sexta-feira, 5 de outubro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 07 DE OUTUBRO DE 2018 - 27º COMUM ANO B


DO JEITO QUE DEUS UNIU

Neste tempo de mudança de época, as discussões sobre relações humanas, corresponsabilidade, inclusão e exclusão de pessoas na sociedade costumam ser intensificadas e carregadas de mitos. Não faltam quem usa de muitas e fáceis explicações para justificar seu posicionamento sempre pensando em levar vantagem e ganhar a simpatia das pessoas. Isso acontece também em relação às famílias, ao matrimônio e ao respeito entre casais. Esta situação não era diferente entre os fariseus acostumados a controlar tudo pela força da lei e interpretando segundo os seus interesses.
A primeira leitura e o evangelho deste domingo apresentam com rara clareza qual o sentido do matrimônio e as razões para sua indissolubilidade. O livro do Gênesis apresenta a mais elementar necessidade humana: “viver em companhia” – “Não é bom que o homem esteja só...” diz o texto. E Deus mesmo se encarrega de apresentar a alternativa mais adequada na figura da mulher. A complementaridade desta relação faz de ambos uma só carne, ou seja, uma só realidade que se confirma pelo amor mais forte que a própria morte.
No Evangelho os fariseus não estão preocupados com uma alternativa para as relações entre marido mulher, pelo contrário, queriam legitimar sua posição legalista e colocar Jesus à prova: “É permitido ao homem divorciar-se da mulher por qualquer motivo?” E justificam “Assim Moisés escreveu na lei...” Jesus desmonta a interpretação mesquinha, utilitária e excludente que haviam transformado o matrimônio e todas as outras relações sociais. A resposta de Jesus os deixa desconcertados: “Moisés só permitiu por causa da dureza dos seus corações...” e continua: Vocês conhecem a escritura e sabem que no princípio, isso é, muito antes que a lei de Moisés tivesse importância “desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” Marcos afirma que Jesus se aborreceu vendo a dureza de coração dos seus conterrâneos e conclui dizendo que viver um para o outro é um sinal do Reino de Deus o qual precisa ser acolhido com a simplicidade das crianças: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele'. Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos”.
A carta aos hebreus deixa claro que Jesus é o “santo de Deus” e seu estilo e compromisso com a proposta do Pai: “Jesus, a quem Deus fez pouco menor do que os anjos, nós o vemos coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte. Sim, pela graça de Deus em favor de todos, ele provou a morte. Convinha de fato que aquele, por quem e para quem todas as coisas existem, e que desejou conduzir muitos filhos à glória”
Em resumo, mais do que leis sobre as relações entre as pessoas é importante reconhecer que o matrimônio é um caminho dinâmico de crescimento e realização que vai se aperfeiçoando todos os dias e não um fardo para ser carregado. Em lugar de condenar as pessoas os cristãos são chamados a compreender e acolher sobretudo aqueles que a fragilidade humana levou a fracassar no compromisso de ser um para o outro sinal da comunhão e da vontade original do criador.

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