fazer justiça com as próprias mãos” é frequentemente recordada e algumas vezes aplicada na sociedade contemporânea. E quando isso acontece bastante vezes o resultado é desastroso. Fazer justiça, aplicar sentença, atribuir responsabilidades são ações que precisam ser feitas e cuja tarefa pertence a instituições para isso credenciadas pela sociedade. A Palavra proclamada neste domingo aponta para o jeito como Deus age e a dimensão da sua prática de aplicar sentenças diante dos desacertos cotidianos.
O livro da sabedoria é como um “tapa de luva” para aqueles que se acham no direito de apontar os defeitos e pecados alheios, o autor do livro coloca com clareza e firmeza a quem compete os julgamentos: Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores”.
Já no salmo responsorial a Igreja inteira repete a oração: “Vós, porém, sois clemente e fiel, sois amor, paciência e perdão. Tende pena e olhai para mim! Confirmai com vigor vosso servo”.
São Paulo conforta os romanos com estas palavras: “Aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos”.
As comparações feitas por Jesus para fazer entender o Reino de Deus e a sua justiça não poderiam ser mais claras: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo... O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda... O Reino dos Céus é como o fermento...” Nas três comparações resta aos ouvintes uma alternativa inconfundível: aprenda a dar tempo ao tempo, a força da verdade se impõe por ela mesma. Nada de querer “fazer justiça com as próprias mãos” deixa Deus agir e na hora certa tudo será esclarecido e recolhido o que deve ser aproveitado.
Este modelo de pessoa pode ser reconhecido na figura de Maria, mãe de Jesus. Ela é a boa semente, pequena como um grão de mostarda e como uma porção de fermento, mas seu estilo de vida continua ainda na atualidade arrastando multidões.

Que ressoe hoje de novo para cada pessoa a frase que conclui o evangelho também neste domingo: “Quem tem ouvidos ouça!”

sexta-feira, 14 de julho de 2017

HOMILIA PARA O DIA 16 DE JULHO DE 2017

ALERTAS E AGUARDANDO A REVELAÇÃO


Basta fazer qualquer pequeno passeio pelo interior de nossas cidades e facilmente se pode observar plantações extraordinárias que cobrem a terra com exuberância de cores e variedades. Não precisa ser entendido em agronomia ou expert em lavoura para saber que as colheitas dependem de inúmeros fatores, entre eles qualidade das sementes e da terra, do sol e da chuva. O Agricultor que compreende todos os detalhes aguarda pacientemente o tempo da colheita porque tem certeza que dela dependem a família e o seu futuro.
Pois esta realidade está presente nas leituras da Palavra de Deus deste final de semana. O profeta Isaías fala da eficácia da Palavra de Deus comparando-a com o efeito da chuva: “a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”. Obviamente que o pleno resultado da vontade de Deus depende da disposição humana em aceitar e fazer produzir, Deus respeita a liberdade das pessoas.
São Paulo fala da expectativa em relação ao futuro humano na mesma perspectiva que o agricultor espera pela colheita: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”. Ora, que a vida e seu sucesso ou fracasso dependem de inúmeros fatores todos tem clareza. Cada um vai plantando, cultivando e colhendo no seu cotidiano. Os resultados de todos os esforços humanos vão depender de inúmeros fatores, neste sentido fica muito clara a afirmação de São Paulo: “De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus”. Se depender de Deus não há dúvida que a realização humana tende à perfeição e à plenitude.
Isso é o que Jesus deixa clara na simplicidade da parábola do semeador, que embora fácil de entender é de uma profundidade incalculável e se encerra com uma máxima espetacular: “Quem tem ouvidos ouça...”. 
O convite da liturgia deste domingo é surpreendente ao mesmo tempo que obvio, deixar-se impregnar pela Palavra de Deus como a terra pela chuva, cuidar da semente que está em nós de modo que ela produza frutos de até cem por um.
Que Deus faz a sua parte é a certeza que se proclama na oração do salmo: É assim que preparais a nossa terra: vós a regais e aplainais, os seus sulcos com a chuva amoleceis e abençoais as sementeiras”.
Maria é a figura emblemática no que diz respeito a deixar-se “cultivar” pela Palavra. É ela quem ensina a todos: “Faça –se em mim o que a Deus aprouver”.

sábado, 8 de julho de 2017

HOMILIA PARA O DIA 09 DE JULHO DE 2017

BENDIREI ETERNAMENTE O VOSSO NOME Ó SENHOR


Vivenciar um final de semana no inverno com temperaturas altas e sol brilhando como se fosse verão faz reacender os ânimos e se disponibilizar a extensa programação que em outras circunstâncias não teria o mesmo brilho e animação.
É esta a sensação de que se tem quando a liturgia reza o salmo de resposta deste domingo: Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura”. A oração do salmista faz reconhecer a presença de Deus nas pequenas coisas e acessível a todos indistintamente. Esta imagem de Deus é cantada em verso e prosa de muitas maneiras, uma delas diz mais ou menos assim: “O Deus em quem espero não me abandonará e creio firmemente que ele mi libertará”.
Esse é Deus revelado pelo profeta Zacarias na primeira leitura: “Exulta, cidade de Sião! Rejubila, cidade de Jerusalém. Eis que vem teu rei ao teu encontro, ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, ele quebrará o arco de guerreiro, anunciará a paz às nações”.
E como perceber essa presença de Deus senão compreendendo o que diz São Paulo na carta aos romanos: Vivam segundo o Espírito, deixem o espírito de Deus morar em vocês e desta forma não morrerão.
Independente das dificuldades e incompreensões que a vida oferece a palavra de Jesus no Evangelho é como uma manhã ensolarada de inverno: “Eu te louvo Pai, Senhor do céu e da terra... Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Nesta caminhada a lembrança de Maria, em quem se cumpriram as promessas de Deus, colabora para que se reacenda em todos a fé a alegria e a esperança, sentimentos capazes de fazer frutificar em boas obras.

O momento é de rezar em comunhão a fim de que a Palavra de Deus realize em todos o que é sonho particular.