SENHOR, SOIS A FORÇA E A SALVAÇÃO
Que as relações humanas e a vida em sociedade exigem
certa regulação legal ninguém dúvida. Para garantir a segurança e o progresso
das comunidades e sociedades todos os envolvidos se sujeitam a normas, regras,
leis, acordos de cavalheiros e assim por diante. Mas, é preciso ficar claro que
toda regra ou regulação não tem um objetivo em si mesma, pelo contrário, as
leis têm a finalidade de promover as pessoas e a dignidade de todos.
No evangelho deste domingo, mais uma vez, Jesus é
colocado à prova pelos entendidos em leis. A pergunta de hoje é sobre a escala
de importância das inúmeras normas a que estava sujeita a sociedade de Israel
de acordo com a Sagrada Escritura.
Como das outras vezes que os Fariseus tentaram
embaraçar Jesus diante de todos, Ele, mais uma vez, aponta noutra direção muito
mais interessante e que vai muito além da frieza e da rigidez das leis.
Diante da pergunta: “'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?
” Jesus não se intimida e responde
sem constrangimento: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a
esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. Toda a Lei e os profetas dependem
desses dois mandamentos”.
Em
poucas palavras Jesus desmonta o modo egoísta dos fariseus interpretar a lei.
Mais do que saber de cor as escrituras, todos são desafiados a testemunhar que
vivem a experiência de amar a Deus sendo amoroso com os irmãos.
A
palavra de Jesus fica ainda mais clara se comparada com a primeira leitura.
Amar os irmãos é muito fácil quando o irmão está na mesma condição daquele que
diz que ama. O texto do Êxodo proclamado hoje é taxativo quando se trata de
praticar o amor: “Não
oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes
estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum
à viúva nem ao órfão”. Fazer reconhecer o amor a Deus implica não se deixar
corromper e ter clara preferência, sobretudo, por aqueles que tem maiores
necessidades e que experimentam maior sofrimento e abandono.
Paulo, elogia a
comunidade dos Tessalonicenses exatamente porque vivem uma experiência de amor
concreto: “E vós
vos tornastes imitadores nossos, e do Senhor, acolhendo
a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações.
Assim, nós já nem precisamos de falar, pois as pessoas
mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos
convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e
verdadeiro”.
Isso
leva a Igreja rezar ainda hoje: “Ó meu Deus, sois o
rochedo que me abriga sois meu escudo e
proteção: em vós espero”
Celebrando,
neste domingo, a memória daquele que faz compreender a importância de todas as
leis, a Igreja reunida em oração celebra o desafio de compreender a lei, não
pela força dela mesma, mas antes de tudo pelo crescimento da fé, da esperança e
da caridade.