sexta-feira, 10 de agosto de 2018

HOMILIA PARA O DIA 12 DE AGOSTO DE 2018 - 19º COMUM ANO B


SEJAM IMITADORES DE DEUS

No documento, “Alegria do Evangelho”, o primeiro do Papa Francisco, ele apresenta para o mundo o que eram as suas convicções e a sua prática na Igreja em Buenos Aires, onde servia como Bispo. No número 49 Ele escreve: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para toda a Igreja, aquilo que, muitas vezes, disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada, por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos”.
É claro que esta afirmação trouxe alegria para muitos, perplexidade para outros, medo para outros e resistência daqueles que estavam acostumados a um estilo e modelo de Igreja presa em “obsessões e procedimentos”, normas, leis, regras e assim por diante. É importante perceber como essa preocupação do Papa não se diferencia da preocupação de Jesus narrada no evangelho deste domingo.
Quando Jesus diz: “Eu sou o pão que desceu do céu, quem dele comer, nunca morrerá. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. Sua Palavra traz alegria para muitos, esperança para outros, mas ao mesmo tempo medo e perplexidade aos judeus habituados ao ritmo dos ensinamentos de Moisés que eles haviam transformado num emaranhado de normas e regras, um fardo muito pesado para ser carregado.
Os judeus bem que preferiam manter o ritmo das coisas como estavam acostumados, embora não se davam conta da exclusão que vinham praticando e da falta de misericórdia com que julgavam as pessoas não permitindo que participassem do cotidiano da assembleia.
O tratamento que os conterrâneos dão a Jesus em nada se difere do que os antepassados fizeram em relação aos profetas. Elias, como narra a primeira leitura, também foi incompreendido e perseguido, fugiu para o deserto e desejou a morte. Mas Deus lhe devolve a alegria e o entusiasmo. Alimentando-o não resolve o problema do sofrimento e da perseguição, mas o anima a continuar a missão: “Levanta-se ainda tens um longo caminho a percorrer”.
Sem sombra de dúvida para os cristãos e para a Igreja contemporânea não faltam preocupações, desanimo e perseguição. Para todos vale a palavra de São Paulo: “Seja eliminado do meio de vós tudo o que é azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade. Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados. Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo”
Buscar e aceitar o batismo não é senão receber um sinal que se pertence a Deus, que se torna morada do Espírito Santo e, por isso mesmo, todo batizado é desafiado a deixar para trás os vícios da pessoa velha: “azedume, irritação, cólera, maledicência, insultos e toda espécie de maldade”. Em resumo Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou”.
Aceitar o evangelho implica ter a coragem de sair do comodismo e das práticas habitais de ser cristão para ir ao encontro daqueles que que mais necessitam da ajuda e do testemunho.

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